Por José Mendes Pereira - Crônica 11)
Assim que seu
Galdino terminou de cuidar dos afazeres do curral, tomou café, em seguida,
fumou um cigarro rasga pulmão, selou o seu jumento “Farrista” e saiu com
ancoretas para apanhar água na cacimba do gado. Mas, parece que “Farrista”
andava meio adoentado. Lento, triste, preguiçoso, e os olhos estavam descendo
lágrimas, como se ele estivesse sentindo muitas dores de cabeça, ou até mesmo
no seu corpo inteiro. E desse jeito, fez com que seu Galdino se irritasse com
ele, chegando até violentá-lo com fortes pancadas, sem escolher o lugar de
bater.
Quando seu
Galdino montava na sela ele ficava sem querer andar, ali, parado, mesmo levando
exageradas surras do seu dono. Ainda bem que seu Galdino nunca matou nem si
quer uma formiga, se não tinha o matado de ódio. Dizia ele que a natureza
precisa de todos os viventes, e para que matar, em vez de proteger aquele
vivente?
Muitas vezes,
seu Galdino viu enquanto trabalhava em seus afazeres, várias formiguinhas
passando com as suas cargas sobre o seu minúsculo ombro, e quando as via,
parava tudo e ficava esperando que elas passassem para o outro lado. Se ele
tinha o prazer de construir, dizia ele, assim são as formiguinhas, que querem
fazer as suas casinhas para se protegerem da chuva, do sol e de seus
predadores.
E assim, o
“Farrista” sem querer andar, mais irritado ficava seu dono. Em um momento, o
“Farrista” deitou-se ao chão, e por mais que seu Galdino batesse mais raiva ele
o fazia. Não se levantou de jeito nenhum. Vendo que ele não se levantava, seu
Galdino marchou para a ignorância. Fez uma coivara debaixo do seu rabo, e
quando iniciava a fogueira, apareceu seu Leodoro que andava campeando. E vendo
aquela arrumação, protestou, dizendo-lhe:
- Como é que o
senhor faz uma coisa desta, compadre Galdino, tocando fogo no rabo do jumento?
Seu Galdino
foi curto e breve dizendo:
- Se o senhor
quiser ficar no lugar dele compadre Leodoro, para levar a minha carga, venha
que o solto.
- Eu não,
compadre Galdino. Eu sou gente, e não sou animal para levar cangalha nas
costas.
E sem mais
nada dizes, seu Leodoro Gusmão saiu do lugar em que estava às pressas, mas
resmungando consigo mesmo. “- Que homem imbecil, ignorante este meu compadre!”
Assim que seu
Galdino tocou fogo embaixo do rabo do jumento depressa ele se levantou. E
aproveitou a vontade do “Farrista”, montou-se e saiu chicoteando-o vez por
outra.
Mais adiante,
“Farrista” repete o que fizera antes. Seu Galdino tentou levantá-lo, mas ele
não estava nem aí. Quanto mais apanhava mais se entrevava, mesmo deitado. E
depois de tanto apanhar, resolveu levantar. Seu Galdino pula na cangalha e
segue viagem a caminho de casa.
Ao longe,
avistou um cavaleiro que se aproximava. Era o vaqueiro da viúva dona Chiquinha
Duarte, que vinha vistoriando as cercas da fazenda. Querendo saber para onde
seu Galdino estava indo, perguntou-lhe:
- Está indo
para onde, seu Galdino, com o jumento?
- Estou indo
para o inferno! Respondeu-lhe com a maior ignorância.
- Nossa! O
senhor está indo pra muito longe. Acho que tão cedo não irá chegar lar. Porque
é longe daqui lar.
Seu Galdino
não lhe respondeu mais nada. Esporeou e chicoteou fortemente o jumento e foi-se
embora.
Bem próximo ao
curral apareceu um senhor e duas mocinhas, os três estavam com bíblias nas
mãos. O homem era o pastor João Tomah, mas não era do conhecimento do seu
Galdino, e as mocinhas eram obreiras da igreja que faziam partes. Andavam à
procura de ovelhas para a sua congregação.
Já fazia um
bom tempo que o “Farrista” repetira novamente aquilo que tinha feito
anteriormente em outros locais. Ao ver seu Galdino maltratando o jumento o
pastor João Tomah chamou a sua atenção, que ele não devia fazer aquilo com o
animal indefeso.
Seu Galdino
quis logo saber o porquê de querer defender o jumento, dizendo:
- Por que o
senhor quer defender o jumento, se ele não lhe pertence?
- É porque não
devemos judiar com os animais, senhor. Eles são as nossas companhias. E se um
dia o homem exterminar todos os animais da terra, não haverá mais vida no
globo, porque o homem sozinho neste planeta suicidará, isto é, será um suicídio
coletivo. Veja o senhor, continuava o pastor, um homem vai morar lá dentro da
mata, passando fome, magro, sem nenhuma regalia, mas ao seu redor estarão: um
cão, um papagaio, galinhas, gatos, bodes, ovelhas... O homem sozinho morrerá
logo.
Seu Galdino
mesmo irritado, com ódio, ouvia caladamente. Em seguida, perguntou-lhe:
- E se este
jumento estivesse lhe fazendo raiva, assim como desde da cacimba que ele me
irrita, o que o senhor faria?
A pergunta do
seu Galdino ao pastor ficou sem resposta.
- Mas o senhor
já tem idade para saber que não se deve judiar com os animais, principalmente
este jumento, pois era nele que Jesus andava no mundo...
- E Jesus
andou neste jumento, senhor? – Perguntou seu Galdino.
- Sim senhor!
- Só o podia
ter andado neste jumento. Jesus com aquele jeito piedoso, calmo, tranquilo, e
de filho de Deus e da Santíssima Trindade jamais lhe deu umas bordoadas. Ainda
bem, senhor, que ele só andou neste. Porque se Jesus tivesse andado nos outros
jumentos, tinha desgraçado todos eles, com manhas..., com preguiças, com
malandragens..., meu Deus! Que coração bondoso é o de Jesus...!!!
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Quando estiver
no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou,
não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro
seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional,
você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as
verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no
trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão.
Você pode não conduzir arma, mas o outro, quem sabe! Carregará consigo uma
maldita matadora, e ele poderá não perdoar a sua ignorância.
http://josemendeshistoriador.blogspot.com
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