quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

PRA NÃO DIZEREM QUE EU NÃO FALEI DE PAPARAZZI


Por José Mendes Pereira - (Crônica 48)
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O que é paparazzi? 
           
No dicionário Aurélio paparazzi são profissionais que se dedicam a tirar fotos indiscretas de pessoas conhecidas ou ilustres. 
            
No nosso caso vamos aportuguesar esta palavra, passando a ser escrita, paparazo e lhe dando o feminino, paparaza. É claro que ela não significa o que segue, mas façamos de conta que sim. É apenas uma brincadeira.
            
Em todas as repartições públicas o diretor tem duas pessoas de grande confiança, elas são as suas paparazas, que se encarregam de todas as coisas relacionadas com a sua administração.
            
Vamos nomeá-las para que nós entendamos melhor o que segue. 
            
A primeira paparaza é a Marcileide. Sempre está sentada ao lado direito do diretor, e se encarrega dos papéis, arrumando-os com muito cuidado, olhando se estão assinados, carimbados, e se os mesmos estão selecionados. Tem o maior prazer de carimbar diante do diretor. Tuf. Tuf. Torce muito para que algum deles esteja faltando a assinatura do diretor, para ter o gosto de dizer:
            
- Seu Paulo, falta o senhor assinar este.
            
E o  diretor  cheio de ponderações, jamais  teve tanto agrado, até mesmo em casa, sorri, dizendo-lhe:
           
- Tem razão! Eu tinha me esquecido. Obrigado! Agradece ele com um obrigado lacônico. 
            
E quando tem contas para pagar a Marcileide está atenta! Sim senhor! Oferece-se para ir fazer o pagamento no banco, e muitas vezes, ela não tem nem tempo para isso. 
            
- Não posso negar nada a ele. Afinal, minha gente, ele é o meu diretor.
           
Diz isso a todos, na finalidade do diretor tomar conhecimentos através das outras pessoas, que ela é muito responsável em tudo que toma de conta.
            
A segunda paparaza é a Kátia. Geralmente se senta ao lado esquerdo do diretor, e se encarrega de uma fofoca, mas ela não imagina que a turma já observou o seu comportamento de fofoqueira. 
            
- Eu não tenho certeza Seu Paulo, mas pelo que me falaram..., Deus me livre dele saber que eu comentei ao Senhor..., pelo amor de Deus, o senhor não comente isso a ninguém..., mas foi ele quem levou os livros..., quebrou a garrafa de café..., quem criticou da sua administração...
            
Também é encarrega de um docinho, água bem geladinha, bolachinha, de um cafezinho, e tem o maior cuidado com as xícaras, para que não estejam com cheiro de baratas. O café não pode ser forte. 
             
Daí a pouco, ela aparece com o sorriso no rosto e nas mãos, um cafezinho para o diretor. 
             
- Quer um cafezinho, Seu Paulo?
             
- Lógico! Exclama ele.  Recebe das mãos dela e começa a tomar.
             
Minutos depois, ela pergunta meio desconfiada:
             
- O café está gostoso?
             
- Além de bom! Está ótimo! – Responde ele num tom de admiração...,  é Kimimo ou Santa Clara?
            
- É Kimimo. Mas se o senhor gosta mais do Santa Clara, amanhã eu o compro.
            
- Não, Não! Faz ele meio sem graça. Não tenho opções. Todos são cafés.
            
- Está doce? 
            
- Está! E gostoso!
            
- Nessa vasilha tem bolachas. – Diz ela meio tímida e sorrindo. 
            
O diretor apodera-se de uma bolacha, mas não é a do seu gosto.  Bolacha recheada é para criança que ainda não mudou os seus dentes de leite. Afinal, ele cuida bem dos seus. Mas continua comendo, quase sem querer descer na hora de engolir.
             
A Kátia está ali por perto, quase como uma mãe protetora, e não desgruda o olhar.
             
Mas de repente, ela nota coisas diferentes com o diretor, e pergunta-lhe: 
             
- O que houve, Seu Paulo?
             
- Nada! Nada! – Diz ele quase entalado.
             
- O Senhor quer um copo  d’água? 
             
- Não, não é necessário!
             
E ele continua comendo, e vez por outra faz: unrum, mastiga, pede água e tome água e unrum, e tome café e unrum, e tome mais bolachas, unrum...
             
O diretor não precisa se preocupar, pois ao seu lado está uma grande protetora. É uma coisa fantástica o zelo que ela tem com o diretor.
             
Mas o Seu Paulo parece que está querendo provocar, e está engasgado causado pelas bolachas. E de vez em quando, quer cair sobre o birô, quer provocar, com um enjoo terrível. Tenta jogar fora o que comeu, mas não tem jeito, apenas está com nojo das bolachas recheadas. Abre a boca para vomitar. Tem uma boca enorme, pois se tentar, cabe um pacote de pão de forma.
             
- Meu Deus!  Que homem de boca grande! - Admira-se a Kátia com a voz baixinha, para que ele não a perceba.         

Mas ela continua preocupada. Afinal, foi a única causadora de tudo, pois o diretor não é criança para comer bolachas recheadas.
             
- Quer mais um copo d’água, Seu Paulo?
             
-Não! Não! – Eu estou bem, obrigado! Não se preocupe comigo! Já passou. Diz ele passando a mão sobre a barriga...

E assim são os paparazos de um diretor.

Observação:

Isto é apenas uma brincadeira. Trabalhei muitos anos em escolas e sempre me dei bem com todos funcionários.   

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Fonte:
http://cantocertodocangaco.blogspot.com

Autor:
José Mendes Pereira

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