terça-feira, 30 de janeiro de 2018

TIRO DE GUERRA DE MOSSORÓ - PARTE V

Por José Mendes Pereira - (Crônica 18)

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Durante o período em que nós fomos atiradores do Tiro de Guerra de Mossoró tanto no TG, como nas nossas idas para lar, presenciamos coisas engraçadas que aconteceram com atiradores, sargentos..., e até mesmo com pessoas que não faziam parte dos nossos compromissos naquela casa militar.

Dizem que envelhecer é um presente de Deus. E parece que é mesmo. Ninguém quer morrer novo, na fase das ilusões, e é bem melhor "velho escapar fedendo do que novo morto cheirando".

O cronista Xavier Marques diz que o homem tem quatro fases: 

A primeira fase é até aos 30 anos. 

Novo, robusto, bonito, namorador, corajoso... E ai daquele que o enfrentar! Será banido diante dos homens. Nesta fase, ele é homem completo.

A segunda fase é dos 30 aos 50 anos.

É nesta fase que ele vive trabalhando para sustentar uma numerosa família. Não pode parar. Tem que trabalhar. A vida boa já se foi. Nesta fase, ele é jumento.

A terceira fase é dos 50 aos 70 anos. 

Vive num canto sem que ninguém o veja. Vive ali rodeando a casa como se fosse um vigilante. Se ele ordena, ninguém obedece. Se ele chama, ninguém vai lá. Se ele sorrir, botam cara feia, achando que o velho está humilhando. Nesta fase, ele é cão (cachorro).

A quarta fase é dos 70 aos 90 anos.

Velho, enrugado, anda com dificuldade, ele não sabe vestir a sua própria roupa sozinho.  Tem que alguém o ajudar. Calça os chinelos errados. Não quer tomar banho. Não tem noção das horas. Ninguém quer conversar com ele.  Isolado de tudo e de todos, provocando risos para filhos, netos, noras, genros e mais outros que tiram um sarrinho da sua cara. Nesta fase ele é macaco.

Hoje me lembrei de uma madrugada quando nós deslocávamos para o TG e ao passarmos em frente à Estação Ferroviária, atualmente, “Estação das Artes de Mossoró”, um velhinho, talvez já estivesse beirando os 90 anos, jogava xadrez sozinho sob a área de sua residência.

Ali, pelo lado de fora do muro da sua casa ficamos espiando e acompanhando a sua disputa contra o seu parceiro, que na realidade, apenas ele imaginava que estava jogando com alguém.

O velhinho ficava observando as peças e depois dizia assim: "- Agora é a sua vez". Como se o suposto jogador tivesse jogado, o velhinho dizia: "- Agora quem joga sou eu. É a minha vez". Em seguida, ele pegava uma peça do xadrez e a transportava para outro lugar, e na seqüência  recolhia uma.

Ali, ficamos em segredo um bom tempo. Só que, devido a nossa besteira, quando nós caminhávamos para o Tiro de Guerra já encontramos as turmas de atiradores e os sargentos que vinham descendo em busca da cidade. Sem jeito de acompanharmos as tropas, porque os sargentos não mais aceitariam que nós entrássemos na marcha, retornemos para a Casa de Menores Mário Negócio. Nesse dia perdemos mais 2 pontos.

Não sei quem estava velho ali, se era o velho ou nós dois, porque, naquele dia, perdemos as nossas obrigações no Tiro de Guerra. Mas mesmo que tenho que passar por muitas coisas, não sendo doença, eu quero chegar aos 90 anos de idade.


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http://josemendeshistoriador.blogspot.com

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