Por José
Mendes Pereira
Noutros
tempos, geralmente, quando uma pessoa que era fumante e passava dos 50 anos
nada melhor do que fumar num cachimbinho, porque muitas delas (homens ou
mulheres) achavam que ficava mais legal o uso do cachimbo, vez que era muito
mais prático colocar fumo nele e acendê-lo apenas com uma brasa, em vez de
riscar fósforo e o vento apagá-lo. Claro que não era em todo lugar que tinha brasa, mas se estivesse em casa era muito mais prático acender o seu cachimbinho com ela do que ficar riscando fósforo e o vento apagando.
Como a minha
avó Herculana Maria da Conceição era uma viciada no uso do seu cachimbinho, e eu ainda criança com menos de 12 anos, e ninguém tinha ideia o mal que faz o fumo, seja cigarro, cachimbo ou charuto,
e morava bem pertinho dela, e quando eu me encontrava lá, sempre ela
solicitava que eu abastecesse o seu cachimbinho com fumo, e posteriormente, o
acendesse. E assim eu fazia. Findei me viciando no maldito vício. Cada vez que
eu chegava lá, já perguntava a ela:
- Mamãenana, era assim que nós netos a chamávamos, quer que eu ponha fumo no seu cachimbinho?
E ela que geralmente estava sentada usando os bilros fazendo algumas rendas, alegremente me respondia:
- Prepare meu filho, ele
com o fume e depois acenda...
E assim eu
fazia. Colocava o fumo no cachimbinho e em seguida, eu ia até ao fogão feito de forquilha, mais tijolos comuns e acabamento com barro de várzea.
Minha mãe nunca fumou, mas o meu pai era
fumante, e felizmente aos 40 anos de idade resolveu abandonar o vício. Mesmo ele sendo
fumante, jamais admitiu que nós, filhos, pegássemos numa lata que ele guardava
seu fumo e papel para a fabricação de cigarros.
Mas todos
sabem que avó é avó, e faz tudo para agradar os seus netos, e muita vezes nem sabe o que poderá acontecer com aquele tipo de ajuda que fez para um neto. E assim fazia a minha avó.
Geralmente, quando
eu começava a preparar o seu cachimbinho o meu medo era que o meu pai
aparecesse por ali, e se ele me visse com fumo nas mãos e cachimbo, com certeza,
ele iria me dá uma bronca das maiores.
Aconteceu que
em uma tarde já passando das 4:00 horas eu fui até a casa da minha avó, e era coisa de rotina mesmo, mas o meu maior interesse era dá umas baforadas no cachimbinho. Ao chegar, ela estava cuidando de um milho para ser moído no moinho
pelo meu tio Antonio Néo. Mas ele estava sentado lá fora sob o alpendre, e
posteriormente, foi até a cozinha para passar o milho no moinho.
E eu já um
pouco viciado perguntei se ela queria que eu preparasse o seu cachimbinho. Ela me ordenou o preparo do fumo e acendesse. Só que, quando eu tentava acendê-lo com uma brasa que tirei do fogão e tentava que ela ficasse sobre ele, mas a brasa não me obedecia.
Então a minha avó me disse que eu pegasse uma das suas chinelas que estava sobre o chão, e com a ajuda dela, eu colocasse a brasa e pressionasse-a, que assim que eu fizesse isto, eu desse uma puxadinha de fumaça no cachimbo, que aos poucos, o fumo pegaria fogo. E assim fiz.
Mas quando eu me preparava para este fim ouvi a voz do meu pai já quase dentro da cozinha. Minha avó e eu ficamos aperreados, porque com certeza, o meu pai iria me dá bronca. E minha avó me dizia:
Então a minha avó me disse que eu pegasse uma das suas chinelas que estava sobre o chão, e com a ajuda dela, eu colocasse a brasa e pressionasse-a, que assim que eu fizesse isto, eu desse uma puxadinha de fumaça no cachimbo, que aos poucos, o fumo pegaria fogo. E assim fiz.
Mas quando eu me preparava para este fim ouvi a voz do meu pai já quase dentro da cozinha. Minha avó e eu ficamos aperreados, porque com certeza, o meu pai iria me dá bronca. E minha avó me dizia:
- Jogue-o dentro
do fogo, meu filho, se não teu pai irá ver você acendendo o cachimbo.
Eu, nervoso, em
vez de colocar a brasa dentro do fogo soltei foi a
chinela dentro das brasas, e peguei o cachimbo e fiquei com ele na boca, tentando acendê-lo. O meu pai quando viu esta arrumação, isto é, o cachimbo na minha boca, disse-me:
- Sim! É por isso que você vez em quando vem aqui na casa de mamãe, é?
Eu em vez de ficar calado, mas o nervosismo me fez piorar a situação e me obrigou dizer:
- Venho tomar um traguinho no cachimbinho de mamãenana.
Mas o meu pai não foi tão ignorante comigo e me disse:
- Dê-me que eu acendo o cachibinho de mamãe.
E assim ele fez. Pegou a brasa, levou ao cachimbo e entregou à Mamãenana, dizendo-lhe:
- Pega, mamãe, José não sabe acender cachimbo.
Mas o meu pai não foi tão ignorante comigo e me disse:
- Dê-me que eu acendo o cachibinho de mamãe.
E assim ele fez. Pegou a brasa, levou ao cachimbo e entregou à Mamãenana, dizendo-lhe:
- Pega, mamãe, José não sabe acender cachimbo.