quarta-feira, 14 de março de 2018

CUIDADO COM O GOLPE DE BOTIJÃO DE GÁS!


Por José Mendes Pereira - (Crônica 75)

Espertos para isso não faltam. Sim senhor! Todos os tipos de trambicagens (trambiques) existem, mas fiscal de botijão de gás, eu já sendo sessentão, nunca tinha ouvido falar. Eram 11:00 horas do dia quando chegou na casa da minha irmã Luzia Mendes e se identificou:

- Sou fiscal de botijão de gás. - Disse ele já abrindo a pasta "007" e retirando lápis e um talão para registrar as possíveis multas no decorrer do seu ofício. Ofício, não, no decorrer do seu trambique. Camisa branca e passada, gravata, um cobrador de multas de boa pinta e um crachá agregado ao bolso da camisa.

- Fiscal de botijão de gás? - Perguntou Luzia em tom de susto.

A minha irmã Luzia Mendes Pereira nascida e criada nos tabuleiros, estava diante de um grande homem, pelo menos como trambiqueiro; acreditou nas primeiras palavras do esperto.

- Sim senhor! As suas ordens! Pode entrar para verificar o botijão. Não há nenhuma irregularidade.

Assim que o esperto encostou-se ao botijão de gás com um isqueiro, fez chamas e tocou fogo na mangueira do registro.

- Olhe senhora, está com vazamento! Eu vou fazer a multa. - Disse ele já registrando a multa.

- Multa? Mas por que multa? - Admirou-se Luzia.

- O botijão está irregular, e...

- Quanto é o valor da multa? – Perguntou-lhe Luzia já trêmula. 

- Para esse caso é 50,00.

- 50,00 Reais? Eu não tenho senhor!!

- Mas tem que pagar.

Luzia visitou a vizinhança e finalmente juntou a quantia relativa à multa e o entregou.

Jean Galdino seu filho havia acompanhado o esperto trambiqueiro desde o princípio da fiscalização, e percebeu que ele propositalmente tocara fogo na mangueira do registro.

Paga a multa, o esperto trambiqueiro foi-se embora, tentando ganhar mais dinheiro com essa sua nova invenção.

Jean Galdino não se conformara. Pôs-se a dizer à mãe que não acreditava nesse tipo de fiscalização de botijão de gás. Rumou à delegacia, um posto policial que fica a 200 metros de sua casa.


Registrada a queixa, saiu em companhia dos policiais à procura do esperto fiscal de botijão de gás. Encontraram-no em um pequeno restaurante, já almoçando, e ao seu lado, uma bela e geladinha cerveja.

Assim que chegaram, um policial disse-lhe:

- Queremos falar com o senhor.

O folgado para dar tempo a uma suposta escapulida, disse-lhe:

- Deixa-me terminar de almoçar!

- Sim senhor! À vontade!

Lógico que talvez, não sei, a sua intenção era que os policiais se distraíssem, e com isso seria fácil ele sair correndo de qualquer jeito. Terminado o almoço o folgado quis mais outra chance, que os policiais o deixassem tomar um cafezinho e fumasse um cigarrinho. Mas os policiais não aceitaram, e logo o algemaram e o conduziram para a delegacia. 


Lá, na peia, informou às autoridades que queria voltar à sua terra natal, Pernambuco. Como não tinha condições para pagar a passagem, foi obrigado a usar este tipo de esperteza.

Três dias depois, Jean foi retirar a queixa para liberar o esperto, pois ele não tinha família em Mossoró, e não estava sendo alimentado.

O esperto foi-se embora sem que pagasse o seu erro. Apenas levou boas lapadas para limpar a alma da safadeza. 

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

http://minhassimpleshistorias.blogspot.com

 http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/09/o-golpe-do-botijao-de-gas.html

http://josemendeshistoriador.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...