Por José
Mendes Pereira - (Crônica 97)
Como todo ser
humano é uma cópia de outro eu não sou diferente do outro, e cada um de nós
teve ou tem desejo de aprender uma profissão, mas só aprende de verdade se
tiver vocação, caso contrário, nunca será rei no que aprendeu ou tenta
aprender, porque algumas atividades são
exigentes, a gente quer elas, mas nem todas elas querem a gente.
Quando eu
resolvi deixar o ramo gráfico profissão que passei 12 anos eu fiquei como formiga sem formigueiro,
pensando no que eu iria me dedicar para tanger a vida, adquirir o necessário
para sustentar uma família com três filhos.
A primeira
atividade que me veio na mente foi ser bodegueiro, porque quem tem bodega não
passa fome, poderá quebrar, mas para isso acontecer, levará muitos meses para
ficar sem nada. Enquanto tiver mercadorias nas prateleiras não lhe dará
fome.
Nesse mesmo
período fui proprietário de bar e de casa de jogos. Estas duas últimas
atividades são muito traidoras, traiçoeiras, porque
quando você pensa que está as iniciando, pensou tarde, já está terminando, os seus clientes foram os primeiros que se encarregaram de publicar os fechamentos das portas do seu comércio, não pagando o que devem, assim você irá à falência que queira ou que não.
Fui também
proprietário de uma saboaria. Esta nem me tirou de tempo e nem me ajudou a progredir, mas mesmo assim, vivi por alguns meses humilhado a ela. Após estas que já falei posteriormente fui serralheiro, confeccionando portões e grades de ferro, uma das
profissões que mais permaneci, exceto "sala de aula", porque esta foi a que eu mais
me adaptei às suas exigências, por ser filho de camponês, apesar da atividade não ter nenhuma semelhança com campo, mas sempre gostei de
trabalhos que não sejam melindrosos, isto é, por exemplo: necessário usar
gravata e paletó “no modo de dizer”.
Na profissão de serralheiro eu fui mais adiante, mesmo
já sendo funcionário da educação estadual, vivi dependendo dela durante 17 anos, porque eu só trabalhava na parte da noite, assim durante o dia eu confeccionava portões e grades.
No meio destas
tentativas (só me estacionando em serralheria) tentei uma que mais me deixou
desanimado. Fiz curso por correspondência de “Rádio técnico Transistor TV Preto/Branco e Colorido” pela IUB – Instituto Universal Brasileiro, mas foi a tentativa de profissão que me
deixou frustrado para o resto da vida, porque, assim que eu terminei o curso, fui fazer estágios com um
primo meu, e lá, nunca aprendi trocar um transistor, um diodo, uma resistência,
um capacitor..., porque ele só me mandava limpar os aparelhos. Como ele não me
deu uma única oportunidade de aprender algo, fui obrigado abandoná-lo e partir
para a “Eletrônica” sozinho, mas somente rádio.
O Instituto Universal me deu o material necessário de trabalho como: soldador, alicate de corte, solda, sugador de solda, material para montar um pequeno rádio..., faltando apenas em minha bancada um teste chamado multímetro, porque este a escola não dava. Mas fiz de tudo e comprei. Com tudo em mãos gastei com uma bancada com seis gavetas. Eletrifiquei-a, porque afinal, ela iria receber um grande profissional da eletrônica, no caso, eu mesmo.
E lá me vem clientes. Na casinhola o profissional em rádio em televisão preto/branco e colorido esperava de braços abertos. Todos os clientes confiantes que eu era técnico dos bons. Cada rádio que eu recebia para concertá-lo eu me sentia um médico dos rádios, um esculápio técnico de primeira categoria de todos os tempos.
- O problema do rádio Mendes, é que ele está fanhoso. - Dizia-me o cliente em risos.
Outro.
- O rádio fala, mas parece que os locutores estão com fortes gripes...!
Mais outro.
- Foi a primeira vez que eu vi rádio ficar como se estivesse gago...
A solução foi eu abandonar bem antes de começar esta profissão tão linda que é, mas se os rádios que eu os consertava eu não sabia tirar os seus defeitos?
http://josemendeshisroiador.blogspot.com
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