Por José Mendes Pereira
Existe uma
pequena diferença com o verbo ir que às vezes a gente fica naquela dúvida vai
para ficar ou vai para voltar, é simplesmente porque o verbo nos força querer
saber se uma delas está errada.
“Vou à escola”
passa a ideia de que o interlocutor (quem fala) irá voltar em questão de horas.
Dessa forma, a noção que temos, como ouvintes, é de algo temporário, ou melhor,
de curta duração.
“Vou para a
escola” já indica um período maior de tempo, praticamente definitivo. O
interlocutor vai, mas não temos ideia de quando volta ou se volta. Obviamente,
dentro de circunstâncias normais, ninguém mora na escola.
Mas quando
dizemos “Vou à casa de meus pais” e “Vou para a casa de meus pais” já existe a
probabilidade do interlocutor estar indo visitar os pais ou morar com eles.
Da mesma forma
ocorre com “Vou à Bahia” e “Vou para a Bahia”. A primeira oração dá a entender
que a pessoa vai passar uns dias na Bahia. Já na segunda, há a possibilidade da
pessoa estar indo residir na Bahia. Mas isso é apenas uma brincadeirinha com o
meu personagem João Maleável. Não se trata de português ao pé da letra.
Eram seis
horas da manhã quando o João Maleável apanhou o ônibus com destino a Pau dos
Ferros. Ia resolver problemas do seu interesse.
Ao entrar no
ônibus fez uma observação para ver se ali iam pessoas conhecidas, que ele
pudesse se sentar ao lado de uma delas. Não viu nenhum conhecido, e em seguida,
sentou-se em uma cadeira que estava paralela ao motorista e perguntou-lhe:
- Este ônibus
vai a Pau dos Ferros?
- Vai sim
senhor! Vai para Pau dos Ferros.
O dono da
sabedoria era um senhor que não gostava de se exibir em determinados assuntos,
mas se tratando de português ele às vezes tinha a mania de se apresentar como
sábio, inteligente...
A viagem
continuava em paz e os passageiros faziam um silêncio total dentro do
transporte.
Daí a pouco o
professor João Maleável tenta recantar o motorista:
- Senhor
motorista, este ônibus vai a Pau dos Ferros ou vai para Pau dos Ferros? Se ele
vai a Pau dos Ferros ele vai e volta - explicava querendo confundir a mente do
motorista, mas se ele vai para Pau dos Ferros ele vai para ficar. Finalmente,
este ônibus vai a Pau dos Ferros ou vai para Pau dos Ferros?
O motorista já
meio encabulado e muito indeciso por não ter conhecimentos de gramática, e
tinha notado que estava diante de um homem letrado, mas se ele tentasse
novamente, com certeza iria lhe dar uma resposta desagradável.
Daí a pouco o
professor João Maleável insistiu novamente dizendo:
- O senhor
calou-se. Por quê?
O motorista
não suportando mais a insistência dele resolveu abrir a boca.
- Eu estou
aqui pensando o seguinte senhor, é que eu não sei se mando o senhor à puta que
te pariu, ou para a puta que te pariu.
- Para que
tanta ignorância, senhor motorista! Só porque não sabe da resposta?
O motorista
calou por total.
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