terça-feira, 2 de outubro de 2018

UMA MORTE ENCOMENDADA

Por José Mendes Pereira

João era vaqueiro da fazenda “Eldorado” do “fazendeiro Luiz Jerônimo” em Mossoró e alguns anos passados fizera um crime quase que forçado, só que por último ele estava sujeito a morrer, porque os filhos do assassinado cresceram e não o não querem perdoá-lo pela morte do seu pai. Todos que presenciaram a tragédia sabiam que ele não o matou por maldade, e sim, confundido com um lobisomem. Sabiam também que o assassino nunca teve nenhum problema com o assassinado, mas por má sorte, agora estava na lista para morrer.

Um dia de muito sol, pela tarde, chegara na fazenda um homem montado num cavalo vermelho e lustroso, todo metido com roupas de couro e chicote em uma das mãos, dizendo que estava indo para Governador Dix-sept Rosado. Ali, pediu um pouco de estadia enquanto o cavalo e ele descanassem um instante. O vaqueiro foi generoso, ordenou que descesse do cavalo para fazer algum lanche, talvez, um amoço fora do horário.

O João nem imaginava que aquele homem seria o seu possível matador, e logo exigiu que a esposa preparasse um amoço às pressas, vez que ele ainda não tinha almoçado. Almoço servido à mesa da salinha o homem abancou-se, e no momento em que se alimentava disse que era vaqueiro de um bancário de Mossoró, mas não revelou o seu nome, e que andava à procura de um touro que havia desaparecido alguns dias passados.

Mas o forasteiro não estava tão preocupado com a volta ao seu trabalho, findou indo ao campo com o João para campear o rebanho de gado do fazendeiro. Durante a viagem relatou que tinha sido vaqueiro de outras fazendas dos arrabaldes, mas em nenhum momento ele citou nome de fazendeiro que havia trabalhado.

O João começara a entender e se perguntando: o que aquele homem estava a fazer ali, se não disse para quem trabalhava ou se era perto daquela fazenda que ele morava, algo estranho existia na mente daquele sujeito. Imaginou na morte que fizera e era possível uma tentativa de vingança.

Vem o  anoitecer e o homem não foi embora e com certeza, queria jantar ali também. O João ficou na dele, sem querer perguntar mais nada, mas ficou meio assustado com aquele infeliz. A noite chegou por completa e vem o jantar. Nada tinha o que mais fazer. Entregaria a sua vida aos cuidados de Deus. Após o jantar o João o convidou para se sentarem sob o alpendre que cobria toda frente da casa, e em companhia, também foram os dois filhos pequenos.

A palestra entre os dois rolou sob o alpendre da casa grande. Nada de outros assuntos, só pegada de bois bravos nos tabuleiros, vacinas de rebanho, rações, leite, queijo e outros mais referentes à fazenda e rezes. 

Afinal, ambos eram vaqueiros, se era que o desconhecido entendia mesmo de fazenda. Mas parecia por completo um homem que sabia lutar em fazendas.

A noite estava se indo e todos dali precisavam dormir. O João foi lá dentro e trouxe uma rede, lençol e cordas para que o forasteiro a armasse sob o alpendre. Com esta cisma o João não seria maluco de deixar um desconhecido dormir dentro da sua morada, principalmente com aquele dúvida. Quem era ele? Um cobrador de imposto? Um vaqueiro de verdade? Um andarilho, ou mesmo um pistoleiro de fama? 

Dentro da sua casa o João não deixaria aquele sujeito dormir.

Pela manhã, do dia seguinte, logo cedo, os dois foram mungir as vacas no curral, e assim que terminaram, conduziram o gado até ao pasto. Em seguida, foram até a cacimba do gado apanhar água em uma pipa sobre uma carroça. E ao chegarem, cuidaram do gado miúdo que ainda continuava no chiqueiro. 

Obrigações feitas, retornaram para casa, e lá, fizeram o primeiro café do dia com leite, pamonhas e mais outros alimentos. Lá para as nove horas desse dia o sujeito disse que iria preparar o cavalo. Precisava chegar cedo ao destino. Foi até ao estábulo, pegou-o e veio buchando-o pelo cabresto. Antes de arumá-lo deu-he um banho. E assim que o cavalo ficou com os pelos enxutos, pôs-lhe a sela.
O João estava mais feliz do tudo, finalmente o seu hóspede contra a vontade agora iria seguir viagem ao destino pensado. Ali, despediram-se. O forasteiro montou-se e antes que partisse, disse:
- Seu João, eu vim até aqui a sua casa para te matar, porque eu sou pistoleiro profissional. Mas eu fiquei a noite toda me lembrando que tão bem recebido que fui e fazer uma covardia com o senhor...
- Mas pelo amor de Deus, não faça isso comigo não. Eu tenho estes dois filhos para criá-lo...
- Everdade! Vejo isso, o que eu pensei, não posso desistir, pois este é meu trabalho.
E arrastando o revólver mirou em direção ao seu João, eao tentar atirar, o forasteiro caiu do cavalo morrendo no meio de tanto sangue escarlate. O João fora salvo pela esposa que a tempo que ouvia a conversa do homem mal. Com um só tiro só de escopeta derrubou o infeliz pistoleiro.
E sem esperar por mais ninguém o casa fugiu da fazenda com os filhos e nunca mais foram vistos pela região.



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