Por José
Mendes Pereira - Crônica 84)
Dona Dolores.
Só. Não tenho conhecimento do seu verdadeiro nome. Era uma senhora
magra, sem beleza física, bastante morena, no bom sentido, negra, e
de branco somente os dentes quando sorria. Cabelos enroscadinhos ao crânio.
Mas era uma pessoa muito humana, que gostava de ajudar as pessoas
carentes, menos bebidas e entrada para o seu forró. Só bebia e só dançava se
pagasse adiantado.
Ela afirmava
que era paulista de corpo e alma. Mas outros diziam que a dona Dolores não
sabia nem para qual lado ficava São Paulo, e nascera em terras
mossoroenses. Se era ou não paulista fundou um bar com o nome de fantasia
"Bar da Paulistinha", e posteriormente, um famoso forró em um bairro de Mossoró, e por lá, vivia sem muitas dificuldades, comprando e
pagando os seus estoques de bebidas que sustentavam o forró nos finais de
semana. Era famoso o seu forró. Aos sábados, o ambiente ficava lotado de
dançadores e dançadoras.
João Caio
apesar de ser perseguido pela mulherada devido ser um grande dançador de forró,
era solteirão, e vivia de consertar automóveis. Sendo muito econômico não
fumava e nem bebia, trabalhava a semana inteira, e aos sábados, sem exceção,
encontrava-se no forró da dona Dolores para gastar o que havia ganhado no seu
ofício de mecânico.
João Caio
recebera lá da Paraíba uma notícia que o seu pai havia falecido. Arrumou-se,
pegou o ônibus e foi participar do velório do seu genitor. E durante os dias
que lá ficou, gastou tudo quando levou, e ao retornar, chegou totalmente sem dinheiro. Mas o falecimento
do seu pai não o fez desistir de ir ao forró da dona Dolores, porque era
viciadíssimo. Mesmo liso, saiu de casa na certeza que a dona Dolores o deixaria
entrar para o forró, e pagaria as despesas feitas por ele na semana entrante.
saojoao.leiaja.com
Ao chegar ao ambiente o
forró já havia iniciado. Falou com o porteiro que o deixasse entrar, na semana
seguinte pagaria o atrasado. Mas o porteiro alegou que não era o
dono do forró, isso só com ordem da dona Dolores.
Sem chance de
entrar pediu que ele a chamasse, pois tinha certeza que ela o deixaria entrar,
já que era um freguês desde a primeira noite que o forró surgira.
Assim que a
dona Dolores chegou até entrada do salão João Caio repassou para ela que estava
sem dinheiro, porque o seu pai havia falecido, e foi necessário ele fazer uma
viagem até a Paraíba para assistir o sepultamento dele. Como havia chegado
naquele dia, não fizera serviços de mecânicas. Por isso estava sem dinheiro, e
queria entrar para dançar.
Mas a dona
Dolores foi curta e sincera, afirmando-lhe que não aceitava de jeito nenhum ninguém entrar em seu forró sem pagar.
João Caio
tentou novamente convencê-la para liberar a sua entrada. Mas ela usou as mesmas
palavras.
Sem chance de
participar do forró João Caio perguntou-lhe:
- Quer dizer
que a senhora não vai me deixar entrar para o forró esta noite, é isso mesmo, dona Dolores?
- É isso mesmo
o que o senhor ouviu da minha boca. Não deixo ninguém entrar no meu forró sem
pagar a entrada antes. - Dizia dona Dolores com muita autoridade.
- A senhora
tem razão, dona Dolores - dizia João Caio - o forró é seu. Mas amanhã logo cedo, eu vou até ao
Ibama, e vou dizer lá que tome as necessárias providências, porque aqui
neste forró, tem uma macaca presa!
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A macaca que
João Caio se referia era a dona Dolores por ser magra, feia e mal arrumada,
aparentava uma macaca.
Depois disso,
o João Caio nunca mais colocou os seus pés no forró da dona Dolores.
Como o João Caio dançava muito, tinha momentos que os dançadores não caíam na dança, ficavam
olhando o remelexo do homem com a sua parceira.
Com a ausência
do dançador e a mulherada gostava de cair na dança agarrada a ele o forró foi
fracassando, chegou ao ponto de fechar as suas portas.
Minhas Simples
Histórias
Se você não
gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2013/10/bar-e-forro-da-paulistinha-cuidado-o.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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