Por José
Mendes Pereira - (Crônica 75)
Espertos para
isso não faltam. Sim senhor! Todos os tipos
de trambicagens (trambiques) existem, mas fiscal de botijão de gás, eu já sendo sessentão, nunca
tinha ouvido falar. Eram 11:00 horas do dia quando chegou na casa da minha irmã Luzia Mendes e se identificou:
- Sou fiscal de botijão de gás. - Disse ele já abrindo a pasta "007" e retirando lápis e um talão para registrar as possíveis multas no decorrer do seu ofício. Ofício, não, no decorrer do seu trambique. Camisa branca e passada, gravata, um cobrador de multas de boa pinta e um crachá agregado ao bolso da camisa.
- Fiscal de botijão de gás? - Perguntou Luzia em tom de susto.
A minha irmã Luzia Mendes Pereira nascida e criada nos tabuleiros, estava diante de um
grande homem, pelo menos como trambiqueiro; acreditou nas primeiras palavras do
esperto.
- Sim senhor!
As suas ordens! Pode entrar para verificar o botijão. Não há nenhuma
irregularidade.
Assim que o
esperto encostou-se ao botijão de gás com um isqueiro, fez chamas e tocou fogo
na mangueira do registro.
- Olhe senhora, está
com vazamento! Eu vou
fazer a multa. - Disse ele já registrando a multa.
- Multa? Mas
por que multa? - Admirou-se Luzia.
- O botijão
está irregular, e...
- Quanto é o
valor da multa? – Perguntou-lhe Luzia já trêmula.
- Para esse
caso é 50,00.
- 50,00 Reais?
Eu não tenho senhor!!
- Mas tem que
pagar.
Luzia visitou
a vizinhança e finalmente juntou a quantia relativa à multa e o entregou.
Jean Galdino seu filho havia acompanhado o esperto trambiqueiro desde o princípio da fiscalização, e percebeu que ele
propositalmente tocara fogo na mangueira do registro.
Paga a multa,
o esperto trambiqueiro foi-se embora, tentando ganhar mais dinheiro com essa
sua nova invenção.
Jean Galdino
não se conformara. Pôs-se a dizer à mãe que não acreditava nesse tipo de
fiscalização de botijão de gás. Rumou à delegacia, um posto policial que fica a
200 metros de sua casa.
Registrada a
queixa, saiu em companhia dos policiais à procura do esperto fiscal de botijão de gás.
Encontraram-no em um pequeno restaurante, já almoçando, e ao seu lado, uma bela
e geladinha cerveja.
Assim que
chegaram, um policial disse-lhe:
- Queremos
falar com o senhor.
O folgado para
dar tempo a uma suposta escapulida, disse-lhe:
- Deixa-me
terminar de almoçar!
- Sim senhor!
À vontade!
Lógico que
talvez, não sei, a sua intenção era que os policiais se distraíssem, e com isso
seria fácil ele sair correndo de qualquer jeito. Terminado o
almoço o folgado quis mais outra chance, que os policiais o deixassem tomar um cafezinho e fumasse um
cigarrinho. Mas os policiais
não aceitaram, e logo o algemaram e o conduziram para a delegacia.
Lá, na peia,
informou às autoridades que queria voltar à sua terra natal, Pernambuco. Como
não tinha condições para pagar a passagem, foi obrigado a usar este tipo de
esperteza.
Três dias
depois, Jean foi retirar a queixa para liberar o esperto, pois ele não tinha
família em Mossoró, e não estava sendo alimentado.
O esperto
foi-se embora sem que pagasse o seu erro. Apenas levou boas lapadas para limpar
a alma da safadeza.
Minhas Simples Histórias
Se você não
gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.
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