domingo, 24 de setembro de 2023

AS QUATRO MUDANÇAS DO BICHO HOMEM.

 Autor José Mendes Pereira


Amigos poetas José Di Rosa Maria, José G. Diniz, Veridiano Dias Clemente e Hélio Xaxá, não sou poeta, não tenho talento e nem vocação para ser, mas espero que os senhores façam uma leitura no meu simples cordel. Este blog também é meu. mas só para eu arquivar os meus trabalhos simples.


AS QUATRO MUDANÇAS DO BICHO HOMEM.

Quando Deus criou o mundo

Pois logo a vida em ação

Distribuiu em espécies

Pra não haver confusão

Deu “FASE” pra cada ser

E o homem tinha que ter

Na vida bom coração.

 

O bicho homem é machão

Mas só é até aos trinta

Novo, robusto e valente,

Corajoso e boa pinta

Não tem medo do perigo

Canta até mulher de amigo

Mesmo que  ela não consinta.

 

Toda noite sai pras farras

Atrás de moça donzela

Arranja de qualquer jeito

Não importa o tipo dela

Não faz mal que seja pobre,

Bem melhor que seja nobre,

Mas gosta de todas elas.

 

Na balada dança muito

Não para nenhum instante

Grudado na cavalheira

Achou-a naquele distante

Faz rodeio no salão

Mostrando que é machão

E se sentindo importante.

 

Dinheiro tem de montão

Pra gastar na noite inteira

Vez por outra uma cerveja

Faz àquela bebedeira

A cavalheira ofegante

Com seu sorriso elegante

Gosta bem da brincadeira.

 

Lá na festa se apresenta

Como se fosse um ricaço

A moça feliz na vida

Não pensa dele fracasso

Bebidas pra todo gosto

Quer mesmo mostrar o rosto

Dentro do pequeno espaço.


Assim que termina a festa

Sai com ela passeando

No seu carro: “novo ou velho”

A vida assim vai levando

A sua linda dum lado

Faz-lhe esquecer o passado

E assim é que vai gostando.

 

Antes de raiar o dia

Em casa chega sem planos

Vai ao quarto e lá se deita

No rosto, coloca um pano

A mãe lhe chama na porta

Ele houve e não importa

Pra não atrapalhar seu sono.

 

Durante o dia trabalha

Sempre pensando enricar

Esquece que tem família

Pais, irmãos para ajudar

Quando chega o fim do dia

Se enche de alegria

Pois pras farras vai voltar.

 

E no vai-e-vem da vida

Os anos vão se passando

Não se lembra que a velhice

Lentamente vai chegando

Doenças, dores e enfado

Vão o deixando mofado

Mas mesmo assim vai gostando.

 

Assim que cai na real

Das mudanças em sua vida

Logo fica encabulado

Lembra da época vivida

Vai ao espelho se olha

Pega água e o rosto molha

E ver as rugas nascidas.

 

Logo que completa os trinta

Pensa logo em se casar

Escolhe uma moça linda

Diz que feia dá azar

Prepara casa e comida

Compra um monte de bebidas

Pois festa vai ter no lar.

 

Chega o dia do casório

Feliz na vida ele estar

Chamou um grupo de amigos

Pra festa participar

Bebidas têm de montão

Carne de boi e leitão

Não vão faltar no seu lar.

 

Assim é que é a vida

De quem aos trinta chegou

Viveu momentos de glórias

E tudo que fez gostou

Admirou moças nobres

Namorou com moças pobres

E com uma se casou.


Dos trinta aos cinquenta anos

Entra na fase: “JUMENTO”

Trabalha pra se lascar

Vivendo num sofrimento

Dedicado sempre aos filhos

Colhendo feijão e milho

Pra garantir o alimento.

 

Todo dia tem problemas

Em seu lar pra resolver

Falta tudo em sua casa

Pois nada tem pra comer

Arroz, farinha e feijão,

Açúcar, carne e o pão

E nem água pra beber.

 

Durante o dia batalha

Pelo o pão da filharada

Pra não ver ela com fome

E nem pedindo na estrada

Faz bico pra qualquer um

Nunca rejeitou nenhum

Pois topa qualquer parada.

 

Se cai doente um dos filhos

Logo tenta resolver

Tira a ficha e vai ao médico

Para não o ver morrer

Mas dinheiro ele não tem

No bolso nenhum vintém

Pro remédio ele trazer.

 

Quando a mulher cai doente

Ele fica apavorado

Só lhe vem na mente coisas

Que o deixa desesperado

Faz oração todo dia

E pede a Deus que a Maria

Se recupere ao seu lado.

 

Quando o seu pai adoece

Ele é quem vai resolver

Faz todas as diligências

Só pra não o ver sofrer

Leva logo ao hospital

Pro médico curar o mal

Antes de o ver morrer.

 

Quando a filha perde a honra

Já sabe o que vai fazer

Aperta o seu namorado

Dizendo-lhe: - Pode crer,

Se não se casar com ela

Eu vou à sua goela

Pois sou homem até morrer.

 

Mas o rapaz é valente

Diz: - Sou eu quem te ameaço

Eu não me caso com dona

Que já não tinha cabaço

Ela é mais do que galinha

Vive rodando a bolsinha

Eu provo sem embaraço.

 

O homem fica sem jeito

Mais não pode dizer nada

Fica apenas resmungando

O que disse o camarada

Mas toda culpa é da filha

Que abriu sua virilha

Pra àquela peste tarada.

 

É assim o sofrimento

De quem vai para os cinquenta

Mesmo sendo judiado

Quer ver se chega aos sessenta

Pede a Deus pra não morrer

Pois é nele que ele crê

Pra ver se chega aos setenta.


Dos cinquenta aos setenta

Está na fase de: "CÃO”

Fica rodeando a casa

Tentando dar proteção

Se dá ordem, ninguém liga

E para não surgir briga

Aceita de coração.

 

Se compra algum objeto

Para casa ninguém gosta

Um dos filhos lhe pergunta:

- Por que comprou essa bosta?

Ele fica encabulado

Perde até o rebolado

Mas fica sem dar resposta.

 

Põe o chinelo num canto

A filha mais nova fala:

- Papai ponha essa porqueira

Ali, bem fora da sala

O velho fica sem jeito

Já sabe que está sujeito

Sair de casa com a mala.

 

Quando quer entrar em casa

A filha não quer deixar

Diz que a casa está virada

E ela vai a estopar

Ele fica lá por fora

Já sabe que não tem hora

Em sua casa entrar.

 

Se vai vestir uma roupa

Vem outra logo o reclama

Diz a ele: - A que está suja

Não ponha em cima da cama

Pois eu fiz limpeza nela

Fiz no piso e na janela

E se sujar sobre pra dama.

 

Se tenta tomar um banho

Vem outra e lhe diz: - Cuidado!

Não deixe água no piso

Pois eu já tinha o lavado.

Ele a olha, mas se cala

Resolve engolir a fala

Pra não ser desrespeitado;

 

E pra não criar problemas

Ele se cala num canto

Aceita o que ela diz

Faz morada num recanto

Da boca dela só sai

Palavras más com seu pai

Mas não o chama de santo.

 

Na hora que pede janta

Ninguém liga o que ele diz

As filhas se entreolham

Com gestos que não condiz

Ele percebe o desprezo

Deseja que fosse um preso

Talvez fosse mais feliz.


É assim o que acontece

Com quem vai para os setenta

Voz ativa ele não tem

Imagine com oitenta

Vai ver o diabo de chifre

Apontando-lhe um rifle

Mas quer chegar aos noventa.

 

Dos setenta aos noventa

Está na fase: “MACACO”

Todo mundo quer ri dele

Ainda o chama de saco

A pele toda enrugada

A cara toda amassada

E o velho parece um caco.

 

Leva a vida quase só

Sem visitas de amigos

Rejeitado dos parentes

Evitam ficar consigo

Uns lhe chamam de: “nojento”

Outros: “velho rabugento”

Ainda dizem: “é castigo”.

 

Depois que ficou velhinho

Ninguém quer lhe respeitar

Diz que ele está caduco

Outro quer lhe humilhar

Sempre lhe passam no rosto

Isso só lhe dá desgosto

Por quererem o maltratar.

 

Quando cai doente, sofre

Nas mãos dum filho malvado

Vem e lhe pega por trás

Deixando-o quase aleijado

Ele sente o sofrimento

Diz: - filho não sou jumento

Pra ser assim maltratado.

 

Se cai doente da próstata

Diz: - Eu não tenho coragem

Em ver o médico fazer

No meu reto espionagem

Prefiro morrer sem jeito

Mais não quero que o sujeito

Em mim faça sacanagem.


Quando quer comer, avisa

Diz pra velha: - Estou com fome

Ela faz e põe na mesa

Mas ele olha e não come

Em seguida quer café

Ela faz, ele não quer

E pra chatear se some.


Na hora de se vestir

Pega a calça e dá um nó

Veste a camisa ao avesso

Diz que é um paletó

Põe o chinelo no pé

Na cabeça, um boné

E diz: - Eu vou ao forró.

 

Mas devido a caduquice

Pensa ainda em namorar

Veste a roupa e sai de casa

Na intenção de arranjar

Uma morena novinha

Cheirosa e bem bonitinha

Só pra mão ele passar.

 

Mas lá na zona não sabe

O que ali foi fazer

Senta-se ao pé da mesa

Dizendo que tem prazer

Em ver àquelas meninas

Todas com roupas e botinas

Mas nada pode fazer.

 

Quem não quiser sofrer muito

Peça a Deus pra perecer

Antes dos setenta anos

Só pra vida não sofrer

Pois se chegar aos oitenta

E descambar pros noventa

Vai sofrer até morrer.

 

Se você leu e não gostou, não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Biografia do autor:

José Mendes Pereira, filho de Pedro Nél Pereira e de Antônia Mendes Pereira. Nasceu no dia 23 de maio d 1950, no Sítio Barrinha, município de Mossoró. Os primeiros anos primários estudou na Escola Isolada de Barrinha. Concluiu o 5° ano na Casa de Menores Mário Negócio, hoje extinta.

Foi tipógrafo durante dez anos na Editora Comercial S/A.

Em 1969, fez o exame de admissão na Escola Técnica de Comércio “União Caixeiral”, e sendo aprovado, estudou o primeiro ano ginasial. E no ano seguinte, se transferiu para o Ginásio Municipal de Mossoró, onde concluiu o ginásio.

Em 1973, matriculou-se na Escola Estadual Jerônimo Rosado, e em 1975 concluiu o 2° grau cientifico, nos dias de hoje, ensino médio.

Em 1976, inscreveu-se no concurso vestibular da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN), atual (UERN), em 1981, formou-se pelo Instituto de Letras e Artes da referida universidade. Foi aluno fo curso de direito durante 2 anos, mas desistiu de segui.

Funcionário público Estadual, Professor aposentado, tendo trabalhado nas escolas: Escola Estadual Professor Manoel João, Escola Estadual José Martins de Vasconcelos e na Escola Estadual Antônio de Souza Machado. Não é poeta.  Faz algumas estrofes por intuição.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

 

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