terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

VAMOS LEITOR, ASSISTIR A EXECUÇÃO DO CANGACEIRO JARARACA?

Por José Mendes Pereira
O cangaceiro Jararaca

Diz o jornalista Geraldo Maia do Nascimento que no depoimento baseado que Pedro Sílvio de Morais um dos integrantes da escolta que matou o cangaceiro Jararaca em Mossoró fez ao historiador Raimundo Soares de Brito, disse-lhe o seguinte:

Raimundo Soares de Brito e Geraldo Maia do Nascimento

- Pelas onze e meia horas da noite de um luar claro e frio, do mês de junho, uma escolta composta de oficiais, sargentos e praças, conduziu em automóvel o bandido, dizendo que ele iria ser trancafiado na cadeia de Natal. No momento da saída, e ao dar entrada no carro, Jararaca disse que tinha deixado as suas alpargatas na prisão, e pediu ao comandante para mandar buscá-las, pois não queria chegar à capital com os pés descalços.

O tenente-comandante então disse:

- Não se preocupe. Em Natal lhe darei um par de sapatos de verniz.

E de lá da cadeia partiram como se fossem para Natal capital do Rio Grande do Norte. Quando os automóveis pararam no portão do cemitério São Sebastião (Mossoró), Jararaca interrogou-os:

- Mas isto aqui é o caminho de Natal?

Como resistisse descer do automóvel, um soldado empurrando-o deu-lhe uma pancada com a coronha do fuzil.

No cemitério mostraram-lhe uma cova aberta lá num canto, e um deles perguntou-lhe:

- Sabe para que seja isso?

- Saber de certeza não sei não. Mas, porém estou calculando. Não é para mim? Agora, isso só se faz porque me vejo nestas circunstâncias, com as mãos inquiridas e desarmadas! Um gosto eu não deixo para vocês: é se gabarem de que eu pedi que não me matem. Matem! Matem que matam, mas é um homem! Fiquem sabendo que vocês vão matar o homem mais valente que já pisou neste...

Mas o Jararaca não teve tempo de dizer o que queria. Um soldado por trás dele deu-lhe um tiro de revólver na cabeça. Ele caiu e foi empurrado com os pés para dentro da cova.

Observação: “Existem alguns textos contados diferentes do que afirmou Jararaca quando estava prestes a ser executado no Cemitério São Sebastião, mas apenas os autores usaram sinônimos, sem fugirem do que disse Jararaca. O importante é não criar fatos diferentes do que aconteceu na hora da execução do bandido no Cemitério São Sebastião em Mossoró. Sinônimos de forma alguma mudam os fatos de uma história”.

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