Por José Mendes Pereira
“A verdadeira história começou por um chocalho. Numas cabras, né? Este chocalho ainda hoje está na minha mão. É a última pessoa que existe desse chocalho, que começou toda história do cangaço, é esse chocalho.
Esse chocalho está em Serra Talhada, num museuzinho pequeno, que me pediram a esse, o museu me pediu para eu deixar este chocalho, lá em Serra talhada... Quem me entregou foi um ex-cangaceiro do meu (possivelmente a falha no vídeo, mas acredito que ele quis dizer meu pai), que me disse uma segurança muito grande...”
Vamos lá:
Ele diz que o chocalho estava na sua mão e de repente diz que o chocalho está em Serra Talhada.
Por que isso?
Quando foi que este chocalho chegou às suas mãos e através de quem, quando muitos pesquisadores da época, gostariam de ter recebido esta relíquia para os seus acervos?
Com certeza, foi um chocalho adquirido por aí, ou quem sabe, ele mesmo o encontrou, sem ter nada a ver com o chocalho que misteriosamente começaram as brigas dos vizinhos, Zé Saturnino e Lampião com os seus irmãos. Pelo tempo que já se passou, o chocalho é uma invencionice do João Ferreira da Silva.
Vejam bem:
A briga entre os Ferreiras e Zé Saturnino surgiu mais ou menos no ano de 1916, então, da briga para o nascimento do João Ferreira já havia se passado 22 anos. Lógico que quando ele veio entender o que é a vida, já fazia muito tempo. Não seria mais possível ele adquirir este chocalho. Pura invencionice!
Todo mundo queria ser filho de Lampião. Eu acho que até eu, sou filho dele.
Assista ao vídeo e diga se tem procedência esta história do João Peitudo, suposto filho de Lampião e de Maria Bonita. Eu acho que não tem procedência de forma alguma.
(Nome: | João Ferreira da Silva | ||
Nascimento: | 1938 |
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Falecimento: | 26-07-2000 | em: | Juazeiro do Norte, CE |
Idade: | Aproximadamente 62 anos, em 2000. | ||
Profissão: | Funcionário Público da Prefeitura de Juazeiro do Norte | ||
Pai: | |||
Mãe: | |||
Notas: | João Peitudo". Faleceu de ataque cardíaco, está sepultado no cemitério São João Batista. Foi reconhecido filho do cangaceiro Lampião em 1994 através de um exame de DNA realizado nos Estados Unidos. Teve 5 filhos). Existem pesquisadores do cangaço que são grandes conhecedores do tema, informam que o exame de "DNA" feito para comprovar a paternidade dos pais de João Peitudo, ficou incompleto. Sendo assim, menos verdade. Posteriormente, após dois exames de DNA, constatou-se que não era verdade. João Peitudo faleceu com 62 anos de idade, morte natural, no dia 26 de Junho de 2000, em Juazeiro do Norte, a 563 quilômetros de Fortaleza. É claro que ele se dizia ser filho de Lampião e Maria Bonita, não criado por ele, mas, lógico, a afirmação deve ter saído da boca de quem o criou. Só que o chocalho, na minha humilde opinião, ninguém sabe até hoje o paradeiro dele, muito menos sabia o João Peitudo. Sem essa afirmação, jamais o João Peitudo iria se considerar filho dos reis do cangaço. Suponhamos que Maria Bonita engravidou de Lampião no ano de 1937, e só pariu o João Ferreira da Silva no ano seguinte. Mas vale lembrar que, depois que o capitão Lampião saiu do Ceará, nunca mais colocou os seus pés em Juazeiro do Norte. Se ele voltou ao Ceará eu não tenho conhecimento. Só sei que no dia 21 de agosto de 1928, numa canoa, o capitão Lampião e seus cabras cruzaram o rio São Francisco. Ali, ao sul do Rio, passaria a ser a base de suas operações maldosas dali em diante. Agora, o cangaço estaria vivendo uma nova vida cangaceira. Naquele Estado, Lampião passou a ter como refúgio preferencial outro Estado que foi Sergipe, onde um de seus protetores seria o médico e capitão do Exército Eronides de Carvalho, mas este ele só se encontrou ao menos uma vez. Em meados dos anos 1930, Eronides se tornou governador, e lógico que o capitão do exército não queria mais amizade com bandido. |
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