Por José
Mendes Pereira - (Crônica 82)
http://www.colorir.8a8.co/index.php?codigo=6561
Seu Galdino
aparentava morfino, mas os invejosos já diziam que ele não tinha nada de
doença, estava se fazendo, na finalidade de adquirir o que todo brasileiro quer,
um dia dizer para todos: “Finalmente, estou aposentado, meus amigos!”.
A luta pela
sua aposentadoria já passava de dois anos, e que não iria desistir, porque,
se os ladrões do "Congresso Nacional do
Brasil" não tinham um tico de dó do “INSS”, quebrando-o, por que ele iria ter
pena, se era um direito seu, assim reza a Constituição Brasileira?
http://segurosinteligentes.com.br/portalrh/ans-publica-novas-regras-para-formacao-de-junta-medica/
Foram 6 vezes que ele foi à junta médica para tentar ser assinada a sua aposentadoria, e
nenhuma deu certo. Seu Galdino ainda não tinha a idade completa para tal fim,
assim exige no regimento da seguradora. Agora, por último, era usar as suas
artimanhas.
http://blogcarlossantos.com.br/peregrinacao-de-santa-luzia-comeca-a-mexer-com-fieis/
Foi em uma
noite enluarada do dia 13 de dezembro numa festa de “Santa Luzia” padroeira da
cidade de Mossoró que Seu Galdino conheceu o Dr. Belisário, um novo membro da
junta médica do “INSS” local. Seu Galdino estava com a sua esposa Dionísia aguardando
a chegada do seu Leodoro e dona Gertrudes, que haviam saído da mesa para um
passeio ao redor dos festeiros, e nesse momento, o doutor Belisário procurava
uma mesa que estivesse desocupada para se acomodar com a sua esposa. Não a
encontrando pediu que seu Galdino os deixassem ficar ali em sua mesa por alguns minutos,
até que aparecesse lugar. E seu Galdino não lhe negou a solicitação, foi
gentil, e até levantou-se da cadeira para receber o casal.
No vai e vem
da conversa no meio de muitos comes e bebes seu Galdino tomou conhecimento da
função daquele homem que tinha aparência de gente da sociedade, um médico de
primeira linha, até então, ele não sabia que o homem era famoso e dos
melhores na profissão, iria ocupar uma vaga na junta médica do “INSS”.
Agora sim, seu
Galdino estava com a faca e o queijo nas mãos para tentar com o médico a sua
aposentadoria, ou até mesmo, um benefício, já que o homem era da junta médica.
Sem dar a entender, seu Galdino ficou ali, querendo saber quais eram os seus
desejos sobre comidas.
O médico foi
lhe dizendo que gostava muito de carne de bode, de ovelha, de galinha, não
tinha muita ambição pela carne de gado, mas sempre comia, peixe, melhor que
todas as outras, e principalmente, crustáceos, para ele era um dos melhores pratos, camarões, caranguejos, siris etc.
http://animais.hi7.co/siri-x-caranguejo--quais-as-diferencas-57a979d4938c8.html
Sabendo do que
o médico gostava seu Galdino deu por encerrada a pequena entrevista improvisada,
já que nunca fora um jornalista.
Sendo veterano
solicitador do seu direito junto ao órgão “INSS” seu Galdino repassou ao médico
as dificuldades que vinha enfrentando para ser beneficiado com o que era de
lei, a sua aposentadoria.
O Dr. Belisário foi franco, dizendo-lhe o seguinte:
- Para ganhar o direito da aposentadoria primeiro
do que tudo, terá que ter a idade completa, assim reza a lei, explicava o Dr. Belisário. No caso que não seja por idade, seu Galdino, precisa que seja diagnosticado
doenças no paciente, assim, os três médicos assinam o direito sem nenhuma dificuldade.
Aqueles pacientes que têm problemas mentais são os mais fáceis para receberem as
suas aposentadorias, porque as suas doenças são diagnosticadas mediante as suas
ações...
- Sim senhor!
- Fez seu Galdino arregalando os olhos
quando o médico falou em problemas mentais.
- Alguns
problemas mentais, continuava o esculápio, como a esquizofrenia, o distúrbio da
bipolaridade e a depressão, são fortemente ligados à genética. Se alguém na
família tiver sido diagnosticado com doenças destes tipos que eu falei o
paciente pode ser mais vulnerável a desenvolver algo relacionado.
Seu Galdino só
fazia ouvir o esclarecimento do médico. Mas o seu “eu” lhe dizia que ele tinha
que fazer algo diferente.
Dias depois,
novamente, seu Galdino chegara à junta médica e bem preparado. Uma bolsa
confeccionada artesanalmente e bem pesada em uma das mãos, e na sala de espera,
seu Galdino aguardava a sua vez para chegar até ela. Pouco tempo, chegou a
sua vez, e entrou tranquilamente como se
nada estivesse o incomodando.
O médico que
conhecera na festa de Santa Luzia o Belisário assim que o viu dentro da sala da
junta médica de imediato o reconheceu, e seu Galdino não demorou muito para lhe
dizer que havia levado um presente que ele muito gostava, “siris”. O médico
ficou sorrindo, porque eles eram o seu melhor prato.
E
entregando-lhe a bolsa o médico Belisário abriu-a e ficou observando aqueles
estranhos animais que nem pareciam “siris”. Reconhecendo-os, soltou a bolsa no
chão e fez carreira para fora da sala. Uma porção de sapos todos amarrados
pelos pés (patas) como se fossem siris. Jias, rãs estavam soltas, saíram
da bolsa e ficaram pulando no pequeno espaço da sala. Os três médicos se mandaram aos gritos, com
medo de tantos répteis ali. A atendente desmaiou e foi preciso chamar o
socorro.
Um dos médicos
disse que aquilo era caso de polícia, mas o dr. Belisário o convenceu, dizendo-lhe que
seu Galdino estava mesmo era ruim da bola, era necessário ver com calma o seu
caso.
Seu Galdino
ficou ali como se fosse um maluco, forçando os olhos para ficarem enormes dentro da cavidade e nada temia, e em seguida, juntou as jias, as rãs, que depois de domadas, seu Galdino atufou-as dentro da
bolsa.
Passado o susto
os médicos retornaram à sala com um resultado favorável ao seu Galdino, perceberam
que ele não “batia bem da cachola”, entregando-lhe o direito da sua
aposentadoria.
Seu Galdino
saiu mais do que feliz, e ao se ausentar da sala, disse consigo mesmo: “- Quem
não chora, não mama! Imagina quanto tempo eu iria levar para me aposentar se eu
não usasse as minhas artimanhas? Mas eu já tinha pensado que se eu não
conseguisse a minha aposentadoria, iria presentear a junta médica com três
oncinhas bem irritadinhas, uma para cada médico! E eu brinco!”
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