Manoel Camelo
sábado, 28 de julho de 2018
sábado, 21 de julho de 2018
Filhos do cangaceiro Luiz
Padre: Da esquerda
para a direita: Vilar, Wilson
e Hagahus
Amigo leitor e pesquisador que tiver interesse de manter contato com Moema Covello neta do cangaceiro Luiz Padre, aqui está o seu e-mail: moema.covello@bol.com.br
Ela me falou em outro e-mail que é um prazer conversar com quem tem interesse de saber algo sobre o seu avô Luis Padre e Sinhô Pereira.
Este foi um e-mail enviado para mim por Moema Covello Araújo, neta do famoso
cangaceiro Luiz Padre, primo legítimo do mais famoso ainda o cangaceiro Sinhô
Pereira. Este foi o primeiro e único patrão de Lampião como fora-da-lei.
Segue abaixo:
Amigo José Mendes Pereira, no dia 17/de janeiro de 2017,
faleceu em Palmas/TO, meu tio Vilar Araújo e Póvoa, irmão do meu pai Hagahus e
terceiro filho do casal Luis Padre e Amélia Póvoa.
O sepultamento ocorreu na cidade em que morava:
Dianopolis/TO, dia 18/01/2017.
Abraço
Moema Araújo
segunda-feira, 9 de julho de 2018
SEU GALDINO CONTA A SEU LEODORO QUE FOI CONVIDADO PELO REI DO BAIÃO PARA SER SEU PANDEIRISTA
Por José Mendes Pereira
Assim que seu Leodoro Gusmão terminou as suas obrigações do
iniciar do dia foi até à casa do seu Galdino, ver se ele tinha um pouco de
creolina para curar uma bicheira em uma das suas vacas. Bem perto da casa do
compadre viu que fazia algo, e aproximando-se, percebeu que ele estava
consertando os loros da sela do seu cavalo.
Como seu Galdino estava de costas e entretido no ofício de
reparar os loros, mesmo não brincando com ele, seu Leodoro Gusmão resolveu
fazer-lhe um pequeno medo. E ao chegar mais próximo dele, disse com voz firme:
- Cuidado a onça, compadre Galdino!
Seu Galdino deu um enorme pulo para frente. E ao ver o seu
Leodoro reclamou da desastrosa atitude contra a sua pessoa, dizendo-lhe:
- Mas por que me fez isto, compadre?
- Fiz apenas uma brincadeirinha com o senhor, compadre Galdino.
Não a fiz por maldade...
- É, mas se eu caio desaprumado? Poderia ter quebrado uma
perna, um braço...
Mas sem muita demora esqueceram-se do ocorrido e seu Galdino
puxou um assunto que ainda não tinha conversado com o seu Leodoro Gusmão. E iniciou explicando-lhe
de forma clara:
- Às vezes, compadre Leodoro, a gente perde as oportunidades porque quer. Ontem à noite eu fiquei imaginando que na minha juventude eu sempre gostei de açoitar “pandeiro”
porque eu possuía um. E se eu tivesse aceitado uma proposta que me fizeram eu hoje seria famoso no Brasil, e quem sabe, no mundo inteiro.
- Eu não sabia que o senhor tinha sido músico, compadre! - Atalhou
seu Leodoro.
- Eu não fui músico compadre, mas eu divertia as pessoas com
o meu “pandeiro”..., pois sim, aos domingos, juntamente com os meus amigos nós
fazíamos festas no meio de pingas, paneladas, churrascos..., e certo dia, ouvi dizer
que o rei do baião Luiz Gonzaga iria fazer um show na Praça Vigário Antonio Joaquim
em Mossoró, mesmo em frente à Catedral de Santa Luzia. Preparei-me e à noite eu
estava lá, aguardando o início do show.
- O show foi pago, compadre Galdino?
- Compadre Leodoro, se o show era na praça como poderia ser
pago?
- Verdade compadre, eu me enganei, talvez não prestei bem a
atenção no que o senhor disse...
- Deixa pra lá..., vamos continuar..., e no local em que eu
permanecia aguardando o show os instrumentos musicais do rei estavam bem coladinhos a mim. E eu observava o “pandeiro”. Foi aí que vi o seu Luiz Gonzaga chegando, e parece
que ele já tinha observado os meus olhos em direção ao instrumento. E logo ele
me fez uma pergunta:
- Oxente, porque tanto namoro com este “pandeiro”!? Pois
desde lá de dentro que vejo você de olho nele? Por obséquio não faz besteira não...
- Eu gosto muito de açoitar “pandeiro”, seu Luiz Gonzaga!
- E tu sabes tocar “pandeiro” mesmo, menino?
- Eu não sou dos melhores seu Luiz Gonzaga, mas também não
sou dos piores.
Seu Leodoro Gusmão chega dormia com a conversa do seu Galdino. Mas permanecia caladão. Nada a contrariar o compadre.
- Seu Luiz Gonzaga querendo ver se eu sabia mesmo bater “pandeiro” pegou-o
e me entregou, dizendo:
- Provas que tu sabes mesmo tocar "pandeiro...!"
- Primeiro toquei, depois eu iniciei fazendo o "pandeiro" rodopiar sobre o meu dedo indicador. Passava-o entre as minhas pernas. Eu o jogava para cima e o aparava na ponta do dedo. O rei do baião Luiz Gonzaga ali, só olhando o meu malabarismo com
o “pandeiro”. Vendo o que eu fazia com o instrumento, me disse:
- Oxente! Tu és bom mesmo no “pandeiro”, menino! O meu pandeirista chegou aqui em Mossoró meio adoentado, com uma disenteria horrível, e tenho certeza que ele não irá aguentar tocar. Tu quer tocar no lugar dele hoje a noite, no momento do show?
- E o senhor acha que um convite deste eu vou rejeitar, seu Luiz Gonzaga!
- O senhor ficou morto de feliz, em compadre Galdino? - Enfatizou-o seu Leodoro.
- Fiquei mais do que feliz! Um convite deste compadre, não é qualquer um que é merecedor. Passei a noite toda tocando pandeiro no show de seu Luiz Gonzaga. Mas não ficou por aí. Quando terminou o show ele me fez a proposta de acompanhá-lo por este Brasil afora. Mas eu o disse que não podia, poque os meus pais já eram velhos, e eu precisava estar sempre presente. Seu Luiz Gonzaga até elogiou por eu não abandonar os velhos meus pais, com as seguintes palavras: -"Filho que sabe bem o que significam pais, jamais os abandonará".
- Sabe o que é que quer dizer isto, compadre Galdino? Eu mesmo respondo. É talento e mais nada. - Dizia seu Leodoro Gusmão dando-lhe um pouco de corda.
- Para mim foi uma honra tocar "Pandeiro" para o rei do baião. E eu brinco?!
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