terça-feira, 27 de agosto de 2019

UM HOMEM DE CORAGEM AO EXTREMO

Por José Mendes Pereira
Capitão Lampião

Não estou querendo enaltecer o velho bandido capitão Lampião, mas se analisarmos bem direitinho e cuidadosamente para não menosprezar os demais cangaceiros, que no mundo do crime foram feras humanas, no meu entender, Lampião foi o homem mais corajoso de todos os tempos, que viveu dentro da caatinga do Nordeste do Brasil.

Antonio Ferreira da Silva irmão do capitão Lampião

Até o ano de 1925 o capitão Lampião estava protegido pelos dois manos Antonio Ferreira da Silva e Livino Ferreira da Silva, que estavam ao seu lado, lutando pela mesma causa que era respeito aos Ferreiras, ou por interesses próprios. 

Livino Ferreira está por trás de Lampião. Lampião ainda não era cego do olho

Mas neste mesmo ano Lampião perdeu em combate o Livino Ferreira e ele ficou cego do olho direito. Mesmo assim, enfrentou o cangaço sem pensamento de desistir daquela maldita vida. Agora na caatinga só tinha o mano Antonio Ferreira para protegê-lo dos arrufos de qualquer um cangaceiro, que possivelmente, poderia surgir uma briga contra ele, porque o capitão mantinha ordem dentro do seu grupo. E isso era possível uma revolta por ter  repreendido fortemente algum deles ,diante de toda cabroeira.

A igreja ao centro é a São Vicente de Paula em Mossoró e que ela serviu de apoio para os combatentes se protegeram contra os estilaços de balas pelo grupo de Lampião em 1927.

Mas por infelicidade do capitão Lampião no início do ano de 1927, meses antes da tentativa de assaltarem a cidade de  Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, sem ser perseguido por volantes, e sim, um triste acidente, o Antonio Ferreira da Silva foi morto por uma arma que disparou contra si quando ele, Luiz Pedro e mais outros cangaceiros jogavam cartas em grupos. 

O cangaceiro Luiz Pedro amigo de Lampião desde a velha guarda

Após a morte do mano mais velho Lampião admitiu Ezequiel Ferreira da Silva o mais novo irmão. Este iria participar do movimento sem leis em sua Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia. Mas em 1931 Ezequiel Ferreira foi morto por uma volante policial do governo.

Lampião e seu irmão Ezequiel Ferreira

Agora o capitão Lampião não tinha mais irmão que pudesse colocá-lo no cangaço. Somente o João Ferreira dos Santos que não participou do movimento desastroso do seu irmão, mas muito antes, segundo alguns escritores e pesquisadores afirmam que ele tentou entrar na empresa e o capitão Lampião não aceitou, mandou que ele fosse cuidar das suas irmãs solteiras.

Mas o que me faz dizer que Lampião foi um dos cangaceiros mais corajoso do cangaço é que após o ano de 1931 ele ficou sozinho no meio daquelas feras, totalmente desprotegido de irmãos e de parentes. No cangaço a Maria Bonita era apenas a sua companheira de cama e não carregava em seu corpo o seu sangue.

Imagina você leitor, se caso acontecesse uma guerra de cangaceiros contra o capitão Lampião, já que mesmo sem parentes ali, qual seria a sua reação? Se atirasse num, seria alvo fácil para os demais, porque no seu comando (não no grupo) existiam irmãos como: 

Maria Bonita e Sabonete

O cangaceiro Sabonete era irmão do cangaceiro Borboleta e que era uma espécie de secretário da rainha do cangaço Maria Bonita. O Borboleta é aquele que foi se entregar ao capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante das Forças de Operação na Bahia juntamente com Juriti e sua companheira Maria..

Capitão Aníbal Ferreira

O capitão Aníbal Vicente Ferreira deu documento de soltura aos três, mas me parece que ainda foram presos por um curto período e por má sorte o cangaceiro Juriti foi morto numa fogueira pelo tenente Deluz. 

O cangaceiro Velocidade

O cangaceiro Velocidade era irmão do cangaceiro Atividade. Velocidade é aquele que quando se entregou à polícia disse às autoridades que Corisco não se entregava porque a sua companheira Dadá não deixava. Ele quis dizer que Corisco era mandado por Dadá e já li, não sei se procede, que quando Corisco estava bêbado a sua esposa Dadá era uma verdadeira suçuarana contra ele.

O cangaceiro Cirilo de Engrácias. - Quando fizeram esta foto o Cirilo já estava morto e degolado. Mas colocaram a cabeça sobre o corpo para fins da foto.

O cangaceiro Cirilo de Engrácias era irmão do cangaceiro Antonio de Engrácias, e que me parece que Antonio de Engrácias fez uma covardia com Lampião, e ele não querendo resolver o problema pediu ao Cirilo que resolvesse. Mas o Cirilo não quis conversar com o irmão e foi ao seu encontro e o matou. Não tenho o autor desta informação, mas eu já li por aí na estrada dos nossos estudos cangaceiros.

Os cangaceiros Mané Moreno, Zé Baiano e Zé Sereno

O Zé Sereno, Mané Morero e Zé Baiano eram sobrinhos de Cirilo e do Antonio de Engrácias, os três eram primos entre si, sendo que o Zé Sereno era primo carnal do cangaceiro Zé Baiano. Mas existiram outros que eram irmãos e que me parece que eram lá da cidade de Poço Redondo no Estado de Sergipe, mas não disponho no momento dos seus nomes. Quem quiser saber os seus nomes verdadeiros procurem no livro "Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico" do escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa.  

Cangaceiro era faca de dois gumes. Além destes que citei mais outros poderiam se revoltarem contra o capitão e assassiná-lo por ódio ou até mesmo para roubarem as suas riquezas. 
O que escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, são apenas as minhas inquietações como dizia o escritor Alcino Alves Costa. 

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terça-feira, 13 de agosto de 2019

UMA HISTÓRIA DE TRAIÇÕES PARA OS MEUS LEITORES APRECIAREM

Por José Mendes Pereira

História baseada em fotos reais.

Marília Pascoal Lira de Souza nasceu no amado chão mossoroense e era filha de Adailton Gomes de Souza e Esterlina Pascoal Lira de Souza. Apesar de ser de classe baixa aos cinco anos de idade foi matriculada em uma escolinha que era destinada para filhos de pessoas de classe alta. Desde que começou a tomar conhecimento das coisas do mundo Marília percebeu que a sua mãe não respeitava o seu amado pai. Quase todos os dias, quando o Adailton saía para trabalhar, e eles, filhos, estavam na escola Esterlina sua mãe convidava um dos seus amantes, e lá no seu quarto, sozinhos, faziam a festa de traição. Mas como ainda era uma criancinha era obrigada engolia aquilo sem querer enfrentar para cobrar da mãe o respeito como mulher.

Mas aos 12 anos de idade não deu mais para Marília sustentar a barra e, vez por outra já enfrentava a mãe, exigindo dela o respeito conjugal com o seu pai, porque o que ela fazia era ridículo para a sociedade, para eles, para o inocente pai e muito mais para ela. Como feminina e casada tinha obrigação de respeitar o esposo e a si mesma. Mas a dona Esterlina não tinha compromisso com a responsabilidade conjugal. Para ela Marido era apenas uma pessoa encarregada de colocar comida em casa, comprar roupas, pagar papel de luz e água, enfim, pagar todas as contas que aparecesse no decorrer do mês como se fosse um burro de carga.

Marília tinha mais dois irmãos. O Jorge Pascoal o Jorgito como era chamado o mais velho de 16 anos, e o Paulo Pascoal com 15 anos apenas. Vendo o desrespeito da mãe Marília começou incentivar os irmãos para tentar interromper aquele desrespeito da mãe contra o seu pai. Ela e eles já viviam de cabisbaixa no meio da vizinhança, porque todos já tinham tomado conhecimento e viam as marmotas praticadas por ela, isto é, a infidelidade da mãe dentro do seu próprio lar contra o pai.

Certo dia, pela manhã, Marília sem receio, fortemente discutiu com ela e, até a ameaçou de contar tudo ao pai o que ela fazia, caso ela continuasse com o seu escandaloso adutérismo. Mas a mãe nem se importou com que dissera a filha Marília, porque sabia muito bem que o esposo era um verdadeiro bobão. Tinha muita confiança nela, e jamais ele iria acreditar nela ou nos outros dois irmãos. Marília bem decepcionada com a mãe que tinha, disse-lhe:

- Você nem imagina a vergonha que meus irmãos e eu temos de você, em sabermos que a nossa mãe é uma prostituta das mais vagabundas que existem.

A mãe não gostando da maneira como ela frisou as palavras contra si, tentou repreendê-la:

- Você me respeite que eu sou sua mãe! E não admito que venha...

- Se você prestasse eu não diria - atalhou Marília – mulher do seu tipo é mais vagabunda do que se espera. A partir de hoje você deixou de ser minha mãe, aliás, nossa mãe, porque meus irmãos e eu temos vergonha do seu ridículo comportamento. Aqui no bairro a gente só anda de cabisbaixa por causa do seu desrespeito com papai. Infiel!

No dia que debutou juntamente com as colegas Marília promoveu a sua festa e não quis a presença da mãe em seu maior desejo, que era comemorar o seu dia de debutante com as amigas. Mas no momento em que se divertiam a mãe entrou com um bolo de alto custo, e vinha caminhando para pô-lo sobre a mesa onde estavam os bolos para a recepção. Ao vê-la chegando com o bolo em mãos Marília fingiu recebê-lo, e assim que se apoderou dele jogou na cara da mãe, a expulsando do recinto. Marília tinha criado uma espécie de nojo da mãe.

Mas não precisou que Marília e os dois irmãos contassem ao pai o pouco respeito que tinha a sua esposa, porque, posteriormente, ele tomou conhecimento que ela mantinha relacionamentos extra conjugais. Enfurecido, Adailton obrigou-a confirmar as suas traições, colocando um revólver em seu ouvido. Assim que ela o confessou Adailton não teve coragem de apertar o gatilho da arma, e de imediato, entregou a arma a ela e exigiu que ela o matasse. Mas se ele que era o único prejudicado não apertou o gatilho para matá-la, por que ela tinha que o matar? E devolvendo a arma a ele, ela entrou no quarto e se trancou. Lá, Esterlina pôs-se a pensar e depois se perguntando. Por que trouxera aquela sina de trair o seu marido? Um homem bom para ela e para os três filhos. Tudo que ele ganhava em seu trabalho era entregue em suas mão para fazer o que bem entendesse. E por que o traía? Só saía sozinho para ir à casa de um amigo ou jogar dominó lá no bar do Rocha, e lá, todas as paradas eram valendo, mas um valor insignificante que não fazia falta em sua casa.

 Ao entardecer, quando deu sinal de viva o esposo já estava em casa e jogou-lhe o pedido de perdão, prometendo-lhe que se ele deixasse de falar o acontecido ela não mais o trairia. Iria ser a sua esposa para sempre.

Mesmo decepcionado Adailton aceitou o pedido, e continuou dentro de casa como se o casamento estivesse caminhando muito bem. Ele já sabia de tudo e a partir daquele dia ela o prometera que iria ser fiel e não o trairia mais de jeito nenhum. As coisas andavam bem. Adailton no trabalho tinha certeza que ela estava cumprindo o que lhe prometera.

Não era um casal que dissesse, que felicidade! Mas aparentemente, não deixava transparecer o ódio do marido. Ele fingia que tudo corria muito bem, só para não deixar os três filhos infelizes.

Meses depois, mesmo tendo sido traído pelo seu cônjuge Adailton estava mais ou menos se sentindo feliz, porque a esposa nunca mais tinha faltado com o respeito. Saía quando precisava e vinha na hora certa, sem nenhum desvio de caminho para praticar adulterismo contra ele. Mas mesmo ela conservando o respeito vez por outra, sempre ele tentava acompanhar os seus passos em segredo. No trabalho o Adailton fazia planos para manter o casamento firme e principalmente, cuidar da formação educacional dos três filhos que muito o estimavam.

Marília já se pusera moça formosa e já tinha feito a festa de debutante. Uma mocinha atraente e de bom comportamento, e ainda não dava a mínima atenção aos seus pretendentes que enfileirados passavam de 10. Só iria amar um jovem para se casar após os 25 anos de idade, quando a sua cabeça estivesse feita por completa. Não queria escolher qualquer um, só aquele que o seu coração desejasse. Não iria casar só por casar para fazer o que a sua mãe fazia com o seu pai, traíndo-o quando ele estava nos afazeres da empresa que tinha carta assinada e com todos os direitos protegidos pela CLT. Era jovenzinha, mas a sua formação de feminina e de caráter e de futura mulher, trouxera do berço. Jamais iria decepcionar o seu futuro cônjuge.

O Jorge o filho mais velho do casal já estava pronto para o trabalho, e até desejava ser no futuro um  policial admirado dentro e fora da corporação. Profissão que o pai sempre batia nesta tecla, que ser policial era um risco de vida, e tinha tido alguns amigos que foram embora desta vida muito cedo, assassinados por bandidos enquanto tentavam cuidar da população. Muito bonito o uniforme da polícia, mas aquele ofício era um caminho para a morte. Policial sai de casa para o trabalho , mas não sabe se vai voltar com vida

O Jorge já estava preste a concluir o 2º. Grau, e caso não fosse usar o uniforme policial tentaria ser músico, uma das profissões que guardava em sua mente como segunda opção. Já tinha uma namorada fixa, aliás, a primeira em toda sua vida de jovem, e andava em sua casa duas vezes por semana, e sempre fora bem recebido pelos seus pais e familiares. Tivera contatos, não namoro, com outras donzelas, mas não chegou a sentir amor por nenhuma elas. Mas era um jovem tímido, e a causa desta timidez, nascera quando tomou conhecimento do desrespeito da mãe, quando  manchara a honra do seu pai.  

O Paulo de 15 anos ainda não havia namorado porque dedicara-se totalmente aos estudos. Queria ser alguém na vida e namoro é um passo para o jovem deixar de pensar nos seus ideais. Sabia que um dia teria que colocar uma donzela no seu caminho, ou aliás, na sua companhia, mas por enquanto não, e temia herdar algo do pai em relação a amor, quando fora traído pela sua mãe. E não tinha certeza se suportaria ou não, se caso um dia soubesse que a sua esposa estava o traindo. O mais correto seria, por enquanto, não se preocupar com namoro de forma alguma. 

Apesar dos pesares vendo o bom compotamento da mãe os filhos entraram em acordo que, precisavam analisar e perdoarem o que antes ela tinha feito com o seu pai, e era preciso urgente uma aproximação dos três, isto é, tentarem reconquistá-la, porque só assim, fariam o pai ficar mais feliz ainda. Viam que todas as tardinhas quando ele chegava do seu emprego e falava com eles, o sorriso elastecido na face era do canto da boca ao outro. Então, reconquistá-la era preciso e sem demora para que a felicidade do pai ficasse implantada em seu rosto. Se ele estava feliz, eles também estariam.

Os dias foram se passando e na certeza que a sua esposa não mais estava o traindo o Adailton deixou-a a vontade. Depois de tudo que acontecera agora era preciso manter uma espécie de confiança, já que ela o prometera que não o trairia mais. E a partir dali, o Adailton não mais pegava no seu pé, e ela podia ir para onde quisesse, praias, choppins,  churrascarias etc, mas numa condição: amantes que tivera antes jamais poderiam  estar em sua companhia, ao seu redor, isto  pensava o Adailton sem nunca ter falado para ela. Assim como ele que saía de casa a hora que desejava igualmente o retorno, porque ela tinha que ficar ali presa, como se fosse um pássaro engaiolado só comento e bebendo? Se ele tinha direito a amigos a Esterlina também tinha direito de ter as suas amigas.

Mas mulher quando perde o seu respeito de fiel é difícil de se acreditar mais. O Adailton sabia demais que a mulher tem três sentidos e o homem tem cinco. A mulher faz, diz a sua amiga, e quando a amiga conta para sua amiga, ela  nega com todas letras. Já o homem é totalmente diferente e perde para a mulher, porque os cinco sentidos que ele tem, dois são errados e os outros três últimos são perdidos. Então a mulher é sempre a beneficiada e poderosa.

Assim que o Adailton abriu espaço para liberá-la e confiando desconfiando a Esterlina começou a querer voltar aos velhos tempos de traição. Agora não era mais aqueles amantes de antes que os levava para casa, e lá, praticava o adulterismo contra o seu marido. e sim, jovens com mais ou menos de 20 a 25 anos. O salto para o outro galho é que, saindo com eles acreditava que se caso o Adailton o visse com algum rapaz desta idade jamais iria pensar que ela estava de caso com jovem que tinha idade para ser seu filho.

Certo dia, já ao entardecer, em uma rua que passava todos os dias quando ia e vinha do trabalho, o Adailton percebeu que uma mulher tendo os traços e uniformes da Esterlina seguia à frente acompanhada com um jovem. O Adailton acelerou o carro para chegar mais rápido, fazendo uma espécie de corte para alcançá-la, e ver se na verdade era ela. Naquele dia ele se enganara. Não era a Esterlina, e pôs-se a pedir perdão a Deus porque estava blasfemando contra a sua companheira.

O casal continuava bem, mas o Adailton sempre estava sentindo que uma pulga cochichava em seu ouvido que Esterlina não estava cumprindo o que lhe prometera que não mais o trairia. Mas enquanto não visse sua infidelidade não tinha como reclamar dela. O certo era aguardar sem falar nada. Suspeitava, mas por enquanto, para isso,os seus olhos estavam totalmente cegos, só a sua mente que não queria ficar quieta.

A Marília e os dois irmãos já suspeitavam que a mãe havia voltado ao velho e vergonhoso tempo passado, porque, certo dia, quando eles pegaram um táxi que vinham de um Shopping viram a mãe em uma rua que não era do costume nem dela e nem deles passarem por lá. Ela vinha acompanhada de um jovem de pouca idade. Mas ao chegarem em casa ficaram aguardando a chegada da Esterlina. E assim que ela pôs os pés dentro de casa os três filhos se revoltaram contra ela, usando as mais baixas palavras para ela. Vendo o desconforto entre os filhos ajoelhou-se diante deles pedindo perdão pelo seu mal comportamento. Mas eles não a perdoaram de forma alguma. 

A confusão só terminou quando o pai chegou em casa e ao entrar, nenhum deles teve coragem de repassar para o pai que a mãe havia voltado usar os seus escândalos contra ele. E ao cumprimentarem o pai, cada um tomou rumo para o seu quarto. Lá no quarto a Marília ficou encucando se contava ou não ao pai. Imaginou que se ela contasse e se ele a  agredisse poderia acontecer um assassinato. 

Felizmente o pai quando chegou em casa não deu para saber o que significava aquela discussão. E de imediato, chamou a esposa e pediu o seu jantar. Ela foi às pressas fazer. Mas Esterlina estava meio cismada, temendo que a Marília contasse ao pai o seu desrespeito para com ele. E assim que pôs o jantar convidou-o à mesa e em seguida, foi ver um pouco alguns programas de televisão. 

Adailton não tinha muita certeza que a mulher estava quietinha, isto é, sem amores. E, nessa noite os filhos saíram para a praça. Ele foi ao encontro dos amigos que ficavam em um bar para  jogarem cartas e dominós. E enquanto ele se divertiam a Esterlina fez convite a um dos seus amores jovens que fosse até à sua casa porque ela estava só. Quando os filhos saíam demoram bastante passeando lá pela praça, igualmente o Aderaldo que permanecia por um bom tempo por lá. 

O Adailton voltou logo porque não encontrara no bar os amigos. Tinha havido um assalto e o proprietário naquela noite resolveu fechar as portas do ambiente cedo. 

A Esterlina não esperava que seu esposo chegaria cedo. E ao entrar a viu sobre a sua cama em demasiados amores. O Adailton não suportando aquela cena mandou que o jovem se levantasse, vestisse a roupa e fosse embora, mas a Esterlina ficaria deitada para pagar o seu feito. E arrastando o revólver atirou 6 vezes à queima roupa deixando-a no meio de um lençol de sangue. Não deu nem tempo para a Esterlina pedir ao esposo traído o perdão. O Adailton foi preso, e sim, absolvido, pois Marília e os irmãos foram suas testemunhas de defesa, o que facilitou o processo.

Após alguns anos o Jorge foi morar em outro Estado do Brasil e por incorporou na polícia e nunca mais deu notícia para os seus familiares maternos que ficaram todos contra eles por terem ficado ao lado do pai. O Paulo obteve sucesso nos clubes de futebol. A Marília casou-se e teve filhos. Vivia de vendas ambulantes. O pai casou-se novamente e foi muito feliz com a nova esposa. 

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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O DIA EM QUE O JOÃO MALAMANHA SENTOU NO BANDO DOS RÉUS.

Por José Mendes Pereira

João Malamanha era um verdadeiro King Kong, porque era todo fora dos padrões humano. Ninguém se atrevia ficar perto dele por muito tempo, porque, àquele desajeitado homem poderia a qualquer momento se transformar num gigante, numa fera diante dos homens, aliás, ele já era por natureza agigantado.

Uma vez o João Malamanha matou um domador de leões no circo com três cocorotes dados com o seu desconforme braço, só porque o infeliz batizou um dos seus leões de João Malamanha. Mas mera coincidência. O domador nem sabia a sua existência. Chegara em Mossoró no meio do Gran Circus. Como os seus restritos amigos assistiram a um dos espetáculos do circo posteriormente contaram para ele que lá existia um leão chamado João Malamanha.

E deixar aquela ofensa pra lá, de jeito nenhum! O desajeitado homem resolveu ser um dos pagantes daquele circo. E assim que o domador trouxe o leão para dentro da jaula no momento da sua apresentação, e começou a chamá-lo de João Malamanha, ele pulou a cerca de proteção, agarrou o homem e deu-lhe três cocorotes fortes em sua cabeça, deixando-o já pronto para o enterro.

O leão ao ver o seu domador morto partiu para cima do João Malamanha, tentando agarrá-lo pelo pescoço para sangrá-lo, e com a ligeireza do Malamanha, com toda a sua força, pegou o leão por baixo do vazio com um peso aproximadamente de 250 quilos, levou-o às alturas de 3 metros mais ou menos, e ao cair ao chão o felino ficou prontinho.

Agora o João Malamanha estava sentado no banco dos réus porque matara o domador por pura maldade. Ninguém fica sem passar por apuros. Se os outros que devem a justiça e têm que pagar pelos seus atos o João Malamanha é igual aos outros. Só porque tinha corpo e braços de marreta de 8 quilos quando batia em alguém, não podia se sentar no banco dos réus? Ora! Ora! E para surpresa, algemado pelos pés e mãos. O homem era um imundo e tinha que ficar algemado por completo. Ora sim senhor!

Diante daquela gente toda o réu se sentia humilhado. Todos com braços e pernas soltos. Por que só ele tinha direito a umas algemas, e ainda mais preso pelos quatro membros? Achava ele que era uma verdadeira humilhação.

Mesmo algemado de cima abaixo todos que ali estavam sentiam receio. Aquele homem não era flor que se cheirasse, a sua força era de gigante. Cada braceada que ele tentasse contra alguém seria prejudicial a todos.

Até mesmo o juiz já pensava em absorvê-lo temendo uma vingança do João contra ele. O promotor de acusação nem quis falar, porque segundo o comentário que saiu depois, ao ver o homenzarrão ali sentado, já estava com as calças todas com fedor de urina.

O promotor de defesa temendo ser banido pelo Malamanha isto é, se perdesse a guerra, sabia muito bem que o João Malamanha não o perdoaria, e além de levar uma boa surra do homem, talvez o mataria, e ciente disso, foi mais além, não aguentando mais, um mal cheiro de cocô entranhado nas suas calças. E mesmo quem estava distante dele, sentia.

O João Malamanha nem esperou para o final do júri. De um só soco soltou as algemas dos pés. As das mãos ele pôs a torá-las com os dentes, ficando livre para ele correr, poderia acontecer um possível ataque dos policiais.

Mas o João estava preparado. E assim que os policias (seguranças) partiram para cima dele tentando amarrá-lo foi inútil. Antes do início da cobrança judicial o João Malamanha havia passado um líquido deslizante em todo corpo e com isso nenhum policial conseguiu dominá-lo, porque quando eles tentavam segurá-lo na marra, seus braços escorregavam igual ao peixe mussum de água doce.

E assim o João Malamanha foi-se embora sem pagar nada à justiça. Quem perdeu a vida foi o domador de leões.

O João Malamanha foi morto pelo seu ajudante (mecânico) o anão de 1.30 centímetros. Ao tentar enforcá-lo Leandro retirou da sua cintura uma amolada e pontiaguda faca, enfiando-a no pescoço do homenzarrão. O João Malamanha só deu tempo para dar um assustador grito e o sangue jorrou sobre peças e carros que estavam dentro da oficina, caindo por cima de uns pneus encostados à parede. Vendo que tinha vencido o homenzarrão Leandro fez carreira sem destino certo. Nunca mais se viu o assassino do João Malamanha.

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MORTE DO CANGACEIRO BRIÓ.

  Por José Mendes Pereira   Como muitos sertanejos que saem das suas terras para outras, na intenção de adquirirem uma vida melhor, Zé Neco ...