Por José Mendes Pereira - (Crônica 64)
Mais ou menos
na década de setenta do século que se passou um senhor de nome João Posseiro,
como era conhecido em toda região, que possuía uma grande parte das terras que
fica localizada entre a Favela e a Barrinha, propriedade adquirida através de
invasão, e não tendo condições para manter a sua enorme propriedade, resolveu
colocar uma parte à venda, e não demorou muito para aparecer o comprador, um
senhor de nome Cristóvão, nascido em Assu, e não se sabe porque ele era tão
ruim, uma vez que quem nasce naquela cidade, se não for bom, mas pelo menos
tenta mostrar que é.
Mas o
Cristóvão era um verdadeiro desumano, perverso, criava encrencas até por fezes
dos seus animais.
Assim que o
Cristóvão recebeu a sua propriedade demorou um pouco a explorá-la, alegando que
necessitava cercar uma boa parte, já que ele iria trazer todos os seus animais
lá da cidade de Assu.
A fama ruim do
Cristóvão estava em todas as partes de Mossoró e dos sítios vizinhos, e que
muitos já lamentavam, dizendo que a tranquilidade que tinha a Barrinha,
Angicos, Curral de Baixo, Melancias, Mulungu, Cordão de Sombras, todos estes
iriam perder o seu rumo, porque o novo vizinho quando não brigava, ficava
cutucando os animais dos seus vizinhos, chegando até quebrar as patas de
algumas criações, justamente para que a sua vizinhança perdesse o gosto de
criar e vendesse as suas propriedades a ele.
Querendo
conhecer a estrada conhecida como a dos Néo, sendo que esta família os membros
eram meu pai e meus tios, adentrou por ela, onde iria passar pelas casas de
todos eles.
Ao chegar aos
fundos da terra do meu pai foi de encontro à casa de um dos moradores, seu
Júlio Pereira, que este tinha uma olaria de telhas e tijolos, e fazia alguns
meses que residia com meu pai.
E lá, o
Cristóvão disse ao seu Júlio Pereira que estava indo para uma propriedade de um
senhor chamado Cristóvão (ele mesmo) que havia comprado ao João Posseiro. Mas o
Cristóvão estava apenas querendo saber se ele mesmo tinha bom nome por aquela
região.
E virando para
o seu Júlio, perguntou-lhe:
- O senhor
conhece este homem que comprou a propriedade do João Posseiro, chamado
Cristóvão?
- Não senhor!
Eu não o conheço. Apenas já ouvi falar sobre ele, o novo proprietário desta
região.
- Mas eu
acredito que muitos que moram por aqui, o conhecem. Ele é lá das bandas de
Assu. – Dizia o Cristóvão.
- De onde ele
é eu já ouvi falar, senhor, mas não o conheço e nunca o vi nem na feira do
alho.
- Mas o senhor
sabe me dizer se ele é gente boa, ou não é?
- Senhor, eu
não posso dizer nada com o homem que comprou a propriedade do João Posseiro,
porque eu não o conheço. Mas todos que moram por aqui, usam as mesmas palavras,
dizem que ele é coisa muito ruim.
O homem baixou
a cabeça, saiu em direção ao seu automóvel, entrou, ligou-o e foi embora.
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