Por José
Mendes Pereira
Segundo os
pesquisadores e escritores do "cangaço" contam que um dos mais
terríveis cangaceiros de Lampião era o José Ribeiro da Silva o Zé
Sereno, que no cangaço e mesmo após este, era companheiro da cangaceira Sila
a Ilda Ribeiro de Sousa. Como ele era chefe de um dos subgrupos do capitão
Lampião, além dele próprio matar, ordenava aos seus comandados que, antes de
exterminar qualquer indivíduo, podiam judiar bastante aquele que estava marcado
para morrer.
O que segue, aconteceu com o cangaceiro "Novo Tempo" por nome legítimo de Abdias, e que era irmão da ex-cangaceiro Sila companheira do ex-cangaceiro Zé Sereno, você irá encontrar este relato nos livros: "Gente de Lampião" de Antonio Amaury e "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico" do escritor Alcino Alves, contam o triste acontecimento com esse cangaceiro que foi atingido nos
dois braços pelas balas da volante do tenente Zé Rufino, no tiroteio chamado
de "Fogo da Laginha, na Lagoa do Domingo João.
O cangaceiro passou três dias numa condição terrível porque para chegar a um lugar qualquer tinha que se arrastar no chão tentando chegar a uma das fazendas de Antonio Caixeiro pai de Eronides Ferreira de Carvalho para pedir socorro. Foi recebido, mas posteriormente foi traído por um dos cabras da fazenda chamado Zé Vaqueiro, que ao lhe socorrer viu que aquele infeliz não escaparia daquela desgraça em estado gravíssimo, mas mesmo assim, o Zé Vaqueiro tentou ajudá-lo.
Diz o jornalista Juarez Conrado em seu livro: "Lampião Assaltos e Morte em Sergipe" que vendo que o cangaceiro
não estava se recuperando e temendo que as volantes policiais descobrissem que
ele estava acobertando cangaceiro, covardemente o Zé Vaqueiro resolveu liquidá-lo com um
tiro no ouvido. E sem mais pensar, sapecou-lhe um besourinho de chumbo em um
dos ouvidos do infeliz facínora.
Feita a
crueldade com o desgraçado cangaceiro que estava muito debilitado, e pensando
que ele tinha morrido, o coiteiro Zé Vaqueiro foi até em sua casa, e levou
ferramentas para fazer a cova, e ali mesmo, seria o seu plano: enterrar o
suposto morto, vez que ninguém nunca iria saber, que na propriedade tinha um
cangaceiro enterrado. Se às pressas ele foi em sua casa, muito mais às pressas ele voltou. Mas o coiteiro foi muito infeliz, porque a sorte o abandonou. E ao chegar ao local onde havia assassinado o cangaceiro (assim pensava o
coiteiro), não encontrou o “Novo Tempo” nem morto e nem vivo.
E agora? Com
certeza, caso os cangaceiros soubessem desse terrível acontecimento contra um
dos seus companheiros, e se descobrissem que a crueldade fora feita por quem
eles tanto confiavam, que era o coiteiro Zé Vaqueiro, sem dúvida, ele tinha assinado
a sua sentença de morte, e a cobrança dos cangaceiros seria inevitável.
Apesar do
balaço que recebera no ouvido o cangaceiro “Novo Tempo”, mesmo ferido, conseguiu
sobreviver desta crueldade, e fugiu de imediato do local em que fora baleado no
ouvido pelo coiteiro. E assim que localizou o bando de cangaceiros do seu
cunhado Zé Sereno, “Novo Tempo” participou a
eles o que havia lhe feito o coiteiro Zé
Vaqueiro. E a partir daí, Zé Sereno criou ódio, e sem muita demora, ordenou a vingança
sem perdão e sem piedade.
E com ordem do
chefe de subgrupo de Lampião os cangaceiros Juriti, Sabiá, Mergulhão e
Marinheiro foram ao encontro do vaqueiro. É possível que ao ver os cangaceiros
em sua porta o vaqueiro deve ter os recebido como de sempre, e talvez não imaginasse
que o “Novo Tempo” tinha escapado.
E lá, ele foi amarrado,
xingado, levando boas bofetadas, além de chicoteadas e pontapés, sendo obrigado
a cortar xiquexiques e mandacarus, e destes Cactáceos, fizeram uma cama; depois de despido, o
coiteiro Zé Vaqueiro foi jogado sobre os espinhos, morrendo pouco tempo depois todo ensanguentado saindo pelos furos dos espinhos. Tocaram fogo, deixando a labareda
se alimentando das gorduras do infeliz Zé Vaqueiro.
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