Por José
Mendes Pereira - (Crônica 28)
Pedro Nél Pereira
O título deste
artigo parece um pouco ridículo, decepcionante, até para uma jovem que talvez
tenha interesse de lê-lo. Mas não tenha medo, pode lê-lo, sem nenhum
receio, nele, não há baixaria, e que você só irá saber o porquê deste
título quando chegar mais adiante.
Como eu já
falei em outros escritos, que Pedro Nél Pereira (era meu pai) não gostava de maltratar os
seus animais, e por mais que um deles fosse bravo, sem querer o obedecer,
procurava maneiras para não judiar com pancadas, açoites com chicotes; e usava
apenas uma palavra cada vez que se aproximava do animal: "- Chegue!, - Chegue!..." E feito isto, aos poucos, Pedro Nél chegava a dominá-lo sem
rezas e sem nenhum tipo de magia ou hipnotismo, vez que ele não conhecia
nada disso.
Aconteceu que
na década de 90, meu pai estava sem vaqueiro na sua pequena fazenda, e
aguardava alguém que se oferecesse para cuidar dos seus animais, e com certeza, não seria daqui de Mossoró, porque, fazia mais de mês que muitos cuidadores de
gado já sabiam a falta de um vaqueiro em sua propriedade, e ainda não havia
recebido visita de nenhum profissional.
Luiz
Pereira natural da cidade de Upanema, um veterano derrubador de gado,
encontrava-se desligado de fazendas, e assim que tomou conhecimento da
vaga na propriedade do Pedro Nél, deslocou-se até Mossoró, para uma possível
negociação.
E lá houve a
negociação. Meu pai havia lhe dito que os seus animais eram tratados com
carinho, e que ele não os maltratassem de forma alguma...; o novo vaqueiro
propôs-lhe o leite das vacas como pagamento, isto é, ele venderia a produção do
líquido, dispensando um ordenado mensal pago pelo meu pai, já que também as condições dele não eram tão favoráveis. Negócio feito, negócio cumprido por ambas
as partes.
Mas o novo
vaqueiro não tinha amor pelos os animais como tinha Pedro Nél. Cuidava-os sempre com
pancadas, e vez por outra, enfrentava os animais montado em um cavalo, coisa que o meu pai não fazia e nem aceitava seus animais manobrados através de cascos de cavalo. Todos eles eram tangidos com apenas
"- Chegue!". "- Chegue!".
O que eu
presenciei certa vez, ao pôr do sol, quando ele e eu estávamos sob o alpendre
da casa grande, e lá, ele iniciou uma reclamação sobre a maneira que seus
animais estavam sendo tratados pelo o novo zelador.
O que seu Luiz Pereira fazia. Antes de 1 hora da tarde já separava os bezerros das vacas, isto
no intuito de uma melhor produção de leite no dia seguinte, deixando os
bezerros sem o leite de cada final de tarde.
Casa da
pequena fazenda de Pedro Nél Pereira - Fonte da foto: Damião Maycon.
Para
incentivar mais ainda a reclamação de Pedro Nél sobre o que fazia o vaqueiro,
a bezerrada ficou com a cabeça sobre o muro que rodeia a casa grande. E ali, iniciou uma espécie de reclamação, berrando, urrando, chorando, como
se estivesse enredando a meu pai, que o seu Luiz Pereira não deixava mais eles
mamarem em suas mães nos finais das tardes.
Ouvindo os incontrolados berros dos bezerros Pedro Nél olhou para mim e em seguida, disse-me:
- Meu filho,
eu me arrependi de ter colocado seu Luiz Pereira para tomar de conta dos meus
bichinhos. Tanto zelo que eu tenho por eles, agora os vejo sendo maltratados.
Assim que dá 1:00 hora da tarde ele separa os bezerros das suas mães. E este
alarido deles, é me reclamando, dizendo-me que eu fui um malvado e covarde para eles, entregando-os
a um homem perverso e sem amor a animais. E também, é como se cada um
deles estivesse me dizendo: "- Pedro Nél, peça a seu Luiz Pereira para deixar eu
pegar pelo menos nas tetas da minha mãe! Eu não quero ficar dependurado nas tetas dela o resto da tarde, eu só quero é pegar e mais nada".
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