terça-feira, 6 de julho de 2021

UM FILME REAL COM LAMPIÃO E SEU RESPEITADO BANDO DE CANGACEIROS, FEITO NA CAATINGA NORDESTINA POR BENJAMIN ABRAHÃO CALIL BOTTO.

  Por José Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?v=lmqd-ijH2cQ&ab_channel=Hist%C3%B3riadoCinemaBrasileiro

Meu grande amigo que está tentando estudar o cangaço de Lampião ou de modo geral, tenha interesse de ver estas filmagens feitas na caatinga do nordeste brasileiro, pelo então Sírio-libanês Benjamin Abrahão Calil Botto "Zahlé" (em árabe), também chamada de Zahlah ou Zahleh) e é a capital de BeqaaLíbano. Benjamin Abrahão nasceu no ano de 1890. 

Abrahão foi amigo e secretário do padre Cícero Romão Batista, e fotógrafo responsável pelo registro iconográfico do cangaço e de seu admirado líder cangaceiro nordestino Virgolino Ferreira da Silva, o facínora mais estudado, biografado, respeitado, afamado e sanguinário capitão Lampião. 

O Sírio-libanês Abrahão Benjamin Calil Botto teve uma morte muito triste, quando foi esfaqueado com 42 facadas, no dia 7 de maio de 1938, aos 48 anos, durante o Estado Novo, 2 meses antes da morte do capitão Lampião, que foi tocaiado e assassinado na fatídica madrugada do dia 28 de julho de 1938, em terras de Porto da Folha, atual Poço Redondo, na Grota do Angico, Fazenda Forquilha, no Estado de Sergipe. 

Benjamin Abrahão Botto

O Benjamin foi comerciante de tecidos, de miudezas e de produtos típicos nordestinos. Principalmente em Recife, e depois fez comércio no Juazeiro do Norte do Padre Cícero Romão batista, e em sua companhia seguiam, dois burros de nome "Assanhado e Buril", mais um cavalo nomeado de "Sultão". Todo este seu esforço, era simplesmente atraído pela grande frequência de romeiros na cidade do padre.

Benjamin Abrahão conheceu Virgolino Ferreira da Silva o Lampião em 1926, quando este fez visita ao Juazeiro, com a finalidade de receber a bênção do padre e a patente de capitão do exército, para perseguir a Coluna Prestes. Em 1924, Lampião e Benjamin estiveram na cidade de Juazeiro, mas não cehgaram a se conheceram. 

A patente foi feita com ordem do padre pelo então funcionário federal Pedro de Albuquerque Uchoa, e falam que esta tal patente foi uma autorização dada ao deputado federal Floro Bartolomeu, pelo próprio presidente da república "na época", Artur da Silva Bernardes (1875-1955),  patente que não tinha nenhum valor, porque ela não foi considerada nos demais Estados nordestinos, e além do mais, teria que está ligada ao exército brasileiro. 

E assim, nem Lampião e nem os cangaceiros efetuaram perseguição à Coluna Prestes, vez que o ódio dominou o capitão, ao saber que era apenas uma maneira de ludibriá-lo. E a partir dali, ficou decepcionado, mas muitos pagaram por isso, até mesmo pessoas inocentes que foram assassinadas pelas suas armas.

Eu não sei o porquê de Lampião ter caído nesta de ser patenteado no Juazeiro do Norte como capitão. Baseio-me na sua inteligência, porque, para ser capitão do exército brasileiro, tem que passar primeiro pelas seguintes patentes: 

1 - Soldado, 2 - Taifeiro, 3 - Cabo, 4 - Terceiro-sargento, 5 - Segundo-sargento, 6 - Primeiro-sargento (cuida de tarefas administrativas), 7 - Subtenente, 8 - Aspirante, 9 - Segundo-tenente, 10  - Primeiro-tenente, e aí será  capitão, e nesse caso, seria a 11ª. patente no exército brasileiro.

Após a morte do Padre Cícero, Abrahão Benjamin resolveu solicitar uma coisa perigosa, que foi mandar pedir ao rei do cangaço, a permissão para acompanhá-lo na caatinga e filmá-lo juntamente com  o seu bando de facínoras, e realizar as imagens que o imortalizaram. E sem nenhuma dificuldades o capitão aceitou. Mas para realizar este legado, ele teve a ajuda do cearense Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da ABAFILMEM que, emprestou os equipamentos de filmagem, e ainda ensinou como operá-los. 

Ademar Bezerra de Albuquerque dono da Abafilmes

Os  trabalhos do Abrahão foram apreendidos pela ditadura de Getúlio Vargas. Guardada pela família Elihimas, migrantes libaneses, em Pernambuco, a película foi analisada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP, um órgão de censura atuante durante o Estado Novo

Sobre a morte do Abrahão, uns dizem que teria sido queima de arquivo. Outros afirmam que não. A causa da morte do Benjamin, teria sido praticada por um jovem que estava com ciúmes da sua esposa com o libanês, e acabou o assassinando. 

Mas ainda outros falam que ele morreu após ser agredido com quarenta e duas facadas, crime que jamais foi esclarecido, tanto na autoria como na motivação, e a especulação, ter sido mais uma das mortes arquitetadas pelo sistema, como outras ocorridas em situação análoga, a exemplo de Horácio de Matos, embora exista a versão de que o fotógrafo sírio-libanês teria sido alvo de roubo, apesar de com este nada de valor haver.

Mas vamos deixar pra lá o Benjamin. Você que está começando a estudar o tema "cangaço", você eu, vamos assistir com cautela ao vídeo real, tendo como personagens "de verdade, não são atores" Lampião, Maria Bonita e todos os seus corajosos algozes. 

Só como ilustração

O filme foi feito na caatinga nos anos de 1936 e 1937, mas foi proibido pela ditadura de ser exibido em telas cinematográficas, e as latas que guardavam as películas, foram estragadas pela ferrugem, restando apenas um pouco mais de 14 minutos de projeção.

Às vezes encontramos pessoas que nos condenam, simplesmente, porque estudamos cangaço. Que mal faz  estudar cangaço? E o que faremos com a história de Jesus que sofreu um inferno, por ter sido pregado em uma cruz pelos carrascos que o condenavam? Teremos que abandonar o estudo bíblico? E as guerras que matam e destroem cidades inteiras? Então, temos que abandonar todo tipo de estudo, onde matam pessoas, já que é considerado crime? Não somos nós que cometemos crimes. 

O filme não tem uma sequência, como por exemplo, romance, história..., mas foram gravadas imagens do dia a dia dos congaceiros dentro da caatinga nordestina, como seja um documentário e de grande valor.

Leia o que eu encontrei sobre a sua morte: 

(...) 

A morte dele foi um tanto quanto confusa. O que se sabe é que ele mantinha relações com a mulher de um sapateiro, que era deficiente. Mas o Benjamin também tinha filmado o Lampião, pessoas importantes que tinham relacionamento com Lampião, e eu acho que essa foi a causa da morte dele. Como ele mantinha relacionamento com essa mulher, não sei até onde foi que colocaram na cabeça do sapateiro que ele precisava dar um fim no Benjamin. O genro e o filho do sapateiro mataram o Benjamin com 42 facadas”, diz Araujo.

(...) 

Clique aqui: https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/4142/quem-era-o-imigrante-libanes-que-fez-as-unicas-imagens-de-lampiao

Leitor, que está começando a estudar o tema cangaço, vá em frente! Ler cangaço é cultura. 

Leia sobre cangaço seguindo os blogs: 

http://cariricangaco.blogspot.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com

https://tokdehistoria.com.br

http://joaodesousalima.blogspot.com, 

http://cangaconabahia.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com, 

além de tantos outros que guardam muitas histórias sobre o cangaço.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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