Por José Mendes Pereira
No ano de 1927, após sete anos das mortes de dona Maria Sulena da Purificação (morte natural), e seu pai José Ferreira da Silva ou Santos, este assassinado por arma de fogo, quase cinco meses faltando para uma possível invasão à Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, Lampião e seu mano Antônio Ferreira da Silva, resolveram intranquilizar o Estado de Alagoas, com permanentes invasões, usando o ódio e o poder de vingança sem piedade, e eliminando vidas sertanejas inocentes, mas sem medo, responsabilizando o militar da Polícia de Alagoas, o tenente coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, maior desafeto de Lampião, por ter matado o seu querido e amado pai, enquanto o amado velho debulhava grãos em sua nova residência, no Estado de Alagoas. A maldade que haviam feito com o seu pai, assassinando-o sem motivo nenhum, porque o velho não tinha nada a ver com as suas desordens, o capitão Lampião e o irmão não pretendiam deixar impune.
Se o militar José Lucena o procuravam para eliminá-los do solo sertanejo, que tivesse se embrenhados até as caatingas do nordeste brasileiro, pois era por lá, que eles e toda cangaceirada da sua "Empresa de Cangaceiros Lampiônica Cia" estavam com redes armadas e cachimbos acesos nos coitos que faziam por lá, e não tivesse eliminada a vida de um senhor admirado no meio de toda vizinhança do sertão Pajeuense, principalmente em Vila Bela, nos dias de hoje Serra Talhada.
Um dos motivos das desordens dos irmãos naquele Estado alagoano era para mostrarem ao tenente coronel José Lucena, que a sua imagem como militar, não passava de um simples homem covarde e oportunista, por ter exterminado a vida de um senhor pacato, amigo respeitado por toda gente daquela região que antes morava.
O outro motivo, foi para cobrar do Zé Saturnino por ter usado a sua covardia contra o seu pai, quando antes, ambos, eram compadres, amigos e vizinhos de propriedades, fazendo o velho sair dali, às pressas, privando o direito dele, da sua esposa e de toda família serem felizes na sua amada terra, onde nasceram e se criaram, obrigando-os fugirem do querido chão pernambucano, e os empurrando para as terras que só as conheciam como passeio. Clique neste link e leia sobre a morte de José Ferreira da Silva..., e conheça Senhor Maurício Vieira de Barros, o homem que enterrou o velho Ferreira - https://tokdehistoria.com.br/tag/pai-de-lampiao/
Lá em Pernambuco, seu pai e os seus familiares, com saudades, deixaram para trás, tudo que haviam adquirido com muito trabalho e esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente, um baú de sonhos, sonhos e muitos sonhos que pretendiam tornar realidade. Não querendo que seus filhos continuassem na desgraça, seu José Ferreira da Silva achou que a solução seria abandonar tudo ali, e sem muita demora, vendeu tudo que possuía por um valor insignificante, ganhando como prêmio, um grande prejuíso. Que tamanha infelicidade provocada por um homem que um dia se dizia ser um grande amigo do seu pai!
Lá, em Alagoas, os Ferreiras, filhos e filhas tiveram o desprazer de caminharem para assistirem o sepultamento da sua mãe dona Maria Lopes, que faleceu quase que de repente, infartando. Sentindo bastante desrespeito do Zé Saturnino com o seu esposo, veio a óbito. E com poucos dias que a mãe partira para a eternidade, foi a vez de levarem o pai para enterrá-lo, porque fora assassinado pelas armas do tenente José Lucena.
No silêncio do seu “EU”,acho que o rei dizia que não tinha dúvida, que o principal culpado das suas desventuras, era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem de correrias dentro das matas, tentando ocultarem das volantes que os perseguiam.
O rei do cangaço, talvez, ainda se lastimava que todos os seus antes amigos, viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia. Infelizmente, teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com insetos de todos as espécies, no meio de violentos tiroteios, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome, e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento.
Lampião e seu irmão Antonio sabiam que na região do Pajeú, todas as cidades dali, como Itapetim, Tuparetama, São José do Egito, Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, Calumbi, Serra Talhada, Floresta e Itacuruba, muitas os condenavam como homens perigosos, mas que todos que os julgavam como bandidos cruéis, entendessem o porquê das suas práticas criminosas. Fizeram simplesmente para defenderem o que lhes pertencia, e em prol das suas honras. Se eles não defendessem o que eram seus, com o passar dos tempos, todos iriam querer pisá-los como se nada valessem na vida.
Enquanto descansava sobre o chão dos seus coitos, Lampião ainda imaginava que, se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena para assassinar o seu generoso pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro; e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer, ou outra coisa parecida. Ou ainda se casado com serra-talhadense e construído uma linda e maravilhosa família.
E agora, depois de tantas decepções que os dois manos passaram, principalmente a dolorosa e sofrida morte do José Ferreira da Silva, como os irmãos Ferreiras se vingariam das maldades que fizeram contra eles?
Lampião e o seu mano Antonio Ferreira decepcionados e de cabisbaixas diante da vizinhança, e privados de tudo e de todos, já que não havia como assassinarem os causadores das suas declinações e morte do seu pai por armas de fogo, decidiram que o mais propício para amenizarem mais ou menos as suas dores e sofrimentos, seria fazerem invasões constantes no Estado de Alagoas, não importando com o tipo de atrocidade, vingando-se a maneira deles. Já que tinham perdido o respeito diante da vizinhança lá em Pernambuco, uma ou umas desordem a mais, não influenciavam nada.
E a partir de 11 de janeiro de 1927, Lampião e Antonio Ferreira organizaram-se e com os seus comandados partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, a terra do tenente Zé Lucena, onde destruíam tudo que viam pela frente, não dando tranquilidade aos moradores sertanejos, e geralmente, rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam.
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Informação ao amigo leitor:
Nesse período, Lampião tinha no cangaço apenas o seu irmão Antônio Ferreira da Silva, porque o Livino Ferreira, seu irmão, tinha sido assassinado no ano de 1925. Mas com poucos dias destas bagunças, o Antônio foi morto acidentalmente por balas. Veja vídeo:
O Ezequiel Ferreira da Silva, irmão do capitão Lampião, só entrou para o cangaço, quando o Antônio foi morto, e foi neste mesmo ano de 1927. Quem causou a sua morte foi o cangaceiro Luiz Pedro, um dos cangaceiros da velha guarda de Lampião.
Muitos fatos que aparecem aqui no texto que eu escrevi, são verídicos, mas outros, são apenas as minhas imaginações.
Imaginar, não quer dizer que atrapalha a literatura lampiônica. Sendo para discordar do que foi escrito por pessoas que fazem os seus trabalhos com seriedades, eu sou a primeira pessoa a protestar.
Eu escrevo mais para cultivar a leitura sem atrapalhar os escritores, pesquisadores e cineastas encarregados de organizarem a literatura lampiônica.
Não contrario e nem tão pouco tenho conhecimento para guerrear contra estes catedráticos, no que diz respeito à literatura lampiônica. Eu sou como um cão que fica esperando pélo resto de comida do prato de quem come.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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