domingo, 1 de abril de 2018

CAMPANHA DE 1968 EM MOSSORÓ

Por José Mendes Pereira - (Crônica 94)

Em 1968, Mossoró teve o prazer de sediar a maior e mais falada campanha eleitoral de todos os tempos, e a eleição foi realizada no dia 15 de novembro de 1968. De um lado, como candidato a Prefeito, o agrônomo, professor, e um dos maiores escritores do Rio Grande do Norte, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, que levantava a bandeira do partido Arena.

 Jerônimo Rosado Maia 

Jerônimo Vingt-un Rosado Maia é o vigésimo primeiro filho de Jerônimo Rosado Maia, e  o nome Vingt-un, significa o numeral ordinal (vigésimo primeiro), na língua  francesa. 

Para nós, brasileiros, o numeral ordinal é escrito "Vigésimo Primeiro". Como o vinte e um, no jogo do bicho representa "o touro", a campanha do Dr. Vingt-un Rosado Maia foi denominada de: É o touro.

Dr. Vingt-un teve como vice-prefeito, Joaquim da Silveira Borges filho, sendo este natural de Sobral, no Estado do Ceará, nascido a 6 de agosto de 1968 e faleceu em Fortaleza-CE.

Joaquim da Silveira Borges filho

Já pelo outro lado, levantando a bandeira do "Movimento Democrático Brasileiro - MDB" foi registrada a candidatura do ex-prefeito de Mossoró, Antonio Rodrigues de Carvalho, nascido no sítio Capim Grosso, no atual município de Upanema, em 13 de junho de 1927, dia em que o bando de Lampião invadiu Mossoró.
Ex-prefeito de Mossoró Antonio Rodrigues de Carvalho

Como Antonio Rodrigues de Carvalho era lá do sítio Capim Grosso, a sua campanha foi nomeada de: "É o capim, meu filho!". E o seu candidato a vice-prefeito, era o empresário, radialista e diretor artístico da Rádio Difusora, José Genildo de Miranda.

Nilson Brasil e Genildo Miranda  

A campanha de Antonio Rodrigues de Carvalho foi apoiada pelo ex-governador do Rio Grande do Norte, o maior orador, maior líder político e famoso cigano feiticeiro, o jornalista Aluísio Alves, nascido na cidade de Angicos-RN.

Ex-governador do Rio Grande do Norte Aluísio Alves 

Durante décadas Mossoró fora administrada pela famosa família Rosado, e sabendo que para tomar o poder desta, tinha que suar muito, Aluísio Alves dedicou-se por completo; trabalhava muito pelas outras cidades do Rio Grande do Norte,  mas não se esquecia um pouco de Mossoró, e nos finais de semana, sem intervalos, Aluísio Alves e a sua comitiva, à noite, estavam com redes armadas e cachimbos acesos, pelas ruas de Mossoró, puxando uma grande passeata. E antes que terminasse o prazo dos comícios, Aluísio Alves, incansável, passou três dias com três noites, dentro de Mossoró fazendo a chamada "vigília".

Assim que terminou a apuração das urnas, o capim comeu o touro, com uma maioria de 98 votos, eleição que nem todo mossoroense acreditava que um homem vindo lá de Angicos,  tomaria o poder dos Rosados. Com isso, Aluísio Alves que já era famoso, passou a ser o maior político do Rio Grande do Norte de todos os temos.

Em 1968 eu ainda era interno da Casa de Menores Mário Negócio, e me lembro que, assim que terminou a apuração das urnas, a vice diretora da instituição de menores, incumbiu-me para levar o resultado da eleição à sua mãe (dona Nanu, lá na Benício Filho, na Ilha de Santa Luzia, pois a mesma estava sem veículo de comunicação), que o Antonio Rodrigues de Carvalho tinha sido eleito a prefeito de Mossoró.

Eu ia pedalando uma bicicleta, e ao entrar na ponte, vinha um senhor muito embriagado, ocupando todo espaço da ponte. E eu imaginei que ele já comemorava a vitória de Antonio Rodrigues de Carvalho. E  antes que eu passasse por ele, gritei: "É o capim, meu filho!". O homem, com um dos pés, empurrou-me com toda força do seu pé, jogando-me sobre a calçada da ponte. Eu me estendi sobre ela, com todo corpo. Mas ele saiu dizendo os maiores palavrões comigo. Naquele momento, quase não me levantei da calçada com tantas dores. O homem era um adversário do MDB.

Que sorte! O bom foi que ele seguiu seu destino, descendo para o centro da cidade, e não voltou para me agredir fisicamente.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Se você achar que vale a pena e quiser perder um tempinho, clique nos links abaixo:
http://sednemmendes.blogspot.com
http://mendespereira.blogspot.com
  
http://blogdodrlima.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...