segunda-feira, 17 de junho de 2019

PETRÓLEO EM ABUNDÂNCIA NO QUINTAL DA MINHA CASINHOLA

Por José Mendes Pereira

Se for ser humano com certeza sonhará quando está dormindo. E dizem que até os animais sonham. E eu acho que é mais do que verdade, porque eu já vi cachorros dormindo, e enquanto dormiam, ficavam grunhindo  como se eles estivessem sonhando que estavam participando de uma grande farra de cachorrada.

Quando nós sonhamos com fatos tristes fazemos de tudo para acordarmos, mas quando nós sonhamos com fatos bons, é uma maravilha sonhar e não importa a hora que iremos acordar, e queremos que os fatos do sonho sejam de verdade mesmo. 

Eu tive um sonho que me deixou bastante feliz durante o tempo que eu sonhava, só em saber que no sonho as minhas dificuldades financeiras iriam embora de uma vez por toda, e nunca mais eu passaria por dificuldades.

Aqui em Mossoró, nas terras de Santa Luzia no Estado do  Rio Grande do Norte, petróleo é o verdadeiro "ouro negro", e quem tem em sua propriedade um poço produtor deste precioso líquido, vive muito bem. Imagina você, quem tem dois poços, três, quatro ou até mesmo vinte ou mais, como têm muitos proprietários de terras aqui que enricaram mais ainda, depois que as suas terras deram início a uma espécie de vômito petrolífera em abundância.

Não faz muitos anos que isso aconteceu comigo porque na casa em que resido hoje, apenas se passaram 15 anos que eu trouxe os meus poucos pertences para nela guardá-los, mas no bairro Costa e Silva, na comunidade "Teimosos", no grande Alto de São Manoel em Mossoró, estou há mais de 30 anos, desde quando eu me estabeleci com uma serralharia. Mas antes eu morava em frente à Cohab. 

Alguns meses depois de residir aqui aconteceu um fato interessante, e que este muito me deixou feliz, e ponha felicidade nisso, porque fui premiado com petróleo no meu quintal.

Nessa noite, enquanto  eu dormia sonhei que eu tinha sido premiado com uma enxurrada de petróleo em meu quintal, e o certo foi que, no sonho eu vi tudo isso acontecendo. De repente, surgiu um som barulhento como se fosse pressionado por uma força que vinha do subsolo, e na verdade, era mesmo, um lençol do "ouro negro" tomou de conta de uma boa parte do terreno do meu quintal. O petróleo jorrava com muita força, e isto sem intervalo. Agora sim, eu podia dizer que, uma boa quantia em royalties pago pela petrobras eu iria receber mensalmente daquele poço, que acabara de nascer no pequeno terreno da minha casinhola.

Não sei quanto tempo durou o meu sonho e posteriormente  acordei por um som de verdade, algo derramando no quintal. Assustado e acreditando que o sonho tinha se tornado realidade levantei-me da rede e fui até a uma janela que fica para o quintal onde acontecia o exagero do "ouro negro", e, mesmo na escuridão da noite, percebi que o chão do ambiente  estava coberto por um material preto, e uma fumaça saía do meio daquilo  que cobria o terreno. Vi que aquela fumaça nada mais era do que a alta temperatura do dito "ouro negro".

No momento eu não fui até ao quintal porque não tinha como passar. A janela era protegida por um pega-ladrão, e mesmo assim, eu não podia passar para a rua, ainda era muito cedo da madrugada, e não era aconselhável eu abrir o portão da garagem. Quem sabe, se eu tivesse aberto o portão e de repente um ou dois bandidos aparecesse na minha frente?  Ali, fiquei aguardando que o dia clareasse para ver o que eu tinha ganhado naquela madrugada em meu quintal.

Durante toda minha vida eu nunca sonhei ter boas condições um dia, porque venho de família que, se um tirar uma muda de roupa o outro logo veste, porque é naquela velha história: Se Chico tirar uma muda de roupa do corpo, Mané veste. Mas nesta madrugada, mesmo acordado, eu via o que iria comprar com os meus royalties pago pela petrobras. 
Trocar o meu fusquinha 77, terminar a construção da minha casinhola, comprar roupas e calçados novos para eu me apresentar às minhas turmas estudantis. Pagar o que tivesse atrasado, apesar que eu não sou muito de me endividar, mas todos nós temos luz, água, emplacamento de carro... para pagarmos.

Lá pelas tantas o sol deu sinal que já estava chegando para vitaminar todos os viventes do planeta. Aos poucos, de fininho e lentamente os raios solares foram clareando tudo. Já que o sol  estava chegando abri o portão da frente da área, e apoderei-me da chave do portão da garagem e saí à rua. Em seguida, abri-o e aos poucos, mesmo ainda um pouco escuto, porque um poste que clareia a frente da minha cara estava com a luz queimada, fui pisando no lamaçal quente que havia coberto todo chão. 

Ali, não senti nenhum cheiro diferente, apenas eu sentia o calor do líquido em meus pés, e a fumaça tomava de conta de todo o solo. E assim que os raios do sol vieram pra mais perto da terra percebi que não se tratava de petróleo, e sim, uma porção de água misturada com pó de carvão dava impressão que era o "ouro negro. Confirmado o meu engano a minha mente caiu de vez, porque eu já havia planejado tudo, com a boa quantia  de dinheiro que a petrobras iria me pagar pela produção daquele inexistente poço de "ouro negro". Se ela paga aos outros, porque não iria pagar a mim?

Quando eu fiz a laje da minha casinhola fui informado que eu deveria colocar entre a placa e o concreto uma porção de carvão para isolar ecos na parte térreo. E assim eu fiz. Comprei 100 sacos de pó de carvão. Mas como eu não havia usado todos findei espalhando no meu quintal os que sobraram, e posteriormente mandei aterrar, porque o chão era acidentado. 

O certo foi que uma canalização não aguentou a elevada temperatura da água (em Mossoró a água que vem do subsolo para servir à população é quentíssima, chegando a fumaçar mesmo) findou estourando e passou uma boa parte da noite derramando água e fofando o terreno. Dessa forma, o pó do carvão que estava em baixo e bastante leve foi subindo e se misturando com a água formando um líquido preto. A água misturada com pó de carvão, e no meio da noite, quem via, com certeza iria dizer que era petróleo. 

Infelizmente, mais uma vez fui enganado, e desta vez enganado pela a água e pelo o carvão, que mesmo não tendo vidas, enganaram-me sem receio. 

Quem muito gostou disso que não deu certo foi o meu amado fusquinha 77 que não saiu do meu poder.


“Para você saber mais um pouco sobre a descoberta de petróleo em Mossoró escrito pelo jornalista e historiador Geraldo Maia clique neste link: - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2012/01/o-ouro-negro-de-mossoro-16-de-janeiro.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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