sábado, 6 de julho de 2019

QUEM TINHA MAIS CORAGEM NO QUE SE REFERE À TRAIÇÃO, O CANGACEIRO CONQUISTADOR, OU A CANGACEIRA CONQUISTADA?

Por José Mendes Pereira

Muito difícil de uma explicação, porque o risco que corria o pau, corria o machado, mas, se analisarmos bem direitinho, a cangaceira conquistada era mais corajosa do que o cangaceiro conquistador.

No mundo cangaceiro do Nordeste Brasileiro os pesquisadores e escritores registraram algumas traições de cangaceiras, e até hoje, não se sabe o porquê de suas traições, vez que elas sabiam que no livro de código criado pelo proprietário da “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia”, o rei do cangaço e respeitado capitão Lampião, a mulher, de forma alguma, podia trair o seu companheiro, enquanto estivesse fazendo parte da sua empresa. Se desrespeitasse o código da empresa, seria severamente punida, e a punição, nada mais era ser assassinada pelo seu companheiro, ou pelos seus colegas que pertenciam à empresa.

Tenho notícias de algumas traições de cangaceiras e findaram sendo mortas pelos seus companheiros. Uma delas foi a Lili.

Segundo o escritor Alcino Alves Costa - http://cariricangaco.blogspot.com.br/2012/01/existia-amor-no-cangaco-por-alcino.html - após ser companheira de Lavandeira e de Mané Moreno, a caboclinha do Juá, lá na vastidão do Raso da Catarina, se acamaradou com o temido cangaceiro Moita Braba. Mesmo assim, sabendo que seu companheiro era portador de uma periculosidade extremada, Lili não temeu em coabitar com o cangaceiro Pó-Corante. Eis que um dia ao retornar de mais uma razia, ao chegar ao coito, Moita Braba encontrou a sua Lili nos braços de Pó-Corante. O desalmado cangaceiro não pestanejou, puxou sua arma e disparou vários tiros em sua infeliz e traidora companheira, matando-a instantaneamente.

Àquela vida vivida e sofrida pelas mulheres dentro dos serrados e sem liberdade fez com que algumas delas deixassem de amar os seus companheiros, e tentaram amenizar esta solidão nos braços de outros homens, assim fez a cangaceira Lídia que se apaixonou pelo cangaceiro Bem-te-vi, e vez por outra os dois escapuliam em direção às matas, pra viveram um romance amoroso, até que um cangaceiro de alcunha Coqueiro descobriu e não quis calar, revelando ao seu companheiro Zé Baiano, e sem perdão, ele a assassinou no coito a pauladas.

Um outro caso registrado foi o amor vivido pela cangaceira Cristina que era companheira do cangaceiro Português. Esta o traiu com o cangaceiro Gitirana, mas foi castigada, foi assassinada a facadas por Luiz Pedro, Candeeiro e Vila Nova.

Afirmam os historiadores que Maria de Pancada era a que mais traía o seu companheiro Pancada. Era fogosa ao estremo, e viu, gostou, já estava preparada para um novo acasalamento. Não temia um tico o seu companheiro que vivia mal-humorado. Ela não estava nem aí. Também existem informações que a dona Dulce Menezes também teria traído o seu companheiro Criança, mais isso aconteceu quando não estavam mais no cangaço.


E Maria Bonita traía o seu companheiro o rei Lampião?

Existem histórias fundidas por pessoas que não têm nenhum compromisso com a verdade, afirmando que Maria Bonita tinha caso amoroso com o cangaceiro Luiz Pedro, mas todos os remanescentes de Lampião quando eram entrevistados pelos pesquisadores, escritores, repórteres e jornalistas sobre esta possível traição, as respostas eram sempre as mesmas que: em nenhum momento Maria Bonita traiu Lampião com o cangaceiro Luiz Pedro, e muito menos com nenhum deles. E ainda respondiam que todos os cangaceiros respeitavam muito Maria Bonita. Quando falavam diretamente com ela a chamavam de dona Maria, e quando se referiam a ela, chamavam-na de dona Maria do Capitão. 

Não precisa mais duvidar de quem com ela conviveu. Todos poderiam até mentirem e criarem conversas não existentes, já que ela não mais existia. Mas não! Eles respondiam só afirmando o respeito que  toda cangaceirada tinha com Maria Bonita.  

Durante muitos anos eu trabalhei na Escola Estadual José Martins de Vasconcelos aqui em Mossoró, com o pastor Antonio Teixeira, e que sempre ele me dizia: “O homem quando sai da casa de uma "adúltera", e se ele cheirar o colarinho da sua camisa, tem cheiro de defunto, de velório”. Não todos, mas em alguns casos, têm! É o caso destas mulheres que mesmo sabendo que a coisa poderia se tornar em mortes, defuntos, mesmo assim, elas traíram os seus companheiros. 

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