domingo, 8 de abril de 2018

MEU MANO NILTON MENDES PEREIRA

Por José Mendes Pereira -(Crônica 100)

Esta noite eu fiquei a pensar o quanto a dor da perda do seu filho muito tem lhe incomodado. Você olha para todos os lugares e não o ver, apenas no imaginar, a sua fisionomia permanece encravada no seu eu. Todos os 9 filhos estão diante do seu olhar, mas sabe que no meio deles uma ovelha está ausente, longe de você, do seu domínio.
Dos dez que nasceram e cuidadosamente você os educou, apenas 1, o Lulu, que tanto te amou, te respeitou, te ajudou por estes campos sofridos e solitários sob o sol escaldante, suados, juntos, na luta com gado, ovelhas, colheitas de milho, feijão..., não está mais presente.
Novamente você fica imaginando o seu jeito, a sua fisionomia, a sua voz, o seu sorriso, o cuidado com a irmandade, o bem que sempre quis aos pais, aos manos, aos tios, aos primos, aos parentes e amigos, hoje, apenas a saudade no coração de cada um permanece.
Fico a imaginar o vazio que ele deixou entre nós, mas não há mais vazio do que para você e Toinha, que são os verdadeiros criadores do Lulu, o qual, nunca lhes deu um pequeno desgosto e nem trabalho nenhum.
Fico a imaginar como você está nesse casarão sozinho, não por separação conjugal, porque cuida do nosso sítio; ausente dos filhos, de nós seus irmãos, sem uma companhia para que possa dividir com ela o seu sentimento de pai, a sua dor, a sua solidão.
Mas a vida é assim mesmo, mano! Com lutas, com provas, com sofrimentos, com perdas de parentes, e que se a vida fosse mar de rosas, sem estes ingredientes, muito mais viveríamos na solidão, na tristeza, deprimidos, porque nada teríamos para fazer e nem passaríamos por provas. E o ser humano ocioso e sem sofrimentos, cairá em depressão forte.
Não somos donos da nossa matéria apenas a usamos emprestada, caminhando com ela, e que serve para sustentar os nossos espíritos, porque ela pertence à terra para alimentação de bilhões de bactérias, que "famintas", precisam se alimentarem da nossa carne. Mas o que saldamos, sem dúvida, é o "EU" de cada um de nós, este, jamais se acabará.
E assim é que é a vida. Nascer, crescer, sofrer, adoecer, sentir dores insuportáveis, passar por provas, ser feliz, ser infeliz, e sem tempo definido para morrer, e após a morte, caminhar até a "Casa do Senhor".
Mas a bíblia diz que nós não morreremos, apenas passaremos da morte para a vida eterna. E se é assim, como diz o poeta Roberto Carlos em sua canção "O Homem": "...morrer não é o fim".
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Hoje, todos nós estamos sem a presença do Lulu, diante da vida material, amando os seus filhos, sua esposa, seus pais, seus tios, seus irmãos, seus vizinhos, parentes e amigos. Mas, quem sabe. Será que o Lulu está bem mais feliz do que nós, na presença de Deus?
Meu mano Nilton Mendes, levanta a cabeça e siga o seu caminho costumeiro. O Lulu se foi, mas ainda haverá esperanças para quem ficou. Ainda ficaram 9 filhos, e te amam muito e querem te ver sorrindo e vivendo em paz.
Todos nós temos o tempo certo para permanecermos aqui, sofrendo ou não, um dia iremos todos, mas o que mais vale é a Casa do Senhor Deus Todo Poderoso.
Minhas Simples Histórias
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TENTE FAZER SÓ O QUE VOCÊ SABE FAZER

Por José Mendes Pereira - (Crônica 99)

Cada um de nós só sabe o que sabe, mas mesmo assim, sempre quer ir mais além, como se soubesse de tudo que ver os outros fazerem, e até poderá fazer, mas a habilidade é somente de quem nasceu com o dom para determinada atividade, e que tem talento, inteligência para aquilo...

Como já é do conhecimento dos nossos amigos e leitores que todos os dias acompanham os meus simples trabalhos, e sabem que antes de assumir sala de aula eu trabalhava na Editora Comercial S/A na profissão "tipógrafo", não topógrafo, muitas pessoas confundem estas duas profissões (tipógrafo trabalha com serviços gráficos como confeccionando: livros, talões de notas fiscais, revistas, jornais, era o que eu fazia, "menos jornal"..., e topógrafo efetua levantamentos topográficos, implantações na construção civil, nivelamentos...).

Como eu trabalhava numa máquina chamada linotipo de compor e fundir caracteres tipográficos por linhas inteiras de chumbo, e que este material (chumbo) é muito ofensivo, além do óleo diesel que é usado nas fôrmas quando é necessária a desmancha de chapas que não precisa mais, tive uma lesão pulmonar, e aconselhado pelo médico, eu deveria me afastar dessa atividade pelos menos 6 meses, mas eu ficando amparado pelo órgão do governo INPS - Instituto Nacional de Previdência Social - na época. E assim fiz. Fiquei durante este tempo recebendo o meu pequeno salário através deste órgão.

Como o dinheiro do seguro era insuficiente para eu resolver as minhas dívidas 2 meses depois eu acompanhava o Heronildes Albano, um concunhado meu que trabalhava com serviços de marcenarias, profissão que eu não tinha habilidade e nem vocação, mas como eu estava ganhando muito pouco, mesmo sem saber, tinha que fazer o que ele determinava. E assim que terminamos os serviços contratados por ele, fiquei somente com o regrado ordenado do INPS.

Uma cunhada minha de nome Francisca Paiva Fernandes estava se arrumando para um futuro casamento, e tendo já comprado seus móveis recebera o guarda-roupa com alguns defeitos na envernização. Sentindo a minha dificuldade financeira e querendo me ajudar perguntou-me se eu tinha condições de reenvernizar o guarda-roupa, porque ela não quis reclamar a loja e nem queria devolver o móvel.

Eu achando que mesmo tendo passado pouco tempo aprendendo a profissão melindrosa de marceneiro com o Heronildes Albano ajudando-o, disse-lhe que eu estava apto para fazer a correção no seu guarda-roupa.

O certo é que Francisca comprou o necessário para o reparo no guarda-roupa. Recebido o material mãos à obra, dei início ao serviço, isto na minha casa que ficava na mesma rua que ela morava, no bairro Bom Jardim, mais ou menos uns 200 metros.

Preparei o verniz "goma-laca" mais a boneca (boneca é uma parte de algodão que o marceneiro embebe-a com verniz, e aos pouco, vai aplicando sobre toda parte externa do móvel) e fui passando a boneca sobre as portas e tudo mais do móvel.

Em uma determinada parte de uma das portas do guarda-roupa quanto mais eu passava a boneca embebida com verniz mais abria uma mancha, deixando quase como natural. Passei um tal de selador, fiz uma espécie de betume para passar sobre a parte com o defeito, mas nada foi resolvido. Resolvi aguardar um pouco, poderia ser que era necessário um tempo.

Lá para as tantas vi que não tinha solução, resolvi chamar o Heronildes que também morava próximo. Ao chegar, ele percebeu logo que não tinha mais solução, só se tingisse o guarda-roupa todo. Mas isto eu não fiz, porque eu tinha plena certeza que a dona não iria gostar. Resolvi terminar assim mesmo, repassando outra mão de verniz. Finalmente dei por encerrado o trabalho, mesmo com aquela ferida horrível no móvel, e eu achava que por isso, isto é, a ferida no guarda-roupa Francisca não iria se incomodar com aquele desastre.

11:30 mais ou menos Francisca Paiva que também trabalhava comigo na Editora Comercial estava para chegar em casa. Eu aguardava a sua visita na minha casa para ela ver o serviço já terminado no guarda-roupa. E de lá, eu a vi chegando em casa. Entrou em casa e logo caminhou em direção à minha casinhola.

E eu fiquei ansioso, só aguardando a sua chegada na minha residência. E lá se vem ela. Ao chegar, apresentei a minha arte. Ela olhou, olhou e não disse nada, se tinha gostado ou não. Foi embora. não demorou quase nada. Foi-se embora.

Pouco tempo chegou Tião, meu cunhado, o seu irmão mais novo. Ele tinha mais ou menos 12 anos. E lhe fiz a seguinte Pergunta:

- Tião, Francisca falou se gostou do serviço que eu fiz no seu guarda-roupa?

- Falou. - Respondeu-me ele sorrindo.

O meu coração esperava os elogios da Francisca Paiva sobre o meu serviço no guarda-roupa através do Tião seu irmão, já que a mim ela não me disse nada. Querendo ouvir algo que alegrasse o meu coração, o que eu havia aprendido na nova profissão de marcenaria, perguntei-lhe:

- Ela gostou, Tião?

- Gostou...! Ela gostou tanto que está lá em casa chorando!

- Chorando, Tião?

- Está chorando e muito forte! Acho que não parará tão cedo o seu soluço.

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SEU GALDINO VISITA SEU LEODORO NA SUA CASA

Por José Mendes Pereira - (Crônica 98)

Fazia uma porção de meses que seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) não andava na casa do seu Leodoro, porque ele sempre se achava mais do que o seu compadre, por isso, só ia lá a negócios. Mas quando seu Galdino visitava seu Leodoro duas coisas eram por puro interesse. A primeira era ver a dona Gertrudes esposa do seu Leodoro, que na sua mente, ela tinha uma paixão louca por ele. A outra, quando estava precisando de algo para o seu dia a dia, ia até lá para tomar emprestado ao compadre, só assim evitava correr à cidade de Mossoró para comprar. Mas essas aparições na fazenda do seu Leodoro eram mais para contar histórias sobre onça.

Nesse dia, eram seis horas da manhã quando seu Galdino foi chegando e viu que seu Leodoro Gusmão consertava uma sela que estava descosturada no encosto. E aproximando-se sutilmente do local onde seu Leodoro sentara, disse-lhe:

- Bom dia, compadre Leodoro?

- Mais que medo eu tive, compadre Galdino! - Exclamou ele virando-se em direção a sua direção, após ter o susto com a voz do compadre. Quando o senhor falou compadre Galdino, eu estava displicente no reparo da sela, nem percebi que a sua pessoa vinha chegando..., por isso, tive medo..., e o que houve que me apareceu esta hora aqui, na minha casinhola?

- Eu estou precisando de uma corda resistente, porque eu tenho que ir ao campo pegar aquele meu touro. Faz dias que ele não vem ao curral. Já arregimentei dois vaqueiros para esta finalidade. Tem que ser uma corda forte, compadre, porque o senhor sabe, touro bravo, só cordas boas o seguram.

- É verdade, compadre, e tenho a corda que o senhor precisa! – Disse seu Leodoro caminhando em direção ao curral para apanhar a corda.

Pouco tempo, seu Leodoro Gusmão chegou com a corda em uma das mãos. Mas o interesse de seu Galdino Borba(gato) não era nada de corda, e sim, aproveitar o assunto da corda e iniciar uma fantástica história de onça. E assim fez quando seu Leodoro o entregou a imensa peça em suas mãos.

Sentado em um tamborete no terreiro da casa, e examinando-a, disse:

- Bela corda, compadre Leodoro! Bela corda! É muito resistente. Segura qualquer animal. Ao vê-la, lembrei de quando eu ainda era jovem, muito jovem, eu tinha mais ou menos 22 anos de idade. Eu era um brotinho ainda. - Dizia ele examinando-a. O meu pai Galdino me pediu que eu fosse tirar umas cascas de mororó para fazer buchas e serem usadas em sua espingarda. Saí cedinho de casa, porque eu tinha outros afazeres. Peguei meu facão rabo de galo, uma corda..., e tudo mais.

- Meu compadre, mas para que o senhor precisava de corda, já que ia somente tirar as cascas do mororó para fazer buchas para a espingarda...?

- É que sempre isto me acompanhou, atalhou ele. Se eu entrar numa mata, facão, corda e outras ferramentas vão comigo..., pois bem, fui sempre beirando uma cerca que se estendia até a propriedade de um homem rico, pois nem seu nome eu sabia. Já próximo a um riacho, que apenas conservava água, mas apartada, este riacho eu ainda não o conhecia, ouvi um rugido como se fosse de onça novinha. E cautelosamente, com cuidado, fui chegando, chegando, e vi que um animal se mexia ali.

- E que animal era, compadre Galdino? – Perguntou seu Leodoro já com pressa para saber que bicho ali estava.

- Calma, compadre, eu chego lá..., pois sim, como o riacho estava com as águas apartadas, e o terreno era como se fosse atoleiro, percebi que aquele animal estava atolado. Sabe que bicho era, compadre Leodoro?

- E como eu quero saber, compadre!

- Era uma onça parda que tentava passar pela água de um lado para outro. Temendo o tamanho da bicha, que ela poderia querer fazer gracinha comigo, isto é, querer me matar, mesmo assim, fui ver se eu conseguia retirá-la dali. A onça não usou nenhuma reação quando eu me aproximei dela. E fui tentando aos poucos, puxando de um lado para o outro, isto dentro da água. Fui indo, fui indo, puxando-a para fora do riacho. Tinha momento que quem ficava atolado no barro era eu, e em outro momento, era ela, e com essa peleja toda, finalmente, pelo sangue de Jesus, consegui salvar a danada da onça, deixando-a fora do atoleiro e da água.

- Graças a Deus, compadre Galdino, o senhor é um homem de muita sorte.

- Mas não ficou por aí não! E assim que ela se sentiu livre, meu compadre Leodoro, em vez de ir embora, ela partiu para cima de mim, como se estivesse com raiva porque eu a ajudei sair dali.

- Meu Deus, em vez dela agradecer o que o senhor fez por ela, quis foi matar o compadre! – Exclamou seu Leodoro.

- Mas é assim mesmo! Ela é um animal, e pior é gente que deixa o seu semelhante atolado, e se for ajudá-lo, ao término da ajuda, se não o roubar, quer que o pague.

- É verdade, meu compadre! É verdade! O bicho homem é mais animal do que o próprio animal irracional.

- Solução naquele momento, continuava seu Galdino, para salvar a minha vida, não existia. Só se eu tentasse vencê-la através da minha força e dos meus próprios braços. E assim fiz. Ela partia para me prender com as suas mandíbulas pontiagudas, mas eu me desviava.

- Eu acredito que o senhor lutou muito...

- E bote luta nisso..., aí resolvi usar as minhas ferramentas. Primeiro, puxei o facão, mas com toda sua força, só uma patada que ela deu no facão, fiquei sem ele. E por último, rápido, retirei a corda que estava no meu peito em forma de cartucheira de cangaceiros, empunhei-a em uma das mãos, e cada vez que ela vinha para cima de mim, eu metia-lhe a corda sobre o seu lombo que fazia dó quando ela batia.

- Mas mesmo apanhando do senhor ela não queria desistir, compadre Galdino?

- Onça é onça, compadre Leodoro Gusmão. Ela morre apanhando, mas jamais desistirá fácil.

- E o final, compadre Galdino, quem foi que ganhou esta confusão toda, foi o senhor, ou a camarada onça parda?

- Claro compadre Leodoro, quem venceu foi eu! Ela sentindo que não me venceria fácil atirou-se nas matas numa velocidade tão grande, que nem sei que rumo tomou.

- Compadre Galdino, eu admiro muito esta sua coragem de enfrentar onças bravas por aí nestes tabuleiros nas caatingas.

- Compadre Leodoro, o vencedor é quem sempre conta a história! E eu brinco?

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SÓ APRENDE SE TIVER VOCAÇÃO

Por José Mendes Pereira - (Crônica 97)

Como todo ser humano é uma cópia de outro eu não sou diferente do outro, e cada um de nós teve ou tem desejo de aprender uma profissão, mas só aprende de verdade se tiver vocação, caso contrário, nunca será rei no que aprendeu ou tenta aprender, porque  algumas atividades são exigentes, a gente quer elas, mas nem todas elas querem a gente.

Quando eu resolvi deixar o ramo gráfico profissão que passei 12 anos  eu fiquei como formiga sem formigueiro, pensando no que eu iria me dedicar para tanger a vida, adquirir o necessário para sustentar uma família com três filhos.

A primeira atividade que me veio na mente foi ser bodegueiro, porque quem tem bodega não passa fome, poderá quebrar, mas para isso acontecer, levará muitos meses para ficar sem nada. Enquanto tiver mercadorias nas prateleiras não lhe dará fome. 

Nesse mesmo período fui proprietário de bar e de casa de jogos. Estas duas últimas atividades  são muito traidoras, traiçoeiras, porque quando você pensa que está as iniciando, pensou tarde, já está terminando, os seus clientes foram os primeiros que se encarregaram de publicar os fechamentos das portas do seu comércio, não pagando o que devem, assim você irá à falência que queira ou que não.

Fui também proprietário de uma saboaria. Esta nem me tirou de tempo e nem me ajudou a progredir, mas mesmo assim, vivi por alguns meses humilhado a ela. Após estas que já falei posteriormente fui serralheiro, confeccionando portões e grades de ferro, uma das profissões que mais permaneci, exceto "sala de aula", porque esta foi a que eu mais me adaptei às suas exigências, por ser filho de camponês,  apesar da atividade não ter nenhuma  semelhança com campo, mas sempre gostei de trabalhos que não sejam melindrosos, isto é, por exemplo: necessário usar gravata e paletó “no modo de dizer”. 

Na profissão de serralheiro eu fui mais adiante, mesmo já sendo funcionário da educação estadual, vivi dependendo dela durante 17 anos, porque eu só trabalhava na parte da noite, assim durante o dia eu confeccionava portões e grades.

No meio destas tentativas (só me estacionando em serralheria) tentei uma que mais me deixou desanimado. Fiz curso por correspondência de “Rádio técnico Transistor TV Preto/Branco e Colorido” pela IUB – Instituto Universal Brasileiro, mas foi a tentativa de profissão que me deixou frustrado para o resto da vida, porque, assim que eu terminei o curso, fui fazer estágios com um primo meu, e lá, nunca aprendi trocar um transistor, um diodo, uma resistência, um capacitor..., porque ele só me mandava limpar os aparelhos. Como ele não me deu uma única oportunidade de aprender algo, fui obrigado abandoná-lo e partir para a “Eletrônica” sozinho, mas somente rádio.

O Instituto Universal me deu o material necessário de trabalho como: soldador, alicate de corte, solda, sugador de solda, material para montar um pequeno rádio..., faltando apenas em minha bancada um teste chamado multímetro, porque este a escola não dava. Mas fiz de tudo e comprei. Com tudo em mãos gastei com uma bancada com seis gavetas. Eletrifiquei-a, porque afinal, ela iria receber um grande profissional da eletrônica, no caso, eu mesmo.

E lá me vem clientes. Na casinhola o profissional em rádio em televisão preto/branco e colorido  esperava de braços abertos. Todos os clientes confiantes que eu era técnico dos bons. Cada rádio que eu recebia para concertá-lo eu me sentia um médico dos rádios, um esculápio técnico de primeira categoria de todos os tempos. 

Mas eu, o técnico, estava totalmente enganado. Rádio entregue, não demorava para me vim reclamações. 

- O que houve, o rádio parou? - Eu me adiantava e perguntava ao cliente. 

- Não Mendes, de jeito nenhum... 

Ali, eu ficava pensando e me perguntando. E o que será, se ele não parou?

- O problema do rádio Mendes, é que ele está fanhoso. - Dizia-me o cliente em risos.

Outro.

- O rádio fala, mas parece que os locutores estão com fortes gripes...!

Mais outro.

- Foi a primeira vez que eu vi rádio ficar como se estivesse gago...

A solução foi eu abandonar bem antes de começar esta profissão tão linda que é, mas se os rádios que eu os consertava eu não sabia tirar os seus defeitos?

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segunda-feira, 2 de abril de 2018

UMA TERRÍVEL TRAGÉDIA!!!

Por José Mendes Pereira - (96)

Foi lá pela década de 60 do século XX que isto aconteceu em Mossoró. 

João Paulo e Pedro de Osmildo eram dois grandes amigos. Amigos de infância, que viviam no mesmo bairro, na mesma rua, dividindo o mesmo espaço entre familiares. Comendo no mesmo prato, e juntos, participavam de todos os divertimentos que o bairro e a cidade promoviam.

João Paulo era reparador de sapatos e chinelos, mas não era fabricante destes. Na época, era um dos melhores para este fim, e até reparava pisantes (gíria) de pessoas mais importantes em Mossoró. Sapatos e chinelos com defeitos, muitos já sabiam a quem recorrer para o conserto, o João Paulo.

Pedro de Osmildo vivia de alguns aluguéis e dono de uma pequena vila no grande Alto de São Manoel, mas, além disto, negociava com bugigangas pelos bairros de Mossoró, transportando as suas mercadorias  sobre uma carroça.

Vez por outra os dois bebiam juntos pelos bares do bairro, e lá, ingeriam uma porção de bebidas alcoólicas, mas mesmo embriagados, jamais discutiram em lugar nenhum.

Aconteceu que certo dia, Luiz da Quitanda como era chamado, querendo acabar com aquela grande amizade, criou um não acontecido, e ele mesmo enredou ao Pedro de Osmildo, que o João Paulo andava difamando uma das suas filhas. E que cuidasse logo de frear a sua língua, para que o assunto sobre a virgindade da filha não chegasse aos fofoqueiros de calçadas. 

Assim que tomou conhecimento sobre o desrespeito de João Paulo usando o nome da sua filha Pedro de Osmildo perdeu o controle emocional, e foi ao seu encontro, para devidas explicações. O certo é que o João Paulo jamais dissera algo sobre as filhas do Pedro de Osmildo, pois o considerava como irmão, e se existiam coisas que desrespeitavam as suas filhas, até o momento não tomara conhecimento. E se isso existisse, não tinha interesse de sair boatando, já que as filhas do Pedro de Osmildo eram como se fossem suas sobrinhas. 

E ao chegar à oficina do João Paulo o encontrou consertando um par de sapatos, e sem mais nem menos, Pedro de Osmildo foi logo direto ao assunto, dizendo-lhe:

- João Paulo, estou muito chateado com você, e eu não esperava que um dia as nossas amizades chegassem ao fim.

- Mas o que está acontecendo, meu irmão Pedroca? - Perguntou o João Paulo.

- Tomei conhecimento de que você anda falando mal da minha filha Marília.

- Mas homem de Deus...! Quem lhe falou tamanha barbaridade, afirmando que eu falei mal da Marília? 

- Quem me contou foi o Luiz da Quitanda.

- Mas homem, será que o Luiz da Quitanda está maluco, ou está querendo fazer intrigas entre nós?

- Se ele está louco eu não sei. E se ele me disse isto é porque você falou. - Dizia o Pedro de Osmildo.

- Homem de Nosso Senhor Jesus Cristo, vamos até à casa de Luiz da Quitanda, para que ele afirme isso na minha presença.

- Não adianta, João Paulo! De onde a gente não espera é de onde vem. - Fez o Pedro de Osmildo.

- Mas meu amigo e irmão Pedroca, confie em mim! Eu jamais diria isso com uma das suas filhas..., e já vi que você prefere acreditar no Luiz da Quitanda do que em mim.   

Com o ódio e decepcionado com um dos melhores amigos Pedro de Osmildo puxou uma faca peixeira da cintura, e partiu para cima do João Paulo, furando-o por todos os lugares da barriga.

Já caído ao chão, fracamente, João Paulo exclamou: 

- Matou-me meu amigo e irmão! Jamais abri minha boca para falar das suas filhas, que até hoje, eu as tinha como minhas sobrinhas. 

Ouvindo esta frase (matou-me meu amigo e irmão!) e presenciando o sangue saindo com força da barriga do amigo, o Pedro de Osmildo arrependeu-se, e foi o socorrer, tentando levantá-lo para um possível socorro, mas já era muito tarde.

E sem o Pedro de Osmildo perceber foi neste momento que o João Paulo arrastou a sua afiadíssima faca, que com ela cortava os couros para os reparos de sapatos; com a pouca força que ainda lhe restava, aplicou-a no pescoço do Pedro de Osmildo, degolando-o. E ali, mesmo, os dois morreram.

Hoje, os filhos de ambos vivem pacificamente, na mesma Rua e bairro onde nasceram. Nenhuma intriga, nenhuma rixa. Continuam como antes, amigos, ou quem sabe, irmãos. E alegam que os pais não deixaram vinganças, porque o Pedro de Osmildo matou o João Paulo, e o João Paulo matou o Pedro de Osmildo. 

Quanto ao Luiz da Quitanda ele vivia com problemas de saúde, e morreu dois anos depois deste acontecimento.

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Fonte: 
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domingo, 1 de abril de 2018

DR. EDSON LEITE DUARTE

Por José Mendes Pereira - (Crônica 95)
 Foto de encontro da família Duarte - Segundo Miriam Duarte - Da esquerda para direita: Irmã Aparecida, Maria das Dores Duarte, Valderi Paula(esposo), Elizabete Duarte, Luzete Maia Duarte(Viúva de Manoel Duarte Filho- Manoel Gogó), Iracema Duarte (Viúva de Antônio Duarte), Bernadete Duarte, Ataulfo Fernandes, Conceição Duarte(-casada com Ataulfo), Pedro Leite Neto, Maria Zélia Pinto (esposa de Pedro Leite), Wilson Duarte, Vilma Duarte(esposa de Wilson Duarte), Theresinha Duarte(minha mãe-esposa de Edson Duarte), Edson Leite Duarte(Meu saudoso pai in memorian), Aldezira Duarte (esposa de José ítalo) e José ítalo Duarte (in memorian).

Existem pessoas que nunca fizeram nada por ninguém e nem farão, porque o mais importante é: fazer para si própria, adquirir para resolver os seus problemas, as suas necessidades, as dos outros, que cada um resolva sem convocar ninguém para ajudá-lo.

Mas o mais importante na humanidade é que: enquanto um se nega a fazer algo por alguém outros estão ali, procurando, pelo menos amenizar os problemas dos outros sem olhar a quem.

No final da década de 60, do século XX, estendendo-se para o início da década de 70, eu ainda era interno da "Casa de Menores Mário Negócio", e vivia exclusivamente à custa do governo Estadual, e se, nós, internos éramos malandros, no bom sentido, muito mais era o governo estadual que nos sustentava sem nem ao menos, nós, batermos um prego numa barra de sabão, e tudo que os outros alunos como Railton Melo, Raimundo Feliciano, Jorge Braz, João augusto Braz, eu outros  precisávamos, como roupas, alimentos, médicos, tratamentos dentários..., era dado pelo governo do Rio Grande do Norte.

Certa feita, precisando de tratamento dentário, à tarde, fui enviado pela diretora da instituição educativa, dona Ana Salem de Miranda (dona Caboquinha como era chamada, esposa de José Genildo de Miranda que era radialista e fora vice-prefeito de Mossoró), até ao gabinete dentário do odontólogo Dr. Edson Leite Duarte, que funcionava no térreo do prédio da "Sociedade União de Artistas", localizado à Rua Coronel Vicente Saboia, centro de Mossoró.

Enquanto o Dr. Edson Leite Duarte fazia os trabalhos dentários em uma paciente, lá fora, do outro lado da rua, em uma calçada, escandalosamente, um senhor chorava sem parar um só instante. Os transeuntes que por ali passavam naquele instante, todos queriam saber o porquê daquele escândalo e derramamento de lágrimas. Logo a notícia saiu: o senhor que chorava no momento, sofria uma grande dor de dente.

E logo, o Dr. Edson Leite Duarte tomou conhecimento do pranto daquele homem, abandonoua sua sala, e foi até ao local onde o homem chorão estava, e o trouxe para o seu gabinete.

Acabar no momento o sofrimento daquele homem era impossível, porque não se pode fazer extração de um dente quando ele está inflamado, mas o Dr. Edson Leite Duarte o tangeu para dentro do seu gabinete, posteriormente, o trouxe para a sala de espera, e mandou que ali, junto com nós pacientes, sentasse.

Não sei o que ele fez para evitar aquela dor tão infeliz naquele homem, mas, mais ou menos 20 minutos depois, o senhor dormia sentado sobre a poltrona. Acredito que foi medicado com um tranquilizante qualquer, já que ele permaneceu dormindo enquanto eu permanecia à espera para ser atendido. Ao sair do local, o homem continuava dormindo.

Parabéns, Dr. Edson Leite Duarte, tenho certeza que o senhor foi muito importante para Mossoró, prestando os seus serviços odontológicos à população.

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2015/05/foto-de-encontro-da-familia-duarte.html

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CAMPANHA DE 1968 EM MOSSORÓ

Por José Mendes Pereira - (Crônica 94)

Em 1968, Mossoró teve o prazer de sediar a maior e mais falada campanha eleitoral de todos os tempos, e a eleição foi realizada no dia 15 de novembro de 1968. De um lado, como candidato a Prefeito, o agrônomo, professor, e um dos maiores escritores do Rio Grande do Norte, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, que levantava a bandeira do partido Arena.

 Jerônimo Rosado Maia 

Jerônimo Vingt-un Rosado Maia é o vigésimo primeiro filho de Jerônimo Rosado Maia, e  o nome Vingt-un, significa o numeral ordinal (vigésimo primeiro), na língua  francesa. 

Para nós, brasileiros, o numeral ordinal é escrito "Vigésimo Primeiro". Como o vinte e um, no jogo do bicho representa "o touro", a campanha do Dr. Vingt-un Rosado Maia foi denominada de: É o touro.

Dr. Vingt-un teve como vice-prefeito, Joaquim da Silveira Borges filho, sendo este natural de Sobral, no Estado do Ceará, nascido a 6 de agosto de 1968 e faleceu em Fortaleza-CE.

Joaquim da Silveira Borges filho

Já pelo outro lado, levantando a bandeira do "Movimento Democrático Brasileiro - MDB" foi registrada a candidatura do ex-prefeito de Mossoró, Antonio Rodrigues de Carvalho, nascido no sítio Capim Grosso, no atual município de Upanema, em 13 de junho de 1927, dia em que o bando de Lampião invadiu Mossoró.
Ex-prefeito de Mossoró Antonio Rodrigues de Carvalho

Como Antonio Rodrigues de Carvalho era lá do sítio Capim Grosso, a sua campanha foi nomeada de: "É o capim, meu filho!". E o seu candidato a vice-prefeito, era o empresário, radialista e diretor artístico da Rádio Difusora, José Genildo de Miranda.

Nilson Brasil e Genildo Miranda  

A campanha de Antonio Rodrigues de Carvalho foi apoiada pelo ex-governador do Rio Grande do Norte, o maior orador, maior líder político e famoso cigano feiticeiro, o jornalista Aluísio Alves, nascido na cidade de Angicos-RN.

Ex-governador do Rio Grande do Norte Aluísio Alves 

Durante décadas Mossoró fora administrada pela famosa família Rosado, e sabendo que para tomar o poder desta, tinha que suar muito, Aluísio Alves dedicou-se por completo; trabalhava muito pelas outras cidades do Rio Grande do Norte,  mas não se esquecia um pouco de Mossoró, e nos finais de semana, sem intervalos, Aluísio Alves e a sua comitiva, à noite, estavam com redes armadas e cachimbos acesos, pelas ruas de Mossoró, puxando uma grande passeata. E antes que terminasse o prazo dos comícios, Aluísio Alves, incansável, passou três dias com três noites, dentro de Mossoró fazendo a chamada "vigília".

Assim que terminou a apuração das urnas, o capim comeu o touro, com uma maioria de 98 votos, eleição que nem todo mossoroense acreditava que um homem vindo lá de Angicos,  tomaria o poder dos Rosados. Com isso, Aluísio Alves que já era famoso, passou a ser o maior político do Rio Grande do Norte de todos os temos.

Em 1968 eu ainda era interno da Casa de Menores Mário Negócio, e me lembro que, assim que terminou a apuração das urnas, a vice diretora da instituição de menores, incumbiu-me para levar o resultado da eleição à sua mãe (dona Nanu, lá na Benício Filho, na Ilha de Santa Luzia, pois a mesma estava sem veículo de comunicação), que o Antonio Rodrigues de Carvalho tinha sido eleito a prefeito de Mossoró.

Eu ia pedalando uma bicicleta, e ao entrar na ponte, vinha um senhor muito embriagado, ocupando todo espaço da ponte. E eu imaginei que ele já comemorava a vitória de Antonio Rodrigues de Carvalho. E  antes que eu passasse por ele, gritei: "É o capim, meu filho!". O homem, com um dos pés, empurrou-me com toda força do seu pé, jogando-me sobre a calçada da ponte. Eu me estendi sobre ela, com todo corpo. Mas ele saiu dizendo os maiores palavrões comigo. Naquele momento, quase não me levantei da calçada com tantas dores. O homem era um adversário do MDB.

Que sorte! O bom foi que ele seguiu seu destino, descendo para o centro da cidade, e não voltou para me agredir fisicamente.

Minhas Simples Histórias

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