sábado, 17 de março de 2018

SEU GALDINO FOI INCUMBIDO PELO IBAMA PARA PEGAR UMA ONÇA ALBINA NAS TERRAS DO FAZENDEIRO CHICO NÉO

Por José Mendes Pereira - (Crônica 78)
Onça albina - http://maliaria.blogspot.com.br/2013/05/as-maes-do-reino-animal.html

O que iria fazer seu Galdino Borba(gato) de Mend(onça) Filho incumbido pelo o próprio diretor do IBAMA para capturar uma onça albina nas terras do fazendeiro Chico Néo?

- E agora minha velha, o que é que eu devo fazer? – Perguntava seu Galdino à dona Dionísia.

- É enfrentar e pegar esta onça de qualquer jeito, meu velho! Profissional nunca deixará de ser profissional! – Dizia dona Dionísia o incentivando.

Isto é o resultado seu Galdino, de quem come torresmo e arrota “Kobe beef”!

O mais interessante era que a dona Dionísia nem sabia que seu Galdino nunca pegou onça nenhuma na carreira. Ele contava as mentiras, ela acreditava de corpo e alma. Algumas onças que ele as capturou foi por pura sorte. Uma delas, em vez dele correr atrás dela, ela foi quem correu atrás dele. A onça o perseguindo, e ao chegar à casa de cera da fazendeira dona Chiquinha Duarte ele voou por cima da porta que era meia porta. Da carreira que a onça vinha acompanhou seu Galdino, mas devido ela ser de grande porte, quando pulou a porta e, ao frear lá dentro da casa para tentar voltar e abocanhar seu Galdino, ela perdeu tempo, e ele aproveitou o tempo perdido pela onça, rápido, saiu fora da casa, fechou a porta de cima, deixando-a presa dentro da casa.

Ali, depois de ter ouvido as palavras da esposa sentado sob o alpendre e fumando um cigarrinho, seu Galdino ficou estruturando como iria capturar aquela onça, que aparecera na fazenda do seu Chico Néo. Seu Galdino não queria que o IBAMA soubesse que ele não pegava onça na carreira.

Matá-la, não podia, porque o próprio fazendeiro não admitia que ela fosse morta dentro das suas terras, e seu Galdino foi um homem que sempre dizia: “- A natureza precisa de todos os animais que Deus deixou sobre a terra, e jamais eu matarei um”.

Com a grande fama que ganhara seu Galdino de ser o único homem de Mossoró, Nordeste ou talvez, no Brasil, que era capaz de pegar onças na carreira, o próprio IBAMA, já havia lhe prometido uma boa grana, caso a onça albina fosse presa pelas suas mãos, porque, ela precisava ser capturada e solta em outra região bem distante de Mossoró, para evitar que os fazendeiros mandassem matá-la, por temerem que ela poderia subtrair os seus rebanhos de bovinos, ovinos, caprinos e galinhas.

Nesse dia, seu Galdino deu início ao seu plano bem cedo, mais ou menos 4:00 horas da tarde, equipado, preparou o seu burro mulo em uma carroça, e sobre ela, colocou uma pequena jaula improvisada, mais outros objetos que seriam necessários para a captura da onça, despediu-se da dona Dionísia com beijos e abraços, foi fazer os preparos para tais fim, no local onde a onça albina passeava nos fundos das terras do seu Chico Néo. Ao sair, foi alertada pela dona Dionísia, dizendo-lhe:

- Meu velho, tenha muito cuidado! Dizem que onça albina é bicho traiçoeiro...

- Com certeza, minha velha, terei muito cuidado! Eu não dou e nem darei nunca chance a animais desse tipo.

Para capturá-la tinha que usar uma espécie de armadilha com uma corda resistente. Uma cabra seria amarrada dentro da jaula, mas, protegida por uma tela, evitando que, ao ser atacada pela onça, de forma alguma ela seria morta. Em cima da árvore seu Galdino ficaria nos altos e bem escondido para que a onça não percebesse que naquelas alturas, um ser humano se ocultava no meio dos galhos e folhas. A corda tinha que ser colocada na entrada da armadilha, por onde, possivelmente, a onça iria tentar capturar a cabra. E lá de cima, bem camuflado, seu Galdino ficaria segurando a ponta da corda, e assim que a onça tentasse entrar na armadilha, ele puxaria com toda força a ponta da corda, fazendo com que a tampa da armadilha descesse, prendendo a infeliz.

E se mandou seu Galdino para a empreitada. No local onde a onça costumava malhar em uma árvore, segundo informações de operários, ele arriou os equipamentos, deixando também a carroça, porque sobre ela, estava a jaula. O burro foi retirado do local, escondendo-o um pouco distante dali.

Tudo pronto. Seu Galdino subiu ao alto da árvore e lá ficou bem escondidinho, e já passavam das 8:00 horas da noite quando ele ouviu um chiado nas folhas. Era a onça, que, cautelosamente vinha chegando.
Bem próxima a armadilha, ao ver a cabra presa, ela ficou rodeando a carroça como se estivesse procurando o lugar certo para entrar na armadilha e atacar a cabra. Cismada, olhou para todos os lados, inclusive para cima, e ficou por um bom tempo observando, como se tivesse sentindo um cheiro diferente, por exemplo, cheiro de humano.

E assim que ela se sentiu um pouco segura, subiu sobre a carroça, enfiando a cabeça na armadilha. Foi neste momento que seu Galdino puxou a corda para que a tampa lateral da jaula descesse, e feito isto, a onça ficou presa. Vendo-a presa, seu Galdino desceu da árvore e foi tentar dar maior segurança na porta da jaula. A danada da onça estava como se tivesse enlouquecida, dando grande esturro dentro da jaula.

Assim que garantiu mais a porta da jaula seu Galdino foi apanhar o burro que se encontrava um pouco distante dali, e ao trazê-lo, colocou-o na carroça, mais os seus equipamentos, e deu partida para casa.

Já estava amanhecendo o dia quando chegou em casa, deixando a onça um pouco distante para que dona Dionísia não percebesse que ele havia capturado, não na carreira, mas em uma jaula.

- E a onça, meu velho, conseguiu vê-la? – Perguntou dona Dionísia.

- Peguei-a..., mas eu não quero que você vá vê-la porque ela está muito nervosa.

Assim que mungiu as suas invejadas vacas seu Galdino cuidou de amarrar a onça. Para ser feita a amarração ele teria que atirar com armas que tranquilizasse a onça, assim, cuidaria dela sem nenhum receio. Como ele sempre foi um homem prevenido, dispunha de uma arma para tranquilizante. Preparou-a e atirou na onça que estava irritadíssima.

Minutos depois, ela dormia dentro da jaula, e vagarosamente, seu Galdino cuidou de amarrar uma corda forte no seu pescoço, e lentamente, foi descendo-a para o chão. Ao cair, amarrou numa árvore forte que viçosamente balançava os seus galhos.

Todos os equipamentos que usara na captura da onça foram escondidos, porque o seu desejo era dizer ao diretor do IBAMA que tinha pegado a onça na carreira dentro da mata bruta.

Terminado o serviço foi de encontro ao diretor do IBAMA que residia em Mossoró.

- Vim avisar ao senhor que a onça está presa.

- O senhor pegou a onça? E como conseguiu prendê-la? – Perguntou o diretor em tom de susto.

- Eu disse ao senhor que eu só pego onça na carreira, foi isto?

- Foi, sim senhor! Tenho 30 anos de serviços neste órgão chamado IBAMA, mas eu não conheço homem nenhum que consiga pegar onça na carreira, apenas estou diante de um.

- É o meu melhor hobby, senhor diretor! Se um dia eu parar de correr atrás de onças nestas matas da minha região podem preparar o caixão, com certeza, eu estou pronto para morrer.

O diretor deu-lhe uma boa grana e ainda lhe disse que iria preparar um troféu para entregar como o maior homem pegador de onças na carreira das terras de Mossoró.

E sem muita demora o diretor foi apanhar a onça que o seu Galdino havia pego nas terras do fazendeiro Chico Néo, e a levou para outras regiões e a soltou.

Quando o pessoal do IBAMA foi embora seu Galdino disse consigo mesmo: "- E eu brinco!".

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro. Mas se gostou, diga aos seus amigos para que eles a conheçam também.

http://josemendeshistoriador.blogspot.com

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