Por José
Mendes Pereira - (Crônica 99)
Cada um de nós só sabe o que sabe, mas mesmo assim, sempre quer ir mais além, como se soubesse de tudo que ver os outros fazerem, e até poderá fazer, mas a habilidade é somente de quem nasceu com o dom para determinada atividade, e que tem talento, inteligência para aquilo...
Como já é do conhecimento dos nossos amigos e leitores que todos os dias acompanham os meus simples trabalhos, e sabem que antes de assumir sala de aula eu trabalhava na Editora Comercial S/A na profissão "tipógrafo", não topógrafo, muitas pessoas confundem estas duas profissões (tipógrafo trabalha com serviços gráficos como confeccionando: livros, talões de notas fiscais, revistas, jornais, era o que eu fazia, "menos jornal"..., e topógrafo efetua levantamentos topográficos, implantações na construção civil, nivelamentos...).
Como eu trabalhava numa máquina chamada linotipo de compor e fundir caracteres tipográficos por linhas inteiras de chumbo, e que este material (chumbo) é muito ofensivo, além do óleo diesel que é usado nas fôrmas quando é necessária a desmancha de chapas que não precisa mais, tive uma lesão pulmonar, e aconselhado pelo médico, eu deveria me afastar dessa atividade pelos menos 6 meses, mas eu ficando amparado pelo órgão do governo INPS - Instituto Nacional de Previdência Social - na época. E assim fiz. Fiquei durante este tempo recebendo o meu pequeno salário através deste órgão.
Como o dinheiro do seguro era insuficiente para eu resolver as minhas dívidas 2 meses depois eu acompanhava o Heronildes Albano, um concunhado meu que trabalhava com serviços de marcenarias, profissão que eu não tinha habilidade e nem vocação, mas como eu estava ganhando muito pouco, mesmo sem saber, tinha que fazer o que ele determinava. E assim que terminamos os serviços contratados por ele, fiquei somente com o regrado ordenado do INPS.
Uma cunhada minha de nome Francisca Paiva Fernandes estava se arrumando para um futuro casamento, e tendo já comprado seus móveis recebera o guarda-roupa com alguns defeitos na envernização. Sentindo a minha dificuldade financeira e querendo me ajudar perguntou-me se eu tinha condições de reenvernizar o guarda-roupa, porque ela não quis reclamar a loja e nem queria devolver o móvel.
Eu achando que mesmo tendo passado pouco tempo aprendendo a profissão melindrosa de marceneiro com o Heronildes Albano ajudando-o, disse-lhe que eu estava apto para fazer a correção no seu guarda-roupa.
O certo é que Francisca comprou o necessário para o reparo no guarda-roupa. Recebido o material mãos à obra, dei início ao serviço, isto na minha casa que ficava na mesma rua que ela morava, no bairro Bom Jardim, mais ou menos uns 200 metros.
Preparei o verniz "goma-laca" mais a boneca (boneca é uma parte de algodão que o marceneiro embebe-a com verniz, e aos pouco, vai aplicando sobre toda parte externa do móvel) e fui passando a boneca sobre as portas e tudo mais do móvel.
Em uma determinada parte de uma das portas do guarda-roupa quanto mais eu passava a boneca embebida com verniz mais abria uma mancha, deixando quase como natural. Passei um tal de selador, fiz uma espécie de betume para passar sobre a parte com o defeito, mas nada foi resolvido. Resolvi aguardar um pouco, poderia ser que era necessário um tempo.
Lá para as tantas vi que não tinha solução, resolvi chamar o Heronildes que também morava próximo. Ao chegar, ele percebeu logo que não tinha mais solução, só se tingisse o guarda-roupa todo. Mas isto eu não fiz, porque eu tinha plena certeza que a dona não iria gostar. Resolvi terminar assim mesmo, repassando outra mão de verniz. Finalmente dei por encerrado o trabalho, mesmo com aquela ferida horrível no móvel, e eu achava que por isso, isto é, a ferida no guarda-roupa Francisca não iria se incomodar com aquele desastre.
11:30 mais ou menos Francisca Paiva que também trabalhava comigo na Editora Comercial estava para chegar em casa. Eu aguardava a sua visita na minha casa para ela ver o serviço já terminado no guarda-roupa. E de lá, eu a vi chegando em casa. Entrou em casa e logo caminhou em direção à minha casinhola.
E eu fiquei ansioso, só aguardando a sua chegada na minha residência. E lá se vem ela. Ao chegar, apresentei a minha arte. Ela olhou, olhou e não disse nada, se tinha gostado ou não. Foi embora. não demorou quase nada. Foi-se embora.
Pouco tempo chegou Tião, meu cunhado, o seu irmão mais novo. Ele tinha mais ou menos 12 anos. E lhe fiz a seguinte Pergunta:
- Tião, Francisca falou se gostou do serviço que eu fiz no seu guarda-roupa?
- Falou. - Respondeu-me ele sorrindo.
O meu coração esperava os elogios da Francisca Paiva sobre o meu serviço no guarda-roupa através do Tião seu irmão, já que a mim ela não me disse nada. Querendo ouvir algo que alegrasse o meu coração, o que eu havia aprendido na nova profissão de marcenaria, perguntei-lhe:
- Ela gostou, Tião?
- Gostou...! Ela gostou tanto que está lá em casa chorando!
- Chorando, Tião?
- Está chorando e muito forte! Acho que não parará tão cedo o seu soluço.
Minhas Simples Histórias
Como já é do conhecimento dos nossos amigos e leitores que todos os dias acompanham os meus simples trabalhos, e sabem que antes de assumir sala de aula eu trabalhava na Editora Comercial S/A na profissão "tipógrafo", não topógrafo, muitas pessoas confundem estas duas profissões (tipógrafo trabalha com serviços gráficos como confeccionando: livros, talões de notas fiscais, revistas, jornais, era o que eu fazia, "menos jornal"..., e topógrafo efetua levantamentos topográficos, implantações na construção civil, nivelamentos...).
Como eu trabalhava numa máquina chamada linotipo de compor e fundir caracteres tipográficos por linhas inteiras de chumbo, e que este material (chumbo) é muito ofensivo, além do óleo diesel que é usado nas fôrmas quando é necessária a desmancha de chapas que não precisa mais, tive uma lesão pulmonar, e aconselhado pelo médico, eu deveria me afastar dessa atividade pelos menos 6 meses, mas eu ficando amparado pelo órgão do governo INPS - Instituto Nacional de Previdência Social - na época. E assim fiz. Fiquei durante este tempo recebendo o meu pequeno salário através deste órgão.
Como o dinheiro do seguro era insuficiente para eu resolver as minhas dívidas 2 meses depois eu acompanhava o Heronildes Albano, um concunhado meu que trabalhava com serviços de marcenarias, profissão que eu não tinha habilidade e nem vocação, mas como eu estava ganhando muito pouco, mesmo sem saber, tinha que fazer o que ele determinava. E assim que terminamos os serviços contratados por ele, fiquei somente com o regrado ordenado do INPS.
Uma cunhada minha de nome Francisca Paiva Fernandes estava se arrumando para um futuro casamento, e tendo já comprado seus móveis recebera o guarda-roupa com alguns defeitos na envernização. Sentindo a minha dificuldade financeira e querendo me ajudar perguntou-me se eu tinha condições de reenvernizar o guarda-roupa, porque ela não quis reclamar a loja e nem queria devolver o móvel.
Eu achando que mesmo tendo passado pouco tempo aprendendo a profissão melindrosa de marceneiro com o Heronildes Albano ajudando-o, disse-lhe que eu estava apto para fazer a correção no seu guarda-roupa.
O certo é que Francisca comprou o necessário para o reparo no guarda-roupa. Recebido o material mãos à obra, dei início ao serviço, isto na minha casa que ficava na mesma rua que ela morava, no bairro Bom Jardim, mais ou menos uns 200 metros.
Preparei o verniz "goma-laca" mais a boneca (boneca é uma parte de algodão que o marceneiro embebe-a com verniz, e aos pouco, vai aplicando sobre toda parte externa do móvel) e fui passando a boneca sobre as portas e tudo mais do móvel.
Em uma determinada parte de uma das portas do guarda-roupa quanto mais eu passava a boneca embebida com verniz mais abria uma mancha, deixando quase como natural. Passei um tal de selador, fiz uma espécie de betume para passar sobre a parte com o defeito, mas nada foi resolvido. Resolvi aguardar um pouco, poderia ser que era necessário um tempo.
Lá para as tantas vi que não tinha solução, resolvi chamar o Heronildes que também morava próximo. Ao chegar, ele percebeu logo que não tinha mais solução, só se tingisse o guarda-roupa todo. Mas isto eu não fiz, porque eu tinha plena certeza que a dona não iria gostar. Resolvi terminar assim mesmo, repassando outra mão de verniz. Finalmente dei por encerrado o trabalho, mesmo com aquela ferida horrível no móvel, e eu achava que por isso, isto é, a ferida no guarda-roupa Francisca não iria se incomodar com aquele desastre.
11:30 mais ou menos Francisca Paiva que também trabalhava comigo na Editora Comercial estava para chegar em casa. Eu aguardava a sua visita na minha casa para ela ver o serviço já terminado no guarda-roupa. E de lá, eu a vi chegando em casa. Entrou em casa e logo caminhou em direção à minha casinhola.
E eu fiquei ansioso, só aguardando a sua chegada na minha residência. E lá se vem ela. Ao chegar, apresentei a minha arte. Ela olhou, olhou e não disse nada, se tinha gostado ou não. Foi embora. não demorou quase nada. Foi-se embora.
Pouco tempo chegou Tião, meu cunhado, o seu irmão mais novo. Ele tinha mais ou menos 12 anos. E lhe fiz a seguinte Pergunta:
- Tião, Francisca falou se gostou do serviço que eu fiz no seu guarda-roupa?
- Falou. - Respondeu-me ele sorrindo.
O meu coração esperava os elogios da Francisca Paiva sobre o meu serviço no guarda-roupa através do Tião seu irmão, já que a mim ela não me disse nada. Querendo ouvir algo que alegrasse o meu coração, o que eu havia aprendido na nova profissão de marcenaria, perguntei-lhe:
- Ela gostou, Tião?
- Gostou...! Ela gostou tanto que está lá em casa chorando!
- Chorando, Tião?
- Está chorando e muito forte! Acho que não parará tão cedo o seu soluço.
Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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