Por José
Mendes Pereira - (Crônica 83)
O que é
paparazzi?
No dicionário
Aurélio paparazzi são profissionais que se dedicam a tirar fotos indiscretas de
pessoas conhecidas ou ilustres.
No nosso caso
vamos aportuguesar esta palavra, passando a ser escrita, paparazo e lhe dando o
feminino, paparaza. É claro que ela não significa o que segue, mas façamos de
conta que sim. É apenas uma brincadeirinha.
Em todas as
repartições públicas o diretor tem duas pessoas de grande confiança, elas são
as suas paparazas, que se encarregam de todas as coisas relacionadas com a sua
administração.
Vamos
nomeá-las para que nós entendamos melhor o que segue.
A primeira
paparaza é a Marcileide. Sempre está sentada ao lado direito do diretor, e se
encarrega dos papéis, arrumando-os com muito cuidado, olhando se estão
assinados, carimbados, e se os mesmos estão selecionados. Tem o maior prazer de
carimbar diante do diretor. Tuf. Tuf. Torce muito para que algum deles esteja
faltando a assinatura do diretor, para ter o gosto de dizer:
- Seu Paulo,
falta o senhor assinar este.
E
o diretor cheio de ponderações, jamais teve
tanto agrado, até mesmo em casa, sorri dizendo-lhe:
- Tem razão!
Eu tinha me esquecido. Obrigado! Agradece ele com um obrigado lacônico.
E quando tem
contas para pagar a Marcileide está atenta! Sim senhor! Oferece-se para ir
fazer o pagamento no banco, e muitas vezes, ela não tem nem tempo para
isso.
- Não posso
negar nada a ele. Afinal minha gente, ele é o meu diretor.
Diz isso a
todos, na finalidade do diretor tomar conhecimento através das outras pessoas,
que ela é muito responsável em tudo que toma de conta.
A segunda
paparaza é a Kátia. Geralmente se senta ao lado esquerdo do diretor, e se
encarrega de uma fofoca, mas ela não imagina que a turma já observou o seu
comportamento de fofoqueira.
- Eu não tenho
certeza seu Paulo, mas pelo que me falaram..., Deus me livre dele saber que eu
comentei ao senhor..., pelo amor de Deus, o senhor não comente isso a
ninguém..., mas foi ele quem rasgou os livros..., quebrou a garrafa de café...,
quem criticou da sua administração...
Também é
encarrega de um docinho, água bem geladinha, bolachinha, de um cafezinho, e tem
o maior cuidado com as xícaras para que não estejam com cheiro de baratas. O
café não pode ser forte. Daí a pouco, ela aparece com o sorriso no rosto. E em suas mãos, um cafezinho para o
diretor.
- Quer um
cafezinho, seu Paulo? - Diz ela bem educadamente.
- Lógico! Exclama
ele. Recebe das mãos dela e começa a tomar.
Minutos depois
ela pergunta meio desconfiada:
- O café está
gostoso?
- Além de bom!
Está ótimo! – Responde ele num tom de admiração..., é Kimimo ou
Santa Clara?
- É Kimimo.
Mas se o senhor gosta mais do Santa Clara amanhã eu o compro.
- Não, Não!
Faz ele meio sem graça. Não tenho opções. Todos são cafés.
- Está
doce?
- Está! E
gostoso!
- Nessa
vasilha tem bolachas. – Diz ela meio tímida e sorrindo.
O diretor
apodera-se de uma bolacha, mas não é a do seu gosto. Bolacha
recheada é para criança que ainda não mudou os seus dentes de leite. Afinal,
ele cuida bem dos seus. Habitualmente ele vai ao dentista para fazer limpeza. Mas continua
comendo, quase sem querer descer na hora de engolir.
A Kátia está
ali por perto, quase como uma mãe protetora, e não desgruda o olhar.
Mas de repente, ela nota coisas diferentes com o diretor, e pergunta-lhe:
- O que houve, seu Paulo?
- Nada! Nada!
– Diz ele quase entalado.
- O senhor
quer um copo d’água?
- Não, não é
necessário!
E ele continua
comendo, e vez por outra faz: unrum, mastiga, bebe água e tome água e unrum, e
tome café e unrum, e tome mais bolachas, unrum...
O diretor não
precisa se preocupar, pois ao seu lado está uma grande protetora. É uma coisa
fantástica o zelo que ela tem com o diretor.
Mas o seu
Paulo parece que está querendo provocar, e está engasgado, causado pelas
bolachas. E de vez em quando quer cair sobre o birô, quer provocar, com um
enjoo terrível. Tenta jogar fora o que comeu, mas não tem jeito, apenas está
com nojo das bolachas recheadas. Abre a boca para vomitar, tem uma boca enorme,
pois se tentar, cabe um pacote de pão de forma.
- Meu
Deus! Que homem de boca grande! - Admira-se a Kátia com a voz
baixinha para que ele não a
perceba.
Mas ela
continua preocupada. Afinal, foi a única causadora de tudo, pois o diretor não é
criança para estar comendo bolachas recheadas.
- Quer mais um
copo d’água, seu Paulo?
-Não! Não! –
Eu estou bem, obrigado! Não se preocupe comigo! Já passou. - Diz ele passando a
mão sobre a barriga...
E assim são os paparazos de um diretor.
E assim são os paparazos de um diretor.
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