Por José Mendes Pereira
Seu Galdino
andava pela manhã de mata adentro sem destino, e até invadindo terras alheias,
quando se deparou com um velhinho com mais de 110 anos de idade. Seu Galdino
quis saber para onde ele estava indo, vez que a sua idade e seu porte físico
ofereciam bastantes perigos por ele estar no meio daquela mata totalmente
desacompanhado.
O velhinho
disse-lhe que não se preocupasse. Aquele seu caminhar já era de longos anos,
uma obrigação que tinha, todos os dias, naquele horário, pela manhã, ele saía
da sua residência para visitar em sua casa o pai e a sua mãe.
- Mas quantos
anos o senhor tem? – Perguntou-lhe seu Galdino.
- Eu tenho 110
anos já vividos com muita saúde diante do “Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Seu Galdino
duvidou, porque ele com aquela idade toda, era muito difícil ainda ter pai e
mãe vivos. E perguntou-lhe o seguinte:
- O senhor me
deixa ir à sua companhia até à casa dos seus pais para que eu os conheça?
- Mas não seja
só por isso, senhor! Desejar conhecer os meus pais para mim é uma grande honra.
Eles estão bem velhinhos, mas tudo que se dizem eles ouvem com atenção e
entendem muito bem.
E se abalaram
os dois em busca da casa dos pais do velhinho. Ele sempre à frente do seu
Galdino. E assim que chegarem lá, estava a velhinha de cócoras ao chão. Seu
Galdino a cumprimentou e ela sem se levantar do chão o recebeu muito bem,
esboçando um sorriso de alegria, até fantasiado, agradecendo a Deus os anos já
vividos. A velhinha ainda andava, mas com um pouco de dificuldades. Ali,
conversaram um bom tempo. Ele fez uma porção de perguntas em relação de tantos
anos vividos. Ela só o respondendo.
Terminou com
esta pergunta:
- Quanto ano a
senhora tem?
- Completos eu
tenho 130 anos. – Disse a velhinha com alegria de vida e com esperança de mais
dias que iriam vir.
E virando-se
para o velhinho seu Galdino perguntou-lhe:
- Agora onde
está o seu pai que eu quero o cumprimentar?
- Ele está lá
dentro do quarto...
E saiu levando
seu Galdino para conhecer o seu pai. E ao entrar no quarto ele viu que o
velhinho não estava mentindo. Dentro de uma rede o seu pai permanecia
deitadinho, ali, só o caquinho de gente, mas lúcido, capaz de um só pulo se
levantar da rede a qualquer momento. E logo perguntou:
- Quantos anos
o senhor tem?
E se sentando
à beira da rede, respondeu-lhe:
- Eu tenho 140
anos.
- E o que faz
com que uma pessoa viva tantos anos assim?
- Para se
viver bem meu filho, existem várias maneiras que levam o homem/mulher viver
muitos anos.
- O senhor
pode exemplificar alguns? – Perguntou-lhe seu Galdino.
- Não seja só
por isso..., casar para ter um cônjuge que lhe dê carinho e amor, que cuide bem
e que o zele. Digo, casar no sentido de casal, não casamento religioso e nem
tão pouco diante da justiça. Dois amores que se gostem assim é que é o
casamento. O ser humano se não for zelado pelo seu parceiro morrerá mais cedo.
Olha sempre para o seu cônjuge com carinho e não discuta com ele. Se o cônjuge
falecer não fica chorando por muito tempo. A vida não admite que se chore em
exagero por quem se foi e não voltará mais. Cuida de arranjar outro cônjuge o
quanto antes para substituir o que se foi. Ninguém é insubstituível. Na terra o
único homem que é insubstituível é o Jesus Cristo.
- Sim senhor!
- Seu Galdino ouvia o velhinho com atenção.
E continuou o
velhinho: - Não ouvir o que o outro diz do indivíduo. A boca do ser humano é
uma verdadeira navalha afiadíssima e corta tudo o que ver pela frente. Não
fumar, porque o tabaco, é a maior destruição no corpo humano, caso sejam
ingeridas substâncias dele ao corpo. Não beber bebidas alcoólicas de forma
alguma. Não perder noites de sono no trabalho e nem em farras. Para ter um
corpo saudável tem que o deixar descansar muito. Ter fé em Deus e ajoelhar-se
sempre diante dele para agradecer o que ele tem feito pelo indivíduo. Só compre
se puder pagar, senão irá perder sono, e isto diminui dias de vida. Não comer
alimentos enlatados ou congelados. Alimentos enlatados e congelados já estão
vencidos e não se deve consumi-los. Neles contêm uma porção de bactérias
invisível. Beber água potável. É bem melhor beber água de cacimba do que
tratada. A água tratada e gelada não mata os germes do corpo do homem. Conserva
os germes vivos, principalmente água mineral. Ter sempre alguns amigos sem
exagero, isto é, regrados. O homem sem amigos é como um lobo solitário,
estressado, triste e morrerá mais cedo.
- Estou
entendendo bem, fez seu Galdino.
Continuou o
velhinho: - Não deixar de comer pelo menos um ovo cozido, beber a água de um
coco todos os dias, e beber leite de qualquer fêmea quadrúpede. Ver o nascer e
o pôr do sol todos os dias da sua vida e admirá-lo. É a maior beleza da criação
de Deus. Ao anoitecer, é bom observar a lua passeando no universo. Sempre que
puder, faça uma visita ao mar para sentir o cheiro e o balé das águas salgadas,
e veja que maravilha o Deus criou. Não usar armas como seja para se defender. A
arma encoraja o homem e poderá ter um fim triste. Comer com farinha rapadura
preta do Cariri. Comer carne de sol. Levantar cedo e receber o sereno da
madrugada. Não duvidar e nem teimar com ninguém. A teimosia estressa, e se
estressa, poderá causar mortes.
Em frente à
casa dos velhinhos passava um rio e mantinha uma porção de água corrente. Seu
Galdino querendo ver se o velhinho teimava, disse em voz alta:
-
Interessante! Todos os rios que eu os conheço descem as água de ladeira para
baixo. O seu rio senhor, aqui na sua propriedade, faz isto ao contrário, sobe
de ladeira acima.
- Sim senhor!
O rio daqui, da minha propriedade é assim como o senhor afirma.
O velhinho não
teimou de jeito nenhum. Concordou a mentira que disse seu Galdino.
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