sábado, 20 de janeiro de 2018

O MANELÃO VALENTÃO

Por José Mendes Pereira - (Crônica 04)
https://pt.depositphotos.com/vector-images/homenzarr%C3%A3o.html

O lugarejo todo já tinha sido informado que um  enorme homem, desajeitado  e valentíssimo estava para chegar. E todos os moradores se preparassem, pois o avantajado homem não tinha dó de ninguém. Cada indivíduo tomasse um lugar para se proteger dos absurdos que ele praticava.   Matava só com um soco e mais nada, só para ver a queda do infeliz. E todos tentaram se esconder para não serem vítimas do valentão. 
      
O dono de uma pequeninha lanchonete precisava se ausentar do seu comércio, e ao sair, disse ao seu empregado:       
      
- Eu tenho que resolver algumas coisas na feira, e talvez eu não volte mais hoje.  Se você ouvir falar que  o tal do Manelão está no lugarejo, dê por encerrado o movimento de fregueses. Cuida logo de baixar as portas, e não se demore, faça fiapo em busca de casa.       
      
Mas assim que o dono da lanchonete saiu, infelizmente, um homenzarrão chegou pelas laterais da quitanda. E Alguém que já corria pelas avenidas, gritou:
       
- Pelo amor de Deus! Corram que o maldito Manelão já se aproxima por aí!
    
O homenzarrão parecia o "king Kong", barbudo, braços grossos, de voz assustadora. Chegara montando num avantajado touro brabo. O animal parecia temer o homenzarrão. Ficou quietinho em seu lugar. Nem precisou ser amarrado.
   
E foi aquela correria. Mulheres perderam filhos no meio do movimento. Um velho sapateiro que cochilava em uma espreguiçadeira de frente à rua,  ao ver o homenzarrão, e ao se levantar, caiu lá embaixo da calçada. 

Um comerciante ambulante que vendia pães em um balaio, ao correr, perdeu todos, restando-lhe apenas o balaio desajeitado em sua cabeça. Os homens não esperaram por nada, e não quiseram saber nem um pouco do Manelão.
          
No alvoroço, querendo se salvar das enormes mãos do homenzarrão, o empregado enrolou-se a uma cadeira ginga-ginga, e foi ao chão.  E enquanto tentava se levantar do chão, ao levantar a vista, viu o valentão entrando com seus passos longos e desajeitados.  
        
Quando ele entrou, foi logo de encontro ao empregado, e  sapecou um murro no forte balcão, mas mesmo assim, o desmontou de uma só vez, gritando com um assustador vozeirão:
              
- Me dá uma cachaça aí logo, sua peste!
         
- E lá veio o empregado correndo com a garrafa de cachaça às mãos.
         
O valentão não esperou que o empregado a abrisse. Arrebatou-a das mãos, quebrou o gargalho sobre o resto de balcão que ainda teimava ficar em pé,  e bebeu tudo de uma vez só, não ligando para flepas de vidro.
        
O empregado já havia dito a Deus que iria devolver o seu espírito, pois diante daquele homenzarrão, já sabia qual seria o seu fim.
           
- O senhor quer outra! - perguntou o empregado procurando agradá-lo, já se desmanchando em mijo e outras coisas estranhas.
        
- Não, sua peste! Deus me livre! Num dá tempo não!
       
- Mas por que não dá tempo? - quis saber o empregado, mesmo trêmulo.
        
- Não dá tempo porque o Manelão vem aí!
       
O homenzarrão saiu do bar, cuspiu fortemente, pigarreou, pôs uma enorme marca de fumo na boca, montou-se no seu touro bravo e tome espora,  e se mandou com medo do Manelão que estava para chegar no lugarejo.
        
O homenzarrão só tinha tamanho. Medroso ao extremo.

Minhas simples histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro, mas se gostou, diga aos seus amigos para que eles a conheçam também.
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

Se você achar que vale a pena e quiser perder um tempinho, clique nos links abaixo:

São trabalhos feitos com especial carinho para você, leitor!

http://josemendeshistoriador.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário

MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...