quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

CASA DE MENORES MÁRIO NEGÓCIO - UMA INSTITUIÇÃO EXTINTA - PARTE IX

Por José Mendes Pereira - (Crônica 22)

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Hoje, falaremos um pouco daquele que nos dominava como monitor daquela instituição, com aquele jeito sério, mantendo sempre a sua autoridade, mas que na verdade, é uma grande figura, amigo de todos nós, e que muitas vezes, deixava passar as nossas falhas, sem que a direção tomasse conhecimento de alguns deslizes feitos por internos. Eu me refiro ao amigo e famoso Francisco José Caldas da Silva, o "40", filho da dona Chiquinha, e irmão da Maninha, e que não mais me recordo o nome de batismo da sua irmã.

Segundo seu Néo o outro monitor, falou-me que Francisco José morou por muitos anos no Rio de Janeiro, e posteriormente, resolveu mudar-se para Pernambuco, fazendo residência na capital Recife, que lá, exercia a função de comerciário, mas ele não soube informar qual é o ramo comercial.

Às vezes, eu me pego a pensar: Francisco José que deveria ter seguido a vida de cantor, com aquele vozeirão, mas eu acredito que o que mais o atrapalhou, foi a timidez, que sempre estava presente em sua vida, porque chances ele teve, tendo como madrinha, a sua prima cantora Amanda Costa que já era famosa, e sabia muito bem do seu potencial. Mas infelizmente, Francisco José, o nosso amigo e irmão "40" sempre foi dominado pela timidez (e que eu acredito que ainda o acompanha), fez com que ele não brilhasse nos palcos artísticos.

Lembro-me das canções que ele cantava todos os dias e às noites, lá na Casa de Menores, dos diversos cantores que faziam sucessos naquela época, e que muitas vezes, quando nós morávamos na Rua José de Alencar, víamos pessoas subindo nos muros para apreciarem aquela saudável voz, principalmente, as moças que residiam ao redor da instituição.

Ainda me lembro, que todos os dias, exceto os domingos, ele, Batista (irmão do padre José de Anchieta como nós o chamávamos, ambos, lá de Maçaranduba, terras da cidade Ceará Mirim), e eu, nós íamos ao mercado central fazer compras de legumes e verduras, e ele, mesmo sendo o nosso monitor, sempre ia e vinha fazendo graças. Francisco José Caldas é uma pessoa excelente.

Recordo-me também que, quando ele estava irritado com um aluno qualquer, você olhava para ele e dizia: "- Quareeeenta!", como se fosse uma maneira de desviar aquele problema e acalmá-lo. Ele ficava sério. Mas depois, resolvia se abrir com um sorriso seco e breve.

Uma das coisas engraçadas que aconteceu com ele foi no final dos anos 60, talvez em 1968, e nesse dia, as ruas estavam alagadas, porque o inverno era bom, e o rio Mossoró havia transbordado, deixando uma boa parte do bairro Paraíba e o bairro Pereiros alagada.

Francisco José vestira escondido uma roupa nova do Manoel Flor para ir à Diocese de Mossoró, na finalidade de receber o leite, o queijo e outras mercadorias, que ao ser recebida, era transportada para a instituição através de carroças. Estes produtos eram para a alimentação de um bando de desocupados, inúteis, inclusive nós dois.

Como ele era tímido, e não queria ir só, sempre chamava o Batista e eu para com ele irmos até à Diocese de Mossoró.

Sei que você ainda se lembra de um tanque que tinha encostado ao pé da parede do "Posto América de combustível", lá na rua José de Alencar, mas era enterrado, ficava rente ao chão. Como as águas estavam espalhadas pelas ruas cobriram o tanque, sem que ninguém percebesse que ali existia um buraco, só que mais à frente, tinha uma parte da parede do tanque que aparecia. E na hora, nós procurando um lugar melhor para saltarmos para o outro lado das águas, principalmente alcançarmos a parte da parede que estava fora da água, e ao pular, Francisco José não calculou a distância, escorregou e acertou de cheio o buraco, caindo com todo corpo, ficando mergulhado dentro do óleo misturado com água. E lá se vinha ele morrendo sem fôlego. Ao sair, parecia aqueles pássaros que são salvos quando são atingidos por óleo dentro do mar. A roupa do Manoel Flor não mais prestou. Foi engraçado!

Eu acredito que um dia, ainda nós o veremos, já que os seus familiares são areiabranquenses, e quem sabe, chegará em nossas residências. E tenho certeza que, em qualquer cidade ou capital do Brasil que ele está morando, faz as suas animações, com a sua admirada voz para os seus amigos, ou ainda para os seus superiores.

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