sábado, 20 de janeiro de 2018

SEU GALDINO DEIXA O CAMPO E VAI À PROCISSÃO DE NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES EM AREIA BRANCA

Por José Mendes Pereira - (Crônica 04)

Areia Branca é uma cidade localizada no Estado do Rio Grande do Norte, e está distante da capital Natal - 330 km, e Mossoró cidade adjacente são 42 k de distância percorrido por automóveis. A cidade tem suas belas praias de areias brancas, dunas e falésias, apresentando uma das mais ricas e variáveis formações geográficas do Estado. O município é um dos maiores produtores de sal do Brasil, e que é conhecido por "Terra do Sal".


Em 2007 sua população era estimada em 25.124 habitantes, e o município tem uma área territorial de 358 km2. Foi emancipada de Mossoró através da Lei nº 10, de 16 de fevereiro de 1892.

Limita-se com os municípios de Grossos (Oeste), Mossoró e Serra do Mel (Sul) e Porto do Mangue (Leste), e ao Norte é banhado pelo Oceano Atlântico. Areia Branca tem Porto, (denominado Porto Ilha), uma das maiores obras do então presidente Emílio Garrastazu Médici, mas é distante da cidade e é construído em alto-mar. Apesar de ter seu cais são poucos areia-branquenses que conhecem de perto navios. Com este total de habitantes, talvez, apenas mil pessoas já chegaram a ver de pertinho um navio de grande porte.


14 de agosto, pela tarde, de malas nas mãos, seu Galdino Borba(GATO) de Mend(ONÇA) Filho foi à Areia Branca, para aguardar o momento da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, na cidade do sal, que acontece todo dia 15 de agosto de cada ano.

A dona Dionísia ficou em casa cuidando da fazenda, enquanto o seu Galdino pagava promessa. Mas ele não embarcou nos barcos, afirmando que não tinha coragem para navegar no mar. Sabia que iria ser muito criticado, porque em terras, pegava onças na carreira. Mas é assim mesmo. Cada um como Deus o fez, dizia ele.

E assim que as festividades terminaram seu Galdino dirigiu-se à estação de ônibus, para pegar transporte, que funciona nas imediações da matriz de Nossa Senhora dos Navegantes, bem próximo ao cais. Ao chegar, tentou ocupar um lugarzinho no automóvel, mas foi impedido, pois, o ônibus, já estava totalmente lotado de passageiros.

Querendo um lugarzinho, e se não fizesse algo diferente para ludibriar os passageiros, não chegaria à Mossoró naquele dia, logo saiu com uma invenção:

- Pessoal, eu vi agora uma coisa que eu nunca tinha visto em toda minha vida. Chegou agora a pouco no cais, um enorme navio. Pelo que eu calculei, ele tem pra mais de 200 metros de comprimentos.

O primeiro a descer do automóvel foi o motorista, que de imediato, o abandonou. Em seguida, os passageiros enlouquecidos, foram saindo quase atropelando uns aos outros, na intenção de verem aquele navio. Nunca tinham visto tal coisa. Desceram e saíram em correrias em direção ao cais, para verem o grande navio.

Seu Galdino que dera a falsa notícia entrou no ônibus, colocou a sua mala no bagageiro, e ficou aguardando aquela gente. E sabendo que talvez pudesse levar umas boas lapadas dos viajantes, assim que eles retornassem ao ônibus, abriu a mala, tirou calça e camisa, vestindo-se rapidamente, para que os passageiros não o reconhecessem. E ali, tornou a ocupar uma das poltronas, aguardando o retorno dos enganados. Depois de quinze minutos, já chateado com tanta demora dos passageiros, seu Galdino disse consigo mesmo: “- Será que chegou mesmo um navio no cais?”.

Indeciso, achou que a sua mentira tornara-se verdade, e foi até lá, para ter certeza se o que ele dissera, era verdade.

No meio do percurso encontrou todos os passageiros de volta, que por sorte, não o reconheceram, porque ele estava com roupas diferentes.

Seu Galdino foi até ao cais, observou, mas nada viu. Apenas alguns pequenos barcos flutuavam nas esverdinhadas águas marítimas.

Logo, retornou ao ônibus, e ao chegar, novamente, o automóvel estava totalmente lotado com os mesmos passageiros. Apenas sua mala estava jogada sobre o piso do automóvel.

- Cuis diabo! Agora só irei a amanhã! - Disse seu Galdino com irritação.
E assim, seu Galdino voltou para o hotel que havia se hospedado um dia antes.

Minhas simples histórias

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