quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

CACIQUE "PAI CAUÊ" VAI MORRER!

Por José Mendes Pereira

Bem cedinho, antes da chegada do lençol que envolve o sol para acordá-lo o pajé Yathagan da tribo indígena Monxorós saiu de oca em oca comunicando a todos os índios que o cacique "Pai Cauê" amanhecera acamado. E com a triste notícia todos os habitantes da aldeia se levantaram das suas redes, aparentando formigueiro quando incomodado com a presença de estranhos, e cuidaram de preparar um ritual em forma de pedido a seu Deus para levantar o cacique o quanto antes possível. O ritual foi feito ao redor da aldeia. Pai Cauê pouco conversava, porque sentia uma forte dor de cabeça e um aperto no coração. O pajé Yathagan ficou o tempo todo ao redor do cacique.
Lá pela tarde o cacique deu sinal de melhora, e olhando para o pajé, disse-lhe:
- Cacique Pai Cauê quer pitar...
- Cacique Pai Cauê não deve pitar, atalhou o pajé Yathagan, está doente e poderá causar complicações piores.
- Mas cacique Pai Cauê quer pitar.
- Se o cacique Pai Cauê exige pitar, Cacique Pai Cauê vai pitar, mas pajé Yathagan não se responsabiliza por complicações que possam aparecer.
E pegando o cachimbo do cacique Pai Cauê colocou fumo, acendeu e o entregou para pitar. Cacique Pai Cauê pitou até matar o desejo de pitar.
O ritual lá por fora da aldeia continuava com todos os índios e índias dançando e fazendo os seus pedidos ao superior, para que devolvesse a saúde do cacique Pai Cauê. Ao anoitecer, toda aldeia parou as atividades.
O dia seguinte o cacique Pai Cauê amanheceu com uma pequena melhora. Mas sem escrúpulo, disse ao pajé Yathagan:
- Cacique Pai Cauê quer comer carne de tamanduá assada.
- Carne de tamanduá cacique Pai Cauê, é carregada (no sentido de causar complicações) e poderá lhe fazer mal...
- É carregado, mas para casa. - Disse cacique Pai Cauê.
- Se cacique Pai Cauê deseja comer carne de tamanduá assada cacique Pai Cauê vai comer, mas pajé Yathagan não se responsabiliza por complicações que possam aparecer.
Pajé Yathagan chamou os melhores caçadores e os mandou pegar um tamanduá pelas matas. Às pressas foram e voltaram com dois. E logo os tamanduás foram cuidados e assados nas brasas do fogão à lenha. Assim que um tamanduá foi assado pajé Yathagan o recebeu para ser entregue ao cacique Pai Cauê, mas antes lhe disse:
- Cacique Pai Cauê vai comer a carne de tamanduá, mas pajé Yathagan não se responsabiliza por complicações que possam aparecer.
No dia seguinte vendo que pajé Yathagan estava fazendo as suas vontades cacique Pai Cauê disse-lhe:
- Cacique Pai Cauê quer beijar, namorar e depois transar.
- Esta não, cacique Pai Cauê! É um dos piores pedidos para quem está doente. Mas se é isso que cacique Pai Cauê quer, cacique Pai Cauê vai beijar, namorar e transar, mas pajé Yathagan não se responsabiliza por complicações que possam aparecer.
E vendo Marinêz a índia velha do cacique Pai Cauê no meio da aldeia, Pajé Yathagan a chamou. E ao chegar, disse que cacique Pai Cauê queria beijar, namorar e transar. E lá se foi a índia velha do cacique Pai Cauê com o pajé Yathagan. Logo disse-lhe:
- Pajé Yathagan trouxe uma índia para cacique Pai Cauê beijar, namorar e transar.
Assim que cacique Pai Cauê viu a sua velha índia, disse:
- Pajé Yathagan está querendo que cacique Pai Cauê morra muito antes da hora, tendo um infarto. Esta já não mais serve para o cacique Pai Cauê. Cacique Pai Cauê quer flor nova.
- Cacique Pai Cauê pode me dizer com quem deseja ter um romance amoroso antes de morrer?
- Antes de morrer cacique Pai Cauê quer ter um romance amoroso com mulher do Pajé Yathagan...
- É isso que cacique Pai Cauê quer, é? Vou na oca chamar minha índia. Volto já.
A índia companheira do pajé era formosa, com pernas e braços torneados, sorriso e olhar atraentes, reboculosa assim como dizia o humorista coronel Ludugero, e não tinha sangue do cacique. Ela fora tomada de uma outra tribo de índios lá pela chapada do Apodi. E já que não tinha sangue do cacique Pai Cauê fez com que ele a desejasse.
Ao chegar na oca o pajé Yathagan nada disse à sua companheira Yara o que lhe dissera o cacique Pai Cauê, e apoderando-se de um facão foi até à mata para tirar umas tiras de cascas de um mororó. Ao retornar, cuidou de fazer uma trança longa. Terminado o trabalho convidou a companheira para ir visitar o cacique Pai Cauê, pois ela ainda não tinha feito a visita ao chefe índio.
E ao chegar à central administrativa do cacique Pai Cauê o pajé Yathagan disse-lhe:
- Pajé trouxe a minha índia para cacique satisfazer os seus desejos, mas antes de transar tem que levar umas boas lapadas desta trança longa. - Dizia o pajé Yathagan mostrando a trança da casca do mororó ao cacique Pai Cauê.
Ao ver o tamanho e a grossura da trança cacique Pai Cauê disse:
- Se para transar com a sua índia cacique Pai Cauê tem que apanhar primeiro pajé Yathagan, sendo assim cacique Pai Cauê prefere morrer.
Ali fez o pelo sinal completo, de lá mesmo benzeu toda aldeia, levantou-se do seu repouso, ficou em pé, e numa distração do pajé Yathagan, o cacique Pai Cauê atirou-se nas matas em gritos dizendo:
- Fiquem aí, cambada de índios!
Ainda hoje se tem notícias que cacique Pai Cauê continua correndo pela chapada do Apodi.
Sem cacique na tribo o pajé Yathagan foi coroado cacique, dando a sua função de pajé curador a outro índio.
Cacique não estava doente. Era esperteza para conseguir namorar a índia do pajé Yathagan, já que ele vinha fazendo todos os seus gostos.

https://josemendeshistoriador.blogspot.com

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

MEU PAI PEDRO NÉO, MEU TIO ZÉ DE DELMIRA, MEU AVÔ NÉO E PEDRO DO BARRACÃO

Por José Mendes Pereira

Geralmente as pessoas que não merecem confiança sempre acusam as outras por desonestidades, mas na finalidade de esconder os seus erros e denegrir a imagem de quem quer que seja por uma despeita, ciúmes ou outra coisa que se relaciona com o assunto em pauta.

Quando o meu pai casou e já que nasceu ali na Barrinha bem próxima da cidade de Mossoró, e continuava morando sobre as ordens do meu avô  “Papai Néo” em propriedade da família “Duarte” (e foi lá que todos nós nascemos, tanto os meus pais como nós, irmãos), fez apenas uma pequena mudança, tirando os seus pertences da casa do pai para a sua, mas continuou sendo dominado pelo meu avô, como era costumes antigos, filhos casavam, e ficavam sempre dependurados nos cós das calças dos pais. Até a feira do meu pai era feita no barracão que o meu avô comprava desde de muitos anos. 

Contara-me o meu pai sob uma árvore na calçada da sua casa, que certo dia, foi fazer a feira em Mossoró, no comércio de um senhor chamado Pedro do Barracãolocalizado à rua da frente, como era e continua sendo chamada por todos mossoroenses, porque ela fica em frente ao rio Mossoró. 

Nesse dia, o meu pai estava acompanhado de um concunhado de nome José Freire apelidado de Zé de Delmira, que era casado com Maria Mendes Maia, uma irmã da minha mãe Antonia Mendes Pereira. Ali, os dois fizeram as suas feiras e assim que terminaram, colocaram os sacos em suas montarias e se mandaram para casa, subindo a grande ladeira da ponte velha que passa sobre o rio Mossoró.

Achando que tinha entregue mercadorias além do que foi comprado a um deles seu Pedro do Barracão chamou um senhor que o ajudava e disse:

- Toma de conta aqui que eu vou ver se ainda alcanço o Pedro de Néo e o Zé de Delmira para me devolverem as mercadorias que foram além das compras. Isso não é coisa de homens honestos. Levaram o que não era deles. - Dizia ele. 

E assim fez. Pegou o seu cavalo que sempre estava à sua disposição, amarrado sob a sombra de um velho pé de figo, montou-se, passou pela ponte e seguiu pela avenida Presidente Dutra, na intenção de alcançá-los. E ao longe, os viu já bem próximo da 2ª. ponte que fica sobre um córrego. E tome chicotadas no pobre e cansado cavalo, para ver se os alcançava o mais rápido possível. O certo é que não demorou muito para alcançá-los. E ao chegar bem próximo levou o cavalo até eles dizendo:

- Rapazes, eu pensei que vocês dois eram homens, mas são dois safados. Vão tirando os sacos das montarias que vocês estão levando mercadorias que não foram registradas na lista de compras...

- Mas seu Pedro...

- Não tem mais e nem menos. Eu quero ver todas as mercadorias.

Ali, meu pai e tio Zé de Delmira era assim que nós o chamávamos, por ser casado com uma tia nossa, arriaram os sacos de feira e começaram a tirar todas os alimentos de dentro do saco. E ele ali só conferindo. Mas nada irregular encontrou. E meio assustado por não ter visto nenhuma irregularidade nas feiras, olhando para eles, disse:

- Acho que me enganei..., deve ter sido...

Não achando mais a quem acusar o seu Pedro do Barracão parou de falar.  Em seguida foi até ao cavalo velho e magro, e sem nem ao menos pedir desculpas ao Pedro de Néo e ao Zé de Delmira, montou-se no seu cavalo, chicoteou-o e retornou para o seu barracão em longos galopes sobre a  sua montaria.

Ao chegarem na casa do meu avô o Zé de Delmira bebeu água, mais um cafezinho, e em seguida, despediu-se do meu pai e rumou para a sua casa, que ficava do outro lado do rio, mas na mesma localidade. 

O meu pai ficou lá por alguns minutos e depois iria seguir para sua casa que era um pequeno passo da casa do meu avô, e após descansar da fadiga da viagem, meu pai repassou o ocorrido ao meu avô, que de imediato ficou imaginando o que faria no dia seguinte, sobre esta desconfiança causada pelo Pedro do Barracão contra o seu filho e o concunhado do filho.

O meu avô ficou remoendo as carnes da língua, e na madrugada deste dia, fez o seguinte: Pela madrugada, pegou 10 bichos de bodes que estavam bons para o abate, encangou-os um a um, e seguiu viagem para Mossoró, tangendo-os a pé em companhia de um filho, levando os brutos para serem vendidos na feira de animais, e depois ir até ao barracão do Pedro para liquidar aquela conta, e nunca mais compraria nem um dedal de açúcar, e muito menos colocaria os seus pés no seu barracão.

Feito a venda dos viventes na feira e já com o dinheiro no bolso, meu avô tomou rumo ao barracão do Pedro que ficava apenas um quarteirão, mas bem próximo do local que os marchantes negociavam os animais para abates. 

E ao chegar, Pedro do Barracão imaginou que aquela visita inesperada do meu avô, era porque ele havia recebido o recado que mandara dias antes, que o mel de furo e as rapaduras pretas já tinham chegado no barracão, porque um caminhoneiro veio exclusivamente do Ceará para entregar o pedido que o comerciante tinha feito. 

- Néo, ainda bem que você recebeu o recado que mandei do mel de furo e das rapaduras. - Dizia ele sem nem ao menos lembrar da acusação que fizera contra os dois concunhados, com a história de mercadorias em seus sacos além do comprado.

- Eu recebi Pedro, mas eu não vim aqui para isso. Dizia o meu avô. Eu vim aqui hoje só pagar a minha conta e do meu filho Pedro.

- Mas o que houve, Néo? Sempre você paga as despesas no final do mês,  e não está nem perto do fim?

- Pedro, em barracão que o meu filho não merece confiança eu não compro mais. Ele ontem chegou me falando que você desconfiou dele e do seu concunhado. O que você acha? Devo continuar comprando no barracão do homem que desconfia do meu filho?

- Mas Néo, eu apenas me enganei...

- Tira a conta aí, eu não pretendo falar mais nada sobre isso. - Disse meu avô.

O Pedro fez a conta debaixo de mil desculpas, mas o meu avô não aceitou nenhuma justificativa. Pagou, agradeceu pelo tempo que o Pedro  confiou, e foi-se embora.

Apesar da pobreza que acompanhava desde do tempo do seu pai o meu avô era um homem respeitado em toda região, e aqueles que moravam na mesma localidade, e ainda existia a consideração entre os homens de verdades, quando tomaram conhecimento do desrespeito do Pedro do Barracão com o filho do Néo,  muitos deles se revoltaram contra o Pedro, e liquidaram suas contas no seu barracão, que também eram seus fregueses, e saíram do seu comércio e foram ser fregueses de um senhor chamado Luiz Rola (Luiz Rocha) que tinha um comércio no atual bairro dos Pintos. 

- Nenhum filho de Néo é capaz para isso! Dão homens de respeito e de confiança. - Era o comentário da vizinhança.

- E se Pedro do Barracão acusou  o filho de Pedro de Néo por desonestidade, fará com qualquer um de nós e com os nossos filhos. - Dizia outro e mais outro.

Com a ausência dos fregueses Pedro do Barracão não teve condições de tanger o seu comércio, e 4 anos depois, fechara o seu ponto comercial, passando a trabalhar com pequenas bombonas vendendo água apanhada no rio Mossoró aos moradores da atual Ilha de Santa Luzia, porque ainda não existia redes de água até às residências.

Posteriormente, o homem que era chamado de Pedro do Barracão viciou-se com bebida alcoólica, e não demorou muito para despedisse do chão mossoroense, sendo enterrado no cemitério São Sebastião de Mossoró.





  





















quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOSÉ MARTINS DE VASCONCELOS UMA ESCOLA QUE POR LÁ EU ME APAIXONEI, MAS POR DUAS VEZES FUI DECEPCIONADO POR UMA MESMA PESSOA

Por José Mendes Pereira
Escola Estadual José Martins de Vasconcelos

A Escola Estadual Professor José Martins de Vasconcelos foi a  minha segunda casa no mundo da educação, porque a primeira foi a Escola Estadual Professor Manoel João, no grande Alto de São Manoel. 

Escola Estadual Professor Manoel João de Mossoró - http://blogdadired12.blogspot.com/2014/08/e-e-prof-manoel-joao-realiza-caminhada.html


A última escola que trabalhei durante seis meses e era completando o meu tempo de serviço para eu requerer a aposentadoria foi a Escola Estadual Antonio de Sousa Machado, no conjunto Nova Vida (Malvinas).


Muita saudade eu sinto da Martins de Vasconcelos, dos(as) amigos(as) que lá deixei, e que não citarei nomes de nenhum para não deixar amigas e amigos sem frisá-los, apenas falo "discente e docente", mas nela, por duas vezes fui decepcionado por uma pessoa e que isto nunca saiu da minha mente. Fui desprezado e decepcionado.

Às vezes eu fico num canto parado, revendo a Martins de Vasconcelos e observando todos os cômodos, classes, direção, sala de professores, biblioteca, sala de vídeo e corredores, mas de repente me aparece na minha frente, como se eu estivesse vendo novamente o desrespeito da pessoa que me agrediu com palavras, repetindo tudo, e isso me apodero de um tédio invencível e me dar vontade de ainda descascar feridas e ir saber o porquê de ter me decepcionado no meio daquela gente que me viu chegar ali. 

Eu não sou uma pessoa vingativa, mas sou igual a todos os seres racionais, sou humano, rio quando preciso, choro quanto sinto dores, tenho um coração que bate, e pelas minhas veias, correm sangue escarlate. Mas a segunda vez que fui repreendido no meio do corpo docente me apareceram pensamentos contrários, mas fui controlado por forças maiores.

De repente aparece as minhas inquietações querendo saber qual foi a finalidade de me atacar. Teria sido pelo fato de me apresentar calmo, tranquilo? Se o que disse a mim por duas vezes tivesse dito a outra pessoa tinha engolido o que não passa pela sua garganta? Posteriormente vi que tudo aquilo contra mim era marcação.

Mas o tempo é pouco e por enquanto eu vou me aguentando para não descascar ferida. Eu sei que já faz muitos anos, mas dizer a verdade,  ainda há tempo, nunca é tarde.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com  

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

SEU GALDINO E PEDRO DAS VASSOURAS

Por José Mendes Pereira

Foto só para ilustração - http://www.faculdadersa.com.br/vemverosemiarido/processo-de-producao-da-cera-de-carnauba-na-fabrica-salustiano-em-geminiano-pi/

Pela semelhança do nome já deu para saber a origem do seu apelido; no inverno plantava, mas a sua atividade mesmo era fabricar vassouras da palha de carnaúba, mas não era um grande fabricante, fazia este trabalho apenas para adquirir o sustento da numerosa família. O Pedro era um homem que vivia mais para ele do que para os vizinhos. 


http://gibsonmachadocm.blogspot.com/2009/10/vassoura-da-palha-de-carnauba.html

Pedro das Vassouras era um minúsculo agricultor. Recebera uma sobre de terras do seu ex-patrão que havia contratado um agrimensor para medir a sua propriedade. Como sobrou mais de 1 quilômetro de área que não estava em sua escritura, fez a doação ao Pedro da Vassouras. 

Pedro das Vassouras pouco falava e mais pouco ainda era segurar papos com as pessoas que às vezes o procuravam. Sua maneira de atendê-las não era grosseira, mas tinha que ser rápida. O Pedro das Vassouras não se sentava em lugar nenhum para ouvir besteiras de ninguém. Quando solicitado, vinha e atendia quem o procurava mas sem muita demora. Não tinha tempo para ouvir gente contando histórias vantajosas ou qualquer outro tipo de assunto que não lhe interessava ou indesejado naquele momento. Pedro das Vassouras era uma pessoa que vivia somente para ele. Às vezes, ainda dava a atenção às conversas da esposa, mas que fosse o mais breve possível. E assim vivia o Pedro feliz entre ele  e ele mesmo.

Mas o Pedro das Vassouras tinha estranha e desconsiderada mania terrível. Sempre que ele passava por uma pessoa tinha a mania de escarrar, e aquilo no meio da vizinhança sertaneja não estava sendo acatado por nenhum, todos repudiavam aquele gesto grosseiro do Pedro das Vassouras.

Devido o isolamento com a sua vizinhança Pedro das Vassouras era pouco conhecido naquela região, e seu Galdino o conhecia apenas de calça caqui, camisa volta ao mundo e chapéu Maracangalha. 

Mas assim  que seu Galdino tomou conhecimento que Pedro das Vassouras escarrara quando passava por perto de alguém não gostou nem pouco, e disse que se isso acontecesse com ele -  Pedro das Vassouras iria pagar caro. Não era homem de fazer mal a ninguém, mas se ele escarrava era humilhação contra qualquer um.


http://blogdetelescope.blogspot.com/2013/02/avenida-cunha-da-mota-mossoro-rn_14.html

Aconteceu que certo dia seu Galdino foi à cidade de Mossoró fazer a feira. Lá na rua da frente como ainda hoje é conhecida, por ser defronte ao rio, fez a feira no barracão de "Paulo Targino", em seguida foi até ao café da Raimundinha de Bertoldo que era uma banca sob a sombra de um "pé de figo", em seguida foi-se embora montado no seu jumento de nome "maçarico", e entrou na estrada em direção ao rio de Angicos, rumo à sua propriedade.

Ao longe seu Galdino avistou um senhor que vinha também montado em um jumentinho, e pelas aparências das roupas e do seu chapéu maracangalha percebeu que era Pedro das Vassouras que caminhava em direção à cidade. Possivelmente iria fazer a feira.

E como existia uma curva e assim que a alcançou, desceu do jumento e tirou um saco que acomodava uma parte da feira, colocou-o ao chão e arreou por cima dele, se fazendo de doente, porque a sua intenção era ver se ele escarrava ao vê-lo. O seu jumento era obediente, e enquanto isto acontecia ele nem saiu do lugar. 

E lá se vinha Pedro das Vassouras de estrada afora. Foi chegando e foi olhando quem ali estava caído. Apesar do pouco conhecimento que tinha viu que era seu Galdino. E às pressas desceu do jumento e foi tentar socorrê-lo dizendo:

- O que que houve seu Galdino, o senhor está doente? 

Seu Galdino quis dizer que sim, mas ficou na dele.

- Pelo amor de Deus! Vamos, suba no jumentinho que eu vou te levar até ao Hospital de Caridade de Mossoró. - Fez Pedro das Vassouras bastante preocupado com seu Galdino.

- Seu Galdino quis dizer que sim, mas foi sincero dizendo-lhe:

- Não senhor. Eu não estou doente.

- Mas o senhor caiu aí sobre este saco e ainda me diz que não está doente?

- Eu não caí. Eu me fiz de doente.

- Mas qual a razão de se fazer de doente, seu Galdino?

- A razão de eu ter me feito de doente é que me falaram que quando o senhor passa pelas pessoas sempre escarra, e eu queria saber se isso é verdade.

- Seu Galdino, - dizia Pedro das Vassouras com calma -  não é que eu quero ter esta mania, pois eu já tentei muito deixar isso, mas não consigo. Perdoe-me por favor, não faço isso por maldade...

- Eu já entendi. Muito lhe agradeço, seu Pedro. Mesmo eu não estando doente o senhor se preocupou comigo.

- É um dever de cada um de nós seu Galdino, ver os outros com bons olhos. Peço desculpas aos que um dia passaram por mim e eu escarrei, mas não foi por nojo, é uma mania minha que ainda não consegui acabar.

Depois de entendidos, seu Pedro foi para a sua fazenda e Pedro das Vassouras seguiu para fazer a feira em Mossoró. 

Não devemos julgar o outro pelo um simples escarro."

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

MEU, SEU, NOSSO ESTADUAL

Por José Mendes Pereira

Por que "O Estadual" e não "A Estadual"? Simplesmente porque esta escola já foi "Colégio Estadual de Mossoró", esta é a razão de todos a chamarem de "O Estadual".

Será que existem pessoas adultas ou bem adultas de Mossoró que ainda não conhecem o Estadual? É quase certeza que não. Quem aqui nasceu sabe muito bem chegar na maior Escola pública de Mossoró. E quem aqui nasceu e nela estudou conheceu e conhece todas as dependências dela, e até teve, muito embora pequeno e passageiro, um romance amoroso nas suas dependências, nos seus corredores, na cantina, na área de lazer, no auditório do teatro, na quadra de esporte, na rampa e que tenha sido em qualquer uma delas, enfim, "O Estadual" sempre foi e será um guardador de segredos que viu nas sua dependências casais de alunos e até mesmo professores se amando.


A Escola Estadual Jerônimo Rosado está localizada em Mossoró no bairro Santo Antonio, à Rua Ferreira Itajubá S/N, e foi fundada no ano de 1959, por Dinarte de Medeiros Mariz, que governou o Rio Grande do Norte entre 1956 e 1961.

Nas últimas seis décadas esta repartição já educou uma grande parte do povo mossoroense, inclusive pessoas de outras cidades que se matriculam nela, e é conhecida em toda região por "O Estadual", sendo de tradição. É a maior escola pública de Mossoró, com pouco mais de 20 salas de aula, e todas são grandes, com auditório, quadra de esporte, e duas rampas para ter acesso às classes.

Acadêmicos de matemática na recepção aos visitantes - http://pibidmatematicauern.blogspot.com.br/2013/06/salao-de-jogos-matematicos-movimentam.html

As alunas eram as pétalas que desabrochavam em suas flores para florirem aquela escola, e que sempre foram as personalidades que não deviam faltar naquelas dependências. Um olhar e um riso apaixonado de cada uma delas dentro daquele ambiente educacional fazia a escola continuar educando e formando com muito prazer, obrigado!

Quem viveu o Estadual sabe muito bem como era divertido estudar nele, e com certeza, orgulhou-se ou orgulha-se muito, por estudar em uma das mais tradicionais escolas de Mossoró, com bons mestres e responsáveis funcionários.


Aquelas estudantes que vestiam as suas fardas do magistério eram  e ainda são muito bem lembradas em qualquer lugar de Mossoró, porque a cor do uniforme embelezava mais ainda a estudante.

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com/2014/08/escola-estadual-jeronimo-rosado.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...