quarta-feira, 16 de julho de 2025

MARIA BONITA: JOIAS, TORTURA E SEM SEXO ÀS SEXTAS, DIZ BIÓGRAFA DO CANGAÇO.

  Por Juliana Linhares - Da Universa

Maria Bonita Foto do Benjamin Abraão

Maria Bonita tornou-se cangaceira porque quis. Era infeliz no casamento - com um sapateiro - e largou tudo para acompanhar Lampião, à época, já uma celebridade internacional, o bandido mais procurado do Brasil, com direito a reportagem no "The New York Times".

A primeira mulher a entrar no cangaço não foi raptada e estuprada ainda criança, como acontecia com a maioria das mulheres do bando. Porém, como elas, foi obrigada a dar a única filha que teve.

Maria Bonita andava coberta com algumas das joias mais caras já vistas no sertão nordestino - todas roubadas pelo marido -, tocava bandolim enquanto Lampião cantava, ajudava a torturar algumas de suas vítimas, atuava como espiã para o bando e adorava comer o "passarinho ao vinho" que Lampião preparava. Ela se chamava Maria Gomes de Oliveira. Na intimidade, era a Maria de Déa (nome de sua mãe) ou Maria do capitão. O Bonita foi criado depois de sua morte.

Maria, Lampião e os cachorros do casal - Foto do Benjamin Abraão

A biografia da "Rainha do Cangaço", escrita pela jornalista Adriana Negreiros, e recheada de histórias inéditas sobre a bandoleira, chega às livrarias no próximo dia 31. Veja trechos de "Maria Bonita - Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço", da editora Objetiva.

"Abusada e arrumadinha feito uma boneca".

Maria era morena clara, tinha cabelo e olhos castanhos, nariz afilado, lábios finos, 1,56 metro de altura, um par de coxas grossas (...) um certo achatamento da região glútea e os pés grandes e esparramados, descreve a autora. Era dona de uma gargalhada alta e, para Dadá, a mulher de Corisco, e sua principal rival, ela era "abusada, ranzinza, orgulhosa, metida a besta, barulhenta e arrumadinha feito uma boneca".

Muito ouro.

Ela andava com algumas das joias mais caras que já tinham circulado pelo sertão. Diz a autora: "Em volta do pescoço, exibia sete correntes de ouro (que pertenceram a uma baronesa alagoana, cuja casa fora assaltada por Lampião). As mãos traziam anéis em quase todos os dedos. Reluzentes brincos de ouro faziam conjunto com um broche do mesmo material, fixado ao tecido da vestimenta ou à jabiraca, o lenço de seda usado junto aos colares".

O cabelo ficava protegido por chapéus de feltro, enfeitados com moedas, botões e medalhas de ouro.

Maria usava um punhal de 32 centímetros, feito de prata, marfim e ônix, um binóculo alemão e se perfumava com a mesma loção que Lampião: Fleurs d'Amour, da marca francesa Roger & Gallet. Ela também empunhava um revólver Colt calibre 38. No bornal, a bolsa dos sertanejos, carregava maquiagem, sabonete e perfume.

As cangaceiras, em geral, usavam vestidos de seda, quando estavam escondidas, acompanhados de luvas com motivos florais, meias, sandálias ou botas de cano curto. Em dias de andança no mato, o vestido era de pano resistente, acompanhado de meias grossas e perneiras de couro de veado ou bode.
Estupros
Maria Bonita, ao que consta, nunca sofreu violência de Lampião; porém, o cangaceiro violentou muitas meninas. A autora conta que ele "tinha intenso prazer (....) de estuprar uma mulher, enquanto ela chorava". Ele e seu bando costumam fazer estupros coletivos e, na avaliação deles, "porque as mulheres queriam". O livro relata casos estarrecedores.
Benjamin Abrahão

Corisco e Dadá, ela, a rival de Maria Bonita - Foto Benjamin Abraão

O estupro de Dadá, mulher de Corisco.

Corisco a sequestrou, da casa de seus pais, quando ela tinha 12 anos e ele, 20. Conhecido como Diabo Louro, o cangaceiro a desvirginou violentamente. A seguir, a história, nas palavras da autora: "(depois do rapto, Corisco) jogou-a no chão. Imobilizou-a, levantou-lhe o vestido, abriu-lhe as pernas, se debruçou sobre seu corpo feito um animal, penetrou-a com força, repetidas vezes. Quando Corisco finalmente saciou-se, a garota estava inerte, quase desfalecida, com a região genital em carne viva, esvaindo-se em sangue. Delirando de tanta dor, pensara que suas pernas haviam virado escamas de peixe e, na sua alucinação, 'nadava feito uma sereia numa correnteza vermelha com pedras de diamante', como ela contaria depois. Nos dias seguintes, Dadá enfrentou febres altas, que lhe provocavam novos delírios. Cessada a hemorragia, começou a sentir escorrer, pela vagina, um líquido esverdeado. Para tratar os ferimentos e a inflamação, submetia-se a banhos de assento com ervas locais, preparados por dona Vitalina (tia do cangaceiro)".

O sexo no cangaço.

Era raro. E guiado por superstições. Nunca acontecia, por exemplo, às sextas-feiras e em vésperas de mudanças de esconderijo. Quando transavam "em respeito ao Pai Eterno, os cangaceiros tiravam do pescoço os colares com saquinhos nos quais traziam orações. Lampião carregava oito delas, além de um crucifixo em ouro maciço", conta Adriana.

Apesar da pouca água existente no sertão, uma pequena quantidade era reservada para banhos íntimos das mulheres - para que elas estivessem asseadas para os homens. Eles não faziam o mesmo e, muitas vezes, passavam para elas doenças venéreas adquiridas em cabarés.

Como tratavam as DSTs

Contra a gonorreia, os cabras bebiam uma mistura de ovo com o suco de 12 limões, deixado ao sereno por toda uma madrugada e bebida antes do sol nascente. Abcessos eram abertos com canivete e espremidos até acabar o pus. Muitos ficavam de cócoras sobre uma fogueira.

Os cangaceiros também acreditavam que todo o tratamento iria por água abaixo, se "pisassem em rastro de corno".

White Horse, traição e tortura.

Lampião tratava a mulher paciente e carinhosamente. E ria das constantes crises de ciúme dela. Em 1931, o casal viajou no que seria uma lua de mel tardia e se hospedou na casa de fazendeiros abastados. Lampião fumava charutos, Maria jogava cartas e eram muitos os brindes com uísque White Horse. Lampião gostava de cantar e tocar sanfona, enquanto era acompanhado pela mulher, no bandolim. Quando sua voz falhava, chupava pastilhas Valda.

Aparentemente, Maria teve um romance com um comerciante chamado João Maria de Carvalho. Quando precisava de algo, tipo sapatos, ela mandava pedir a ele.

Maria impediu que Lampião matasse muita gente, no entanto, há registros que mostram que, em alguns casos, ajudou a torturar vítimas mulheres do marido: por exemplo, arrancando-lhes os brincos até rasgar os lóbulos.

Dadá, a rival

A mulher de Corisco costurava muito melhor que Maria Bonita, e, por isso, conquistou a alma vaidosa de Lampião. Ele pedia que ela lhe fizesse bornais com bordados florais e geométricos bem coloridos.

A autora não afirma que Lampião e Dadá tiveram um caso, mas conta noites em que eles ficavam numa "risadaria dos pecados".

Lampião fazia "passarinho ao vinho".

Costurar, lavar e cozinhar eram tarefa de todos, homens e mulheres. Os homens costumavam caçar os bichos, as mulheres os temperavam e eles assavam. Lampião adorava fazer um prato em especial: passarinho ao vinho. Maria, além de cozinhar e tecer, agia como espiã, escutando as conversas das pessoas da cidade e recrutando novos homens para o bando. Ela e Lampião sabiam ler e escrever precariamente, e gostavam de ler a revista "O Cruzeiro". 

A doação da única filha

Expedita nasceu em setembro de 1931, pelas mãos de uma parteira, sob a sombra de um umbuzeiro. Dias depois do nascimento, a menina foi entregue a um casal de vaqueiros, em Sergipe. A mulher havia dado à luz recentemente e é possível que a filha de Maria Bonita tenha sido apresentada à vizinhança como a irmã gêmea do outro bebê. Depois que entregou sua filha, Maria amarrou um pano em volta dos seios. Espremidos, eles deixavam vazar pouco leite.

Há relatos de que, antes de ser doada, a bebê quase foi sangrada a facão pelo pai. Lampião se impacientaria com o choro dela e com o fato de ter que parar as caminhadas do bando para que a mulher cuidasse do bebê.

Todas as cangaceiras eram obrigadas a entregar seus bebês ainda recém-nascidos. Geralmente, eles eram dados a fazendeiros, juízes ou padres.

O primeiro casamento de Maria.

Ela foi casada desde os 15 anos com um primo sapateiro. O casal vivia no sertão da Bahia e o sapateiro era conhecido por se entregar aos prazeres da noite. Mas ele fazia pior. "Maria podia passar incontáveis noites longe de casa (quando o marido a traía) - muitas vezes depois de enfrentar a fúria dele que, aborrecido com os protestos da esposa, tentava lhe calar com tapas e socos", escreve a autora. Maria, de seu lado, não era a mais fiel das esposas.

 Como conheceu Lampião.

O cangaceiro, que já era o rei do cangaço, tinha atrás de si as polícias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Decidiu tentar uma vida nova na Bahia. Maria de Déa, de seu lado, era fascinada pelas histórias do cangaceiro. Há algumas hipóteses sobre como os dois se conheceram, mas a mais aceita dá conta que, numa de suas fugas do marido, Maria chegou na casa dos pais e lá encontrou Lampião e seu bando. Foi para a cozinha, ajudar a mãe a preparar a refeição para os cangaceiros, Lampião se aproximou e travou com ela o seguinte diálogo, segundo a autora:

- Você sabe bordar?

- Sei.

- Então vou trazer uns lenços de seda para você bordar e volto daqui a duas semanas para buscar.

(...) ?Dias depois, Virgulino voltaria para pegar os panos e iniciar o namoro com Maria. (...) Durante todo o ano de 1929, ele interromperia suas incursões sertão adentro para visitar, com regularidade, a namoradinha ? o que não o impediria de, durante os trabalhos de campo, procurar o amor em outras paragens.?

O bando, com Maria à frente - Foto do Benjamin Abrahão 

A Rainha do Cangaço.

"Meses depois (....) passaria a viver maritalmente com Lampião. Assim, nos primeiros meses de 1930, Maria (...) se tornaria a primeira cangaceira da história do Brasil. Antes dela, nunca, uma mulher acompanhara o grupo de bandoleiros. Muitos tinham suas companheiras, mas não permitiam que os seguisse. Era o caso de Corisco. Quando Maria de Déa entrou no bando, fazia três anos que ele mantinha Dadá escondida na casa de dona Vitalina (sua tia), escoltada por capangas para evitar que fugisse ou fosse atacada pelas volantes (como era conhecida a polícia)".

Cabeça decepada e madeira na vagina.

O bando de Lampião foi dizimado numa emboscada feita pela polícia, em 28 de julho de 1938 (Corisco e Dadá não estavam nesse dia e se salvaram). Maria tinha 28 anos. Os onze homens haviam acabado de acordar. Os soldados viram Lampião puxar sua oração matinal e Maria fazer o café. Dispararam saraivadas de tiros. Maria estava com uma bacia na mão ao levar a primeira bala na barriga. Ela agonizava quando um soldado degolou Lampião. Depois, outro policial fez o mesmo com ela - que ainda estava viva. As cabeças dos onze cangaceiros foram depois expostas ao público, em Maceió. O corpo de Maria Bonita "seria abandonado com as pernas abertas e um pedaço de madeira enfiado na vagina", conta o livro.

O que mais impactou a autora

Adriana conta que se impressionou muito com as histórias de violência do bando. No entanto, algo a assombrou ainda mais: "os relatos das cangaceiras sobreviventes são geralmente desacreditados em relação à extrema brutalidade da qual foram vítimas", diz Adriana. "Dadá foi muitas vezes tachada de 'exagerada' ao dar detalhes sobre o rapto e estupro perpetrados por Corisco". Adriana sentencia: "Colocar em suspeição a versão das cangaceiras faz parte do mesmo padrão e da mesma lógica que insiste em desqualificar os relatos das mulheres quando violentadas".

https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2018/08/24/maria-bonita-joias-tortura-e-sem-sexo-as-sextas-diz-biografa-do-cangaco.htm?fbclid=IwAR0Bvtf7PX0YZQuP4mtF92EEO9mzS6-cTbn6kq9MPAViywGXcFFL2hUMGCo

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LAMPIÃO E OUTRAS HISTÓRIAS - CANGACEIROS, COITEIROS E VOLANTES.

 Por Doizinho Quental

O coiteiro Mané Félix

O conhecimento mais apurado das origens dos cangaceiros, coiteiros e volantes do tempo do cangaço se fazem necessário, para situarmos melhor os nossos contos e curiosidades.

Nada mais plausível do que recorrermos ao livro "Cangaceiros, coiteiros e volantes" do mestre e escritor José Anderson Nascimento, com a sua prestimosa autorização, para situarmos estes integrantes do cangaço no seu tempo e sabermos suas origens.

“A partir da primeira metade do século XIX, a dura realidade do sertão nordestino, onde predominava intensa miséria e injustiça social, criou-se uma manifestação caracterizada pelo banditismo, com a denominação de cangaço”.

O termo cangaço já era conhecido desde 1834, e se referia a certos indivíduos que andavam armados, com chapéus de couro, carabinas, cartucheiras e longas facas esterçadas batendo na coxa. Levavam as carabinas passadas pelos ombros, tal como um boi no jugo, na canga. Daí decorreu a significação cangaço e dela derivando o vocábulo cangaceiro, para identificar aquele bandido do sertão nordestino, que andava sempre fortemente armado.

A fama de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Lampião e mais alguns cangaceiros que se tornaram lendários, ofusca os nomes de outros bandidos rurais tão famosos quanto eles em sua época. Famosos, frios e destemidos, a exemplo de Diogo da Rocha Filgueira, o Dioguinho, que agia no oeste paulista no final do século passado.

Mais cruel que Dioguinho só mesmo Lucas da Feira, escravo fugitivo que atacava nas redondezas de Feira de Santana, na Bahia.

Tanto Lucas da Feira, como Dioguinho, apesar de agirem em área rural não podem ser considerados "bandidos sociais". O baiano não passava de um salteador de estrada e o paulista, de um bandido bem protegido.

O banditismo social nasceu de forma muito diferente. Teve a sua base em fatos de natureza econômica e social.

Jagunço, cabra, bandoleiro ou cangaceiro, era o inadaptado à civilização litorânea, o retardatário, o reacionário contra as normas de uma nova sociedade.

Surgiram, em grupo, ao aceno de um companheiro mais terrível.

Banditismo grupalista, banditismo tribal ou familiar, banditismo social, impulsionados todos por fatores de ordem social ou antropológica.

No quadro do banditismo do Nordeste houve uma divisão em dois grandes grupos: o primeiro constituído pelo jagunço ou capanga que sempre figurou como bandido comum, um mercenário ou guarda-costas, também conhecido como pistoleiro, a serviço do poder econômico nas lutas em torno de limites de propriedades entre famílias ou políticas; o segundo formou-se com os cangaceiros que, de certa forma podem ser apresentados como "bandidos sociais", uma vez que eram apoiados pela comunidade, a qual legitimava os seus atos e colaborava no fornecimento de alimentos, esconderijos e informações.

Vingar a honra da família constituía o portão de entrada do jovem sertanejo para o cangaço. Foi por essa causa que Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante, "caiu" no cangaço, no Rio Grande do Norte. Ganhou fama ao ajudar os flagelados da seca de 1877, e morreu lutando com a polícia, na Paraíba.

Na mesma época, afora Brilhante, surgiram os bandos dos Viriatos, Quirinos e Calangros.

No início da República era famoso o cangaceiro Antônio Silvino, que só foi preso em 1914. Conduzido à cadeia do Recife e condenado a 32 anos de prisão, cumpriu 28 e foi indultado pelo Presidente Getúlio Vargas. Faleceu em 1944, aos 79 anos de idade.

“Outro bandido famoso foi Sinhô Pereira, que só aderiu à vida cangaceira para vingar a morte do seu irmão Né Pereira, no sertão pernambucano de Serra Talhada.”

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o mais famoso cangaceiro do Nordeste,  segundo alguns historiadores, nasceu em 7 de julho de 1897, no sitio Passagem de Pedra  município de Vila Bela ( hoje Serra Talhada); estado de Pernambuco.

Outros afirmam categoricamente que este famigerado cangaceiro nasceu em 6 de junho de 1898.

Dotado de uma inteligência acima do normal, Virgulino tinha facilidade de trabalhar com qualquer atividade. As funções de vaqueiro, almocreve, soleiro, pedreiro, tocador de sanfona, poeta e cangaceiro, executou  sempre com a mania de perfeição. 

Ainda jovem, juntamente com os seus dois irmãos mais idosos, Antônio Ferreira e Livino, meteram-se em encrencas com os vizinhos, Zé Saturnino e João Nogueira, genro e sogro, considerados  homens ambiciosos e maus, terminando por entrarem nas desgraças do cangaço, fazendo justiça com as próprias mãos, já que as autoridades da época, foram partidárias, levianas, e coniventes com  Zé Saturnino e João Nogueira, agricultores mais abastados. Alguém declarou que se não tivesse existido Zé Saturnino, não teria havido Lampião. Entretanto, escritores célebres asseguram que a sua índole perversa e má terminaria aflorando, até mesmo se ele tivesse sido educado em seminário de jesuítas: “o carneiro aprende a dar marrada, nem que seja criado em chiqueiro de cabras".

Lampião foi considerado, por muitos entendidos, como um cangaceiro de personalidade múltipla; um esquizofrênico, mau e vingativo. A história mostra que este celerado praticou atos vis, desumanos e de um sadismo que revoltou o mundo. No entanto, vários autores escreveram sobre atos de humanismo, 

Em entrevista prestada pelo ex-cangaceiro  Oliveira ou Alagoano, aos autores do livro Lampião e o Estado Maior do Cangaço, de Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena - Edição de 1985, declara: - "Durante o tempo que andei com Lampião, quando a gente estava no Ceará, ele dizia logo: - Cuidado que este é um Estado que eu respeito! E ninguém tomava nada de ninguém, não matava ninguém. Lampião não gostava de dar surras. Para pegar um pobre paisano  desarmado e dar-lhe  uma pisa, dizia, não é vantagem para um homem. Vantagem para um homem é falar alto para outro armado! Não se davam bolos. As moças tinham que ser respeitadas. O padre Cícero tinha pedido para ele respeitar moças, senhoras casadas e seus romeiros, dizendo que se fizesse isso, ele morreria de velho em sua cama."

Portanto, momentos ensandecidos e rasgos de humanismo, foram perpetrados por essa personalidade controvertida.  

Lampião foi proclamado por seus asseclas, como vimos acima, de justo e defensor das mulheres e donzelas, todavia, temos relatos de que nem sempre agiu assim, pois chegou a ferrar senhoras e moças, como se fossem animais.  Em outras ocasiões,  investiu   contra mulheres de bem e pacatas donzelas,  satisfazendo os seus instintos bestiais de sexo, onde todo o seu bando de réprobos o acompanhou, numa sevícia e torpeza inigualáveis, deixando as vítimas em estado de torpor.

Apesar de, em 4 de abril de 1926, na cidade de Juazeiro do Norte, quando entrevistado pelo repórter Otacílio Macedo, ter confessado que agia sempre com justiça, os fatos comprovam seus crimes hediondos, de uma perversidade que extrapolam os limites do irascível.

Com toda a sorte de crimes hediondos praticados por ele e pela turba de demônios que o acompanhavam, é de admirar que este celerado ainda seja lembrado como um defensor  do sertão nordestino. A verdade, cremos, é que Lampião, quando defendeu seus interesses, foi amigo do pobre, do miserável e do rico coronel de barranco, se estes fossem os seus provedores. Defendia a ferro e fogo os seus coiteiros, e os trucidava quando era traído pelos mesmos.

Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, foi fruto da sanha perversa e doentia, de um tempo onde o coronel de barranco era o senhor absoluto de tudo e de todos. Aqueles que "não honravam os dois maracujás que carregavam na forquilha", eram vilipendiados, espezinhados e difamados pelos potentes régulos da época do cangaço. Porém alguns, como o rei do cangaço, não transportavam nas suas veias o sangue do pacífico homem ou do medroso renegado, que suja as calças na hora da luta. De uma impetuosidade sem tamanho, partiu inicialmente com seus dois irmãos, para as vinditas ferrenhas pelas injustiças sofridas.

Como muitos imaginam, ele não entrou no cangaço porque mataram seu pai, José Ferreira;  o seu genitor foi morto covardemente por José Lucena, em consequência de Lampião e seus irmãos já terem abraçado o cangaço.

Daí para frente as suas "vinganças tornaram-se malignas".

Agora você pergunta: - como pode existir oportunidade para se realizar um trabalho de humor, sobre este ser cruel e vingativo? Matutamos por bastante tempo sobre esta verdade incontestável e ficamos espantados com o resultado das  pesquisas que fizemos; mais uma vez comprovamos que "o que dá pra rir dá pra chorar", como enfatiza a  canção.

A nossa  intenção  não  é   contar  a história de Lampião, mas relatar, como já dissemos, fatos, histórias jocosas, curiosidades que grassaram naquela época de trancos e barrancos, onde o trabuco falava mais alto do que os poderes da justiça.

Para aqueles que realmente querem saber sobre a vida de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, no final deste livro, fazemos recomendação das principais obras que devem ser consultadas.

“Como componentes do cangaço estão os coiteiros e as volantes”.

Os coiteiros eram os indivíduos que davam asilo aos bandidos ou os protegiam, em decorrência de parentesco, simpatia, interesse ou medo.

As volantes eram tropas ligeiras e contavam com 20 a 60 soldados (macacos) das Forças Públicas dos estados. apoiados por guias, rastejadores e pombeiros (alcaguetes).

Algumas usavam metralhadoras Hoctkiss (beijo quente), de 32 tiros. Muitas volantes se notabilizaram na caça aos bandidos, especialmente as de Teófanes Torres, Manuel Neto, Quelé, Zé Lucena, Baltazar, Zé Rufino e a de João Bezerra.

A caatinga, tipo de vegetação característica do Nordeste brasileiro, formada por pequenas árvores, comumente espinhosas, que perdem as folhas no curso da longa estação seca, era o habitat natural dos cangaceiros.”

 www.kantabrasil.com.br/Lampiao.../Lampião%20e%20outras%20Históri...‎

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terça-feira, 8 de abril de 2025

MARIA BONITA - SUA REPRESENTAÇÃO NA SÉRIE DA DISNEY POR ISIS VALVERDE.

  Por Albin de Souza

Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, nasceu em 1911 na Bahia e tornou-se uma figura central no cangaço, um fenômeno social que ocorreu no Nordeste do Brasil entre o final do século XIX e início do XX. O cangaço envolveu grupos armados que, em muitos casos, buscavam desafiar as condições sociais e políticas da época, embora também estivessem associados a atividades criminosas.
Em 4 de abril de 2025, o Disney+ estreará a série "Maria e o Cangaço", que aborda os últimos anos de vida de Maria Bonita. Isis Valverde interpreta a personagem principal, enquanto Júlio Andrade dá vida a Lampião. A narrativa explora os conflitos internos de Maria, dividida entre a vida no cangaço e o desejo de formar uma família.
As gravações ocorreram em locações no Nordeste, incluindo Cabaceiras, na Paraíba, conhecida como a "Roliúde Nordestina". Esses cenários buscam recriar o sertão da década de 1930, proporcionando autenticidade visual à produção.
A série oferece uma perspectiva sobre a história do cangaço, destacando a trajetória de Maria Bonita e sua luta por liberdade e identidade em um contexto social complexo.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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domingo, 6 de abril de 2025

A ÍNDIA KATHAUÃ COBRA DE FILHO QUE MALTRATA SEUS PAIS

  Por José Mendes Pereira

 Fonte da imagem: https://publicdomainvectors.org

Boatos se espalham de repente. Se for bom, demora mais um pouquinho chegar à boca de fofoqueiros de calçadas, mas se o boato for ruim, ele corre o mundo mais rápido, e não escolhe as classes, atingindo até as sociais.  

http://galeria.colorir.com/contos-e-lendas/indios-e-vaqueiros/indio-pintado-por-ma-183069.html

O índio “Piatã” era um dos que vivia da caça e da pesca às margens do rio Mossoró, mas não gostava de respeitar o seu pai “Kauê”, um índio conhecido em toda região mossoroense e comunidades adjacentes como bondoso, mas vez por outra, o filho “Piatã” dava-lhe chicotadas sem olhar para o lugar que iria bater. 

http://www.colorir.blog.br/desenhos-para-colorir/desenhos-de-idosos-para-colorir

O velho “Kauê” tentava  se defender de todas as maneiras dos maus tratos praticados pelo filho, implorava até pelo amor de Deus para não ser maltratado, mas não tinha jeito, ou merecendo ou não, “Piatã” batia sem piedade no velho pai “Kauê”.

https://tudorbrasil.com/2014/04/16/a-roupa-da-classe-baixa-e-media-no-periodo-tudor/

A índia “Thaynara” mãe do Piatã e companheira do Kauê quando via a brutalidade do filho com o pai, partia para cima do “Piatã” com gosto de gás, e em suas mãos, um pedaço de pau, e, com toda sua força feminina, fortemente o batia, pois o que ela queria era defender o seu companheiro dos maus tratos daquele animal produzido por eles dois. Mas, geralmente, mãe e filho apanhavam um do outro, isto é, de igual para igual.

Aquela restrita vizinhança indígena temia defender o velho “Kauê” dos maus tratos praticados por “Piatã”, porque a sua violência poderia acontecer contra ela, e ali, viraria uma comunidade indígena sem código, sem ética, sem rumo e sem respeito.

Ninguém sabia explicar o porquê de tanto ódio armazenado na mente do “Piatã” contra o seu genitor Kauê, que o velho sempre estava ali, na hora em que aquele infeliz precisava, mas como pagamento, recebia fortes chicotadas daquele amalucado, um satanás em forma de gente.

A índia "Thaynara" chorava e se lastimava da má sorte que ganhara do mundo. Um filho totalmente desequilibrado, que não tinha um tico de dó do velho seu pai “Kauê”, com a idade avançada, andando devagar e com poucas chances de se defender, quase diariamente, ter que passar por violentas surras. O ódio do “Piatã” contra o pai era permanente, sempre, o velho “Kauê” estava sujeito a levar boas lapadas, e também reclamava da péssima vida que ganhara:

- Um inferno surgiu em minha cabana assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços! - Dizia o velho “Kauê”. 

- Calma, Kauê! Calma! Se Deus nos trouxe ao mundo para sofrermos vamos aceitar o mundo do jeito que o Deus preparou para nós! Mas enquanto eu tiver forças para te defender dos maus tratos do Piatã, mesmo apanhando também dele, te defenderei. - Dizia a índia "Thaynara".

Mas o “Kauê” só apanhou até o dia em que a índia “Kathauã” "antes", não tinha tomado conhecimento dos maus tratos praticados pelo filho “Piatã”.

Toda comunidade fora chamada a atenção pela índia “Kathauã”, dizendo ela que quem se omite, é cúmplice. Soubera dos maus tratos que sofria o “Kauê”, feito pelo filho, através de pessoas que nem faziam parte daquela comunidade indígena.

No silêncio, a índia “Kathauã” em seu cavalo percorria toda a região, ali, só na finalidade de encontrar o “Piatã”, para um possível castigo, acusado de bater no pai. Ninguém ali abriria a boca para dizer que a índia procurava o “Piatã”. A índia mantinha ordem e era respeitada em toda região mossoroense. E quem era capaz de dizer a “Piatã” que “Kathauã” andava a sua procura? Só se fosse louco, mano!

No dia seguinte, “Piatã” foi encontrado pescando no rio Mossoró. De pressa, “Kathauã” chamou-o até a sua presença, pois precisava conversar com ele. Inocente, porque até aquele momento ele não sabia que a índia andava a sua procura, “Piatã” foi se aproximando, mas sempre receoso, vez que ele sabia muito bem quantos quilos pesava o chicote da “Kathauã” em suas mãos, e era uma verdadeira justiceira, sua volta era por dentro mesmo.

- Pronto senhora Kathauã, o que deseja de mim? – Perguntou ele com uma tremura nas pernas.

- Tenho conhecimento que você anda açoitando o seu velho pai “Kauê”, malandro?

E com um chicote ela o laçou, e com o outro o acoitava com muita violência.

Sendo justiçado pelo chicote da índia “Kathauã”, “Piatã” chorava desesperadamente, pedindo por todos os santos que “Kathauã” parasse com aquele castigo. E ainda lhe alertava:

- Dona “Kathauã”, bata devagar para não quebrar as minhas costelas...!

- Malandro, quando você açoita o seu velho pai se lembra que ele tem costelas também, e podem ser quebradas? – Perguntava ela o surrando como se fosse um animal.

Após muitas chicotadas sobre o largo lombo do “Piatã”, finalmente, “Kathauã” terminou o seu castigo, resolveu soltá-lo, dizendo-lhe:

- Vá embora e não quero mais ouvir falar que você açoita seu velho pai “Kauê”! Está me ouvindo bem? – Perguntava-lhe com voz poderosa de autoridade mesma.

- Sim senhora, estou!

“Piatã” entrou nas matas e nem quis mais ir atrás dos peixes que havia pegado ali, naquela pescaria, e nunca mais, na comunidade, se ouviu falar que ele tivesse batido no pai. Um exemplo para aqueles que pensavam bater nos seus pais também. A índia “Kathauã” nasceu em Mossoró para justiçar malandros!

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quarta-feira, 2 de abril de 2025

O IMPOSTOR DE LAMPIÃO: A CAÇADA DO REI DO CANGAÇO!

  Por A História do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=E1K45N1H2tk

Um homem começou a se passar por Lampião, saqueando vilarejos e espalhando medo por onde passava. Mas o que ele não esperava era a reação do verdadeiro rei do cangaço. Nesta história tensa e realista, você vai conhecer a caçada implacável que Lampião liderou para recuperar seu nome e sua honra. Um duelo entre verdade e mentira no coração do sertão. Assista agora essa história cinematográfica que mostra o quanto um nome pode valer mais do que a própria vida.

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terça-feira, 1 de abril de 2025

24 DE MARÇO FAZ LEMBRAR O NASCIMENTO DE PADRE CÍCERO

  Por Valdir José Nogueira

24 de março é uma importante data pois faz lembrar o nascimento do Pe. Cícero . Polêmicas e gosto pessoal a parte pra mim o padre Cícero sempre será modelo de fé e liderança e imagem de alguém a frente do seu tempo que procurou de modo profético e sábio alertar as pessoas para que preservassem a Caatinga. Viva meu Padim!!!

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segunda-feira, 31 de março de 2025

O PRIMEIRO AMOR DE LAMPIÃO: NÃO FOI MARIA BONITA - HISTÓRIA CANGACEIRO.

 Por A História do Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=6o6qLm6ee6c

 Antes de se tornar o rei do cangaço, Virgulino Ferreira foi apenas um jovem vaqueiro…

E como todo jovem, ele também amou.

Essa é a história do seu primeiro e único amor — um romance proibido, vivido em silêncio, entre cercas de arame e olhos vigiando.

Quando o pai da moça descobriu, tudo desabou. E ali, entre a dor e a despedida, nascia o homem que o mundo aprenderia a temer: Lampião.

Prepare-se para uma narrativa emocionante, baseada em fatos reais e contada no estilo que o nosso canal sabe fazer: com alma, com verdade e com o coração batendo forte.

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MARIA BONITA: JOIAS, TORTURA E SEM SEXO ÀS SEXTAS, DIZ BIÓGRAFA DO CANGAÇO.

    Por Juliana Linhares - Da Universa Maria Bonita Foto do Benjamin Abraão Maria Bonita tornou-se cangaceira porque quis. Era infeliz no ca...