domingo, 29 de setembro de 2019

UM SAGUI CONDENADO À MORTE POR PURA PERVERSIDADE.

Por José Mendes Pereira

Não existe na terra um vivente mais perverso do que o bicho homem. Os animais matam os outros animais para se alimentarem, porque a natureza os fez carnívoros. Já o bicho homem mata por pura perversidade.
Na floresta, o homem corta as árvores. Na fauna ele mata os animais e pássaros. Nos rios e açudes ele mata os peixes. No mar ele mata as baleias com arpões como troféus. Mata os golfinhos, os botos rosas como se ele servissem para simpatias. Mata os peixes-bois, e para completar, polui o mar com óleo e petróleo, que estes líquidos deveriam estar lá em baixo do subsolo, nos seus devidos lugares de origem.
Quando eu ainda tinha 12 anos de idade, e sempre que saía de casa para alguns afazeres da pequena propriedade do meu pai, levava comigo uma baladeira (estilingue que para os mossoroenses ela é mais conhecida como baladeira), um embornal e uma porção de pedras miúdas, para ver se eu matava algumas rolinhas ou até mesmo preás, mortes que meus irmãos e eu fazíamos escondidos do nosso pai, porque ele não queria de forma alguma que nós matássemos os pássaros e preás, aliás, nenhum animal. Mas nós o desobedecia sem ele saber, teimosos e malvados, assim como são quase todas as crianças do mundo, principalmente os meninos, que quando estão armados com estilingues, não resistem ver pássaros ou animais de pequenos portes em sua frente, e a partir dali, começam a perseguição até matá-los.
Nesse dia, eu parei de guerrear, isto é, de matar qualquer tipo de vivente, só porque o que eu fiz com um sagui, me deixou com a mente frustrada, arreada e me sentindo culpado, caso aquele pobre animal morresse.
A minha intenção, era apenas feri-lo, e assim que ele caísse no chão, eu iria capturá-lo para criá-lo acorrentado, mesmo escondido do meu pai, lá na casa do meu avô que era ao lado.
Assim que entrei no mato, vi um grupo de sagui e no meio de alguns velhos e filhotes eu mirei um velho, e de pressa atirei sem puxar muito as ligas da baladeira, derrubando o pobrezinho que nenhum mal tinha me feito.
A maior dor que eu senti, talvez maior do que a dor do soim, foi quando ele caiu no chão e os seus familiares ficaram alvoroçados, pulando de galhos para galhos, com uma alarida baixinha, mas muito triste, como se toda família estivesse chorando. E quando eu vi o soim atingido pela pedrada, passando a sua minúscula mãozinha sobre o local que a pedra havia pegado, bem ao lado das costelas, e a levava à altura dos seus olhinhos redondinhos e pequeninos, e ficava olhando, como se estivesse querendo ver se estava sangrando muito. e eu vendo esta cena triste, minha mente arreou de vez, e ali, junto com eles, eu chorei e chorei muito. O soim repetiu várias vezes esta cena triste, sentadinho no chão. Aquilo me doeu tanto, tanto que a partir dali, eu não mais queria de forma alguma um animalzinho em minha casa preso por uma corrente.
Os outros tentavam descer dos galhos para socorrê-lo, mas temiam, porque o perverso (eu) ainda estava ali. Após vê-lo passando a mãozinha na possível enfermidade, nem tentei mais capturá-lo, e o que eu queria por último, era vê-lo subir nos galhos da árvore e que fosse embora viver a sua vida.
Eu permaneci ali, esperando que ele se recuperasse da pedrada e na árvore subisse. Com alguns minutos depois, ele foi se equilibrando, recuperando-se, e em seguida, com muita dificuldade, subiu na árvore, e num ganchinho ele se amparou, e por sentir dores, ficou lá caladinho e bem quetinho.
Que perversidade minha! Um animalzinho minúsculo que nem serve para alimentar ninguém, apenas para qualquer um de nós seres humanos admirá-lo. Meu Deus! Ainda hoje quando me lembro desta cena triste, sinto como se estivesse acontecendo agora, e que eu deveria pagar pela tamanha perversidade que fiz contra o animalzinho.
Não me lembro mais quantos deles faziam parte da sua família, mas no dia seguinte, eu sair de casa bem cedinho, e um pouco distante do lugar do dia anterior, vi toda família. Todos estavam ali, não faltava ninguém. Ele tinha se recuperado.
Se você pensar bem, jamais matará um animal por perversidade. Deixa ele viver assim como nós, feliz no meio da sua família. Que tristeza um animal sente quando uma ovelhinha da sua família morre ou desaparece para sempre!

sábado, 28 de setembro de 2019

ELEGANTE, BONITA, BEM PRODUZIDA, PASTA EM UMA DAS MÃOS, MAS TÃO DESVALORIZADA!


Por José Mendes Pereira

Do alto de um sótão observei o seu jeito que vinha caminhando pela rua despreocupada, de salto alto sempre procurando um jeito para colocá-lo sobre as pedras, talvez, temendo enganchá-lo entre uma pedra e outra. Elegante, bonita, bem produzida, pasta em uma das mãos, morena, os seus cabelos longos e lisos voavam através do vento que nascia no Norte e se dirigia para o Sul. Uma elegância perfeita, lustrosa, bem produzida, sem defeito. Que pena que é tão desvalorizada!

Não senti o cheiro do seu perfume devido à distância, mas sei que com aquela elegância toda, ela estava muito bem perfumada, muito cheirosa, e só podia ser uma secretária executiva de uma autoridade qualquer, quem sabe, de um prefeito municipal, de um esculápio que não era empregado do "SUS", de um advogado de fama, de um delegado, de um promotor de justiça ou de um homem que bate o martelo na mesa e sentencia um réu qualquer para pagar por detrás das grades o seu erro. Toda sua sabedoria estava enfiada em uma bolsa luxuosa segurada por uma das suas belas mãos.

Mesmo um pouco distante do sótão vi que o seu olhar era brilhoso, cheio de esperança, confiante no hoje que começa e no amanhã que há de vir. Sorriso nos lábios diante de todo o seu rosto. A alma fazia crer que aquele dia seria mais um belo espetáculo que iria apresentar para os seus assistentes apreciarem e julgarem o seu trabalho. Não é em um trapézio que ela apresenta o seu espetáculo, porque ela não é trapezista, nem tão pouco bailarina ou moça de circo, aquela que faz os espectadores admirarem o seu vai e vem nos instrumentos de espetáculos; nem pensar em ser uma assistente de autoridade qualquer, mas apresenta o seu espetáculo que instrue, informa e forma a todos aqueles que sentados a esperá-la entre quatro paredes.

Aos poucos ela foi sumindo, sumindo e não a vi mais. Nem de perto e nem ao longe. Ela caminhou para ocupar o seu ofício em qualquer lugar.
Fiquei pensando um bom tempo sobre aquela mulher que elegantemente passeava entre as ruas do meu bairro. Desci do sótão e perguntei a uma senhora que varria a sua calçada se a conhecia. E sem demora a resposta chegou:

- Eu a conheço muito! Ela é minha prima.

- Ela trabalha aqui por perto?

- Ela é professora de uma escola que funciona do outro lado deste quarteirão...

- Sabe me informar quanto ela ganha?

- Um pouco mais de 1.200,00 Reais.

Não suportei. A minha mente desmoronou os meus neurônios como se o meu célebre tivesse sido banhado por uma porção de sangue vencido.

Tão elegante, tão bonita, bem produzida, pasta em uma das mãos, e dentro da pasta carregava o seu material de trabalho, mas tão desvalorizada!

O que faz o Congresso Nacional que deixa um professor ganhar um pouco mais de 1.200,00 Reais?

Tanta elegância, tanto carinho pela educação, tanto esforço, tanto amor pelos seus discípulos, tanta esperança que um dia isso poderá mudar..., entra ano e sai ano, e a educação continua de mal a pior, triste, doente, quase na UTI das irresponsabilidades de quem governa um país tão rico e tão lindo...

Somente os professores continuam sonhando todos os dias que Deus dá, e insiste dizendo que vale a pena sonhar, mesmo sendo desvalorizados. A esperança na verdade é a última que morre, e não adianta abandoná-la.

Sou professor aposentado e vejo que todos aqueles que continuam no ofício, sonham que um dia virá o melhor, mas é muito impossível que isto venha acontecer.

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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

SEU GALDINO CAÇADOR DE ONÇAS FALA A SEU LEODORO SOBRE O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DO BRASIL E DO MUNDO


Por José Mendes Pereira

O conceito de tecnologia diz que é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisas. A partir do século XX, destacam-se as tecnologias de informação e comunicação através da evolução das telecomunicações, utilização dos computadores, desenvolvimento da internet e ainda, as tecnologias avançadas, que englobam a utilização de Energia Nuclear, Nanotecnologia, Biotecnologia, etc. Atualmente, a alta tecnologia, ou seja, a tecnologia mais avançada é conhecida como tecnologia de ponta.

Parece que muito antes da tecnologia chegar ao nosso conhecimento seu Galdino Borba(gato) já estava por dentro de tudo como se adivinhasse o que viria de extraordinário para as nações do mundo. Teria seu Galdino poderes para isso, adivinhar o que surgiria no futuro?

Em um dos seus encontros com seu compadre, amigo  e vizinho de propriedade seu  Leodoro Gusmão seu Galdino contou o que se passara certa vez, quando ele saiu de Mossoró rumo a São Paulo, fazendo um passeio com amigos em um avião da Varig, e aconteceu uma coisa muito moderna e extraordinária que ele e os passageiros da aeronave nunca tinham visto, e nem tão  pouco  ouvido falar o que se  passou em plena altura sob as nuvens.

Seu Galdino falou ao compadre que quando eles sobrevoavam a grande capital do  recife, no Estado de Pernambuco, o avião teve um problema muito sério em uma das suas turbinas, e cada passageiro pensou que a sua morte seria naquele dia. O avião começou a falhar como se estivesse engasgado em alguma válvula ou outra coisa semelhante, fazendo com que o avião ficasse com uma declinação de mais de um metro. 

O piloto por ser um homem de muita cautela e experiência de sobra começou a falar lá da cabine para eles, passageiros, que ninguém se desesperasse, pois já tinha chamado o mecânico para solucionar aquele problema.

Seu Leodoro Gusmão estava ali, apreciando a sua conversa. Sabia bastante que esse tipo de socorro para avião em pleno ar estava mais longe do que se pensava. Se fosse avião de guerra tudo bem, que em pleno vôo abastece de combustível um outro avião. Mas avião de passageiro ele jamais tinha ouvido alguém comentar tal coisa. Não era um satélite que os astronautas viajam nele para o espaço.

Mas seu Galdino contava com segurança. Afinal, foi ele quem presenciou tudo e de dentro do avião. Não adiantava seu Leodoro Gusmão querer desmentir o seu amigo, compadre e vizinho de propriedade. Era um homem que gostava de sempre falar mais um pouco pelas orelhas, mas que muitas de suas histórias tinham fundamentos. E o que ele contava era coisas da evolução do mundo. Quem era capaz de dizer que criaram um tal de computador em pleno século vinte? Ora! Deixa de falar quando você não tem certeza daquilo que conta alguém.

E continuou seu Galdino dizendo que o avião ficou parado no ar, parecia que estava aterrissado ao chão. Não se balançava de jeito nenhum, nem o seu corpo e nem tão pouco as asas. E com 20 minutos depois chegou o salva-vidas para reparar o defeito do gigante.

O avião socorrista parou sobre o outro e por cima o mecânico entrou com as ferramentas de trabalho desceu pela porta de emergência, passando para dentro do avião defeituoso. Disse mais que o avião socorrista ainda não era moderna e assim que entregou o mecânico ao avião da Varig foi fazer voltas até que o mecânico terminasse o seu ofício.

Seu Leodoro Gusmão ouvia tudo aquilo o que ele lhe contava de olhos arregalados e firme ao bocejar dos lábios do seu Galdino. Ficou ali quase sem voz, porque não queria ficar adversário às conversas do seu compadre. Imaginava se o contrariasse iria perder a sua amizade, e isso não faria, porque mesmo ele mentindo muito, era um bom vizinho e servidor, quando várias vezes havia  emprestado o seu pasto para que ele colocasse dentro do seu roçado o minúsculo rebanho de gado.

Seu Galdino contou ainda que com poucos minutos de trabalho do mecânico o piloto anunciou aos passageiros que o problema tinha sido solucionado, e todos permanecessem em suas poltronas, porque o avião iria continuar a sua viagem até São Paulo.

Com alguns minutos de conversa contada pelo seu Galdino seu Leodoro disse que não podia mais tardar, tinha algumas obrigações para fazer em casa. E se levantando do lugar que permanecera por mais de 1 hora seu Leodoro despediu-se alegando que a dona Gertrudes o esperava para irem a uma igreja lá em Mossoró, e a hora estava se passando. 

Ao sair da companhia do seu Galdino ao chegar a uma cerca de pau-a-pique ele murmurejou dizendo “- Meu compadre Galdino não tem jeito não! Dizer com todas as letras da mentira que já existe avião que é concertado em pleno vôo, e além do mais, o avião com defeito fica parado no ar. "- Mas que meu compadre mentirozinho que faz gosto a gente apreciar as suas lorotas!”


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terça-feira, 17 de setembro de 2019

SEM EMPREGO SEU GALDINO TENTA GANHAR DINHEIRO COMO PROFESSOR DE CIÊNCIAS OCULTAS

Por José Mendes Pereira

Sem dinheiro o ser humano passa fome e se for meio preguiça nem todo mundo gosta de ajudar aquele que não se esforça para fazer alguma coisa. E se não é para matar, (como pistoleiro) ou para roubar, o homem deve enfrentar todo tipo de serviço.

Quando jovem e sem emprego seu Galdino Borba(gato) de Mend(onça) Filho tentou várias atividades, e uma delas foi atravessar gente em seu próprio ombro, cortando as águas de um pequeno córrego que faz parte do rio Mossoró, porque os transeuntes evitavam ir pela ponte que ficava mais distante, e não queriam tirar os sapatos e a roupa para enfrentarem as águas do córrego.

Como estava desemprego para se manter por último seu Galdino aprendeu um pouco da arte que engana as pessoas, se fazendo de professor de ciências ocultas.

Chegara em Mossoró Tabajara um professor de ciências ocultas já consagrado no seu ramo de ludibriar as pessoas, e fora residir bem pertinho da casa do pai do seu Galdino, porque neste período ele ainda era solteiro e vivia sobre as regras do velho. E sempre que ele queria aprender algo sobre as ciências ocultas convidava o professor Tabajara para tomar uns pileques de cachaça em sua casa. O professor era viciadíssimo no gole de álcool, e muitas vezes, chegara a ultrapassar, tomando de 15 a 20 goles, e quando saía de lá, era preciso seu Galdino ir deixá-lo em sua casa, porque sozinho não acertaria a sua residência. Vivo, seu Galdino o alcoolizava em sua casa justamente para tentar arrancar dele a maneira que fazia para enganar as pessoas, como se fosse de verdade um conhecedor de ciências ocultas.

De início, e sempre que isso acontecia, no momento da bebedeira, o professor Tabajara se privava muito, tentando conversar pouco sobre a sua profissão, mas quando ele já estava quase embriagado, desembuchava tudo que sabia. E assim, seu Galdino foi aprendendo todas as safadezas que faz um malandro professor de ciências ocultas. Os dias foram se passando e meses depois, seu Galdino Borba(gato) já estava prontinho para enganar as pessoas que se alienam com facilidade.

A primeira providência foi adquirir um compassa, que no mundo da malandragem é conhecido como tapia, que é contratado para ajudar em jogos de azar, nas festas de padroeiras ou em feiras livres, e que fica simulando apostas para impressionar os que assistem o espectáculo em praça pública, e que geralmente, é o tapia que é ganhador do espetáculo.

Tudo pronto. Nesse dia, bem cedinho, de posse do material de trabalho seu Galdino e o seu compassa abalaram-se para a pedra do mercado de Mossoró, e ali, se prepararam para receberem os admiradores. Seu Galdino estava enfiado numa casaca longa, um chapéu em forma de rudia, um lenço amarrado ao pescoço para vendar os olhos no momento dos trabalhos. Uma mesa pequenina e desmontável, uma cadeira com formato de trono com um longo encosto, aparentando ser mesmo de cartomante, um microfone, mais uma caixa de som amplificada, e uma bateria de 12 voltes para alimentar o aparelho.

Para chamar a atenção dos transeuntes seu Galdino iniciou os seus trabalhos ali com um jornal nas mãos, rasgou-o e com o som ligado, dizia que iria transformar aquele jornal em uma bananeira. E com poucos minutos, os idiotas rodearam os dois malandros no ambiente de trabalho. E assim que o local encheu de curiosos seu Galdino entregou o microfone ao compassa e foi se sentar no seu trono.

O compassa era quem convocava as pessoas para fazerem consultas com o dito professor. E querendo ludibriar os que estavam presentes o compassa deu início a malandragem, dizendo que o professor de ciências ocultas tinha feito faculdade na USP de São Paulo, e era um dos melhores do Brasil. Se antes tinha uma porção de gente, mais ainda apareceram depois da revelação que seu Galdino era o melhor cartomante do Brasil e estudado na melhor faculdade do país. E a partir dali, todas as pessoas presentes estavam querendo ser consultadas para saberem sobre os seus futuros. O pagamento era na hora e sem rodeios de forma alguma. A quantia paga era colocada em uma bacia meio grande.

O que seu Galdino aprendeu com o professor de ciências ocultas Tabajara foi que as adivinhações são feitas através de código. Mas não foi só ele que aprendeu assim, todos eles mentem só através de códigos. Enquanto o professor fica de costas para os presentes e com os olhos vendados o tapia se aproxima da pessoa que interessa saber o seu futuro, e é naquele momento que iniciava a malandragem. O compassa estava sempre um pouco distante do seu Galdino, e perguntava bem baixinho no ouvido do consultado. Por exemplo:

- Quantos filhos o senhor tem?

- Tenho cinco. - Respondia o consultado.

E o tapia se voltava para seu Galdino e lhe dizia:

- Professor Galdino, concentre-se bem para me responder o que aqui lhe pergunto.

- Calma, parceiro! - Fazia seu Galdino. Tenho que não forçar muito a mente, do contrário me dá dor-de-cabeça...

- Combinado, professor. E dava um tempo enquanto seu Galdino se concentrava.

E logo mais:

- Está concentrado, professor?

- Estou.

- Então eu te pergunto. Quantos filhos tem este senhor?

Seu Galdino se fazia que estava recebendo forças sobrenaturais para responder a pergunta. E com pequeno espaço de tempo dizia:

- Ele tem cinco filhos.

Ele respondeu com segurança porque eles criaram um tipo de código, e uma palavra que o compassa dizia para seu Galdino lá já se ia a resposta que o homem tinha cinco filhos, e ele respondia com segurança. Afinal, treinaram muito para que nada desse errado. E assim sucessivamente.

Nesse dia os dois adquiriram muito dinheiro. Mas nos últimos minutos de trabalho em praça pública, os dois não foram felizes, porque, vendo a bacia cheia de dinheiro colocado pelos que desejavam saber dos seus futuros - um corajoso ladrão que estava presente, ao ver a enorme quantia de dinheiro, puxou uma arma e apoderando-se do dinheiro com bacia e tudo, fez carreira rasgando toda multidão que ali estava.

O compassa gritava para seu Galdino que eles deveriam tomar o dinheiro do ladrão, mas ele não aceitou a proposta, dizendo:

- Não devemos enfrentar ninguém que esteja com arma na mão. Deixa para lá. Sei que Deus nos deu a farinha e de imediato o diabo veio e carregou o saco.

- Então vamos juntar os troços e se mandarmos daqui...

E seu Galdino:

- Barco perdido companheiro, só vale a penas se for bem carregado. Por isso, deixa aí tudo que trouxemos. Eu não quero mais de forma alguma. Onde o diabo pôe a mão, tudo fica envenenado! O que é dos outros é dos outros. O ladrão levou o que não era nosso.

E lá se foram embora abandonando tudo que levaram para a praça do mercado. Nenhum tostão nos bolsos.

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LAMPIÃO O BOM OU QUASE BOM!

Por José Mendes Pereira
Lampião

Segundo informação do coiteiro Manoel Felix lá da cidade de Poço Redondo no Estado de Sergipe, em uma entrevista que cedeu ao jornalista baiano Juarez Conrado do jornal “A Tarde”, disse que desconhecia qualquer tipo de crueldade praticada por Lampião naquela região durante o tempo em que ele esteve lá. 

Mané Féliz coiteiro de Lampião

O coiteiro ainda disse que quem eram temidas e odiadas por lá eram as volantes que perseguiam os cangaceiros pelas tamanhas barbaridades dos seus integrantes, que martirizavam algumas pessoas quando achavam que elas eram coiteiras do famoso Lampião. 

Nas conversas que ele manteve com antigos moradores de Poço Redondo e conheceram Lampião cara a cara, afirmaram com todas as letras da verdade que Lampião era um homem além de respeitador e bastante educado.

Jornalista Juarez Conrado

O jornalista Juarez Conrado ainda falou sobre dona Especiosa Gomes da Luz que residia na Fazenda Bandeira, localizada na região do São João do Barro Vermelho, que posteriormente esta localidade passou a ser chamada de Tauapiranga, fazendo parte do município de Serra talhada no Estado de Pernambuco, e que ela era muito amiga do velho guerreiro Lampião desde sua infância, e posteriormente passou a ser sua costureira e comadre.

Anildomá Willians

O escritor Anildomá Willians perguntou o seguinte a dona Especiosa:

- Como era o Lampião?

E ela o respondeu da seguinte maneira:

- Compadre Lampião era alto, moreno, falava educado e pausava bem as palavras, e se enfeitava todo. Gostava das coisas bem feitas e as moças eram doidas para namorar ele.

A cangaceira Sila companheira do cangaceiro Zé Sereno

Uma ex-cangaceira que é bem conhecida na literatura lampiônica a Sila companheira do ex-cangaceiro Zé Sereno, quando interrogada, disse o seguinte:

- O Lampião que a historia oficial apresenta não é o mesmo que eu conheci. Vi um homem preocupado com a moral dentro do seu bando, exigindo sempre o respeito aos valores do sertanejo, o religioso, que duas vezes ao dia de manhã e a tarde, se a ocasião o permitisse, rezava o oficio de Nossa Senhora da Conceição.

Mas outros já dizem o contrário que Lampião era mesmo perverso e vingativo. E se o sujeito entregasse à polícia o local do seu coito, e se ele soubesse, a coisa não iria andar muito bem para o delator.

Outros dizem que a maior parte das crueldades feitas naquela região aos sertanejos quem fazia eram as volantes, na intenção de incriminar e infernizar mais ainda a vida do facínora Lampião, e fazer com que os sertanejos ficassem adversários de Lampião e seus comandados. Se for verdade ou não ninguém tem certeza, e que continuamos com as dúvidas sobre a realidade.

Mas cada amigo tem o direito de falar dizendo que ele foi capaz para fazer isto ou não.

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domingo, 8 de setembro de 2019

O MIRANTE DA SERRA RESTAURANTE


Está sem destino, porque não sabe  o restaurante que vai almoçar? Vá conhecer as dependências do Restaurante "O MIRANTE DA SERRA" lá na Serra Mossoró. Já virou moda. Todos os mossoroenses que gostam de novidades estão correndo para lá. Almoço de primeira e tem um bom atendimento.

Tranquilo, seguro e atrativo. 

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SEU GALDINO EMPREGA-SE NO INPM – INSTITUTO NACIONAL DE PESOS E MEDIDAS

Por José Mendes Pereira No ano de 1961 o governo brasileiro fundou o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), e implantou a Rede B...