Por José
Mendes Pereira - (Crônica 42)
Francisco José e o escritor e pesquisador do cangaço Antonio Silva Galdino - http://www.pauloafonsotem.com.br/inicio/2014/11/o-globo-reporter-ira-mostrar-a-beleza-do-canion-do-sao-francisco-e-a-natureza-da-regiao/
Seu Galdino
nunca tinha pensado que um dia receberia em sua pequenina fazenda um repórter
qualquer, de rádio, de jornal..., mas viu que estava ficando famoso mesmo, e
esta fama, agradecia ao seu talento de ser o único homem do Brasil que pegava onça na carreira. Sabia que todas as cidades adjacentes à Mossoró (inclusive
Porto do Mangue, cidade do vaqueiro do ricaço de Mossoró o Soutinho, o Antonio
Tomas de Aquino), todas estas, conheciam a sua coragem, a sua bravura, enfrentar onças apenas
com um chicote, uma corda atravessada no peito como se fosse cartucheira, e o
seu afiado facão rabo de galo em mãos. Sentia orgulhoso, ser visitado por um
jornalista de nome e renome como é o Francisco José do maior canal de televisão do
Brasil, “Globo”.
Antes do
início da entrevista seu Galdino convidou o jornalista Francisco José e toda
sua equipe para um café reforçado. Ali, na sala do meio, como geralmente é
chamada em fazendas, o jornalista e sua equipe ocuparam as cadeiras que
rodeavam a mesa. Tudo de bom sobre a mesa, leite quentinho, queijo, batata da
terra, jerimum, macaxeira, gergelim pisado com rapadura e farinha, cuscuz
novinho e quentinho..., uma porção de alimentos satisfazia o gosto da equipe. E
durante o café, assunto diferente da futura entrevista foi exposto, e seu
Galdino estava pra lá de feliz.
Assim que encerrou o café um por um foi saindo em direção ao alpendre, para montarem todos os equipamentos que iriam gravar a entrevista feita com o seu Galdino pelo Francisco José. Tudo pronto. Ansioso para saber o que seria perguntado naquela entrevista seu Galdino senta-se em seu velho bando com firmeza.
Assim que encerrou o café um por um foi saindo em direção ao alpendre, para montarem todos os equipamentos que iriam gravar a entrevista feita com o seu Galdino pelo Francisco José. Tudo pronto. Ansioso para saber o que seria perguntado naquela entrevista seu Galdino senta-se em seu velho bando com firmeza.
O jornalista
prepara-se e faz-lhe a primeira pergunta:
Francisco José
- Como se chama?
Seu Galdino –
Eu me chamo Galdino Borbagato de Mendonça Filho. O Borbagato do meu nome, senhor jornalista, é
emendado. Meu pai se chamava Galdino que era curandeiro daqui da região.
Francisco José
– O senhor nasceu aqui em Mossoró?
Seu Galdino –
Sou da gema mesmo. Nasci nestas terras que escorraçou o bandido Lampião em 13
de junho de 1927.
Francisco José
– A sua fama de matador de onça está por todo Brasil, o que levou o senhor a se
dedicar matar onça, seu Galdino?
Seu Galdino –
Quem disse ao senhor que eu mato onça? Quem lhe informou, seu repórter, mentiu,
porque este homem aqui, dizia seu Galdino batendo no peito, nunca no mundo
matou uma onça. Agora, quando eu pego uma delas a peia come, porque eu não
aceito que onça coma os meus bichinhos.
Francisco
José – Mas eu soube que o senhor foi chamado à presença de um delegado para
explicar o motivo de tantas onças mortas que apareceram em sua propriedade. É
verdade?
Seu Galdino –
É verdade sim. Fui chamado à presença do delegado Ambrósio Soares para
explicar sobre onças que morreram em minha propriedade, mas não fui eu quem as
matou.
Francisco
José – E quem as matou?
Seu Galdino
– Eu não sei, eu não sei. Só sei lhe dizer com toda franqueza, não fui eu quem
as matou. Eu sou um homem que protege os animais. A natureza precisa deles...
Francisco
José - Mas é verdade que o senhor pega onça na carreira?
Seu Galdino
– Isto sim, é verdade. É a minha especialidade.
Francisco José
– E como é que o senhor inicia a pegada de onça?
Seu Galdino –
Quando um fazendeiro me chama para capturar uma onça eu fico bem escondido no
local que ela foi vista. E assim que ela se aproxima de mim, que muitas levam dois ou três dias para eu as ver, dou um grito
forte. E assim ela tem medo de mim e faz carreira. Aí é a minha vez. Faço carreira atrás dela
até ela cansar. Quando ela fica cansadinha eu me aproximo, e vagarosamente,
vou tentando passar-lhe a corda no pescoço. Feito isto, ela está totalmente
dominada.
Francisco José
– Mas para dominá-la o senhor usa algum tipo de reza, hipnotismo ou outra coisa semelhante?
Seu Galdino –
Que reza e hipnotismo que nada, seu repórter! Eu pego onças é através da minha
força e coragem de enfrentá-la. E muito suor descendo no corpo todo.
O jornalista
fez uma porção de perguntas a seu Galdino e todas foram respondidas ao pé da
letra. E como atualmente o assunto sobre política está em toda parte do
Brasil Francisco José quis sabe a opinião do seu Galdino sobre a roubalheira que os congressistas vêm fazendo:
Francisco José
– Seu Galdino, o que o senhor acha dos políticos atuais do nosso Brasil?
Seu Galdino –
Quando alguém fala sobre a situação que está o nosso Brasil eu até choro por
dentro, (e por fora também, porque, quando o repórter lhe fez a pergunta, as
lágrimas rolaram sobre o seu rosto), de ver um país tão bonito, tão rico, com
tantos minérios, tantos cânions..., e atualmente está entregue a um bando de
ladrões que só quer mesmo é roubá-lo. Como é que um país como o Brasil pode
produzir frutos de primeira qualidade se as figueiras são podres, senhor
jornalista Francisco José?
Francisco José
– Verdade – disse o jornalista.
Continuou seu
Galdino - O Brasil não pode formar adolescentes honestos porque o Congresso Nacional
que deveria dá exemplos aos jovens, é ele quem ensina os nossos adolescentes
serem desonestos. O bando de ladrões do Congresso Nacional diz que nada pode
fazer pela educação, saúde e segurança, porque não tem dinheiro. Ora, se o
bando de ladrões roubou tudo e nada é devolvido, como é que o Brasil tem
dinheiro para cuidar disso? Todos os ladrões acusados irão ficar impunes, além do
mais, mangando da gente. "- Não devolveremos nada, bandos de brasileiros
bestas! Estamos aguardando os seus votos para o próximo ano." Eu estudei quase nada, senhor jornalista, mas eu sei o que é bom para nossa juventude...
Francisco José - E o que é bom, seu Galdino? - Atalhou o jornalista.
Seu Galdino - Em um pais, para proteger as crianças e os adolescentes, etc... é preciso que sejam criadas escolas de músicas, escolas de teatros, escolas de atletismos, incentivo à leitura, incentivo à cultura...
Francisco José - E o que é bom, seu Galdino? - Atalhou o jornalista.
Seu Galdino - Em um pais, para proteger as crianças e os adolescentes, etc... é preciso que sejam criadas escolas de músicas, escolas de teatros, escolas de atletismos, incentivo à leitura, incentivo à cultura...
Francisco José
– Excelente o que o senhor me disse..., e qual é a sua opinião para evitar que o Congresso Nacional deixe de roubar o que é do Brasil?
Seu Galdino –
Faz um bom tempo que venho jogando na Loteria Federal, aguardando que eu seja
sorteado para eu resolveu o que penso. Basta eu tirar 2 milhões de reais, e
este dinheiro já tenho destino certo. Vou formar vários grupos de homens
corajosos, para pegarem onças nas matas, e em seguida, levá-las em jaulas para
Brasília, e lá, todas serão soltas dentro do Congresso Nacional para elas atacarem os congressistas. Somente um
político será salvo das onças, é o Tiririca e mais uma meia dúzia que é honesta.
O restante irá passar pelas mandíbulas das onças.
Francisco José
– Boa opinião do senhor, seu Galdino! A sua ideia é idêntica a minha. – Admirou-se
o repórter soltando risos exageradamente.
Continuou seu
Galdino - Gostaria muito que Dom Pedro II viesse viver novamente aqui na terra,
e com certeza, o Congresso
Nacional tinha que trabalhar mesmo. Ele nunca deu chances a políticos
malandros, safados que se apoderavam do dinheiro da nação. Essa bandalheira de
políticos corruptos ele a colocaria detrás das grades. Ladrão nas mãos de Dom
Pedro II era assim. Foi um imperador de vergonha, nunca pôs a sua mão naquilo
que pertence à humanidade do meu país. Mas pela covardia, pela ambição de
quererem meter a mão nas riquezas do Brasil, que sendo ele dirigente desta
terra nunca aceitou e nem aceitaria, e para desfrutarem do que tanto ele zelou
dos nossos brasileiros, sabendo eles que Dom Pedro II sendo imperador, eles não
teriam chances de fazerem roubalheiras, infelizmente, foi expulso da minha
terra Brasil sem direito à defesa. “Tirem essas mãos sebosas das riquezas do
país, para não ensebarem as coisas belas do meu amado Brasil”.
Mais outras e
outras perguntas foram feitas a seu Galdino Borbagato de Mendonça Filho.
Terminada a entrevista a equipe de reportagem agradeceu a seu Galdino, entrou no seu automóvel e foi embora.
E eu brinco?!
Importante! Só como
conhecimento:
D. Pedro
II nos ensina a amar o Brasil acima de tudo. Punia exemplarmente os
políticos e funcionários corruptos, usando dos poderes que a Constituição lhe
garantia para removê-los de seus cargos. Venceu importantes disputas
diplomáticas, inclusive chegando a desafiar a toda poderosa Grã-Bretanha. -
Zeloso que era com as verbas públicas, recusou sucessivas propostas de aumento
de seu salário, trabalhando durante meio século com o mesmo pagamento, ainda
que, durante seu reinado, a economia brasileira tenha crescido dez vezes.
Quanto às suas poucas viagens custeava-as com seu próprio dinheiro. -
http://imperiobrazil.blogspot.com.br
http://josemendeshistoriador.blogspot.com
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