Por José Mendes Pereira - (Crônica 14)
Meu amigo e
irmão Raimundo Feliciano:
Sobre o Tiro
de Guerra de Mossoró temos muitas coisas a relatarmos, e uma delas, os antigos
e surrados fardamentos que nós recebíamos no TG.
Naquele tempo,
nenhum de nós teve o prazer de vestir fardas inteiramente novas, todas já
tinham sido usadas pelas tropas de Natal, sujas, imundas, e muitas delas, além
de rasgadas, eram necessária uma costureira repará-las, remendando-as aqui e
ali, porque já eram bastante surradas, e até a cor verde de muitas, já havia
desaparecido.
Você sabe
muito bem que quando chegavam os uniformes para nós atiradores, eram todos
jogados no chão da quadra, para que cada um escolhesse o que mais se aproximava
da sua medida.
E os coturnos
lembram? Eram necessária a participação de um sapateiro profissional para que
ele colocasse pregos nos solados, do contrário, andávamos sem segurança, pois
se não fossem consertados, estávamos sujeitos a perdermos os solados dos
coturnos em uma marcha.
Mas nós
sabíamos que os sargentos não tinham culpa deste desprezo aos atiradores. Os
patenteados tinham vontade de verem os seus comandados com fardamentos,
coturnos, cintos de guarnição, cantis... novos. Mas, infelizmente, eles nunca
realizaram os seus desejos, porque o governo federal não tinha o mínimo
interesse de organizar o exército brasileiro.
Certo dia, em
uma das marchas que fizemos pela estada de Governador Dix-sept Rosado eu fui um dos que
mais sofreu, causado por um prego cravando o meu calcanhar esquerdo. Devido a
estrada ter sido feita com piçarra, quando eu pisava em uma pedra, o prego
ficava furando o meu calcanhar.
Chamei o
sargento Moura e lhe disse que eu não tinha condições de continuar a marcha,
que eu deveria ir no jeep (este nos seguia atrás para um possível socorro),
alegando-lhe que um prego no coturno estava me furando, e eu não iria aguentar
aquele sofrimento, porque eu já sentia que dentro do coturno estava cheio de
sangue.
O sargento
Moura ficou me xingando, dizendo-me que era manha minha, e que aquilo não
passava de relaxamento meu, e já que eu sabia que naquela madrugada nós iríamos
caminhar até às terras de Governador Dix-sept Rosado, um dia antes, eu deveria
ter feito um reparo geral nos coturnos, batendo todos os pregos, que
possivelmente, poderiam me afetar.
Ao chegarmos
no local do acampamento improvisado, no meio de uma porção de carnaubeiras, e à
beira do rio, eu retirei o coturno, e lá, senti o alívio do que me incomodava
naquele momento. Chamei o sargento Moura para que ele visse de perto o estrago
que o prego havia feito em meu calcanhar.
Reconhecendo o
seu erro, por não ter aceitado eu seguisse no jeep, disse-me que no retorno eu
voltaria no automóvel. E assim foi feito. Ao retornarmos da marcha, eu vim no
jeep, mangando de vocês, que além de cansados, o sol estava mais quente do que
nunca.
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ALERTA AO
LEITOR E LEITORA!
Quando estiver
no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou,
não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro
seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional,
você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as
verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no
trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão.
Você pode não conduzir arma, mas o outro, quem sabe! Carregará consigo uma
maldita matadora, e ele poderá não perdoar a sua ignorância.
http://josemendeshistoriador.blogspot.com
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