segunda-feira, 6 de julho de 2020

JOANNA EPIPHANIA SOFREU NAS MÃOS DO CAPITÃO LAMPIÃO PORQUE O MARIDO FOI ACUSADO PELOS CANGACEIROS DE SER INFORMANTE DA POLÍCIA.

Por José Mendes Pereira

No tempo do cangaço os sertanejos do nordeste brasileiro não sabiam bem de que lado deveriam ficar, se eram obedecendo às volantes polícias dos governos estaduais, que viviam os acusando de darem abrigos aos cangaceiros, ou aceitando as terríveis exigências dos marginais que confiando nas suas armas mortíferas não respeitavam ninguém. Mas o que se sabe é que, se os facínoras eram perversos quando escolhiam as suas vítimas, bem mais  eram as próprias volantes políciais, as quais tinham obrigação de protegerem os sertanejos, mas elas faziam o contrário, ditavam as suas regras maldosas e impiedosas contra os sofridos homens camponeses. Ou eles indicavam o rumo que haviam tomado os cangaceiros quando por lá passavam, ou iriam ser judiados com surras e outras tristes formas de agressões e violências, e muitas vezes, havia deramamento de sangue, matando algum membro daquela família, e geralmente, o marcado para morrer sem dúvida era o patriarca. 

João de Sousa Lima

O escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima que hoje tem mais de 20 livros publicados declara que quem mais fazia perversidade com os camponeses era a própria polícia, e para confundi-los, usava o mesmo tipo de uniforme que era usado pelos cangaceiros, somente para atribuir os crimes feitos por ela nos sertões ao bando de cangaceiros ou ao próprio perverso e sanguinário capitão Lampião. 

E assim os pobres catingueiros não tinham a quem recorrerem segurança. Ali estavam entre a cruz e a espada. Ou eram amigos dos cangaceiros e inimigos da polícia ou eram amigos dos policiais e inimigos dos cangaceiros, mas numa condição, morrerem nas mãos de um grupo ou do outro não seria tão difícil. E para que isso não acontecesse o melhor mesmo era venderem o que tinham adquirido com muito trabalho, e se mandarem para outro Estado que os cangaceiros ainda não haviam feitos seus coitos por lá. 

Rubens Antonio

O baiano professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio diz em um dos seus trabalhos com o título "Joanna Facão" que Joanna Epiphania Cardoso foi uma das vítimas do capitão Lampião em 11 de abril do ano de 1931O motivo desta vingança foi porque o seu esposo Manoel José Cardoso foi acusado pelos facínoras da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia." de ser informante da polícia. O sertanejo que por ventura  dedurasse os cangaceiros à polícia  jamais seria perdoado, porque com certeza, tinha feito a encomenda da sua morte.   

A gestante Joanna Epiphania não dedurou ninguém, mas a suspeita de dedurar fora atribuída ao seu marido pelos cangaceiros, e por isso ela foi capturada juntamente com ele no lugar chamado de  Arraial São Paulo, próximo à Uauá, em terras baianas. 

No período deste ocorrido ela estava com  23 anos de idade e no oitavo mês de gravidez, sendo o 3º. parto. Assim que os bandoleiros dominaram o casal resolveram de imediato assassinar o esposo da Joanna, e em seguida,  ela foi brutalmente espancada com violentas chibatadas e laterais de facão, todas aplicadas pelo próprio capitão Lampião.


Joanna foi obrigada a montar num burro totalmente despida e sair desfilando pelo arraial. Os seus cabelos da cabeça e genitália foram cortados a facão por este cangaceiro. Terminado o serviço em espécie de vingança os cangaceiros obrigaram a gestante ir com eles, e só foi liberada a quilômetros de distância do arraial. A infeliz vítima de Lampião foi nomeada pela população do Arraial de "Joanna Facão". E conta o professor Rubens Antonio que ela viveu muito e só veio a falecer na década de 1990.

Sepultura de Joanna Facão
Imagens gentilmente disponibilizadas por Basílio Gomes Gonçalves.

Naquela época de intranquilidade dos matutos era um verdadeiro inferno, porque as esperanças de um dia reinar novamente a harmonia no pedaço de chão sofrido do nordeste, era uma incerteza total. Os perseguidores tanto os cangaceiros como os policiais não davam tréguas aos catingueiros, e com isso viviam num desassossego dos danado. Num descuido de olhos apareciam as almas perversas na caatinga dos infelizes catingueiros.


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