sábado, 5 de outubro de 2019

JOALHEIRO PAGOU PISTOLEIRO PARA MATAR TODA FAMÍLIA



ADENDO: blogdomendesemendes
"O homem que contratou o pistoleiro para assassinar a sua segunda esposa porque a primeira que se chamava Cidália também foi assassinada por ele, apoderado de ciúmes (segundo fala o escritor Alcino Alves Costa no seu livro "Lampião Além da Versão -  Mentiras e Mistérios de Angico), mandou matar a ex-esposa e filha era o volante Mané Véio que participou da chacina aos cangaceiros na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico em terras da cidade de Poço Redondo no Estado de Sergipe. 

O Mané Véio foi o homem que disse ter matado o cangaceiro Luiz Pedro, mas eu como simples estudante do cangaço e jamais serei autoridade no que diz respeito ao tema, não acredito nesta história.

As informações sobre a morte do cangaceiro Luiz Pedro do Retiro ou Cordeiro são bastantes enfeitadas pelos que forneceram entrevistas a alguns repórteres e pesquisadores do cangaço.  

O escritor Alcino Alves Costa teve grande motivo para escrever o livro “Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico”, quando diz que o que aconteceu na Grota do Angico, em terras da cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, na madrugada de 28 de julho de 1938, não foi o que informaram os depoentes, tanto cangaceiros como policiais que fizeram partes da chacina aos cangaceiros da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia, de propriedade do afamado, perverso e sanguinário Virgolino Ferreira da Silva o rei Lampião.

Claro que em relação a cangaço eu sou apenas um metido, que vivo lendo e comparando o que um escreve, o que outro diz em livro..., mas tento confirmar que, o cangaceiro Luiz Pedro não foi assassinado pelo volante Mané Veio, e sim, quem o matou, foi mesmo balas disparadas e direcionadas pelas volantes policiais através da metralhadora, que tentava eliminar vida por vida de cangaceiros.

As informações de três elementos que se dispuseram falar aos entrevistadores como aconteceu a morte do cangaceiro Luiz Pedro, todas são diferentes, e assim, não se tem o autor da morte do afamado cangaceiro e compadre de Lampião e Maria Bonita.

Em 1973, o cangaceiro Balão cedeu entrevista à Revista Realidade, e para mim, não sei se estou certo, Balão foi o cangaceiro que mais fantasiou as suas respostas. É claro que cada um deles queria levar a sardinha para o seu prato, mas não era necessária tanta fantasia.

O cangaceiro Balão falou o seguinte:

- Luiz Pedro ainda gritou. Vamos pegar o dinheiro e o ouro na barraca de Lampião! Não conseguiu. Caiu atingido por uma rajada. Corri até ele, peguei seu mosquetão e, com Zé Sereno, consegui furar o cerco. Tive a impressão de que a metralhadora enguiçou no momento exato. Para mim foi Deus.– http://www.cangacoemfoco.m.jex.com.br 

Ora! Qual é o homem que tem coragem de ver um sujeito cair atingido por balas e de imediatamente ele vai ao seu encontro, para recolher uma arma ou outra coisa semelhante do morto, sabendo que quem atirou ainda está por ali? Ele já tinha o seu mosquetão, e para que mais outro, e além do mais, foi apanhá-lo no meio do fogo. Meio duvidoso o que afirmou ele.

Pelo dizer do "cangaceiro Balão" quem matou o facínora Luiz Pedro foi uma rajada de balas por uma metralhadora.

Já o cangaceiro Vila Nova disse o que segue:

No dia 14 de novembro de 1938 Iziano Ferreira Lima, o afamado cangaceiro VILA NOVA, afirmou ao “Jornal A Noite”, que estava na Grota de Angico no momento do ataque das volantes ao grupo de Lampião, na madrugada de 28 de julho de 1938. Vejam o que ele fala:

Cangaceiro Vila Nova

– Escapei pela misericórdia de Deus, afirma. Vi quando o CHEFE (o chefe que ele se refere é Lampião) caiu se estrebuchando pelas forças do tenente Ferreira.

Ele fala no tenente Ferreira, mas acho eu, ele quis se referir ao tenente João Bezerra da Silva. 

Continua: 

- Meu padrinho Luiz Pedro caiu ferido nos meus pés. Pediu que o matasse, logo. O que fiz, foi apanhar o seu mosquetão e fugir para as bandas do riacho onde o fogo era menor. Depois da fuga fui me esconder na Fazenda Cuiabá, onde me encontrei com ZÉ SERENO, e outros que puderam fugir do cerco. Ali soubemos que junto com o capitão tinha morrido mais 11 cabras, inclusive D. Maria Bonita”. (Ele diz que morreram 11 cabras. Na verdade foram nove cangaceiros e duas mulheres. O que ele afirma sobre o total de cangaceiros que morreu está correto, mas foram 12 mortos lá na Grota do Angico. 9 cangaceiros, 2 mulheres e um volante de nome Adrião Pedro da Silva.

Uma dúvida que tenho certeza que todos estudiosos do cangaço têm e gostariam de perguntar: O cangaceiro Luiz Pedro estava com dois mosquetões? Porque Balão disse que levou o seu Mosquetão. E o cangaceiro Vila Nova também afirma ter levado o mosquetão do cangaceiro.

Está registrado na literatura do cangaço que quem assassinou o cangaceiro Luiz Pedro foi o volante Mané Veio, mas pelas suas informações não tem como acreditar, porque ele afirma que saiu perseguindo o cangaceiro Luiz Pedro, que ia meio avexado, caminhando rápido, e o volante ao seu encalce, até que chegou em um determinado lugar, e disparou sua arma, fechando o cangaceiro.

Mas vejam bem: Durou muito para que o volante assassinasse o cangaceiro, e por que o cangaceiro Balão, o Vila Nova informaram aos pesquisadores que o Luiz Pedro foi assassinado ali, no meio dos outros?

Na minha humilde opinião e não válida, já que eu sou apenas um metido sobre este tema, o Mané Veio já encontrara o cangaceiro Luiz Pedro morto. Ele mentiu mais do que os outros".

E você leitor, poderá me perguntar: -E você, estava lá? Eu não estava lá, mas pela lógica a gente ver que nem tudo foi verdade. o que disse os depoentes.

FONTE: JORNAL ÚLTIMA HORA, DE 14/07/66.


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