Por José
Mendes Pereira - (Crônica 41)
Alguns me
chamam Pety, Leão, Scoob, Joy, nomes que me fazem feliz. Enquanto outros me
chamam de Vira-lata, Cachorro..., Mas de todos que mais me aborrece é quando me
tratam de Cão. Não tenho nenhuma aparência de Lúcifer. E por que me comparam
com ele?
Nunca fui
tratado com respeito e dignidade, apenas vez por outra alguém me agrada, mas
logo me ameaça com chicotes, dando-me violentas pancadas.
Se eu adoecer,
são poucos que têm dó de mim, levando-me a um simples prático veterinário, que
ainda abra a boca e diz para o meu comandante: “Se ele fosse meu, eu o
sacrificaria”.
Estou sempre
pronto para defender o meu comandante, e ai daquele que se atrever em tocar-lhe
a mão, parto sem armas para cima do agressor, e por ele, com os meus afiados
caninos, sou capaz de morrer ao seu lado.
Sou eu quem
defende todos, mas não me dão mais do que um resto de comida misturado com
ossos, que às vezes me engasgo, chegando até morrer.
Sei que sou
cão e quase nada valho para os que me ordenam. E sou realmente cachorro, mas
não sou tão cachorro tanto quanto um homem cachorro.
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