quinta-feira, 9 de maio de 2019

SEU GALDINO FALA AO SEU LEODORO SOBRE A SUA PASSAGEM NO TIME DE FUTEBOL POTIGUAR DE MOSSORÓ.

Por José Mendes Pereira


Para quem gosta de futebol a Associação Cultural e Desportiva Potiguar é conhecida "Potiguar", porque é uma associação do Estado do Rio Grande do Norte, e que a equipe faz seus jogos no único Estádio de futebol de Mossoró, o Nogueirão.

O Potiguar não é o maior time do Rio Grande do Norte, mas é um dos maiores do interior do Estado, e é merecedor da maior torcida deste. Ele foi fundado em 11 de fevereiro de 1945, resultado da fusão de dois clubes da cidade o Esporte Clube "Potiguar" e a Sociedade Desportiva Mossoró.

Em 1951, o "Potiguar" veio a conquistar seu primeiro campeonato municipal. Dequinha (que mais tarde viria a jogar pelo Flamengo e pela Seleção Brasileira) e Bira (que jogou no futebol europeu) foram os responsáveis pelas primeiras conquistas do clube. 

Seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) foi um dos jogadores do "Potiguar", segundo afirmou ele a seu Leodoro Gusmão enquanto conversavam em uma tarde no seu curral. Mas algumas pessoas não respeitam seu Galdino e não querem acreditar em tudo que ele diz.

Eu, particularmente não vejo nenhum motivo  para dizer que seu Galdino Borba(gato) era um homem mentiroso. O que eu sei é que ele era um sujeito completamente polivalente. Um grande conhecedor de várias profissões, como por exemplo: agricultor, fazendeiro, vaqueiro, ourives, jogador de futebol, caçador de mel de abelha italiana e jandaíra e  principalmente, perseguidor de onças nas quebradas sertanejas. Esta última era a que ele mais entendia. Pegava onças na carreira dentro dos cerrados, e para ele, caçar onças era o seu melhor hobe. 

Seu Galdino era mais corajoso do que o tenente João Bezerra da Silva o único policial que foi capaz de matar o homem mais valente do Nordeste Brasileiro, o rei do cangaço  capitão Lampião, sua rainha Maria Bonia e mais 9 cangaceiros, todos estes eram funcionários da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.

Sob o telhado que cobria o estábulo da sua fazenda seu Galdino e seu Leodoro Gusmão conversavam sentados em  tinas feitas de alvenaria, e o assunto bem gostoso e com muito orgulho para seu Galdino era relacionado à sua participação como titular -  jogador de futebol da "Associação Cultural e Desportiva Potiguar". 

Dizia seu Galdino ao compadre que na adolescência foi um dos melhores jogadores de futebol em campos de poeira, isto é  improvisados, e com o passar dos anos deixou os campos de poeira e conseguiu participar de campos oficiais, com regras, com traves, com bolas oficiais, com  juízes,  bandeirinhas, gandulas, mais uma enorme torcida e tudo mais. E devido o seu bom desempenho como jogador foi convidado, e posteriormente contratado para ser um atleta da equipe do "Potiguar" de Mossoró, assumindo a posição atacante, porque este clube tomara conhecimento do seu talento com bola.

Nessa equipe seu Galdino foi a grande estrela, e até hoje, depois de muitos anos que passou lá pelo "Potiguar" é lembrado por todos os jogadores e membros dali, porque ficou registrada a sua admirada participação naquele grupo. Equipe que apresentava e apresenta até hoje total eficiência. 

No primeiro jogo "Potiguar x Baraúna" ambos de Mossoró que fez como titular desta primeira equipe, contava seu Galdino ao compadre Leodoro, logo no primeiro tempo, fez 8 gols (de acordo com a regra seria goles, mas é mais usado gols), que nunca tinha acontecido em partida de futebol  do Brasil, e nem em país nenhum, um único jogador balançar a rede com 8 golse principalmente, apenas em um tempo de 45 minutos.  

Seu Leodoro Gusmão ouvia com atenção o que dizia o seu compadre Galdino Borba(gato), mesmo pigarreando, mas fingia ser irritação na garganta, como se fosse excesso de secreção acumulada. Mas na verdade, ele achava que seu Galdino estava enfeitando muito o assunto, e jamais tomara conhecimento que seu Galdino tinha jogado em times  de futebol oficiais. Mas não devia duvidar.   

Seu Galdino dizia que a bola parecia estar apaixonada por ele. Sempre ela procurava os seus pés. Quando bem olhava ela já vinha à sua direção, e quando ele apoderava-se da bola, era nesse momento que ele fazia a torcida delirar, gritando fortemente o seu nome: "- Galdino! Galdino! Galdino!". Mas isso é o que chamamos de talento. Seu Galdino nasceu para ser mesmo um atleta de campo, onde tem trave e gramado. Em algumas vezes, a bola tomava rumo diferente e caía dentro da rede. 

Em um momento seu Leodoro Gusmão quis saber o que sentia o seu coração quando a torcida delirava. E apoiando-se um pouco sobre a tina que a tempo se sentara, perguntou-lhe:

- Compadre Galdino, eu suponho que é  muito bom quando as pessoas gritam o nome da gente em tom de elogios. E com tudo isso, como ficava o seu coração nessa ocasião de delírio da torcida do "Potiguar" gritando e batendo palmas, só homenageando o seu futebol?

- Nossa! Não há coisa melhor do que ser admirado dentro de um campo de futebol ou qualquer ambiente. Eu nem sei explicar o tamanho da emoção. Mas é gratificante, compadre Leodoro.

Segundo seu Galdino na sua segunda participação na equipe "Potiguar", jogando contra o "Baraúna" local, logo no primeiro tempo, fez 11 gols.  O goleiro do "Baraúna ficou totalmente atordoado de tanto pular para evitar gols, mas não teve jeito, foi surrado com 11 lindos gols.

A galera não parava de gritar quando ele se apoderava da bola. O que era de jogadores do "Baraúna" todos corriam atrás dele. Nesse dia, até o goleiro deixou a sua trave e fez carreira para ajudar os demais membros do Baraúna. 

Teve momentos que três ou quatro jogadores abandonaram o campo e ficaram ali ao lado do goleiro. Com as mãos eles não podiam pegar a bola, mas com pés e cabeças podia evitar mais outros gols. Ele parecia que estava voando sobre o gramado. 

Dizia ele que no segundo tempo, o seu admirado desempenho, até os torcedores do "Baraúna" aplaudiam o seu futebol. Dava cada chapéu nos seus adversários, e que a plateia não segurava a sua emoção, o seu grito de admiração estava por todo campo.

Mas com tanto talento seu Galdino Borba(gato não seguiu o futebol, porque o tempo não oferecia muito dinheiro. Resolveu abandonar de uma vez por toda a carreira de jogador e ficou fazendo companhia aos pais. 

Seu Galdino foi convidado por outros times e também para participar da seleção brasileira, mas ele não aceitou. O que ele queria mesmo era ficar juntinho dos seus pais e seus conterrâneos mossoroenses.

Mais uma vantagem que seu Leodoro ouviu do seu compadre Galdino.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...