Autor José Mendes Pereira
Quando Deus criou o
mundo
Pois logo a vida em
ação
Distribuiu em
espécies
Pra não haver
confusão
Deu “FASE” pra cada
ser
E o homem tinha que
ter
Na vida bom coração.
O bicho homem é
machão
Mas só é até aos
trinta
Novo, robusto e
valente,
Corajoso e boa pinta
Não tem medo do
perigo
Canta até mulher de
amigo
Mesmo que ela não consinta.
Toda noite sai pras
farras
Atrás de moça donzela
Arranja de qualquer
jeito
Não importa o tipo
dela
Não faz mal que seja
pobre,
Bem melhor que seja
nobre,
Mas gosta de todas elas.
Na balada dança muito
Não para nenhum
instante
Grudado na cavalheira
Achou-a naquele distante
Faz rodeio no salão
Mostrando que é
machão
E se sentindo importante.
Dinheiro tem de
montão
Pra gastar na noite
inteira
Vez por outra uma
cerveja
Faz àquela bebedeira
A cavalheira ofegante
Com seu sorriso
elegante
Gosta bem da
brincadeira.
Lá na festa se
apresenta
Como se fosse um
ricaço
A moça feliz na vida
Não pensa dele
fracasso
Bebidas pra todo
gosto
Quer mesmo mostrar o
rosto
Dentro do pequeno
espaço.
Assim que termina a
festa
Sai com ela passeando
No seu carro: “novo
ou velho”
A vida assim vai
levando
A sua linda dum lado
Faz-lhe esquecer o
passado
E assim é que vai
gostando.
Antes de raiar o dia
Em casa chega sem
planos
Vai ao quarto e lá se
deita
No rosto, coloca um
pano
A mãe lhe chama na
porta
Ele houve e não
importa
Pra não atrapalhar
seu sono.
Durante o dia
trabalha
Sempre pensando
enricar
Esquece que tem
família
Pais, irmãos para
ajudar
Quando chega o fim do
dia
Se enche de alegria
Pois pras farras vai
voltar.
E no vai-e-vem da
vida
Os anos vão se
passando
Não se lembra que a
velhice
Lentamente vai
chegando
Doenças, dores e
Vão o deixando mofado
Mas mesmo assim vai
gostando.
Assim que cai na real
Das mudanças em sua
vida
Logo fica encabulado
Lembra da época
vivida
Vai ao espelho se
olha
Pega água e o rosto
molha
E ver as rugas
nascidas.
Logo que completa os
trinta
Pensa logo em se
casar
Escolhe uma moça
linda
Diz que feia dá azar
Prepara casa e comida
Compra um monte de
bebidas
Pois festa vai ter no
lar.
Chega o dia do
casório
Feliz na vida ele
estar
Chamou um grupo de
amigos
Pra festa participar
Bebidas têm de montão
Carne de boi e leitão
Não vão faltar no seu lar.
Assim é que é a vida
De quem aos trinta
chegou
Viveu momentos de
glórias
E tudo que fez gostou
Admirou moças nobres
Namorou com moças
pobres
E com uma se casou.
Dos trinta aos
cinquenta anos
Entra na fase:
“JUMENTO”
Trabalha pra se
lascar
Vivendo num
sofrimento
Dedicado sempre aos
filhos
Colhendo feijão e
milho
Pra garantir o alimento.
Todo dia tem
problemas
Em seu lar pra
resolver
Falta tudo em sua
casa
Pois nada tem pra
comer
Arroz, farinha e
feijão,
Açúcar, carne e o pão
E nem água pra beber.
Durante o dia batalha
Pelo o pão da
filharada
Pra não ver ela com
fome
E nem pedindo na
estrada
Faz bico pra qualquer
um
Nunca rejeitou nenhum
Pois topa qualquer parada.
Se cai doente um dos
filhos
Logo tenta resolver
Tira a ficha e vai ao
médico
Para não o ver morrer
Mas dinheiro ele não
tem
No bolso nenhum
vintém
Pro remédio ele
trazer.
Quando a mulher cai
doente
Ele fica apavorado
Só lhe vem na mente
coisas
Que o deixa
desesperado
Faz oração todo dia
E pede a Deus que a
Maria
Se recupere ao seu
lado.
Quando o seu pai
adoece
Ele é quem vai resolver
Faz todas as
diligências
Só pra não o ver
sofrer
Leva logo ao hospital
Pro médico curar o
mal
Antes de o ver morrer.
Quando a filha perde
a honra
Já sabe o que vai
fazer
Aperta o seu namorado
Dizendo-lhe: - Pode
crer,
Se não se casar com
ela
Eu vou à sua goela
Pois sou homem até
morrer.
Mas o rapaz é valente
Diz: - Sou eu quem te
ameaço
Eu não me caso com
dona
Que já não tinha
cabaço
Ela é mais do que
galinha
Vive rodando a
bolsinha
Eu provo sem embaraço.
O homem fica sem
jeito
Mais não pode dizer
nada
Fica apenas
resmungando
O que disse o
camarada
Mas toda culpa é da
filha
Que abriu sua virilha
Pra àquela peste
tarada.
É assim o sofrimento
De quem vai para os
cinquenta
Mesmo sendo judiado
Quer ver se chega aos
sessenta
Pede a Deus pra não
morrer
Pois é nele que ele
crê
Pra ver se chega aos
setenta.
Dos cinquenta aos
setenta
Está na fase de:
"CÃO”
Fica rodeando a casa
Tentando dar proteção
Se dá ordem, ninguém
liga
E para não surgir
briga
Aceita de coração.
Se compra algum
objeto
Para casa ninguém
gosta
Um dos filhos lhe
pergunta:
- Por que comprou
essa bosta?
Ele fica encabulado
Perde até o rebolado
Mas fica sem dar
resposta.
Põe o chinelo num
canto
A filha mais nova
fala:
- Papai ponha essa
porqueira
Ali, bem fora da sala
O velho fica sem
jeito
Já sabe que está
sujeito
Sair de casa com a
mala.
Quando quer entrar em
casa
A filha não quer
deixar
Diz que a casa está
virada
E ela vai a estopar
Ele fica lá por fora
Já sabe que não tem
hora
Em sua casa entrar.
Se vai vestir uma
roupa
Vem outra logo o
reclama
Diz a ele: - A que
está suja
Não ponha em cima da
cama
Pois eu fiz limpeza
nela
Fiz no piso e na
janela
E se sujar sobre pra
dama.
Se tenta tomar um
banho
Vem outra e lhe diz:
- Cuidado!
Não deixe água no
piso
Pois eu já tinha o
lavado.
Ele a olha, mas se
cala
Resolve engolir a
fala
Pra não ser
desrespeitado;
E pra não criar
problemas
Ele se cala num canto
Aceita o que ela diz
Faz morada num
recanto
Da boca dela só sai
Palavras más com seu
pai
Mas não o chama de
santo.
Na hora que pede
janta
Ninguém liga o que
ele diz
As filhas se
entreolham
Com gestos que não
condiz
Ele percebe o
desprezo
Deseja que fosse um
preso
Talvez fosse mais feliz.
É assim o que acontece
Com quem vai para os
setenta
Voz ativa ele não tem
Imagine com oitenta
Vai ver o diabo de
chifre
Apontando-lhe um
rifle
Mas quer chegar aos
noventa.
Dos setenta aos
noventa
Está na fase:
“MACACO”
Todo mundo quer ri
dele
Ainda o chama de saco
A pele toda enrugada
A cara toda amassada
E o velho parece um caco.
Leva a vida quase só
Sem visitas de amigos
Rejeitado dos
parentes
Evitam ficar consigo
Uns lhe chamam de:
“nojento”
Outros: “velho rabugento”
Ainda dizem: “é
castigo”.
Depois que ficou
velhinho
Ninguém quer lhe
respeitar
Diz que ele está
caduco
Outro quer lhe
humilhar
Sempre lhe passam no
rosto
Isso só lhe dá
desgosto
Por quererem o
maltratar.
Quando cai doente,
sofre
Nas mãos dum filho
malvado
Vem e lhe pega por
trás
Deixando-o quase
aleijado
Ele sente o
sofrimento
Diz: - filho não sou
jumento
Pra ser assim
maltratado.
Se cai doente da
próstata
Diz: - Eu não tenho
coragem
Em ver o médico fazer
No meu reto
espionagem
Prefiro morrer sem
jeito
Mais não quero que o
sujeito
Em mim faça sacanagem.
Quando quer comer,
avisa
Diz pra velha: -
Estou com fome
Ela faz e põe na mesa
Mas ele olha e não
come
Em seguida quer café
Ela faz, ele não quer
E pra chatear se some.
Na hora de se vestir
Pega a calça e dá um
nó
Veste a camisa ao
avesso
Diz que é um paletó
Põe o chinelo no pé
Na cabeça, um boné
E diz: - Eu vou ao
forró.
Mas devido a
caduquice
Pensa ainda em
namorar
Veste a roupa e sai
de casa
Na intenção de
arranjar
Uma morena novinha
Cheirosa e bem
bonitinha
Só pra mão ele passar.
Mas lá na zona não
sabe
O que ali foi fazer
Senta-se ao pé da
mesa
Dizendo que tem
prazer
Em ver àquelas
meninas
Todas com roupas e
botinas
Mas nada pode fazer.
Quem não quiser
sofrer muito
Peça a Deus pra
perecer
Antes dos setenta
anos
Só pra vida não
sofrer
Pois se chegar aos
oitenta
E descambar pros
noventa
Vai sofrer até morrer.
Se você leu e não gostou, não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Biografia do autor:
José Mendes Pereira, filho
de Pedro Nél Pereira e de Antônia Mendes Pereira. Nasceu no dia 23 de maio d
1950, no Sítio Barrinha, município de Mossoró. Os primeiros anos primários
estudou na Escola Isolada de Barrinha. Concluiu o 5° ano na Casa de Menores
Mário Negócio, hoje extinta.
Foi tipógrafo durante
dez anos na Editora Comercial S/A.
Em 1969, fez o exame
de admissão na Escola Técnica de Comércio “União Caixeiral”, e sendo aprovado,
estudou o primeiro ano ginasial. E no ano seguinte, se transferiu para o
Ginásio Municipal de Mossoró, onde concluiu o ginásio.
Em 1973,
matriculou-se na Escola Estadual Jerônimo Rosado, e em 1975 concluiu o 2° grau
cientifico, nos dias de hoje, ensino médio.
Em 1976, inscreveu-se
no concurso vestibular da Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte
(FURRN), atual (UERN), em 1981, formou-se pelo Instituto de Letras e Artes da
referida universidade. Foi aluno fo curso de direito durante 2 anos, mas desistiu de segui.
Funcionário público Estadual, Professor aposentado, tendo trabalhado nas escolas: Escola Estadual Professor Manoel João, Escola Estadual José Martins de Vasconcelos e na Escola Estadual Antônio de Souza Machado. Não é poeta. Faz algumas estrofes por intuição.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário