Por José
Mendes Pereira - (Crônica 78)
Onça albina - http://maliaria.blogspot.com.br/2013/05/as-maes-do-reino-animal.html
O que iria
fazer seu Galdino Borba(gato) de Mend(onça) Filho incumbido pelo o próprio
diretor do IBAMA para capturar uma onça albina nas terras do fazendeiro Chico
Néo?
- E agora
minha velha, o que é que eu devo fazer? – Perguntava seu Galdino à dona
Dionísia.
- É enfrentar
e pegar esta onça de qualquer jeito, meu velho! Profissional nunca deixará de
ser profissional! – Dizia dona Dionísia o incentivando.
Isto é o
resultado seu Galdino, de quem come torresmo e arrota “Kobe beef”!
O mais
interessante era que a dona Dionísia nem sabia que seu Galdino nunca pegou onça
nenhuma na carreira. Ele contava as mentiras, ela acreditava de corpo e alma.
Algumas onças que ele as capturou foi por pura sorte. Uma delas, em vez dele
correr atrás dela, ela foi quem correu atrás dele. A onça o perseguindo, e ao
chegar à casa de cera da fazendeira dona Chiquinha Duarte ele voou por cima da
porta que era meia porta. Da carreira que a onça vinha acompanhou seu Galdino,
mas devido ela ser de grande porte, quando pulou a porta e, ao frear lá dentro
da casa para tentar voltar e abocanhar seu Galdino, ela perdeu tempo, e ele
aproveitou o tempo perdido pela onça, rápido, saiu fora da casa, fechou a porta
de cima, deixando-a presa dentro da casa.
Ali, depois de
ter ouvido as palavras da esposa sentado sob o alpendre e fumando um
cigarrinho, seu Galdino ficou estruturando como iria capturar aquela onça, que
aparecera na fazenda do seu Chico Néo. Seu Galdino não queria que o IBAMA
soubesse que ele não pegava onça na carreira.
Matá-la, não
podia, porque o próprio fazendeiro não admitia que ela fosse morta dentro das
suas terras, e seu Galdino foi um homem que sempre dizia: “- A natureza precisa
de todos os animais que Deus deixou sobre a terra, e jamais eu matarei um”.
Com a grande
fama que ganhara seu Galdino de ser o único homem de Mossoró, Nordeste ou
talvez, no Brasil, que era capaz de pegar onças na carreira, o próprio IBAMA,
já havia lhe prometido uma boa grana, caso a onça albina fosse presa pelas suas
mãos, porque, ela precisava ser capturada e solta em outra região bem distante
de Mossoró, para evitar que os fazendeiros mandassem matá-la, por temerem que
ela poderia subtrair os seus rebanhos de bovinos, ovinos, caprinos e galinhas.
Nesse dia, seu
Galdino deu início ao seu plano bem cedo, mais ou menos 4:00 horas da tarde,
equipado, preparou o seu burro mulo em uma carroça, e sobre ela, colocou uma
pequena jaula improvisada, mais outros objetos que seriam necessários para a
captura da onça, despediu-se da dona Dionísia com beijos e abraços, foi fazer
os preparos para tais fim, no local onde a onça albina passeava nos fundos das
terras do seu Chico Néo. Ao sair, foi alertada pela dona Dionísia, dizendo-lhe:
- Meu velho,
tenha muito cuidado! Dizem que onça albina é bicho traiçoeiro...
- Com certeza,
minha velha, terei muito cuidado! Eu não dou e nem darei nunca chance a animais
desse tipo.
Para
capturá-la tinha que usar uma espécie de armadilha com uma corda resistente.
Uma cabra seria amarrada dentro da jaula, mas, protegida por uma tela, evitando
que, ao ser atacada pela onça, de forma alguma ela seria morta. Em cima da
árvore seu Galdino ficaria nos altos e bem escondido para que a onça não
percebesse que naquelas alturas, um ser humano se ocultava no meio dos galhos e
folhas. A corda tinha que ser colocada na entrada da armadilha, por onde,
possivelmente, a onça iria tentar capturar a cabra. E lá de cima, bem
camuflado, seu Galdino ficaria segurando a ponta da corda, e assim que a onça
tentasse entrar na armadilha, ele puxaria com toda força a ponta da corda,
fazendo com que a tampa da armadilha descesse, prendendo a infeliz.
E se mandou
seu Galdino para a empreitada. No local onde a onça costumava malhar em uma
árvore, segundo informações de operários, ele arriou os equipamentos, deixando
também a carroça, porque sobre ela, estava a jaula. O burro foi retirado do
local, escondendo-o um pouco distante dali.
Tudo pronto.
Seu Galdino subiu ao alto da árvore e lá ficou bem escondidinho, e já passavam
das 8:00 horas da noite quando ele ouviu um chiado nas folhas. Era a onça, que,
cautelosamente vinha chegando.
Bem próxima a
armadilha, ao ver a cabra presa, ela ficou rodeando a carroça como se estivesse
procurando o lugar certo para entrar na armadilha e atacar a cabra. Cismada,
olhou para todos os lados, inclusive para cima, e ficou por um bom tempo
observando, como se tivesse sentindo um cheiro diferente, por exemplo, cheiro
de humano.
E assim que
ela se sentiu um pouco segura, subiu sobre a carroça, enfiando a cabeça na
armadilha. Foi neste momento que seu Galdino puxou a corda para que a tampa
lateral da jaula descesse, e feito isto, a onça ficou presa. Vendo-a presa, seu
Galdino desceu da árvore e foi tentar dar maior segurança na porta da jaula. A
danada da onça estava como se tivesse enlouquecida, dando grande esturro dentro
da jaula.
Assim que
garantiu mais a porta da jaula seu Galdino foi apanhar o burro que se
encontrava um pouco distante dali, e ao trazê-lo, colocou-o na carroça, mais os
seus equipamentos, e deu partida para casa.
Já estava
amanhecendo o dia quando chegou em casa, deixando a onça um pouco distante para
que dona Dionísia não percebesse que ele havia capturado, não na carreira, mas
em uma jaula.
- E a onça,
meu velho, conseguiu vê-la? – Perguntou dona Dionísia.
- Peguei-a...,
mas eu não quero que você vá vê-la porque ela está muito nervosa.
Assim que
mungiu as suas invejadas vacas seu Galdino cuidou de amarrar a onça. Para ser
feita a amarração ele teria que atirar com armas que tranquilizasse a onça,
assim, cuidaria dela sem nenhum receio. Como ele sempre foi um homem prevenido,
dispunha de uma arma para tranquilizante. Preparou-a e atirou na onça que
estava irritadíssima.
Minutos
depois, ela dormia dentro da jaula, e vagarosamente, seu Galdino cuidou de
amarrar uma corda forte no seu pescoço, e lentamente, foi descendo-a para o
chão. Ao cair, amarrou numa árvore forte que viçosamente balançava os seus
galhos.
Todos os
equipamentos que usara na captura da onça foram escondidos, porque o seu desejo
era dizer ao diretor do IBAMA que tinha pegado a onça na carreira dentro da
mata bruta.
Terminado o
serviço foi de encontro ao diretor do IBAMA que residia em Mossoró.
- Vim avisar
ao senhor que a onça está presa.
- O senhor
pegou a onça? E como conseguiu prendê-la? – Perguntou o diretor em tom de
susto.
- Eu disse ao
senhor que eu só pego onça na carreira, foi isto?
- Foi, sim
senhor! Tenho 30 anos de serviços neste órgão chamado IBAMA, mas eu não conheço
homem nenhum que consiga pegar onça na carreira, apenas estou diante de um.
- É o meu
melhor hobby, senhor diretor! Se um dia eu parar de correr atrás de onças
nestas matas da minha região podem preparar o caixão, com certeza, eu estou
pronto para morrer.
O diretor
deu-lhe uma boa grana e ainda lhe disse que iria preparar um troféu para
entregar como o maior homem pegador de onças na carreira das terras de Mossoró.
E sem muita
demora o diretor foi apanhar a onça que o seu Galdino havia pego nas terras do
fazendeiro Chico Néo, e a levou para outras regiões e a soltou.
Quando o pessoal
do IBAMA foi embora seu Galdino disse consigo mesmo: "- E eu
brinco!".
Minhas Simples
Histórias
Se você não
gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro. Mas se
gostou, diga aos seus amigos para que eles a conheçam também.
http://josemendeshistoriador.blogspot.com
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