quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

MAS QUEM NÃO É? - PERGUNTAVA CHICO ANYZIO

Por José Mendes Pereira - (Crônica 69)

Em todas as cidades brasileiras anualmente são construídas milhares e milhares de casas populares, programa do Governo Federal para solucionar muitos problemas de pessoas que são inteiramente pobres, sem condições de possuírem um teto, e não dispõem de empregos para sustentarem as suas famílias.

Logo que as residências são entregues aos inscritos do programa de imediato, o conjunto habitacional é nomeado com um apelido ou vários, como: Inferno colorido, Favela do Veio, Rochedo, Onde o cão perdeu as esporas, Malvinas, Iraque, Tranquilim..., e um deles, será escolhido pelos moradores como identificação onde moram.

Mas estes apelidos são dados aos conjuntos sem nenhuma maldade, e geralmente, são originados das constantes brigas que acontecem entre os moradores que ficam fazendo fuxico entre a vizinhança.

Na década de 60, o governo do Estado do Rio Grande do Norte o afamado cigano feiticeiro, Aluízio Alves construiu o primeiro conjunto residencial em Mossoró, denominado “COHAB”, no chamado grande alto de “São Manoel”.

Posteriormente, assumiu o governo deste Estado, o monsenhor Walfredo Gurgel, este também colaborou com mais residências, e em seguida, outros e outros fizeram casas populares para os sem tetos de Mossoró.

Com o falecimento do monsenhor Walfredo Gurgel que havia sido governador do Rio Grande do Norte, apoiado pelo ex-governador Aluízio Alves, este conjunto habitacional deixou de ser (COHAB), recebendo o nome do governador falecido, e passou a ser (Conjunto Habitacional Walfredo Gurgel).

Logo que este conjunto (COHAB) foi entregue aos moradores inscritos foi apelidado de CORNAP (Corneado Às Pressas), nomeado pelos próprios moradores daquela época, que afirmavam que casa sim, casa não, tinha umhomem traído, e ao retornar pela mesma rua, todoseles eram traídos.

Mas isso não precisa ninguém ficar chateado porque já se foram mais de 5 décadas, e sempre as brincadeiras acontecem em conjuntos quando são fundados, e todos nós sabemos que ali viviam e ainda vivem mulheres honradas e que jamais imaginaram tal coisa.

Eu fazendo o papel de memorialista, coisa que apenas faço, mas na verdade não sou memorialista, tenho que registrar o que aconteceu, acontece e acontecerá no futuro em Mossoró, independente deste fato.

Mas o mais interessante é que, nesse conjunto habitacional moravam dois senhores da alta sociedade de Mossoró (não coloquei os seus verdadeiros nomes porque preservar a identidade de quem já partiu, é uma obrigação nossa).

Um deles era o Dr. Paulo na época já beirava os 50 anos de idade. Médico, formado em odontologia, e que havia sido traído pela sua primeira esposa. Após a traição foi morar na COHAB, maritalmente com uma jovem aparentemente formosa. Mas a dona Candinha que tem uma família numerosa, com 21 filhos, que enquanto 7 dormem, 7 estão ouvindo e os outros 7 estão falando, os que falam já comentavam que a nova esposa do dentista andava o traindo.

O outro era o militar Pedro que na época já se aproximava dos 60 anos. Este havia sido delegado de um dos bairros de Mossoró, e durante à sua administração como xerife, foi um dos mais cruéis delegados de bairro da nossa cidade, usando todos os tipos de torturas com as suas vítimas.

Jamais havia sido traído pela sua esposa, porque ela era uma senhora honrada e que conservava as tradições familiares, e ainda achava que o adulterismo é coisa do diabo.

Mas como o nosso delegado não gostava de deixar quieto o que as mulheres do seu tempo guardavam debaixo das saias, fora traído por várias delas, quando resolvia colocá-las em uma casa, para serem suas (outras).

Os dois moravam na COHAB, apenas um muro dividia as suas residências, e certa noite, sentados sobre a calçada, ali, eles conversavam sobre isto ou sobre aquilo, e de imediato, o militar Pedro disse para o Dr. Paulo.

- Paulo, nesta COHAB só tem duas casas que não têm homens traídos.

- Eu já sei Pedro, é a minha e a sua. - Disse Paulo querendo fugir da cornagem.

Pedro olhou para um lado e para o outro, e em seguida, virando-se para o Paulo, disse:

- Não, Paulo! Você está totalmente enganado. Aqui na COHAB as casas que não têm homens traídos são aquelas duas que estão fechadas, enfrente às nossas casas. Mas só não têm homens traídos porque nelas não mora ninguém!

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ALERTA AO LEITOR E LEITORA!

Quando estiver no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou, não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional, você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão. Você pode não conduzir arma, mas o outro, quem sabe! Carregará consigo uma maldita matadora, e ele poderá não perdoar a sua ignorância.

EXISTE FILHO QUE TEM O PAI COMO UM TROÇO QUALQUER

Por José Mendes Pereira - (Crônica 70)


Existe filho que tem o pai como um troço qualquer, não o respeita, não o zela, não lhe pede a bênção, não procura conversar com ele, não o obedece, não faz nada em seu favor, afinal, para ele, é apenas um sujeito que o colocou no mundo, e quando o pai cai doente, o bom seria que aquele troço velho e inútil dentro de casa morresse logo.

Mas isso não só acontece na classe pobre atinge todas as classes sociais. E se o pai é um grande empresário, aí sim, o desejo da sua morte é exigido até através de rezas, que aquele inútil passe logo para outra dimensão.

Nos anos setenta, eu residia no bairro Bom Jardim, zona Norte de Mossoró, à Rua Juvenal Lamartine, e foi lá, que todos os dias e todas as noites, eu ouvia da minha casa o sofrimento do seu Leocádio, um ex-comerciante de secos e molhados, talvez, não sei, já passava dos oitenta anos vividos, e tinha problemas prostáticos (uretra), e era cuidado, entre aspas, por um dos seus filhos, o Chico, que mesmo ouvindo do pai o pedido a Deus para fazer desaparecer aquelas terríveis dores, o filho fazia com que o sofrimento do seu pai continuasse mais ainda.

Os gritos, as lamentações, os pedidos de perdão, o arrependimento de ter vindo ao mundo, o desejo que Deus o levasse logo, as inquietações sobre a cama, causadas pelas dores que lhe perseguiam, tudo isso era chocante, principalmente, para quem assistia aquilo pela primeira vez. "- Meu grandioso pai celestial, o que fiz de errado para sofrer tanto antes da minha morte?!!".

Naqueles tempos, a medicina apenas acompanhava o paciente prostático, com alguns medicamentos recém-inventados, no sentido de prolongar a vida do paciente ou o seu sofrimento.

A colaboração que o Chico dava ao sofrimento do velho pai era de não extrair a urina no momento em que ele começava a reclamar das dores que lhe atacavam, e ele pedia a ajuda ao filho, porque a sua bexiga já estava cheia de urina e não suportava mais. Bexiga cheia, já incomodando, lá pelo o quarto, o velho Leocádio metia o grito, para que o Chico fosse extrair a urina da sua bexiga.

- Ou Chico meu filho, vem tirar a urina do teu pai que já não aguenta mais tantas dores! Vem, Chico meu filho!

E lá de dentro respondia o Chico:

- Calma velho, calma, eu já estou indo para tirar a sua urina!

Daí a pouco as dores começavam a incomodá-lo mais forte ainda. E o velho tornava a invocar o filho com mais precisão:

- Vem logo meu filho, o teu pai está se acabando com dores.

E o Chico respondia-lhe usando as mesmas palavras:

- Calma velho, calma, eu já estou indo para tirar a sua urina!

E com este consolo "calma velho, calma, eu já estou indo!", levava um bom tempo para socorrer o velho pai.

Quando o pai solicitava a sua presença e se Chico o atendesse sem demora, com certeza, levaria um bom tempo para que o velho permanecesse sem dores.

Mais uma vez o velho Leocádio pedia a presença do filho, pois estava se acabando com dores.

Agora sim, o Chico dava início ao trabalho da extração da urina no velho, e assim que terminava a cirurgia caseira, perguntava-lhe:

- As dores já passaram, meu velho?

Aliviado, o velho Leocádio respondia-lhe:

- Graças ao meu grande Deus, meu filho, as terríveis dores foram para os quintos dos infernos! - Dizia ele se sentindo aliviado.

O Chico querendo criticar um pouco do pai já que quem cuidava bem ou mal dele era ele, perguntava-lhe:

- Quem pode mais do que Deus, Velho?

Não tendo outra solução, que realmente naquele momento fora aliviado das dores através dele, respondia-lhe o velho como um agradecimento:

- É você, meu filho Chico!

Durante muitos anos perdi o contato com o Chico, que na época já passava dos cinquenta. Mas tive notícias que ele morreu rodeado de dores, assim como o seu velho pai.

Quem maltrata pai um dia será maltratado por outros também. Pai é pai. É aquele que desde o nascimento do filho que batalha por alimento, saúde, roupas e ai daquele que tentar botar a sua mão maligna sobre o filho. E quando o filho cresce, maltrata-o de todas as formas

Mas ainda existem filhos bons, que estão sempre acompanhando os cabelos brancos do seu velho pai.

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

MORRE EM MOSSORÓ QUEM MAIS AJUDOU NA CRIAÇÃO DA CIDADE


Por José Mendes Pereira - (Crônica 68)

Lamentável!

Morre em Mossoró aquele que mais contribuiu com a criação da cidade, dando todo auxílio aos índios Mouxorós, Monxorós ou Mossorós, da tribo Cariri, que habitaram a região até quase metade do século XVIII, o século do povoamento mossoroense, segundo Geraldo Maia em seu artigo:


Infelizmente, é triste, mas isto é a realidade, o "Rio Mossoró" findou desta forma, como mostra as fotos abaixo, dando o adeus a todos os mossoroenses e aos que visitam a nossa cidade.

Durante centenas de anos este rio foi aquário para peixes, garantindo a alimentação dos índios Mouxorós, Monxorós ou Mossorós, que habitavam ao redor das suas margens, hoje, apenas o vemos deste jeito, sem água, e uma porção de plantas aquáticas enfeita o seu leito seco.

Até hoje, ninguém sabe quem foi o assassino do rio Mossoró, se foi a natureza ou os órgãos públicos que não fizeram nada para que ele continuasse com muita água no seu canal.

Alguns dizem que um dia aparecerá o verdadeiro assassino do rio Mossoró, e irá pagar pelo crime culposo que praticou, sem intenção de matar. Outros mais exigentes e sem medo de falar dizem que o rio Mossoró que corta a bela cidade, foi assassinado através de crime doloso, com intenção mesmo de matar, já que ninguém procurou fazer algo em seu benefício.

É lamentável que uma cidade tão bela como é Mossoró perdeu o rio que muito a enfeitou, e que ajudou na sua criação, fornecendo água e peixes para os seus moradores.

E agora, será que um dia os mossoroenses terão o prazer de ver o rio Mossoró ressuscitando? É preciso que a população chame a atenção dos governantes para o iminente desastre.

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VEJA ALGUMAS FOTOS DO RIO MOSSORÓ JÁ MORTO E OUTRAS FOTOS QUANDO ELE ERA VIVO, CLICANDO NO LINK ABAIXO:

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domingo, 25 de fevereiro de 2018

VISÃO IRRECUPERÁVEL

Por José Mendes Pereira - (Crônica 67)
https://www.vix.com/pt/bdm/saude/o-que-a-cor-dos-seus-olhos-diz-sobre-sua-saude-e-personalidade

Os olhos são órgãos do nosso corpo que devemos ter muito cuidado, e se pararmos para pensar sobre eles notamos que não temos o menor cuidado. E é com eles que conduzimos os nossos corpos para ali, para acolá, com eles, administramos o que possuímos, evitamos que alguém leve o que nos pertence, etc. E se algum dia perdermos um deles por acidentes ou por cegueira determinada pela natureza, com certeza, sentiremos muita falta, porque um só olho não ver tudo que queremos ver. Então, devemos cuidar dele como cuidamos de todos os outros órgãos.

Ronald Pinheiro Néo é sobrinho de (Massilon Pinheiro da Costa que faleceu recentemente, e era proprietário de gráfica em Mossoró), e ainda sobrinho das saudosas professoras Maria Estela Pinheiro Costa e Lucy Pinheiro Costa, a primeira foi minha professora no 5º. ano quando eu ainda residia na Casa de Menores Mário Negócio.

Ronald Pinheiro é casado com Lindalva Santos Maia Néo, irmã de Laurenisa Maia, e do ex-deputado estadual, federal, senador e ex-governador do Rio Grande do Norte Lavoisier Maia Sobrinho, entre outros.

Conheci seu Ronald Pinheiro nos anos 70, digo, conheci, porque os tempos se foram, e os nossos contatos eram quando ele ainda residia em Mossoró; eu frequentava a sua residência como amigo e por eu ser tipógrafo e ele serigrafista, apesar de ser um homem de boas condições, mas sempre me recebeu em sua serigrafia e residência muito bem, e o último contato que eu tive com seu Ronald, foi em 1983, lá na "USAG" - órgão do governo estadual de Natal, e mesmo com a sua deficiência visual, quando eu lhe disse com quem ele estava falando, de imediato lembrou de mim, dizendo que eu levá-la os serviços do Sindicato da Lavoura para ele confeccionar, como fichas, carteiras plásticas... E até me pediu que eu procurasse Maria Linhares, fundadora e diretora da escola que leva o nome do seu filho que foi assassinado por um marginal em Natal, "Escola Estadual Ronald Néo Júnior" (não sei informar ao leitor se o filho que foi assassinado foi o deste acontecimento), e que eu informasse que ele havia enviado uma porção de livros para a biblioteca desta escola. Se já tivesse recebido, comunicasse-lhe por telefone.

Em décadas muito distantes Mossoró gostava de festejar suas datas comemorativas, principalmente o 30 de Setembro, geralmente na parte da tarde, aconteciam corridas dos seus atletas, todos disputando o primeiro lugar em suas bicicletas, tendo o início da partida no Rio Angicos, descendo em busca da cidade. Mas, posteriormente, e atualmente, Mossoró deixou de promovê-las, e não sei se é falta de recursos, medo do vandalismo ou falta de interesse.

Em uma dessas comemorações seu Ronald Pinheiro Néo e um filho pequeno aguardavam na ponte Jerônimo Rosado em Mossoró, a chegada dos atletas, que já estavam muito próximo. Como eles permaneciam sentados sobre a varanda da ponte, por um pequeno descuido, o filho quase cai lá em baixo nas águas.

Mas seu Ronald foi ágil, segurando-o por uma das pernas, salvando o filho de um desastre terrível. Seu Ronald salvou o filho, mas foi neste momento, que ele se chocou na varanda, batendo a testa (fonte) deixando-o totalmente cego.

Conduzido à capital do Ceará, Fortaleza, seu Ronald Pinheiro Néo consegue se livrar da cegueira, ficando totalmente curado, como se nada tivesse acontecido na sua visão.

Certo dia, após ter recebido alta do hospital ao anoitecer, o médico que o assistia, disse que ele estava pronto para seguir a vida de antes, retornando à Mossoró. Mas lá pela madrugada, enquanto dormia, seu Ronald Pinheiro sonhou o ocorrido. E assim que acordou, novamente estava cego. Tratado pela segunda vez, infelizmente seu Ronald Pinheiro Néo estava e continua cego. Só apenas ver as pessoas, ainda jovens, nos seus sonhos.

Certa vez, seu Ronald Pinheiro Néo me disse:

- Mendes, como ele me chamava, eu quero não possuir nada. Eu só quero que Deus me dê a minha visão de volta.

Não tenho certeza se realmente esta viagem aconteceu, mas pessoas ligadas às suas amizades em Natal falaram-me que seu Ronald Pinheiro Néo esteve na Alemanha, para tratamento visual, mas, infelizmente, não teve mais jeito.


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sábado, 24 de fevereiro de 2018

NO TEMPO DOS CORONÉIS - FARINHA COM SAL

Por José Mendes Pereira - (Crônica 66)
https://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-ladr%C3%A3o-dos-desenhos-animados-image35619153

Não tenho conhecimento do seu nome de batismo, apenas apelidado de "Farinha com Sal". Vivia de pequenos furtos. Não deixava quieto o que via em sua frente. Quando criança admirava-se dos maus costumes que têm os ladrões. E para aprender deu início a uma espécie de treino. Colocava a sua camisa em um lugar, e lá, fazia o furto, tentando esconder da mãe a sua nova invenção. O tempo foi-se passando e a prática foi aparecendo, e meses depois, "Farinha com Sal" estava prontinho para começar a sua primeira profissão. O nosso larápio residia em Mossoró, nas imediações do Bom Jardim, nos dias de hoje, a Rua em que ele morava é a Pedro II, paralela com a Pedro I.

"Farinha com Sal" não era um larápio perigoso, apenas famoso pelas suas astúcias. Paciente, tranquilo, e se o sujeito o pegasse com roubo nas mãos, descaradamente, o entregava com um sorriso meio tímido, e assim, "Farinha com Sal" tornou-se um ladrão compadecido pela população, não o entregando a polícia.

Apesar do ridículo costume que carregava consigo tinha uma amizade ao coronel Vicente Sabóia, que mesmo ele sendo ladrão, frequentava a sua casa como qualquer outro cidadão. Mas "Farinha com Sal" sabia muito bem onde pisava.

Em conversa o coronel Vicente Sabóia o desafiou, que ele fazia roubos em outras casas, mas duvidava que ele chegasse a entrar em seu lá, com ele e o Bertoldo em casa, seu cão de estimação, que era valente ao extremo.

"Farinha com Sal" querendo provar que o roubaria com facilidade, fez-lhe a seguinte proposta:

- Coronel, se eu conseguir entrar na sua casa e se o senhor acordar e me ver dentro de casa, o senhor não atirará em mim e nem me prenderá?

- Garanto-lhe que não atirarei e nem chamarei a polícia. Mas isso não vai acontecer nunca! - continuava duvidando o coronel.

- Se o senhor garantir mesmo eu vou lhe mostrar que eu entro com o senhor e o seu cão em casa.

- Concordado! - Confirmou o coronel Vicente Saboia.

Os dias se passaram, chegando a meses, mas "Farinha com Sal" não havia desistido da proposta que fizera ao coronel.

Certa noite, já passavam das duas da madrugada. "Farinha com Sal" escondeu-se bem próximo à casa do coronel, e em sua companhia, conduzia uma cadela.


Esta, dera o nome de Dardora (Das Dores) que criara desde pequena, e a batizara com este nome; dizia que era uma homenagem à sua sogra, que segundo ele, ela era mais vadia do que mesmo a sua cadela. "Farinha com Sal" foi até as laterais da casa, e por cima do muro, jogou a cadela.
Bertoldo muito lhe agradeceu e ficou entretido com a cadela. Enquanto os dois se amavam "Farinha com Sal" cuidava do arrombamento da porta do coronel. Abriu-a e ficou lá fora sentado, pastorando a casa arrombada.



Mercado Público de Mossoró, em 1920. - http://blogdetelescope.blogspot.com.br/2015/02/o-mercado-publico-municipal.html

Como do costume, o coronel se levantava antes das cinco horas da manhã. Ia até o Mercado Público, batia um papo com os amigos, e depois retornava para tomar um café reforçado.

Nessa manhã, ao se levantar, viu logo a porta da entrada aberta. Assustado, gritou para mulher que ainda cochilava.

- Mulher, roubaram a nossa casa!

Lá de fora "Farinha com Sal" disse-lhe:

- Coronel, não atire! Sou eu, "Farinha com Sal". Mas pelo amor de Deus não chame a polícia. Apenas fiz para cumprir o nosso acordo.

Assim, o coronel viu que o "Farinha com Sal" era um grande ladrão. Em seguida, mandou ir embora sem nenhum castigo. Palavra de coronel dada, vale igual à palavra de rei!.

Farinha com Sal provou que tinha jeito mesmo de um grande ladrão, abrir a casa de um coronel.


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QUEM VAI QUERER?

Por José Mendes Pereira - (Crônica 65)
https://tokdehistoria.com.br/2011/06/

Não tenho conhecimento onde residia o comerciante ambulante aqui em Mossoró, do seu verdadeiro nome, apenas era conhecido no centro da cidade por "Vai Querer". Nesse período das suas vendas "Vai Querer" já passava dos setenta anos, mas apesar da idade e do seu frágil corpo, ainda era um homem de muita resistência física.

"Vai Querer" era  magrinho, de pernas finas e alongadas, alto e meio tísico, de rosto seco, camisa de mangas compridas, mas enrolada até ao tornozelo. Usava um chapéu de palhas com enormes abas,  e gostava de andar com as calças arregaçadas até ao meio da canela. Jamais deixou de usar chinelos de couro cru.

"Vai Querer" vivia fazendo das suas vendas ambulantes sobre o lombo de um jumentinho magro e desnutrido, com dois caçoas agarrados, onde neles podia se encontrar laranjas, bananas, melancias, abacaxis, frutas de um modo geral. Quem quisesse pedir outros alimentos era bastante fazer o pedido, que no dia seguinte ele estaria entregando o alimento solicitado. Mas esta sua atividade só era feita pela manhã, principalmente aos comerciários, taxistas, feirantes, carroceiros, jornaleiros, transeuntes.

Quando eu saí da indústria "Vai Querer" ainda fazia esta atividade, mas posteriormente perdi o contato com ele, e não sei em que ano faleceu.

O apelido "Vai Querer" foi criado por ele mesmo, já que saía gritando pelas ruas de Mossoró: "Quem vai querer? E com o passar dos tempo, os seus fregueses deixaram de lado "quem" chamando-lhe apenas de "Vai Querer".

Todos aqueles do comércio e da indústria de Mossoró que participaram das décadas de sessenta e setenta, tenho plena certeza que ainda lembram muito bem do velho comerciante ambulante "Vai Querer".

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PÉSSIMO FAZENDEIRO


Por José Mendes Pereira - (Crônica 64)

Mais ou menos na década de setenta do século que se passou um senhor de nome João Posseiro, como era conhecido em toda região, que possuía uma grande parte das terras que fica localizada entre a Favela e a Barrinha, propriedade adquirida através de invasão, e não tendo condições para manter a sua enorme propriedade, resolveu colocar uma parte à venda, e não demorou muito para aparecer o comprador, um senhor de nome Cristóvão, nascido em Assu, e não se sabe porque ele era tão ruim, uma vez que quem nasce naquela cidade, se não for bom, mas pelo menos tenta mostrar que é.

Mas o Cristóvão era um verdadeiro desumano, perverso, criava encrencas até por fezes dos seus animais.

Assim que o Cristóvão recebeu a sua propriedade demorou um pouco a explorá-la, alegando que necessitava cercar uma boa parte, já que ele iria trazer todos os seus animais lá da cidade de Assu.

A fama ruim do Cristóvão estava em todas as partes de Mossoró e dos sítios vizinhos, e que muitos já lamentavam, dizendo que a tranquilidade que tinha a Barrinha, Angicos, Curral de Baixo, Melancias, Mulungu, Cordão de Sombras, todos estes iriam perder o seu rumo, porque o novo vizinho quando não brigava, ficava cutucando os animais dos seus vizinhos, chegando até quebrar as patas de algumas criações, justamente para que a sua vizinhança perdesse o gosto de criar e vendesse as suas propriedades a ele.

Querendo conhecer a estrada conhecida como a dos Néo, sendo que esta família os membros eram meu pai e meus tios, adentrou por ela, onde iria passar pelas casas de todos eles.

Ao chegar aos fundos da terra do meu pai foi de encontro à casa de um dos moradores, seu Júlio Pereira, que este tinha uma olaria de telhas e tijolos, e fazia alguns meses que residia com meu pai.

E lá, o Cristóvão disse ao seu Júlio Pereira que estava indo para uma propriedade de um senhor chamado Cristóvão (ele mesmo) que havia comprado ao João Posseiro. Mas o Cristóvão estava apenas querendo saber se ele mesmo tinha bom nome por aquela região.

E virando para o seu Júlio, perguntou-lhe:

- O senhor conhece este homem que comprou a propriedade do João Posseiro, chamado Cristóvão?

- Não senhor! Eu não o conheço. Apenas já ouvi falar sobre ele, o novo proprietário desta região.

- Mas eu acredito que muitos que moram por aqui, o conhecem. Ele é lá das bandas de Assu. – Dizia o Cristóvão.

- De onde ele é eu já ouvi falar, senhor, mas não o conheço e nunca o vi nem na feira do alho.

- Mas o senhor sabe me dizer se ele é gente boa, ou não é?

- Senhor, eu não posso dizer nada com o homem que comprou a propriedade do João Posseiro, porque eu não o conheço. Mas todos que moram por aqui, usam as mesmas palavras, dizem que ele é coisa muito ruim.

O homem baixou a cabeça, saiu em direção ao seu automóvel, entrou, ligou-o e foi embora.

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

SEU GALDINO ENFRENTA ONÇA BRANCA

Por José Mendes Pereira - (Crônica 63)

As vacas leiteiras já estavam presas no curral e a bezerrada corria no enorme campo em frente à fazenda do seu Galdino. A bicharada miúda ainda se encontrava fora dos chiqueiros.

Seu Galdino apoderou-se de uma bacia, pôs água e caminhou para o alpendre, dando início a uma geral limpeza nos seus pés sujos de barro avermelhado.

Lá dentro do casarão Dona Dionísia cuidava do jantar, fabricando umas pamonhas do milho verde que seu Galdino quebrara no seu roçado.

 www.fotosearch.com.br

Montado em um cavalo aproximava-se do casarão um homem em disparada carreira. Era o seu Leodoro que tangia uma novilha do seu rebanho mascarada. E ao pisar no terreiro da fazenda do seu Galdino ela tomou rumo à sua propriedade. E ali, ele resolveu dar um dedinho de conversa com o seu compadre. 

- Vem a trazendo de onde, compadre Leodoro, esta sua novilha? - Perguntou seu Galdino.

- De muito longe, meu compadre! Ela havia desaparecido das minhas vistas, e me informaram que ela estava amoitada nos fundos das terras de seu Chico Néo.

Francisco Manoel Pereira = Chico Néo

Com medo que ela passasse para a Favela, devido às cercas não serem boas, fui obrigado campeá-la com urgência.

- Andei muito naquelas matas, compadre! – falava seu Galdino - ali, eu conheço metro por metro, quando eu procurava abelhas, e até mesmo quando eu campeava bois bravos..., e certa vez eu fui surpreendido por uma onça branca naqueles atoleiros.
  
 http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2013/09/seu-galdino-enfrenta-onca.html

- Sim senhor! – fez seu Leodoro.

- Eu tinha saído acompanhado com o vaqueiro de seu Zé Reis, o Solon. Para mim, compadre, não existiu, Deus o tenha em um bom lugar, um homem mais corajoso do que aquele. Quando ele perseguia uma rês, ou a derrubava montado no seu cavalo, ou pegava a pé, isto na carreira, e pouco tempo, o homem estava com a bicha mascarada. O bicho era um verdadeiro animal.  Nasceu para ser pegador de gado.

- Eu não o conheci, mas tive informação da bravura desse vaqueiro afamado por estas terras. – Disse seu Leodoro reforçando o que dissera seu Galdino.

- Pois sim, ele precisava chegar cedo em casa, porque estava negociando uns novilhos para o corte, e não querendo voltar com ele, fiquei na mata, tentando pegar um touro da irmã Aparecida, filha de Chico Duarte.

 Letícia Rodrigues Duarte - Irmã Aparecida 

- Já lá para às dez horas do dia, continuava seu Galdino, passando entre uns riachos que nascem no Pai Antonio, propriedade de Francisco Souto o Soutinho, vi um branco, como se fosse algodão. Querendo ter a certeza o que seria aquilo, aproximei-me.
  
Soutinho - unicredmossoro.blogspot.com

- O senhor estava a pé? – Perguntou seu Leodoro.

- Não senhor! Eu estava montado no cavalo..., e olhando cuidadosamente, vi que era uma onça branca, que ainda dormia. Mas o cavalo, impaciente, ficou bufando, e com isso, fez com que a danada acordasse. E vendo que nós estávamos invadindo o seu território, levantou-se e partiu para cima da gente.

- Meu Deus! Que perigo, hein compadre? – Lamentou se Leodoro.

- O cavalo ficou se pisando todo, e a onça partia para cima de nós com gosto de gás, e dava cada esturro que os meus cabelos se arrepiaram todos. Em um momento, eu vendo que a danada tinha força para me vencer, se eu ficasse em cima do cavalo, resolvi descer e enfrentá-la com o meu chicote três pernas, um dos melhores que já comprei até hoje..., pois bem, aí, compadre, foi quando eu vi que eu sou mesmo corajoso. Desci do cavalo e fui lutar contra a onça. E com o meu chicote, tome peia, e tome peia. Eu só batia por cima dos seus olhos, porque eu estava tentando cegá-la. A minha intenção era matá-la de peia... mas ela não queria abrir não senhor! A nossa luta foi grande, e eu calculo que durou de 50 minutos a uma hora.

- Que onça valente, hein compadre!? – Atalhou seu Leodoro.

- E bote valente nisso, compadre Leodoro..., tiveram momentos que ela vinha para cima de mim, e eu recuava, mas eu fazia o mesmo. Eu ia para cima dela com o chicote em uma das mãos, e logo ela estava recuando. Foi uma luta que nunca tinha acontecido comigo. A bicha era escaldada, calculista, e me parece que já era veterana em atacar humanos, porque ela fazia tudo aquilo, como se fosse uma verdadeira guerreira.

- E o cavalo, compadre, onde ele permanecia no momento da luta do senhor com a onça?
  
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- Só olhando. Mas eu vi que ele ficou parado, esperando uma oportunidade para atacá-la,  ali, ele já estava ciscando o chão, mas de olho nela. Talvez, imaginando, que se ela de uma forma ou de outra me abocanhasse, isto é, me atingisse com seus caninos,  ele iria fazer qualquer coisa em meu favor.

- Cavalo que quer bem ao seu dono, compadre, o defende mesmo na hora do perigo.

- É Verdade, compadre! É Verdade! A onça levou boas chicotadas dadas por mim. Mas em um momento ela tentou resolver a nossa luta de uma vez por toda. Partiu para me agarrar pelo pescoço. Mas o cavalo que já pressentia que ela iria mesmo me matar, deu-lhe uma cabeçada tão grande, mas tão grande, pegando por baixo do vazio, jogando-a longe, e acredito que ela caiu com uns dez metros de distância, longe de mim. Ao cair  e ao se levantar, saiu grunhindo de mata adentro. Ou onça lutadora!

- Graças ao seu cavalo, compadre! – Fez seu Leodoro.

Sim senhor! Se não fosse o meu cavalo eu hoje estaria enterrado lá no cemitério.

- É, compadre, a conversa está boa, mesmo assim, eu tenho que ir embora. Preciso alimentar aquela novilha. Eu sei que a Gertrudes já a trancou, mas ainda tenho que separar os bezerros das vacas. E montando no seu cavalo, disse:

- Até amanhã, compadre!

Despediu-se seu Leodoro com um sorriso meio duvidoso da conversa do seu Galdino, sobre a onça branca.

Seu Galdino repetiu a saudação do seu compadre, e ficou resmungando baixinho e remedando o que dissera seu Leodoro:

- Eu sei que a Gertrudes já trancou a novilha..., e eu, qualquer dia, irei trancá-la dentro do seu quarto, e alimentá-la com o meu perverso gavião.

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