sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

RELEMBRANDO O AMIGO RAIMUNDO FELICIANO.

O DIA EM QUE NÓS FOMOS DESPEDIDOS DA CASA DE MENORES MÁRIO NEGÓCIO.
Por: José Mendes Pereira
Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano, você se foi para "Casa do Senhor" e não voltará, lugar que eu também penso chegar lá um dia. Vou, mas não por espontânea vontade.
Ainda recordo como se fosse hoje numa manhã ensombrada pelas nuvens sem previsões de chuvas, o dia em que a nossa diretora dona Caboclinha nos chamou em sua diretoria e nos comunicou que, aquela boa vida que nós tínhamos antes, naquela Casa de Menores Mário Negócio, havia chegado o fim, pois nós não tínhamos mais direito de continuarmos como internos daquela instituição, alegando-nos a nossa maioridade, por ser uma escola que abrigava alunos até que completasse 18 anos. Mas nós dois já havíamos ultrapassados os 20 anos de idade, e ela passou a não nos ver ali, a instituição era do governo e nós não tínhamos para onde irmos. Mas nem tudo é como a gente pensa. Ela foi obrigada mesma contra vontade de nos mandar embora.
O mês era novembro. O dia, se não me foge a memória, 26, mas o ano não tem como fugir da minha mente, foi em 1970, e neste mesmo ano, havíamos terminado o os nossos cumprimentos com o TG - Tiro de Guerra em Mossoró.
Aquela notícia de imediato era como se a gente tivesse sido atingido por uma perversa punhalada. O que era bom antes, agora seria difícil para procurarmos um lugar seguro, onde nós pudéssemos conviver em família. Os que ali ficaram não sabiam bem se o nosso amanhã iria nos dar alimentos ao redor de outros que talvez substituíssem as nossas amizades de antes.
Lembro-me que a nossa convivência naquela casa seria até quarta-feira que se aproximava. Você com seu jeito engraçado, apoderado daquele violão do Chico Pompilo, que com ele fazíamos as nossas serenatas, pôs-se a cantar uma música de Roberto Carlos, a qual estava sendo a mais tocada nas emissoras de rádio.
Após a nossa saída de lá você tomou rumo aos seus familiares e como sempre foi responsável, trabalhou durante muitos anos com a família Negreiros, só a deixando quando os Negreiros mais velhos partiram para a eternidade.
Assim como eu você também foi um que passou pela Editora Comercial S/A. Sei que foi por pouco tempo, porque a sua profissão não era manusear aquele quebra-cabeças, de juntar letras por letras, para formar palavras ou conteúdos inteiros.
Eu não quis voltar para os meus familiares porque de lá eu já tinha vindo, e a solução foi me alojar no Sindicado da Lavoura de Mossoró, hospedagem adquirida pelo meu pai, Pedro Nél Pereira, que era um dos membros da diretoria daquela instituição sindical.
A primeira noite em que dormi lá senti-me como se fosse um sujeito rejeitado por Deus, pela sociedade, pelos amigos, sem pai, sem mãe e irmãos ao meu lado. Deitei-me e fiquei a olhar o teto, imaginando o teto que eu havia deixado para trás, seguro, com alimentação na hora certa, acompanhado de uma porção de amigos. Eu ali sentia uma solidão que só eu sabia. Em alguns momentos levantei-me, fui até à porta e fiquei observando os transeuntes, que àquelas horas ainda passavam para suas casas.
Eu, em segredo, pelas rótulas da porta da frente, observava aquele movimento bastante restrito de pessoas que se deslocavam, e de repente, vinha um senhor bastante bêbado ocupando toda a Rua Almirante Barroso, e em suas mãos, um objeto. Vi de imediato que era um cabresto, talvez para recolher um dos seus animais.
As horas já se passavam, mas eu não tinha a mínima ideia o que os relógios da humanidade marcavam naquele momento. Lembrei-me da matriz de Nosso Senhora da Conceição e resolvi sair fora para ter ideia que horas o relógio da Igreja assinalava. E vi que os enormes ponteiros marcavam 2 horas da manhã. Retornei à rede e fiquei imaginando o que seria de mim no dia seguinte, onde eu iria tomar o primeiro café do dia, almoçar, e posteriormente o jantar. Mas finalmente, minutos depois, eu adormeci, só acordando quando a assistente do dentista do sindicado (Dr. João Falcão), Maria Da Paz chegou para dar início aos seus trabalhos rotineiros.
Vivi dias e noites difíceis, alimentando-me muito mal, e se eu almoçava (na Churrascaria do Batista, na Alberto Maranhão com o cruzamento da Almirante Barroso), às vezes eu não jantava, por falta de dinheiro; eu ainda não era gráfico profissional e ganhava muito pouco. Foram dias, meses tentando me adaptar a nova vida que eu havia ganhado.
Neste período de sofrimento eu era aluno do Ginásio Municipal de Mossoró, e que muitas vezes, frequentei àquela escola sem jantar, mas nunca cheguei a nenhum dos meus amigos para contar o que estava se passando comigo. E para amenizar um pouco a falta de alimento em minha barriga, fumaça, fumaça, e feito isso, o que me maltratava no momento, havia desaparecido, só retornando as mesmas crises horas depois.
Quando o meu pai me visitava no meu local de trabalho me perguntava sobre o meu passadio, se eu estava comendo todos os dias, se eu jantava, tomava café..., se eu estava necessitando de roupas e calçados. Mas eu o deixava sossegado, em paz, sem aperreios, para que ele, minha mãe e meus irmãos dormissem as noites inteiras sossegados.
Devido a minha situação difícil em alguns momentos pensei em retornar ao campo, voltar a viver àquela vida de camponês, trabalhando na agricultura, nos carnaubais, acordar três horas da madrugada para fazer empilhamentos das palhas das carnaubeiras, cuidando das criações, campeando o minúsculo rebanho de gado que o meu pai possuía, carregando água em ancoretas sobre o lombo de animais, ou sobre o meu próprio ombro. Mas me veio o medo de passar por covarde, fraco, sem esperanças, desprovido de fé em Deus. E depois de imaginar tudo isto, decidi-me, tentar, valia a pena, desistir do sofrimento não era uma boa opção. Que eu seguisse o caminho para ver aonde iria chegar, do jeito que Deus havia determinado para mim.
Para tomar intimidade com esta nova vida levei muitos dias,.., e como sempre Deus está perto de nós, felizmente, um funcionário que trabalhava comigo na Editora Comercial, José Nogueira, filho de Aldenor Nogueira, resolveu ir morar em Natal, e a partir daí, fiquei assumindo o seu lugar, e passei a ganhar de igualdade com os outros profissionais.
Sofri muito, mas tudo que passei valeu a pena. Estudei e sou formado pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte - FURRN, nos dias de hoje, UERN. Já estou aposentado pela Secretaria de Educação. Foi uma prova dada por Deus. Venci todos os obstáculos que um ser humano tem que enfrentar para contar a sua história. Hoje estou amparado pela divina graça do Deus todo poderoso.
Adeus, mano Raimundo Feliciano! Um dia a gente se encontra novamente, mas desta vez na casa do Senhor. A estrada poderá ser outra, mas o caminho é exatamente o mesmo que você seguiu.
Raimundo Feliciano faleceu no dia 21 de fevereiro de 2019
LEIA O QUE ESCREVEU Gilvan Rodrigues Leite Leite:

FALECEU EM MOSSORÓ MEU AMIGO RAIMUNDO FELICIANO DA SILVA (RAIMUNDO DA AGROTEC).
É com enorme sentimento de pesar que recebo através das redes sociais, a infausta notícia do falecimento do meu velho amigo e companheiro de trabalho RAIMUNDO FELICIANO DA SILVA (RAIMUNDO DA AGROTEC). Nasceu em Mossoró no dia 01/08/1950, era casado há 42 anos com a Senhora Ilza Feliciano, companheira de toda sua vida e pai de Simone e Ciro Eduardo. Na sua infância foi interno da Casa de Menores, nos tempos áureos da gestão de Dona Caboclinha Miranda. Iniciou sua carreira profissional na antiga Casa Negreiros, de propriedade do saudoso Manoel Negreiros. Com o fechamento da Casa Negreiros, passou a laborar na Agrotec - Agro Técnica Máquinas e Motores Ltda., de propriedade do Dr Gabriel Fernandes de Negreiros, onde tive a satisfação de conviver com ele durante dez anos, de 1981 à 1991. Tendo ele, permanecido na aludida empresa até sua aposentadoria, poucos anos atrás, e como trabalhador e vendedor nato, estabeleceu se no segmento de móveis, máquinas e equipamentos usados. É difícil falar de Raimundo Feliciano, sem ser com o sentimento de gratidão, respeito e amizade. Como colega de trabalho sempre foi um professor, um incentivador, um amigo solidário. Como amigo, era amigo na verdadeira acepção da palavra. Companheiro, afetuoso, espirituoso, simples, Alegre e constante nas horas de lazer e tb nos momentos difíceis. Deixa viúva uma grande mulher, Dona Ilza Feliciano, os filhos Simone e Ciro Eduardo e um neto. Neste momento de profundo pesar, faço chegar às família enlutada minhas condolências, pedindo à Deus que o receba no Reino Eterno".
Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
1 - Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira ex-internos da Casa de menores Máreio Negócio;
2 - Igreja de Nossa Senhora da Conceiçã - diocesedemossoro.blogspot.com
3 - Granjaceara.blogspot.com;
4 - Raimundo Feliciano e José Mendes - ex-internos da Casa de Menores Mário Negócio – Foto do acervo do autor;
5 - Tiro de Guerra de Mossoró - jotamariatirodeguerra.blogspot.com

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

CANGAÇO - VINTE CINCO E CANDEEIRO

Por Aderbal Nogueira

NO VÍDEO ABAIXO, EM MAIS UMA ESPECULAR PRODUÇÃO DE NOSSO AMIGO Aderbal Nogueira, VEREMOS E ESCUTAREMOS DOIS EX CANGACEIROS, "CANDEEIRO" E "VINTE E CINCO", NARRANDO FATOS OCORRIDOS DA ÉPOCA EM QUE FIZERAM PARTE DA TRILHA SANGRENTA DO BANDITISMO RURAL NO SERTÃO NORDESTINO.

Laser/video.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

VAMOS LEITOR, ASSISTIR A EXECUÇÃO DO CANGACEIRO JARARACA?

Por José Mendes Pereira
O cangaceiro Jararaca

Diz o jornalista Geraldo Maia do Nascimento que no depoimento baseado que Pedro Sílvio de Morais um dos integrantes da escolta que matou o cangaceiro Jararaca em Mossoró fez ao historiador Raimundo Soares de Brito, disse-lhe o seguinte:

Raimundo Soares de Brito e Geraldo Maia do Nascimento

- Pelas onze e meia horas da noite de um luar claro e frio, do mês de junho, uma escolta composta de oficiais, sargentos e praças, conduziu em automóvel o bandido, dizendo que ele iria ser trancafiado na cadeia de Natal. No momento da saída, e ao dar entrada no carro, Jararaca disse que tinha deixado as suas alpargatas na prisão, e pediu ao comandante para mandar buscá-las, pois não queria chegar à capital com os pés descalços.

O tenente-comandante então disse:

- Não se preocupe. Em Natal lhe darei um par de sapatos de verniz.

E de lá da cadeia partiram como se fossem para Natal capital do Rio Grande do Norte. Quando os automóveis pararam no portão do cemitério São Sebastião (Mossoró), Jararaca interrogou-os:

- Mas isto aqui é o caminho de Natal?

Como resistisse descer do automóvel, um soldado empurrando-o deu-lhe uma pancada com a coronha do fuzil.

No cemitério mostraram-lhe uma cova aberta lá num canto, e um deles perguntou-lhe:

- Sabe para que seja isso?

- Saber de certeza não sei não. Mas, porém estou calculando. Não é para mim? Agora, isso só se faz porque me vejo nestas circunstâncias, com as mãos inquiridas e desarmadas! Um gosto eu não deixo para vocês: é se gabarem de que eu pedi que não me matem. Matem! Matem que matam, mas é um homem! Fiquem sabendo que vocês vão matar o homem mais valente que já pisou neste...

Mas o Jararaca não teve tempo de dizer o que queria. Um soldado por trás dele deu-lhe um tiro de revólver na cabeça. Ele caiu e foi empurrado com os pés para dentro da cova.

Observação: “Existem alguns textos contados diferentes do que afirmou Jararaca quando estava prestes a ser executado no Cemitério São Sebastião, mas apenas os autores usaram sinônimos, sem fugirem do que disse Jararaca. O importante é não criar fatos diferentes do que aconteceu na hora da execução do bandido no Cemitério São Sebastião em Mossoró. Sinônimos de forma alguma mudam os fatos de uma história”.

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

LAMPIÃO UMA VIDA MARCADA POR MUITAS DECEPÇÕES E GERALMENTE, VINGADAS

Por José Mendes Pereira - (Crônica 76)
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No dia 28 de julho de 2020 completarão 82 anos que o homem mais procurado do Nordeste Brasileiro e conhecido no mundo inteiro, o pernambucano lá da Villa Bella, atualmente denominada de Serra Talhada, o Virgolino Ferreira da Silva alcunhado “Lampião”, deixou o nosso planeta, partindo para outra esfera (suponhamos) depois de tantas crueldades praticadas por ele e seus comparsas que viajaram juntos, num total de 12 delinquentes.  

Lampião repousava na Grota do Angico nas terras de Porto da Folha atualmente pertencem à cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, e lá, ele e a sua rainha Maria Bonita estavam protegidos pelos seus operários (marginais), no seu coito, e se sentindo seguro, enfiado em sua "Central Administrativa". 

Os calendários da humanidade indicavam o dia 28 de julho de 1938, e os relógios do mundo inteiro marcavam mais ou menos  5:30 da madrugada desse dia, quando ele, sua rainha Maria Bonita e sua cabroeira num total de 11 foram atacados e abatidos; mais um policial de nome Adrião Pedro de Souza (total de 12 mortos na Grota do Angico), chacinados pelas volantes policiais comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva da Polícia Militar do Estado de Alagoas.


Benjamin Abraão Botto, Maria Bonita e o capitão Lampião

Segundo alguns pesquisadores naquele coito o capitão Lampião se sentia seguro, achava muito difícil que os policias chegassem ali, e que somente eles, facínoras, sabiam muito bem chegarem naquele lugar,  porque habitualmente eram conhecedores de todos os terrenos que ofereciam difíceis acessos nas caatingas do nordeste brasileiro. 

O cangaceiro Corisco

Mas o cangaceiro Corisco duvidava que aquele coito tinha segurança, porque ele chegou a dizer que ali era como uma ratoeira, caso fossem atacados, seriam pegos, só existia uma entrada e que ela também seria a saída para que eles se livrassem de um possível ataques de policiais. E se caso as volantes descobrissem que a Grota só tinha uma saída, com certeza, todos os cangaceiros estariam ferrados.
Grota do Angico em Poço Redondo-SE.

Com exceção dos que ganhavam dinheiro do rei do cangaço o nordeste brasileiro vibrou com a sua morte, com o seu fim, porque, muitos que estavam marcados para morrerem, e outros que,  mesmo não estando na lista de morrer,  se livraram de passar pelas mãos vingativas do sanguinário e perverso Lampião e seus comandados.

Enquanto outros não gostaram nem um pouquinho do seu extermínio porque viviam exclusivamente dos favores que faziam ao rei e a rainha do cangaço, como também prestavam os seus serviços à toda sua cabroeira, e a recompensa era valiosa, mesmo arriscando as suas vidas, valia muito mais prestarem serviços a um bando de feras humanas do que ficarem do lado da polícia militar, porque nada ganhavam, ao contrário, (segundo pesquisadores) eram maltratados para que eles entregassem o rei Lampião, a rainha Maria Bonita e a sua cabroeira, indicando o lugar dos seus coitos na caatinga.

EM ALGUM MOMENTO NA VIDA TERIA LAMPIÃO SE ARREPENDIDO DO QUE FEZ E CONTINUAVA FAZENDO?

Eu acho que sim. Lampião ainda continuava no cangaço porque era constantemente perseguido pela polícia, e ele como rancoroso, vingativo, perverso e sanguinário não iria se humilhar à autoridade nenhuma. Suponho eu que se as autoridades tivessem dado-lhe uma oportunidade, perdoando o que ele tinha feito antes, muitas vidas de sertanejos e de alguns pequenos fazendeiros teriam sido poupadas, porque Lampião  se intercalaria à sociedade e cuidaria de construir um lá com a sua compamheira Maria Bonita.

Assim como os demais que foram cangaceiros e beneficiados com o indulto do presidente da república Getúlio Vargas, nenhum deles voltou ao antigo passado, e assim o rei também mudaria de pensamentos caso tivesse sido beneficiado.

O que passou, passou, e daquele dia em diante Lampião gozaria de proteção, e assim como fizeram os seus comandados que mostraram que eram capazes de viverem em sociedade.

Somente Severino Garcia Santos o ex-cangaceiro Relâmpago que era funcionário da Empresa de Cangaceiros Lampiônica E Cia do afamado Lampião, apesar de sua idade, com 83 anos, o Relâmpago fora preso por esfaquear o agente de trânsito do Detran "Jorge de Oliveira Ribas", de 66 anos, após uma discussão sobre o preço de uma cabeça de peixe num bar na Praça Tiradentes. Na época, o ex-cangaceiro se vangloriava dizendo que, quando vivia no sertão, tivera 12 mulheres e matara mais de 20 pessoas com Lampião. (Confira esta informação clicando no link abaixo da foto do ex-cangaceiro Relâmpago).

O cangaceiro Relâmpago
Não sou analista sobre nada, mas acho que Lampião quando se deitava um pouco em sua "Central Administrativa", sozinho no seu “eu”, muitas vezes, pensou que um dia poderia ser um homem da sociedade, e não nômade criminoso e desordeiro como era. Mas o destino foi cruel com Lampião, não lhe deu uma oportunidade na vida.

Penso eu que isto sempre passou no “EU” de Lampião. E quem sabe, tenha pensado isto ou semelhante o que segue:

“Eu não sei porque a vida preparou para mim um mundo tão triste, tão cheio de decepções. Entregou-me uma agenda só com coisas ruins que eu terei que cumprir ou passar por elas. Matar os meus semelhantes, matar gado e criações de proprietários que não querem me aceitar nas suas terras e procuram me eliminar do sertão; roubar, odiar, vingar, depredar, incendiar fazendas e cercados, só horrores terei que fazer. Mas será que eu não sou filho também de Deus? 

Às vezes me ponho a imaginar as grandes crueldades que fiz com várias pessoas sertanejas, e muitas delas estavam pagando um preço caro, e nem mereciam passar pelas minhas mãos vingativas ou de meus comandados. Lembro como foi assassinado o Briô na mais triste morte, o cangaceiro Vulcão; os que eu autorizei que os meus cangaceiros os capassem, outros que ficaram sem orelhas, mulheres ferradas, Rosinha do meu amigo da velha guarda Mariano Laurindo Granja. Ordenei que a matasse na mais covarde morte. Cristina do cangaceiro Português só pelo fato dela tê-lo traído. Foi morto também o Sabiá que estuprou uma jovem, mas este era merecedor. Lá no Rio Grande do Norte em São Sebastião eu assassinei um jovem maluco, só porque ele não obedeceu as minhas ordens. E assim eu culpo tudo que fiz à natureza que não teve um tico de dó de mim.

Lembro que o Santo da Fazenda Mandassaia empregado do fazendeiro Manoel do Brejinho foi morto pelo cangaceiro Corisco, e quem causou a sua morte fui eu. O vaqueiro guardava em sua casa uma quantia em dinheiro que o Manoel do Brejinho tinha mandado para o Corisco, cuja, solicitada pelo mesmo. Ao chegar ao meu conhecimento fui até a sua casa e pedi que me entregasse a quantia que eu acertaria com Corisco, porque eu estava precisando daquele valor. E assim ele fez, me entregando toda quantia em dinheiro do Corisco. Mandei pedir outra quantia ao Manoel do Brejinho que seria para devolver ao Corisco que eu havia pego aquela primeira, e foi honrado o meu pedido por ele. Se ele fez cara feia eu não sei, mas enviou a quantia pelo Santo, e com esta em seu poder, aguardava a chegada do Corisco para entregá-la. Mas dois policiais patenteados tomaram conhecimento da quantia em poder do Santo. Foram alta hora da noite e um deles se fez ser o Corisco. Pediu que trouxesse o dinheiro, mas não precisava abrir a janela, bastava entregar por uma fresta, pois tinha pressa. Dias depois Corisco vai à casa do Santo pegar o dinheiro. Santo não tinha mais, porque a quantia já tinha sido entregue a ele, assim pensava o pobre vaqueiro que tinha sido ludibriado pelos policiais desonestos. Corisco enlouqueceu dizendo que ele estava querendo enrolá-lo, e findou assassinando sem merecer o pobre vaqueiro Santo da Fazenda Mandassaia.

Uma das coisas que mais me irrita é ser excluído pelos meus irmãos (de modo geral), que nunca me viram com bons olhos. Eu faço parte da mesma comunidade humana, e por que quase todos os meus irmãos me odeiam? Enquanto eles riem de mim, pelo mundo que recebi da natureza, caladamente eu choro, choro e choro muito, choro, e choro muito forte, por não ter tido a mesma sorte  que tiveram todos os meus irmãos fraternos e que fazem o bem. 

Se me dessem uma oportunidade eu abandonaria o mundo do crime e me intercalava novamente à sociedade dos homens, e iria praticar só o bem. Mas os meus crimes foram maiores do que o coração da sociedade, e ninguém me ver com bons olhos. Por onde eu ando e tento um apoio, pelo menos para o meu cansado corpo repousar e descansar um pouco, mas todos viram as costas para mim, e com medo da minha pessoa, fogem para as matas como se eu fosse o maior animal feroz do mundo. Não tenho culpa, foi a natureza que errou quando me fez, e assim sou um dos erros do mundo. 

Infelizmente, o sol não nasceu para mim. Será que eu sou filho de Deus ou do Diabo? Perseguiram tanto os meus pais que minha mãe não suportando as pressões dos poderosos, infartou e dias depois veio a óbito, e um mês depois os policiais que eram comandados pelo tenente José Lucena invadiram  residência de José Ferreira dos Santos o meu pai e o assassinaram que nada tinha a ver com as nossas brigas. E minhas irmãs sofreram o que o diabo rejeitou. Todo tipo de perseguição elas foram vítimas. 


Quando você quiser desejar o mal a um inimigo seu deseja o mundo que eu herdei da natureza, porque não tem outro mundo pior do que o que eu ganhei".

Há 82 anos findava a carreira criminosa de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião, onde foi localizado na Grota do Angico no Estado de Sergipe e executado com mais dez cangaceiros pela volante comandada pelo Tenente João Bezerra da PMAL, no dia 28/07/1938.

Informação ao leitor: 

O que eu escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, e não tem problema se você discordar. Lampião nunca disse isso.
Você leitor, poderá me perguntar: "E se não tem valor para a literatura lampiônica e por que você escreve?" 

Eu escrevo o que penso sem atrapalhar o que já escreveram os escritores e pesquisadores. São apenas as minhas inquietações assim dizia o saudoso escritor Alcindo Alves Costa o caipira de Poço Redondo.  


Eu escrevo para aqueles que gostam de ler e também para  me divirtir com este tema tão polêmico que é “Cangaço”, principalmente quando se trata de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião e sua companheira Maria Gomes de Oliveira a Maria Bonita. Os meus escritos não atrapalham os pesquisadores e nem os escritores.

Eu sempre chamo a atenção do leitor para não usá-los na literatura lampiônica. 

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DOIS RANCOROSOS PATENTEADOS SE ENCONTRAM PARA AMENIZAREM RIXAS PASSADAS.

Por José Mendes Pereira 
Coronel Joaquim Resende e Melchiades da Rocha

Conta o escritor Alcindo Alves Costa em seu livro: “Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico”, que o rio São Francisco foi um grande agasalhador do povo sertanejo. E lá, o povoamento foi se formando nos alarmados declives de sua margem.

Já no ano de 1611, um minúsculo povoado nascera lá, onde os sofridos sertanejos construíram as suas barracas, na intenção de sobreviveram através da pesca, uma vez que as dificuldades alimentares eram presentes. Como o rio era favorável à pesca, mesmo faltando-lhes outros alimentos necessários à sobrevivência, todos preferiam viver ali mesmo, no intuito de não morrerem de fome em outras regiões. E nessa época, o lugarejo pertencia ao município de Mata Grande, conhecido em todas as regiões adjacentes por Jaciobá. Os tempos foram se passando, e a cada ano eram construídas mais casinholas, fazendo com que o lugarejo fosse se expandindo gradativamente. E no ano de 1881, no dia 18 de junho, através da lei nº. 756, finalmente o lugarejo foi emancipado, tomando posse como primeiro intendente, ou seja, prefeito, um senhor chamado Serafim Soares Pinto. E assim que passou a ser cidade, começou a se desenvolver mais ainda, tornando-se um importante município nas terras alagoanas. Mas posteriormente, este valoroso município passou a ser chamado definitivamente de Pão de Açúcar. 

E já no século XX, o município passou a ser comandado pelo coronel Joaquim Resende, um senhor de grande força política que chegou a ser odiado por alguns e admirado por outros. Era um homem rancoroso ao extremo, uma vez que não temia a ninguém. Mas apesar de ter seus adversários, mesmo assim, era um homem muito respeitado por todos que moravam lá, e pelos povoados adjacentes. O coronel Joaquim Rezende tinha as suas intrigas, tendo como inimiga, a família Maia, uma das mais tradicionais que também não se rendia ao patenteado.
           
No ano de 1935, dois rancorosos e poderosos, pela primeira vez se encontraram, ambos patenteados. Por um lado, o poderoso e zeloso da sua patente militar, o coronel Joaquim Resende. E pelo outro, o afamado e considerado o governador dos sertões, o amante das armas, o capitão Lampião. No encontro marcado para os afamados, a única finalidade era discutirem os desejos de ambos, como donos da lei.                                                                       
Como Lampião queria na força e na raça ser governador do sertão, e Joaquim Resende achando que o rei não podia lhe dar ordem, o assecla se sentindo desprestigiado, organizou uma maneira de atormentar a administração de Joaquim Resende. E sempre que colocava os pés naquela região sertaneja, fazia invasões, com depredações e ainda praticava mortes. 

Sendo disposto e exigente com a sua soberania, o coronel Joaquim Resende dizia abertamente, que os arrufos de qualquer ser humano não lhe metiam medo. E nem tão pouco de cangaceiro, assim como Lampião.
                                                          
Como o rei ficou chateado com o que dissera o oficial contra a sua pessoa, resolveu fazer uma perseguição a alguns dos seus amigos. E assim que principiou o ataque aos amigos do coronel, este não querendo deixá-los sozinhos, isto é, entregue às vontades do perigoso Lampião, passou a apoiar as decisões que os seus aliados tomavam contra o assecla.
                                               
Com a decisão tomada por Joaquim Resende, tanto os amigos do patenteado, como os do outro, o  rei Lampião, ficaram bastante preocupados, afirmando que se o oficial não medisse as palavras que soltava ferindo o rei, a vingança não tardaria acontecer. E a partir dessa desavença entre os poderosos, os protetores das duas autoridades deram início a uma forma de a quieta, a quieta, na finalidade de acabarem com a briga entre as suçuaranas humanas. O medo que eles tinham era se Joaquim Resende continuasse usando certos termos desrespeitando a majestade, uma vez que este não o perdoaria, e com certeza a sua vingança seria devastadora. 

Na verdade, quem não quisesse ser desmoralizado ou derrotado não adiantava criar problemas com Lampião, pois além de ser destemido, era altamente perigoso e vingativo. E quando não conseguia dominar os seus inimigos e perseguidores iniciava uma destruição em massa, sem reservar ninguém e nem a quem, tentando vencê-los na força, com combates e na coragem. Mas era do conhecimento de todos que o rei Lampião sempre dizia: 

“-Tenho respeito por juízes e coronéis. E só brigo com estes patenteados quando eles querem, pois se depender de mim, eu não brigo”.                                                                   

Mas como em todas as brigas tem sempre uma pessoa que faz o papel de sossega leão, um senhor chamado Zuza Tavares, foi um dos incumbidos pelos amigos para resolver a questão entre os dois indomáveis leões. 

Os amigos de ambas as partes marcaram uma reunião, e decidiram que o importante para os dois se entenderem, seria organizar um encontro entre as duas feras humanas. 

E quando seria este encontro? Logo no início do ano de 1936. E o local do encontro?  Na Fazenda Floresta, lá nas terras sergipanas, no Maitá, já que o rei e sua respeitada saga estavam de redes armadas e cachimbos acesos naquele lugar. E quem ficaria encarregado de providenciar o transporte até a fazenda? O grande honrado para adquirir o transporte foi um senhor chamado Messias de Caduda. E qual seria a locomoção que o famoso rei iria até a casa do coronel Joaquim Resende? Lógico que seria em uma bela e zelada canoa, já que no lugar não tinha iates, barcos ou outra coisa parecida. E de quem seria esta canoa? A de um senhor de nome João de Barros. Apesar de ser pescador, era um homem de grande confiança. Este foi o confiado para levar o rei ao encontro do coronel. E sem muita demora, foi feito o contrato do aluguel da canoa para este fim.

João de Barros se sentindo importante, por ter sido escolhido para transportar a majestade, deu início a uma grande limpeza no honrado transporte, tirando o excesso de salmouras de peixes entre as tábuas. Afinal, nele iria entrar um dos homens mais importantes do nordeste. Depois o higienizou com um cheiroso detergente. E em seguida partiu para o local combinado. Canoa pronta, sua majestade dentro dela. E sem mais tardar, João de Barros remou o belo transporte em direção a Pão de Açúcar, até a Fazenda Floresta.    

Mas, desconfiado, sagaz e cuidadoso com a sua vida e as dos seus comandados, o rei Lampião achando que poderia existir alguma armadilha na fazenda Floresta, antes de chegarem ao local combinado, mandou que o João de Barros encostasse a canoa à beira do rio. Este obedeceu a sua ordem. O assecla incumbiu que o Messias descesse e fosse até a fazenda Floresta, e lá fizesse uma rigorosa vistoria, olhando todos os cômodos da casa, revistasse tudo, tim, tim por tim, tim. Assim que terminasse a revista por dentro da mansão, fosse vistoriar as suas laterais, e não deixasse nada por revistar. E ainda o rei o advertiu que não queria nenhuma novidade inesperada, pois se isso acontecesse contra ele e os seus asseclas, Messias já sabia muito bem que ganharia uma penalidade horrorosa. Ou o rei o mataria com um tiro, ou o enfiaria o seu longo punhal na sua clavícula.
                                                            
Messias ao entrar na casa, deu início à revista.  E enquanto fazia a revista, olhou para um dos lados e viu um senhor que pelo seu jeito de se vestir, pareceu-lhe ser  uma autoridade. E era mesmo. Sem dúvida, o coronel Joaquim Resende, o grande e respeitado oficial. O Messias que ainda não o conhecia, depois de algumas conversas, pediu que o perdoasse por ter entrado ali sem a sua generosa autorização, e alegou que era ordem do capitão Lampião para revistar o ambiente.   

O coronel Joaquim Resende não tendo nada a opor, disse-lhe que Lampião tinha razão, pois ele estava mais do que certo. È claro que o coronel não iria tirar a razão de Lampião, em mandar alguém para uma averiguação, pois a majestade precisava de proteção, tanto para ele como para os seus comandados.  E sem querer usar os seus poderes, apesar de ser uma autoridade, disse ao coiteiro que naquele momento aquela mansão estava entregue a ele. Autorizando-lhe que percorresse todos os cômodos e dependências, inclusive revistasse as laterais da residência.  Terminada a revista, o Messias retornou ao local onde estava a majestade e os seus valiosos asseclas.                            

Mas o capitão Lampião podia ficar tranquilo, pois coronel Joaquim Resende e os seus comandados não eram covardes para prepararem uma armadilha contra ele. O que ali iria acontecer era simplesmente um acordo entre os dois arrogantes, e jamais seria feita uma traição. O rei quando dava uma palavra, cumpria. E por que Joaquim Resende não poderia cumprir a sua? Assim que o coiteiro retornou à presença do rei, ainda meio preocupado com a segurança, e  não acreditando, Lampião exigiu que o coronel fosse até a beira do rio São Francisco onde ele se encontrava.                                             

Não temendo o chamado, mas o respeitando, Joaquim Resende dirigiu-se para o local sem se sentir inferiorizado e sem nenhum problema. Na hora do encontro, todos foram abraçados pelo assecla, principalmente o patenteado. Em seguida, tomaram rumo ao palacete do oficial. Lá, foi necessário que o Zuza Tavares se retirasse do local, pois Lampião precisava conversar com o coronel, um assunto a dois.  A reunião muito se demorou, e só terminou lá pela madrugada. E com certeza, o assunto foi de grande interesse entre os poderosos.                                                                          
Quando terminou o encontro os amigos de ambas as partes se sentiram realizados, uma vez que as queixas de Lampião contra o pessoal do coronel Joaquim Resende, principalmente uma que ele tinha com um fazendeiro de nome Juca Feitosa, as rixas antigas foram dispensadas e jogadas no assombroso rio São Francisco.  E as amizades, reconquistadas.

Fonte de pesquisa: "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico".

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

JOSÉ FERREIRA DA SILVA OU AINDA DOS SANTOS.


José Ferreira da Silva ou dos Santos era pai dos Ferreira, principalmente do afamado capitão Lampião. Era filho de Antônio Ferreira de Barros e dona Maria Francisca da Chaga. José Ferreira nasceu no ano de 1872 e batizou-se na capela de Vila Bela de São Francisco, e seus padrinhos foram: Manoel Pereira da  Silva Jacobina o famoso Padre Pereira e Francisca Pereira da Silva (Dona Chiquinha Pereira), que eram pais do ex-cangaceiro Luiz Padre, e ele sendo tio do ex-cangaceiro Sinhô Pereira, primeiro e único patrão fora-da-lei do capitão Lampião. Era casado com dona Maria Sulena da Purificação. 

Seu casamento foi realizado na tarde do dia 13 de outubro de 1894, na igreja da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, em Floresta do Navio. Ele tinha 22 anos e ela tinha 21. A cerimônia foi presidida pelo cônego Joaquim Antônio de Siqueira Torres. Na pregação o Padre Quincas declarou: "- Tenho a satisfação de assistir a este enlace matrimonial de gente que conheço: boa, amiga e cristã. Faço votos ao Bom Jesus Jesus pela felicidade do casal e o futuro muito grande de seus filhos.

Manoel Pereira da  Silva Jacobina Padre Pereira e Francisca Pereira da Silva (Dona Chiquinha Pereira).

No dia 29 de junho de 1920 José Ferreira dos Santos estava debulhando milho quando foi surprendido pela volante policial do tenente Zé Lucena, que procurava seus filhos, acusando-os de bandidos. O pacato homem enquanto respondia que os seus filhos não eram bandidos a autoridade atirou sem piedade no homem que era conhecido naquelas regiões como sendo um pacato, honesto, trabalhador e bom vizinho. 

Há outra versão que afirma que: quem matou José Ferreira dos Santos o pai de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião, foi um volante comandado pelo tenente Zé Lucena de nome Benedito Caiçara. Após a morte o tenente Zé Lucena teria o agredido fortemente e tinha exonerado da sua volante. 

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MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO 



A mãe dos Ferreira tinha uma porção de nomes os quais são: Maria Sulena da Purificação, Maria Vieira do Nascimento, Maria Vieira da Soledade,  Maria Lopes da Conceição, Maria Santina da Purificação e Maria Lusulina da Purificação. E todas é uma só pessoa, isto é uma só Maria, sendo a  mais conhecida Maria Lopes da Conceição. 

Era a esposa do pacato José Ferreira dos Santos ou Silva que foi assassinado pela volante do tenente Zé Lucena. Ela nasceu no ano de 1873, no Sertão Pajeú, Serra Talhada, Pernambuco, às margens do Riacho São Domingos um dos afluentes do Rio São Francisco. Era filha de Manuel Pedro Lopes e D. Maria Jocosa Vieira. Batizou-se na capela de Vila Bela de São Francisco em Pernambuco, e seus padrinhos foram: Manoel Pereira da Silva (Manoel da Passagem do Meio), irmão de Padre Pereira e dona Constância Pereira da Silva (sua segunda esposa) eram os pais de Sebastião Pereira (Sinhô Pereira, primeiro e único patrão fora-da-lei de Lampião). 

O casamento de dona Maria Lopes com José Ferreira foi realizado na tarde do dia 13 de outubro de 1894, na igreja da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, em Floresta do Navio. Ele tinha 22 anos e ela tinha 21. A cerimônia foi presidida pelo cônego Joaquim Antônio de Siqueira Torres. Na pregação o Padre Quincas declarou: "- Tenho a satisfação de assistir a este enlace matrimonial de gente que conheço: boa, amiga e cristã. Faço votos ao Bom Jesus Jesus pela felicidade do casal e o futuro muito grande de seus filhos. 

O casal teve 11 filhos dos quais 2 crianças faleceram ainda pequeninas. O terceiro, ficou famoso: Virgolino, mais tarde, Lampião.  É aí, onde essa Maria com tantos nomes passou para a história.

Maria criou os filhos com autoridade dentro dos rígidos costumes sertanejos. A vida da família era pacata, até Virgolino virar cangaceiro. A situação tornou-se insuportável para ela, sendo obrigada a deixar sua casa, viver de sobressaltos, perseguições etc. O coração não suportou e Maria Sulena morreu de infarto aos 47 anos em Alagoas no dia 30 de abril de 1921. Foi enterrada discretamente no Cemitério Santa Cruz do Deserto. 

DONA JACOSA AVÓ DE LAMPIÃO

Dona Jacosa era a avó de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião e era a mãe de dona Maria Sulena da Purificação. Ela aparece no desenho como primeira na parte superior. Infelizmente eu não tenho muito o que falar sobre ela, como por exemplo: quem eram seus pais, irmãos e onde nasceu.  Sei que ela residia a 200 metros da casa de José Ferreria dos Santos e dona Maria Lopes os pais de Lampião. 

ANTONIO FERREIRA DA SILVA FILHO DE JOSÉ FERREIRA E DONA MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO.


Antônio Ferreira da Silva era o primeiro filho de dona Maria Sulena da Purificação, mas afirmam alguns escritores que ele não era filho de José Ferreira dos Santos e sim, de um senhor chamado Venâncio Nogueira. Mas esta hipótese foi descartada pelo escritor José Bezerra Lima Irmão que comprova através de documentos e certidão que o Antônio Ferreira também é filho de José Ferreira dos Santos.

Ele nasceu no dia 15 de julho de 1895 no Distrito do município de Vila Bela, no Estado de Pernambuco. Avôs paternos: Antônio Ferreira de Barros e Maria Francisca das Chagas. Avós maternos: Manoel Pedro Lopes e Jacoza Vieira da Solidade.

O seu registro foi lavrado no dia 12 de agosto de 1900 e registrado no 3º. Disatrito do Município de Vila Vela.


Em janeiro de 1927, Antônio Ferreira Jurema e mais alguns cangaceiros estavam jogando baralho na fazenda Poço do Ferro, enquanto Luiz Pedro descansava em uma rede. Antonio pediu pra ficar um pouco na rede, pois Luiz já fazia tempo que estava deitado. Quando Luiz Pedro tentou levantar da rede apoiando a coronha do mosquetão no chão, apoiou com força e na batida a arma disparou atingindo mortalmente Antônio. Lampião estava na Serra Negra e quando foi avisado correu pra saber da verdadeira história. O próprio coronel Ângelo da Gia contou que a morte havia sido de “SUCESSO” (termo que servia para designar  um acidente). O cangaceiro Jararaca queria matar Luiz Pedro e os outros que estavam no lugar, Lampião não aceitou e por isso discutiram e Jararaca deixou a companhia de Lampião e seguiu outro rumo. 



Se você quiser saber mais um pouco sobre a paternidade de Antonio Ferreira da Silva adquira já o livro: "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br.

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LIVINO FERREIRA DA SILVA FILHO DE JOSÉ FERREIRA E DONA MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO.
Livino Ferreira da Silva é o que está à esquerda sobre duas irmãs.

Em 7 de novembro de 1896 nascia Livino Ferreira da Silva que no mundo do crime foi alcunhado de o cangaceiro Vassoura. Ele era o primeiro filho de José Ferreira dos Santos com Maria Sulena da Purificação. Segundo José Bezerra Lima Irmão Antonio Ferreira também é filho de José Ferreira dos Santos. Se proceder ele é o segundo filho do casal.

No dia 04 de julho de 1925 Lampião teve o desprazer de saber da morte irmão feita pelas volantes da polícia. Nesse dia Lampião atacou a fazenda Melancia, em Flores no Estado de Pernambuco. O proprietário  dela era o Zé Calú é violentado pelo grupo. Em seu socorro vieram os sargentos Imbrain e Zé Guedes com 30 soldados e resolvem perseguir o grupo que se alojara na fazenda Barra do Juá, onde é morto dois cangaceiros. Os cangaceiros vão para o sítio Tenório, em Flores - PE onde o soldado Berlamino Morais em pleno combate viu um vulto de cangaceiro em cima de uma pedra gritando e atirando. Belarmino então atira e mata. Era o cangaceiro Livino Ferreira da Silva irmão de Lampião.

No outro dia ao saber disso o capitão Zé Caetano e o cabo Pedro Monteiro vão até a fazenda Tenório e encontram os 3 corpos sem as cabeças, prática esta utilizada pelos cangaceiros para dificultar a polícia o reconhecimento de quem foi morto.


VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA 3°. FILHO DE JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS E DE MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO.

Vigolino Ferreira da Silva é o 3º filho de Maria Sulena da Purificação e 2º. de José Ferreira dos Santos. Mas através de longa pesquisa e comprovada (na Certidão de Casamento dos seus pais) o escritor José Bezerra Lima Irmão afirma em seu livro "Lampião a Raposa das Caatingas" que Antonio Ferreira da Silva irmão de Virgolino também é filho de José Ferreira dos Santos. Sendo assim, Virgolino não é o 2º filho de José Ferreira, e sim, o 3º.

Sobre a data de nascimento de Virgolino há controvércia quando aparece no seu batistério uma data e na sua certidão de nascimento outra, mas isso não faz mudar o  Virgolino Ferreira da Silva. Nasceu em Villa Bella atualmente Serra Talhada-PE, no dia 7 de julho de 1897. A outra data é 4 de julho de 1898. 

Virgolino eve 10 irmãos sendo eles: Antonio Ferreira da Silva, Livino, Virtuosa, João, Angélica, Maria (dona Mocinha), Ezequiel, Anália, Maria do Socorro que nasceu e morreu poucos meses depois vítima de uma infecção auditiva, e Maria da Glória que morreu com dois ou três anos de idade, em virtude de um acidente doméstico. Infelizmente morreu queimada causada por uma lamparina que virou sobre a sua camisolinha. Ela não resistindo às queimaduras morreu 8 dias depois. 

De Virgolino para Lampião. 

O destino foi cruel com ele e com toda sua família. Tornou-se o cangaceiro mais corajoso, perigoso, perverso e sanguinário, mas isso usava como protesto contra  aqueles que do meio da sociedade o tiraram. Ninguém quer ser rejeitado por ninguém, assim ficou ele. Naquela cominidade vivia entre pais, irmãos, parentes e amigos e de repente, é obrigado a sair da terra que o viu nascer e crescer, que vivia com dignidade e respeitado por todos, frequetando todas as festas que o município lhe oferecia, e sem menos esperar, é obrigado a se mandar dali com os seus irmãos para outras terras que nem em sonho fazia parte do seu berçário. 

Alguns o condenam achando que o seu mundo desatroso foi ele quem o fez, mas não é bem assim. Falar é muito fácil, porque a pele dos outros é capaz de suportar a mais ofensiva fórmula de soda cáustica, e é simplesmente hidratante, bronzeador... 


Tudo de bom é para nós. Não somos maldosos, não mentimos, não caluniamos, não somos invejosos, não desejamos o mal a ninguém, não falamos mal dos nossos irmãos, não matamos, não roubamos..., mas os outros fazem e são tudo isso; assim caminha a humanidade ferindo os seus irmãos e não assume o que faz de errado. 

Eu não estou querendo defender o capitão Lampião porque todo mundo sabe que ele não foi santo, afinal ele já morreu, mas ninguém vive na terra sem ter um destino, um erro, um caminho bom ou ruim. 

VIRTUOSA FERREIRA DA SILVA  FILHA DO CASAL JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS E DE MARIA SULENA DA PURIFICAÇÃO.
Virtuosa Ferreira  da Silva é a primeira da esquerda abaixo. 

Virtuosa Ferreira da Silva era o 4º filho do casal José Ferreira dos Santos e Maria Sulena da Purificação. Nasceu no ano de 1900 em Villa Bella atualmente Serra Talhada no Estado de Pernambuco. No ano de 1919 fez matrimônio com Luiz Marinho que era sobrinho do cangaceiro Antonio Matilde. Este acompanhava todas as lutas do tio e por causa das perseguições Luiz Marinho resolveu mudar-se para o Estado de Alagoas, e após a morte de José Ferreira  ele foi morar com a família em Propiá no Estado de Sergipe. 

Em 1930 resolveu ir sozinho para São Paulo deixando a sua esposa Virtuosa com seus três filhos: Francisco, Francisca e José. Mas em 1931 cortou os contatos com a família e nunca mais deu notícias. 

João Ferreira seu irmão que morava no Piauí, assim que tomou conhecimento que Luiz Marinho havia abndonado Virtuosa e filhos, comprou uma casa no Juazeiro do Norte e deu para ela morar juntamente com os seus filhos. 

Vituosa morreu no Juazeiro do Norte no ano de 1934. Após a morte da mãe Francisco e Francisca continuaram morando no Juazeiro do Norte, enquanto José Ferreira tomou outro rumo. e em 1938, no dia 25 de julho entrou no cangaço do tio Lampião. Mas ele nem esperava que o seu tio protetor dos cangaceiros e dele seria abatido na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico no Estado de Sergipe. 

O Jornal “ A TARDE “, em sua edição de 02 de março de 1939 nos traz importante entrevista com o personagem “JOSÉ SOBRINHO DE LAMPIÃO“, o qual narra para o repórter, a sua entrada no bando, bem como a sua prisão, que ocorreu na cidade sergipana de Canindé.

Clique no link abaixo e leia o que escreveu o cangaceirólogo e pesquisador do cangaço "Volta Seca": 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/08/e-agora-jose.html

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