Por José
Mendes Pereira - (Crônica 66)
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Não tenho
conhecimento do seu nome de batismo, apenas apelidado de "Farinha com
Sal". Vivia de pequenos furtos. Não deixava quieto o que via em sua
frente. Quando criança admirava-se dos maus costumes que têm os ladrões. E para
aprender deu início a uma espécie de treino. Colocava a sua camisa em um lugar,
e lá, fazia o furto, tentando esconder da mãe a sua nova invenção. O tempo
foi-se passando e a prática foi aparecendo, e meses depois, "Farinha com
Sal" estava prontinho para começar a sua primeira profissão. O nosso
larápio residia em Mossoró, nas imediações do Bom Jardim, nos dias de hoje, a
Rua em que ele morava é a Pedro II, paralela com a Pedro I.
"Farinha
com Sal" não era um larápio perigoso, apenas famoso pelas suas astúcias.
Paciente, tranquilo, e se o sujeito o pegasse com roubo nas mãos,
descaradamente, o entregava com um sorriso meio tímido, e assim, "Farinha
com Sal" tornou-se um ladrão compadecido pela população, não o entregando
a polícia.
Apesar do
ridículo costume que carregava consigo tinha uma amizade ao coronel Vicente
Sabóia, que mesmo ele sendo ladrão, frequentava a sua casa como qualquer outro
cidadão. Mas "Farinha com Sal" sabia muito bem onde pisava.
Em conversa o
coronel Vicente Sabóia o desafiou, que ele fazia roubos em outras casas, mas
duvidava que ele chegasse a entrar em seu lá, com ele e o Bertoldo em casa, seu
cão de estimação, que era valente ao extremo.
"Farinha
com Sal" querendo provar que o roubaria com facilidade, fez-lhe a seguinte
proposta:
- Coronel, se
eu conseguir entrar na sua casa e se o senhor acordar e me ver dentro de casa,
o senhor não atirará em mim e nem me prenderá?
- Garanto-lhe
que não atirarei e nem chamarei a polícia. Mas isso não vai acontecer nunca! -
continuava duvidando o coronel.
- Se o senhor
garantir mesmo eu vou lhe mostrar que eu entro com o senhor e o seu cão em
casa.
- Concordado!
- Confirmou o coronel Vicente Saboia.
Os dias se
passaram, chegando a meses, mas "Farinha com Sal" não havia desistido
da proposta que fizera ao coronel.
Certa noite,
já passavam das duas da madrugada. "Farinha com Sal" escondeu-se bem
próximo à casa do coronel, e em sua companhia, conduzia uma cadela.
Esta, dera o
nome de Dardora (Das Dores) que criara desde pequena, e a batizara com este
nome; dizia que era uma homenagem à sua sogra, que segundo ele, ela era mais
vadia do que mesmo a sua cadela. "Farinha com Sal" foi até as
laterais da casa, e por cima do muro, jogou a cadela.
Bertoldo muito
lhe agradeceu e ficou entretido com a cadela. Enquanto os dois se amavam
"Farinha com Sal" cuidava do arrombamento da porta do coronel.
Abriu-a e ficou lá fora sentado, pastorando a casa arrombada.
Mercado Público de Mossoró, em 1920. - http://blogdetelescope.blogspot.com.br/2015/02/o-mercado-publico-municipal.html
Como do costume,
o coronel se levantava antes das cinco horas da manhã. Ia até o Mercado
Público, batia um papo com os amigos, e depois retornava para tomar um café
reforçado.
Nessa manhã, ao se levantar, viu logo a porta da entrada aberta. Assustado, gritou para mulher que ainda cochilava.
- Mulher, roubaram a nossa casa!
Lá de fora "Farinha com Sal" disse-lhe:
- Coronel, não atire! Sou eu, "Farinha com Sal". Mas pelo amor de Deus não chame a polícia. Apenas fiz para cumprir o nosso acordo.
Assim, o coronel viu que o "Farinha com Sal" era um grande ladrão. Em seguida, mandou ir embora sem nenhum castigo. Palavra de coronel dada, vale igual à palavra de rei!.
Farinha com Sal provou que tinha jeito mesmo de um grande ladrão, abrir a casa de um coronel.
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