quinta-feira, 21 de março de 2019

SEU GALDINO TOMA CRIANÇA DE ONÇA NEGRA

Por José Mendes Pereira

Na represa do pequeno açude que passava nos fundos das terras de seu Galdino e do seu Leodoro ambos, cuidavam de um plantio de melancia e jerimum, mais algumas mudas de macaxeira e mandioca. E ali, após duas horas de trabalho forçado seu Galdino convidou o seu Leodoro para amolarem as suas enxadas, isto é, limando-as, para facilitar o corte no solo úmido, porque mesmo encharcado, estava meio duro. E enquanto eles limavam as enxadas seu Galdino lembrou de um acontecimento histórico a nível nacional, segundo ele, que em anos remotos uma família teve o desprazer de ficar sem uma criança de 9 anos, porque ela misteriosamente desapareceu dos olhares cuidadosos de toda sua família. E como a história já estava preparada em sua mente, seu Galdino iniciou contando da seguinte forma:

- Meu compadre Leodoro, a gente que é pai de família sofre muito. E principalmente quando as coisas ruins acontecem com filhos pequenos. Com pessoas já adultas, e bem adultas, a gente sente, mas não tanto. Agora, se for com criança é como se o mundo caísse todo sobre a gente.  
- É verdade compadre Galdino, o sentimento por criança é muito diferente. O adulto a gente sabe que está caminhando para o fim, e a criança está começando a viver.

- Compadre Leodoro, continuando o que eu raciocinava para lhe contar. Estava na primavera. A vegetação toda florida formava maravilhosos jardins de flores distribuídos nos campos, e muitas árvores já estavam brotando os seus rebentos. Uma família que havia chegado em Mossoró foi morar perto de onde eu morava quando me casei. O casal tinha três filhos pequenos. O mais velho tinha mais ou menos 10 anos de idade. Os outros dois cabiam dentro de um dedal. Os pais estavam morando numa propriedade de um senhor chamado Chico Néo, mas não tinham nenhum vínculo empregatícios, moravam de favores naquelas terras de rio perene. E aconteceu que numa tarde o menino mais velho desapareceu dos olhares dos pais. Foi um aperreio dos maiores já visto naquela região. Sendo ainda região que as casas eram distantes uma das outras, mas mesmo assim, de repente, o ocorrido saiu por toda vizinhança, isto é, o desparecimento do menino filho do novo morador.

- Sim senhor! – Fez seu Leodoro. Fatos tristes acontecidos com crianças compadre Galdino, mesmo não sendo filho nosso, a gente sente muito.

- É isso aí, compadre Leodoro..., Ninguém sabia o seu roteiro. Desaparecera mais ou menos 4 horas da tarde. O mundo desabou sobre aquela família. E ao saber daquele triste acontecimento a vizinhança foi solidária, e de pressa cuidou de sair à procura da criança. Um grupo de vizinhos tomou rumo ao Norte. Outro, ao Sul. Mais outro, rumo ao Leste e por último, o grupo que eu estava, tomamos rumo ao Oeste. E passamos quase a noite procurando esta criança e não a encontramos de forma algumas.

- Meu Deus! - penalizou seu Leodoro.


- O dia seguinte fizemos as mesmas procuras à criança, mas não tivemos sucesso. E assim fizemos buscas por toda mata da região durante 7 dias. Após os 7 dias de procura vimos que a criança não mais estava viva, porque por onde ela estivesse não encontraria alimentos fáceis. Talvez frutos e mais nada.


- Que infelicidade dela! - Disse seu Leodoro coçando a cabeça.


- Mas veja compadre Leodoro, o que aconteceu com 1 mês depois. Nesse período eu estava vivendo de caçar mel de jandaíra, enxuí, Enxu, capuxu e outras abelhas mais. Ao anoitecer desse dia, eu arrumei o meu material de caça, na intenção  de sair cedinho de casa. Machado, uma foice, uma picareta e um facão rabo de galo.   E assim fiz. Antes das 4 horas da manhã, do dia seguinte, encangalhei o meu jumento, pus os caçoas e em seguida o meu material de trabalho, mais alimento, caso eu sentisse fome. Como as matas são perigosas, porque vez por outra o sujeito é ferido por um galho, um espinhos..., sempre que eu vou à mata, levo comigo um pouco de álcool em uma garrafa, para colocar em ferimentos caso isto me aconteça, além de fósforos para fazer fogo, porque tem abelhas que são violentas no momento em que a gente inicia a retirada do mel. Com tudo pronto, me mandei de mata adentro. Lá para as tantas encontrei um enxuí. Tirei-o. Em seguida, fui entrando mais ainda na mata. 




-  O mato estava fechado, compadre Galdino? - Perguntou seu Leodoro.

- Não muito, mas não estava tão ralo assim. Pois bem..., em um lugar meio descampado, resolvi permanecer alguns minutos, para que o jumento descansasse um pouco. E olhando para frente, lá se vinha sabe quem, compadre Galdino?


- Não senhor, eu não tenho ideia do que o senhor via em sua frente. 


- Era uma onça negra que vinha lentamente caminhando, e sobre o seu lombo eu percebi que era uma criança. 


- Uma criança sobre o lombo da onça, meu compadre?!


- Isso mesmo o que o senhor ouvi. Era o menino que tinha sumido da casa do novo morador. Aquele  que nós passamos dias e dias à sua procura dentro das matas.


- Mas que sorte meu compadre Galdino, a onça não comeu o menino! E o senhor fez o que para tomar a criança da onça?


- A onça ficou muito brava quando me viu. Assim como uma gata que protege os seus filhos. Claro que o menino não era nada dela, mas já fazia parte da sua amizade.


Seu Leodoro permanecia ali, quase duvidando, mas não podia dizer nada contra. Afinal, eram compadres  e se respeitavam muito. 


- Aí eu pensei. Onça tem medo de fogo. Como eu andava com o álcool para usá-lo em possíveis cortes de galhos na mata fiz tudo para que o menino descesse do lombo da onça. E assim que ele desceu, eu disse que saísse de perto, porque eu ia tocar fogo na mata. Dei uma boa seringada de álcool à direção dela. Risquei um palito de fósforos na caixa, e joguei sobre o álcool. De repente, o fogo tomou conta da mata. A onça não esperou mais por nada e se enfiou na mata, esturrando que fazia dó. E o mais interessante foi quando a onça entrou na mata, a criança me reclamou dizendo:


- Olha o que o senhor fez! Ela já era a minha amiga!

- Meu Deus! - Fez seu Galdino. E o menino compadre Galdino, o que aconteceu com ele?


- Depois que a onça foi-se embora, levei-o para minha casa montado na garupa do meu animal, e em seguida, até a casa dos seus pais que fizeram uma das maiores festas que eu vi naquela região.


- Eu dou por vista compadre Galdino, como foi animada...

- A onça  sempre aparecia por lá, e quando me via, dizia-me:

- Seu Galdino, eu não sou pedófilo, mas cadê a minha criancinha? Eu estou com tanta saudade dela...!



quarta-feira, 13 de março de 2019

ANAUÊ

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

Saudação da história integralista
Criação do Brasil para o mundo
Entre aspas, puder vira poder à vista
Fascismo, ideia do imundo.

Ah! Grito de guerra
Do tupi brasileiro, “olá”
Variante indigenista de era
Mudança ideológica, quero já.

Oh! Escreveu não leu
Fascismo é jogo de poder
Submissão a quem venceu
Escutar e calar antes de ler.

A verdade e a mentira
Tudo tem o mesmo peso
Cor, tamanho, força e ira
Jogo familiar, ileso.

O certo vira errado
O errado vira certo
Da vitória ao derrotado
Fora do poder, esperto.

Não falar o que pensa
Não pensar o que fala
É a saudação “anauê” propensa
É a ideologia do cala.

A peteca, piada da caserna
Anauê, anauê, anauê...
“Ismus” intoxicação não fraterna
Grito de poder, não carnaval, anauê!

Enviado pelo autor

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O CANGACEIRO “DESOBEDIÊNCIA” ESCREVE PARA O PAI.

Por José Mendes Pereira

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AMIGO LEITOR, ESTE MATERIAL NÃO DEVE SER USADO NA LITERATURA LAMPIÔNICA DE FORMA ALGUMA. (FICTÍCIO, MUITO EMBORA TÊM VERDADES TAMBÉM). É MAIS PARA QUEM É APAIXONADO PELA LEITURA.

O CANGACEIRO “DESOBEDIÊNCIA” ESCREVE PARA O PAI.


Lá no cangaço ninguém tinha uma vida boa. O que existia ali e desejada era simplesmente a influência dos jovens entrarem naquela maldita empresa de cangaceiros do perverso e sanguinário capitão Lampião, e usarem aquelas vestes coloridas, armas e chapéus enfeitados com moedas, ouro e pratas. Um mundo conhecido por quem lá já estava, mas totalmente desconhecido por aqueles que queriam participar dele. Muitos que entraram era como se tivessem feito um concurso para concorrerem uma vaga naquela empresa de facínoras, e os que conseguiam, de início, era como se ganhassem um valioso troféu. E na verdade, ganhavam mesmo! Um inferno quase sem volta.

O jovem que pedisse para sair daquele inferno estava sujeito a ser morto pelos seus amigos, a mando do chefe maior, que era o capitão Lampião. Ele não admitia sujeitos que fossem admitidos na sua "Empresa de Cangaceiros Lampiônica e Cia", e dias depois, pedia para ser demitido.

Aquele que adquiria a sua vaga se sentia feliz, porque, mesmo sabendo que a partir daquele momento, deixaria de ser um homem honesto, mas o orgulho estava presente na sua face, que seria admirado por todos os outros que almejavam um cantinho ali.

E o jovem que ainda não tinha chegado a sua oportunidade aguardava qualquer dia ser mais um daquele grupo de cangaceiros. O melhor para entrar nela era ficar contra as volantes policiais da época, que segundo os pesquisadores, maltratavam os sertanejos para que entregassem os bandidos de qualquer jeito, e dizem que elas eram mais violentas do que os próprios cangaceiros. Elas mataram sertanejos, incendiaram currais e mataram animais no pasto, na intenção de criminar mais ainda o próprio capitão Lampião.

Com estes feitos tristes, e muitas vezes, eram mortos sertanejos pelas volantes policiais, tentando fazer os sertanejos ficarem contra os cangaceiros. Mas que na verdade, nem todos os acontecimentos tristes eram praticados pelo grupo de cangaceiros do capitão Lampião.

O cangaceiro “Desobediência” desejoso para usar aquelas vestes e sem muito esforço, entrou na empresa de cangaceiros do capitão. Mas com o passar dos dias, “Desobediência” viu que se enganara. Tantos conselhos recebera do velho seu pai e da sua mãe, que não se cansaram de alertá-lo, que aquela vida de malfeitor não era para ele. Eram pobres, mas muito honestos. O mundo do cangaço nada mais tinha do que decepções, mortes, roubos, estupros, vinganças injustas, combates a todo momento, e, principalmente ele, participar daquele inferno, quando não tinha a mínima coragem para matar uma peçonhenta caranguejeira.

Mas o “Desobediência” não importou com os conselhos do pai e da mãe, e dias depois, era mais um que por onde passava tirava a tranquilidade dos sertanejos. Por último, sem condições de desistir daquele inferno “Desobediência” resolveu escrever uma cartinha para os pais, e informá-los como estava arrependido da sua desobediência. E para que a carta chegasse até às mãos dos amados pais, ela foi entregue a um dos coiteiros do capitão Lampião, para que ele fizesse chegar até lá. E em mãos, dias depois, ela foi entregue aos velhos sofridos pais do "Desobediência".

Queridos pais:

Aqui dentro das caatingas não há como datar esta carta, porque não tenho a mínima ideia em qual Estado do Brasil eu estou. Nós vivemos constantemente saltando de lugar para outro, e geralmente é em correria, porque as forças volantes não nos dão trégua. Antes de deixar esta vida terrena, porque quem entra na empresa do capitão Lampião, não tem muita esperança de um dia voltar para abraçar os seus amados e queridos pais, irmãos e amigos, quero pedir desculpas ao senhor e a mamãe pela minha desobediência. Não sei se quando esta carta chegar aí, eu ainda esteja vivo.

Pai, o velho ditado diz que: "o risco que corre o pau, corre o machado". Está comprovado que é mais do que verdade pai, porque o que eu vi nos poucos combates que tenho participado como empregado da Empresa de Cangaceiros Lampiônica e Cia, os perigos são para ambas as partes. O grupo de cangaceiros está mais para uma alcateia de lobos sanguinários do que para facínoras. Todos são iguais, com as mesmas naturezas, malvados e perversos ao estremo.

Tenho visto amigos sendo tragicamente atingidos por balas lançadas pelas volantes policiais, e ali mesmo morrem, porque não há como socorrê-los. As volantes policiais não nos dão uma pequena chance para um possível socorro aos nossos amigos cangaceiros feridos.

Nos momentos dos ataques aos policiais sempre estou ao lado do capitão Lampião, mas fico um pouco distante, e por ele ser cego do olho direito, sempre faço o fogo para os ares, porque como vocês sabem muito bem, eu não tenho coragem para matar ninguém, e enquanto o capitão não perceber a minha astúcia de não atirar em direção ao alvo, eu vou atirando para cima.

Meu amado pai, todas as noites lembro muito daí. Vejo a minha mãe na cozinha fazendo o jantar do senhor, enquanto pegas uma bacia com água, uma toalha e a põe no ombro e vai para o terreiro da frente da casa, lavar os seus pés encardidos do barro vermelho que rodeia a nossa pequena fazenda.

Vejo as minhas irmãs, todas de cabisbaixas, como se estivessem com muita saudade de mim Vejo os nossos amigos chegando em nossa casa, para no terreiro da frente, palestrarem em rodas, ou até mesmo falando dos animais, das lavouras.

Tenho saudade daquele lugar na sala da frente da nossa casa que eu armava a minha rede para dormir tranquilo a noite toda. Aqui não existe isso. Tenho que dormir em qualquer lugar do coito nessa caatinga, no chão, cheio de pedregulhos, misturado com insetos que hão de aparecer no decorrer da noite. Lembro que ao entardecer, em nossa fazenda, eu saía para campear o gado graúdo, e o senhor se encarregava de campear o gado miúdo, tangendo-o para o chiqueiro.

Meu pai, aqui neste inferno que eu escolhi por decisão própria, assim que o sol se prepara para ir se deitar, e a escuridão da noite começa, apodero-me de um tédio invencível, por saber que talvez nunca mais terei a liberdade que eu tinha por aí, participando das festas, passeando pelas casas onde por lá vivem as donzelas que tanto me admiravam. As brincadeiras entre amigos, o jogo com bolas feitas de meias e enchidas com retalhos de tecidos que minha mãe sempre me arranjava. Os banhos nos rios e lagoas, as pescarias, as corridas em montarias, as caças aos pássaros com estilingues, as perseguições aos tatus e pebas com espingardas... Aqui, se não for para comer, ninguém mata pássaros e caças, porque toda munição é poupada para atirar nas volantes policiais, e a alguns sertanejos que estão marcados para morrerem, determinados pelo capitão Lampião.

Desde o dia em que eu vim para esta maldita empresa de cangaceiros a vida deixou de me ver com bons olhos. Arrependo-me de não ter tomado os seus importantes conselhos, e lembro-me muito bem, que no alpendre da nossa humilde casinhola, o senhor me aconselhava e relatava sobre a vergonha que iria ter de mim, porque a partir daquele dia, eu passaria a ser um jovem considerado como ladrão, e principalmente, discriminado por toda vizinhança.

Pai, o mundo do cangaço não é para qualquer um. No primeiro dia que cheguei à empresa do capitão Lampião presenciei uma briga de dois cangaceiros, que deste cedo, eles se desentenderam. Todo coito estava atento às suas discussões. Enquanto discutiam verbalmente, tudo ia bem, até o capitão também assistia, parado, quase irado, como se estivesse engasgado, mas quando ambos preferiram armas, o capitão que os observava, levantou-se do lugar que estava e deu um grito tão forte dizendo-lhes:

- Ei, ei, ei seus cabras da peste! Soltem as armas, suas duas pestes safadas! Não têm vergonha de brigarem por coisas banais?

E de imediato, eles desistiram das armas com medo da suçuarana humana.

Ele enfrentou os dois sem nenhuma arma na mão. Pai, imagina bem se um deles matasse o capitão Lampião e o inferno que sugeria dentro do coito, hein? Os amigos do capitão querendo vingar, ou também poderia ser ao contrário. A confusão seria pelo bornal do capitão, pois era nele que estavam as suas riquezas. Tenho certeza que se isso tivesse acontecido eu entrava nas matas em busca de casa para nunca mais voltar a este inferno mundo.

Vi também certa noite quando o cachorro do capitão foi ferido por um amigo do coiteiro de Lampião chamado Adalto. Lampião havia convidado o ourives Messias para fazer uma reparo geral nas riquezas (joias) de toda cangaceirada. Como o Messias não quis ir só ao reino da majestade porque era noite, convidou o coiteiro Manoel Félix para acompanhá-lo. Este se deu pronto, e de imediato chamou o seu irmão, o Adauto, para juntos irem até a corte do respeitado rei.

E assim que o cangaceiro Juriti viu o ourives e os dois irmãos tomou-lhes a frente, fazendo graça e se requebrando. Adauto tentando ultrapassar para se desviar dele, uma bolsa que no momento conduzia em uma de suas mãos atingiu a cabeça do cachorro de Lampião, ferindo-o de imediato. O cão ficou uivando como se estivesse pedindo a Lampião que vingasse aquela maldade feita contra ele. E seringadas de sangue saíam por uma das suas orelhas. Temendo ser justiçado por Lampião, Juriti gritou que tinha sido o Adauto que ferira o cachorro. E como uma fera, Lampião agarrou o seu amado e perverso mosquetão e partiu para cima do pobre homem. O coitado esmoreceu de repente, e não sabia o que fazer.

Maria Bonita, como sempre, protetora dos inocentes, agarrou-o, implorando que tivesse paciência, pois não se matava um homem só porque tinha ferido um cachorro. E ainda lhe dizia que ele parecia que tinha enlouquecido.

Maria Bonita foi a grande sossega leão de Lampião, pedindo-lhe que não fizesse tantas maldades contra as pessoas. Algumas vezes, ele ficava nervoso com coisas banais, e com essa fúria, além do normal, ela estava sempre ao seu redor para evitar tamanha atrocidade. Ela sabia que muitas vezes, as suas maldades eram justas. Mas outras, praticava pela natureza cruel que ele era dono. Se ela não tomasse as dores de alguém para si Lampião se tornaria um bandido sem causa e sem ética.

Assim que Lampião violentou Adauto o seu amigo e fiel companheiro, o Luiz Pedro, correu e o colocou sobre sua proteção, amparando-o em suas costas. E de lá, ficou acalmando a suçuarana humana, pedindo-lhe que não se estressasse, deixasse o rapaz aos seus cuidados. E ainda lhe dizia: “-Não faça isto compadre! não faça isto!...”. Mas Lampião estava fora de si. Queria matá-lo por ter ferido o seu cachorro, que para ele, era como se fosse um amado filho. E ainda dizia: “- Olhe o sangue Maria! Olhe o sangue Maria, no bichinho!”.

Um outro fato engraçado pai, foi certo dia o capitão dormia no chão apenas protegido por um pedaço de lona. E pouco tempo, chegou o cangaceiro Zé Sereno com um bode às costas que havia pego na mata para que ele fosse morto e preparado para o jantar de toda cabroeira. Ele não calculou o tamanho da corda que estava presa ao pescoço do animal. E assim que ele desceu das suas costas o bode fez carreira em busca do capitão fazendo com que ele acordasse assustado.Ele levantou do chão com uma ira dos diabo e partiu para cima de Zé Sereno dizendo-lhe:

- Solte esta peste, sua égua! Isso no mais alto grito.

Meu pai, tenho plena certeza que o capitão Lampião é o marginal mais valente que já existiu no mundo. Simplesmente porque, não tem ninguém por ele no cangaço, somente a Maria Bonita. Alguns cangaceiros têm irmãos, tios e primos no bando, e o capitão é somente ele, e além do mais, autoridade só quem tem é ele. Isto poderá irritar algum cangaceiro. Maria Bonita é a sua esposa, e se algum cangaceiro matar o seu companheiro, ela como mulher, nada poderá fazer. Também não é sangue dela.

Pai, e não será nunca difícil que isto possa acontecer no grupo de cangaceiros do capitão Lampião para tentarem matar o capitão, porque ele é tão rico que carrega consigo um bornal que dentro dele, eu calculo que tenha aproximadamente 5 quilos de ouro. Isto em joias. E o senhor sabe, a ganância é o chapéu do diabo. Quem sabe, se algum dia alguns cangaceiros organizem este plano de matar o capitão Lampião, só para roubarem as suas riquezas?

Vou findar por aqui, pai! Lembranças e um abraço bem forte na minha querida mãezinha, e diz pra ela que se seu filho escapar por aqui, um dia fugirá e vai dar-lhe uma abraço bem apertado.

Lembranças às minhas irmãs e alerta a elas que não entreguem as suas virgindades a certos malandros daí, principalmente ao filho da puta do Zé de Nequim, porque ele não merece ser esposo de nenhuma delas. E se eu consegui sair deste inferno e se ele tiver mexido no que não deve de algumas das minhas irmãs eu vou fazer igual o que Lampião fez com o Batatinha, capá-lo.

Seu amado filho "Desobediência".

Informação ao leitor: Sobre o bode e o cachorro de Lampião não é criação minha, eu escrevi baseado no que conta Alcindo Alves Costa em seu livro "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico". Para você adquiri-lo entre em contato através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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sexta-feira, 8 de março de 2019

JOÃO AMADO E SUAS AMANTES

Por José Mendes Pereira

Faz muitos anos que eu assisti o que segue em uma reportagem de televisão, e que não me lembro em que canal, e esta, ficou gravada na minha mente, e que sempre pensei escrevê-la, nem que fosse para eu mesmo lê-la e relê-la. Hoje chegou o dia e se ninguém quiser lê-la eu vou fazer várias leituras. 

Como eu não tenho guardado na mente os nomes das pessoas que participaram da história, devido o tempo que já se passou, vou criar um nome para cada personagem, na intenção de facilitar mais ainda ao leitor. 

José e Maria. Só. Cada um ainda residia com os pais e assim que se casaram foram morar em uma fazenda distante da pequena propriedade dos pais do João. Mas os pais da Maria também residiam na mesma comunidade, muito embora as casas eram um pouco distantes. 

Foi num dia de muito sol que o José recebeu notícia que o pai tinha sido assassinado por um dos seus vizinhos, e o motivo: Usucapião. (Sobra de terras dentro da área e titulada em favor de alguém, ainda que não se possa indicar geometricamente onde se localiza o excesso. Pode ser registrada a sentença que declara usucapião e fornece apenas as confrontações da área maior...).

Assim que aconteceu o enterro do pai, o José ficou muito triste, só  em saber que aquele homem era tudo para ele. Estava sempre a lhe ajudar, até na feira quando era necessária, agora um malvado e perverso viera do inferno para acabar com o seu pai, eliminando-o do solo terrestre. 

E o José começou a pensar o que faria com aquele desgraçado assassino do seu pai, que não foi chamado aos pés do delegado pelo menos para prestar esclarecimento o porquê de ter assassinado um homem tão querido no meio daqueles sertanejos. E de repente, o José fez o que mais desejava ou que qualquer filho faria: matá-lo o quanto antes possível. E assim fez. Temendo ser preso e perseguido pelos familiares do assassino do seu pai, o José pegou a sua esposa e mais duas filhas pequenas e se mandaram da região, furando o oco do mundo sem destino, assim como diz o matuto.

Mas onde o José fazia residência ainda temia cobrança dos familiares do morto, e sempre procurava ficar mais distante de onde morava. Quando cuidou, José, esposa e filhas já se encontravam tão longe de tudo e de todos; foram morar em um lugar que não se viam um pé de pessoa, exceto os deles mesmo, mais os da esposa e os das filhas. Para chegarem a cidade mais próxima de onde moravam gastariam de 3 ou 4 horas sobre montarias.

Nesse oco do mundo o casal teve uma prole de 10 filhos, 3 homens e 7 mulheres, mas levou sorte, segundo ele (falarei mais mais adiante o porquê de chamar de sorte), os três filhos que nasceram em sua humilde barraca faleceram ainda pequeninos, conseguindo criar apenas as 7 filhas. 

Foi no ano de 1939 que foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial, um conflito militar destruidor que atingiu uma boa parte do globo terrestre, e este conflito durou deste o ano de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo, incluindo todas as grandes potências organizadas em duas alianças militares opostas: os aliados e o eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. 

Os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes, e foi nesse período que muitos soldados do exército brasileiro tornaram-se desertores, fugindo-os das suas obrigações militares para não participarem da maldita e devastadora guerra.


Foi no ano de 1944 que o João Amado fugiu do exército brasileiro para não participar da guerra, e, saiu a pé sem destino, enfrentando as matas, saindo na residência do João e Maria. E por lá, ambientou-se, tendo sido paparicado pelo casal.


As filhas do casal na sequência de nascimento eram: Marta, Jussara, Anailde, Cristina, Patrícia, Randra e Raquel. Logo de início o ex-soldado João Amado ficou de olhos na Marta, e sem muita demora, findou solicitando ao pai dela a liberação para morarem juntos, e que de imediato foi aceito pelo pai, vez que naquelas brenhas não tinham homens para que as filhas se juntassem. E de imediato, o João Amado construiu uma casinhola de taipa ao lado do futuro sogro, levando a Marta para ser a sua esposa. 


Ali, mesmo não tendo muito desenvolvimento, porque a cidade era muito distante e não era tão fácil adquirir mobília e tudo mais, mas mesmo assim, João e Marta viviam felizes. Menos de um ano nasceu o seu primeiro filho. O tempo foi se passando e mais filhos foram nascendo.

Mas por último o João Amado não estava muito satisfeito, porque a sua cunhada Jussara andava de olhos desejosos nele, e sendo ele um rapaz respeitador, e José e Maria seus sogros não eram merecedores de traições, ficou sem saber o que iria fazer para sair daquele desejo incontrolado da cunhada por ele. E de imediato, resolveu contar aos sogros o que estava se passando, vez que ele muito os respeitavam e não tinha coragem de trair a confiança do casal que foi para ele mais do que pai, amparando-o em sua residência quando ele vinha fugindo do exército brasileiro para não participar da guerra.

E em uma oportunidade, enquanto ele e o sogro reparavam uma cerca na propriedade invadida, foi ágil dizendo-lhe: 

- Seu José, gosto muito de viver aqui no meio de toda sua família, mas eu tenho que lhe dizer que neste dias eu estarei de malas prontas para partir e não sei para onde irei. Sei que para encontrar um lugar que por lá eu fico será muito difícil, porque tudo é muito distante.

- E o que está acontecendo que faz você ir embora daqui João, quando aqui arranjou mulher, filho e tudo mais?

- O senhor não ficará chateado se eu falar o que vem acontecendo?

- De forma alguma. Seja breve com as suas verdades.

- Pois sim seu José, a Jussara sua filha vem me forçando a fazê-la de mulher, e isso eu não acho certo. Já sou esposo da Marta sua filha...

- Vamos em parte, João. - Interrompeu José. Aqui não tem homens para minhas filhas e eu como pai não sirvo para nenhuma delas. E dou graça a Deus por não ter deixado os meus três filhos homens que nasceram vivos, porque eu não queria que eles fossem esposos das suas próprias irmãs. Acho que você deve aceitar e satisfazer os seus desejos. 

- Mas seu José, a Marta jamais aceitará que eu seja esposo dela e da sua irmã.

- Vou falar com ela e tenho certeza que ela aceitará, porque elas são muito unidas, e a Marta sabe muito bem que aqui não tem homens para elas, exceto você.

O José conseguiu fazer com que a filha Marta aceitasse aquele romance da sua irmã com o seu marido. 

Meses depois, o João Amado já era dono de duas esposas, ambas, irmãs, construindo outra casinha ao lado da sua que fizera para viver com a Marta. E assim o tempo foi se passando e anos depois, o João Amado era esposo de 7 mulheres, todas filhas do José e da Maria, e moravam lado a lado. Uma fileira de 7 casas mais a dos sogros. 

Para isso, o João escreveu na presença de todas as mulheres que na segunda-feira, dia e noite da semana ele ficaria na casa da Marta. Na terça-feira, dia e noite da semana ele ficaria na casa da esposa Jussara.

Anos depois, ele tinha uma prole de 56 filhos, todos filhos dele com as filhas de seu José e Maria. Já existia uma rega de netos e bisnetos, e ali, ninguém sabia desenrolar o grau de parentesco.  


http://josemendesperierahistoriador.blogspot.com 

segunda-feira, 4 de março de 2019

DR. PAULO MEDEIROS GASTÃO FOI AO ENCONTRO DO SENHOR HOJE PELA MADRUGADA.

Por José Mendes Pereira
Cineasta Aderbal Nogueira, Paulo Gastão e José Mendes Pereira. A foto foi feita por Maristela Mafuz esposa so Aderbal Nogueira no Hotel Thermas de Mossoró em maio de 2011.

Recebi informação não muito agradável que o professor, escritor, pesquisador do cangaço e fundador da "SBEC" - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Dr. Paulo Medeiros Gastão viajou para a casa do Senhor hoje pela madrugada.

Aqui vai o meu abraço 
de conforto e solidariedade aos seus familiares e amigos que durante muitos anos mantiveram boas amizades.


Conheci-o pela primeira vez em seu apartamento em frente à Estação das Artes em Mossoró, momento em que à noite eu fui lhe entregar um livro que eu havia trazido de Natal de autoria do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros, para ser entregue a ele em mãos. 


E a partir dessa noite ficamos amigos e sempre ele me ligava para conversarmos um pouco sobre cangaço em sua residência. Só que não deu tempo a gente ir conhecer Canudos na estrada de Governador Dix-sept Rosado. Sempre falávamos, mas não deu tempo para que isso acontecesse.

Algumas vezes fui convidado por ele para conhecer Canudos do Antonio Concelheiros e e eu o dizia que não estava com condições. Ele me falava: "Dinheiro ninguém leva quando partir, tem que gastar com estas viagens mesmo". 

Dr Paulo Medeiros Gastão deixou um belo trabalho sobre vários temas para as futuras gerações.

Vá com Deus professor e escritor Paulo Gastão, porque ele lá está te esperando de braços abertos.

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sexta-feira, 1 de março de 2019

JOÃO MALAMANHA PODERÁ SOLTAR SUAS MARRETAS (BRAÇOS) SOBRE ALGUÉM

Por José Mendes Pereira

Todos que leem as minhas simples histórias já conhecem muito bem o João Malamanha aquele que era um verdadeiro animal, grosseiro, perverso. Uma vez matara um sujeito só com um cocorote  aplicado em seu crânio, pela sua maldita e deformada mão. Outra vez, fez um sujeito beber um litro de creolina, quase de um gole só. O homem baixou hospital, mas por sorte, não morreu, porque vomitou o ofensivo líquido  de uma só vez. E outra vez, capou um sujeito por ter cantado uma de suas sobrinhas, segundo a moça dissera a ele. Quando esse chegou à casa da moça, ao estirar a mão para cumprimentá-la, disse-lhe: "-Pegue na minha". A moça sentindo-se desrespeitada contou para João Malamanha, que de imediato cuidou de encontrar o miserável, levando-o até ao matagal, e lá, fez o horroroso serviço. Mas isso foi falta de uma boa interpretação. O sujeito não dissera nada que a ofendesse. Mas cada pessoa analisa as coisas como ela pensa. 

Mas o João Malamanha foi assassinado pelo seu empregado anão Leandro, porque o obrigou a colocar um motor sobre a bancada sozinho.  Como o Leandro disse que não obedecia a ordem o João Malamanha quis matá-lo asfixiado. Mas quando tentava enforcá-lo Leandro retirou da sua cintura uma amolada e pontiaguda faca, enfiando-a no pescoço do homenzarrão. O João Malamanha só deu tempo para dar um assustador grito, e o sangue jorrou sobre peças e carros que estavam dentro da oficina, caindo sobre uns pneus  encostados a uma parede.


Apesar de ser um homem do mundo, mas sempre o João Malamanha gostava de fazer uma reserva que poderia ser até através de objetos, como carro, carroças, carro de bois etc. 

O Eurides um dos seus fregueses de oficina porque o João Malamanha era o mecânico do seu velho e surrado automóvel. Mesmo sabendo o que o João Malamanha poderia mudar de comportamento a qualquer hora o Eurides não o temia, porque nunca fizera nada e nem provocara o animal humano racional. Sendo assim, por que ter medo de um homem que jamais o desafiou? E assim, continuava sendo um meio amigo do João Malamanha. Mas todos admiravam aquela amizade meio sem graça. 

- Um dia ele irar se arrepender daquela amizade sem fundamento. - Assim diziam  alguns do bairro.

O Eurides estava necessitando de um carro de bois para fazer as suas obrigações na sua minúscula fazenda, porque um que tinha, um fogo que houve lá no meio do capinzal seco foi destruído por completo, salvando apenas a junta de bois, sorte dos bois que deu tempo para ele retirar os animais do carro. 

O João Malamanha tinha dois carros-de-bois à disposição, isto é guardados e bem guardados no quintal da sua oficina, e nem o Eurides sabia; vendo a necessidade do Eurides, ofereceu um para que trabalhasse com ele até que pudesse comprar outro.

O Eurides agradeceu e no dia seguinte apanhou o carro-de-bois levando-o para sua fazenda. 

Os dias foram se passando e não havia nenhuma necessidade de devolvê-lo ao dono, porque o trato fora feito que: o Eurides só o devolveria quando comprasse outro.

Aconteceu que certo dia o Eurides deslocou-se no carro-de-bois para fazer compras em Mossoró. Quando passou pelo rio que cortava a sua propriedade as águas apenas cobriam os pneus, mas devido uma grande chuva que caiu em toda região, quando ele voltou, tinha muita água no seu leito. O Eurides confiou que dava para passar com a junta de bois e o carro. Mas se enganara. Quando ele entrou nas águas foi surpreendido pela força da correnteza que saiu levando carro e a junta-de-bois, apenas ele conseguindo escapar da violência da correnteza. Os bois morreram afogados sem ele ter condições de nadar até alcançá-los e cortar os arreios. 

Agora o Eurides estava condenado a passar pelas mãos vingativas do João Malamanha, porque ele não perdoava certo descuido com o que era seu.

A vizinhança do Eurides já o chamava a atenção dizendo:

- Para que ter amizade com um homem tão perverso quanto o João Malamanha, Eurides?

- Eu sei que ele é um homem que muda de comportamento de momento a momento, mas mesmo sabendo o que ele poderá fazer contra a minha pessoa, eu vou contar a ele o que aconteceu com o seu carro-de-bois. Mas se ele não me matar ou me violentar eu vou vender alguns bichos meus e comprar um para ele.

Dias depois, o Eurides se benzeu todo e se abalou para informar ao João Malamanha que as águas do rio levaram o seu carro-de-bois.

O João Malamanha já sabia que o rio havia levado o seu carro-de-bois. Mas a ninguém dissera nada. Afinal, ninguém tinha nada a ver com aquilo. Era conversa para 2 homens debaterem, e não uma porção de gente fofoqueira.

Ao chegar, o Eurides encontrou o João Malamanha deitado ao chão sob um carro que no momento tentava encontrar o defeito de mecânica. O Eurides estava nervoso, mas não podia fugir daquele assunto. Tinha que participar ao perigoso homem o que acontecera com o seu carro-de-bois. E num gaguejo dos danados, iniciou dizendo:

- Seu Jooãão Malamaaanha, vim aquiii informaaar quee o seeeu carro-de-booois foiiii prooo, prooo brejo. E faça o que o senhooor quiseer fazeee comiiigo. Mas eeu nãão tenho mais o queee fazer.

- Mas por que está tão nervoso assim, Euclides? Eu já tomei conhecimento. E não tenho que fazer nada contra a você. Eu o emprestei de espontânea vontade.

- O que acoonteceu seu Malamaaanha, foi terrível. As águas  do riiio leeevaaaram ele e a miiinha juntaaa-de-booois, e o senhor faça o que quiiser comiiigo...

- Está certo. Vou fazer o que quero fazer.

O Eurides já tinha certeza que lá dentro do quintal ele iria ser assassinado pelas mão vingativas do João Malamanha. E levando até ao quintal da sua oficina, mostrou outro carro-de-bois, dizendo-lhe:

- Pega aquele outro carro e o leve para a sua fazenda. Vá trabalhar com ele. Eu sei que não foi descuido seu, porque a natureza é quem manda e não nós. O outro carro era meu, mas este daí é seu. Não precisa me devolver. Sou justiceiro para caras safados, mas um homem batalhador como o senhor eu muito agradeço a Deus por ter a chance de te ajudar. 

O Eurides o agradeceu e com o carro-de-bois continuou fazendo as suas obrigadões.  
  
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