Por José
Mendes Pereira - (Crônica 25)
O tráfico de droga de modo geral vem se alastrando por todo território nacional, entrando pelas fronteiras, vindo de outros países. O governo federal diz que o Brasil tem milhares de quilômetros de terras nos seus litorais, e por isso, não tem como fazer vigilância a todas as fronteiras. E é aí que os traficantes usam e desrespeitam a legislação brasileira.
Antonio Mariano mora na periferia de Mossoró e é mecânico de primeira linha, mas nunca se estabeleceu, apenas presta os seus serviços a quem lhe chama para uma possível revisão em seu automóvel, e além desta profissão é um excelente ferreiro; e tem como ajudante, o seu filho mais novo, o Arnaldo que por via do destino, desde muito cedo que usa drogas.
A pesar de pai e filho trabalharem juntos vivem em guerra, devido o comportamento agressivo do filho, o pai apenas imagina que ele é dependente de drogas.
Certo dia, ao chegar em casa, Antonio Mariano fora agredido pelo o filho, alegando-lhe que a divisão do que eles ganham nos seus serviços não está sendo repartida ao pé da letra, e que o pai está usando sabotagem, tentando ficar com a maior parte do dinheiro ganho.
Mas o pai tenta explicar que entenda o porquê de não dividir o dinheiro ganho em partes iguais, pois o que ele fica, além, é para pagar os materiais que usam na mecânica, já que tudo quem compra é ele.
O que acontece é que o Arnaldo está com efeito de drogas, e sem o pai esperar, o desafia, retirando da cintura uma faca peixeira.
O pai que goza de certo respeito no meio da vizinhança e não quer entrar em conflito com o filho, faz de tudo para que ele guarde a sua arma branca. Mas é inútil. Sabendo que não tem solução para resolver isto, já que o filho está com uma afiadíssima faca, o pai resolve entregar os pontos ao filho, dizendo-lhe:
- Meu filho, de todos os filhos que tenho, para mim, és o que eu tenho mais cuidado, porque os outros já são bons comigo. Nunca me agrediram e me respeitam como pai, como amigo, não preciso me preocupar com eles. Você que sempre cria problemas comigo, e que deveria ser meu amigo, já que trabalhamos juntos, estou entregue a você. Faça o que bem pensar de mim. Mate-me, faça a sua vontade, mas saiba que eu te amo tanto quanto os outros meus filhos que são teus irmãos.
O Arnaldo continua com a faca encostada à barriga do pai. O pai nada faz contra o filho, está entregue às suas vontades, apenas espera o filho cravar em sua barriga a maldita faca.
Com a faca encostada à barriga do pai, o Arnaldo fica meditando o que pode acontecer contra ele se assassinar o pai. A rixa criada pelos irmãos, mãe, tios, primos, avós, vizinhança e todos que lhe conhecem virarão as costas para si. Passar anos engaiolado, humilhado pelos policiais... Depois de meditar tudo isso, recolhe a faca, enfia-a na bainha e a joga bem longe, e logo, cai em choro, dizendo ao pai:
- Eu também te amo muito, papai! E muito! Eu estou precisando da sua ajuda. Desde muito jovem que me viciei na droga. Hoje sou dependente, e já tentei tanto para deixar este vício miserável, mas não consigo. Ajuda-me, por favor! O senhor sabe que antes dos dezesseis anos eu era um filho igual aos teus filhos. Sempre te respeitava, e assim que conheci droga, comecei a mudar de comportamento, causando desgosto ao senhor e a minha mãe, envergonhando os meus irmãos, decepcionando os meus amigos e parentes. Imploro uma ajuda para que eu me livre deste maldito vício. Perdoe-me a minha maneira agressiva.
- Perdoo, meu filho! Eu te perdoo! O pai que não perdoa os erros de um filho não conhece o Deus todo poderoso. Farei o que for possível, meu filho, para te recuperar. Venderei tudo quanto adquiri, mas com os poderes de Deus, a partir de hoje, andarei sempre ao seu lado, e tenho plena certeza que o Deus Todo Poderoso te afastará deste maldito vício.
E assim faz seu Antonio Mariano. Para todos os lugares que o filho quer ir, o pai o acompanha. E não precisou interná-lo em casa de recuperação, e aos domingos, em qualquer lugar de Mossoró, os dois estão, e ainda continuam assistindo missas e cultos.
Hoje, pais, irmãos e o Arnaldo vivem harmoniosamente bem. Deus tomou de conta dos seus lares e do Arnaldo. Nunca mais o Arnaldo usou droga. E até casou-se, e já é pai de duas lindas criancinhas.
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