quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

UM POUCO SOBRE A BIOGRAFIA DESTES CANGACEIROS. DA ESQUERDA PARA A DIREITA.

  Por José Mendes Pereira

Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

1 - Virgulino Ferreira da Silva, “o Lampião”, ou ainda o patenteado “capitão”. Nasceu em 1898, no Estado de Pernambuco. Era filho de José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação. Depois de quase vinte anos como chefe de cangaceiros, foi abatido juntamente com a sua rainha Maria Bonita e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, lá no Estado de Sergipe. Um dos maiores líderes de cangaceiros.

2 - Ezequiel Ferreira da Silva o Ponto Fino (irmão de Lampião); Nasceu no ano de 1908, no Estado de Pernambuco. Foi abatido no dia 23 de abril de 1931 – no tiroteio da Fazenda Touro, povoado Baixa do Boi, no Estado da Bahia, ponto conhecido como Lagoa do Mel.

3 - Virgínio Fortunato da Silva o Moderno. Ex-cunhado de Lampião. Nasceu em 1903 e faleceu em 1936, aos 33 anos de idade. 

Segundo o escritor e pesquisador do cangaço de nome Franklin Jorge, há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria, no Estado do Rio Grande do Norte.

No cangaço ele era companheiro de Durvalina, que com a sua morte ela amasiou-se com Moreno.  Durvalina faleceu no dia 30 de junho de 2008. Moreno faleceu no dia 06 de setembro de 2010.               

4 - Luiz Pedro do Retiro companheiro de Neném do Ouro. Ele foi abatido juntamente com Lampião, Maria Bonita e mais oito cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na grota do Angico, no Estado de Sergipe. Dizem que quem o assassinou foi o policial Mané Véio. Mas na minha opinião Mané Véio já encontrou o cangaceiro Luiz Pedro morto. Se interessar, leia sobre a minha sustentação que ele não matou Luiz Pedro: http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2020/11/o-cangaceiro-balao-nao-usou-firmeza-nas.html

5 - Mariano Laurindo Granja companheiro de Rosinha.  Entrou para o cangaço em 1924. Foi um dos poucos que em agosto de 1928, cruzou o Rio São Francisco, em companhia de Lampião em direção à Bahia. Foi morto no dia 10 de outubro de 1936. Segundo Alcino Alves Costa em seu livro: Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico, o ataque foi entre os municípios de Porto da Folha e Garuru, região conhecida como o Cangaleixo. 

A pesquisadora do cangaço, Juliana Pereira afirma que Rosinha foi morta a mando de Lampião. Era filha de Lé Soares e irmã de Adelaide, esta última sendo companheira de Criança, e parenta próxima de Áurea, companheira de Mané Moreno.  Sendo Áurea filha de Antonio Nicárcio, que era primo/ irmão de Lé Soares.

6 - Cristino Gomes da Silva Cleto o Corisco, companheiro da cangaceira Dadá. Ele foi abatido no dia 25 de maio de 1940, pelo tenente Zé Rufino, na fazenda Cavaco, em Brotas de Macaúbas, no Estado da Bahia. Dadá foi ferida e presa. Ela faleceu em 1994. Com a morte de Corisco, finalmente o cangaço foi enterrado com ele, porque ele foi o último cangaceiro a morrer.

7 – Mergulhão foi abatido juntamente com Lampião e mais nove cangaceiros, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).

8 - Hortêncio Gomes da Silva, o Arvoredo. – Desligou-se do bando no momento do ataque a Jaguarari, no Estado da Bahia. Fez dois meninos como reféns. Mas eles conseguiram o dominar, desarmando-o. Em seguida mataram-no a facadas. Achando que o serviço ainda não tinha sido concluído, degolaram-no e cortaram as suas mãos. Após o trabalho concluído acionaram a polícia. (Não tenho maiores informações sobre este cangaceiro).

Segundo o professor Rubens Antonio, "Arvoredo", o cangaceiro. Alguns subsídios para sua história.

Cangaceiro Arvoredo que a população local e os demais cangaceiros chamavam "Alvoredo", tinha por nome Hortêncio Gomes da Costa. Também ficou conhecido, por assim se identificar, como Hortêncio Gomes da Silva, Hortêncio Gomes de Lima, José Lima e José Lima de Sá.

Depoimento de "Arvoredo", quando preso. 1927, copiado em extrato em inquérito policial de 1929:

José Lima, (que é o mesmo Hortencio Gomes de Lima ou José Lima de Sá, vulgo “Arvoredo”) estava;em Juazeiro, onde foi preso a pedido da autoridade policial de Jaguarary, alli;chegou a 5 sendo ouvido em auto de perguntas. Declarou “ser filho de Faustino Gomes, vulgo “Banzé” e Maria de Jesus, natural de “Salgado do Melão”; que dalli partiu;com destino a São Paulo, encontrando–se em Varzea da Ema com João de Souza,;(Cicero Vieira Noia) seu conhecido e João Baptista (que é o mesmo Christino ou “Curisco”); que em caminho se encontraram com Manuel Francellino, vindo em sua;companhia para Jaguarary, pernoitado em casa delle os tres; que moraram cerca de oito dias em casa de Antonio Piahy, até que alugaram uma casa a Demosthenes Barboza, por intermedio de João Baptista, seguindo na terça feira, 30 de Agosto para Juazeiro, a negocios, sendo alli preso na sexta feira ultima, dois do corrente; que antes de chegar á “Santa Rosa” com seus companheiros de viagem, o de nome João Baptista propoz para todos mudar de nome, ficando o depoente com o de Jose Lima, lembrando–se tambem que depois de se acharem nesta Villa, com João Baptista e João de Souza ou Cicero, foram á cidade de Bomfim, alli se hospedando na pensão de Piroca, por indicação do cel. Alfredo Barboza; que pretende não se juntar mais com João Baptista e João de Souza, caso se encontre ainda com os mesmos, pretende se retirar desta Villa depois de pagar o que deve ao senhor coronel Alfredo Barbosa”. (fls.208–210).

Aqui está o link para você seguir: http://cangaconabahia.blogspot.com/2012/11/arvoredo-o-cangaceiro-alguns-subsidios_26.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

LAMPIÃO TINHA SETE FÔLEGOS?

  Por José Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?v=2ky2K49m6Os&ab_channel=FolhaPE

Não se sabe quantas invencionices ainda serão criadas daqui para frente sobre a morte do famoso, perverso, sanguinário e rei do cangaço capitão Lampião. São histórias totalmente fundidas na mente de quem não tem nenhum compromisso com a verdade, quase sem pé e sem cabeça, assim como diz o dito popular, que Lampião escapou do ataque feito pelas volantes policiais aos cangaceiros na Grota do Angico, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Fazenda Forquilha, em terras de Porto da Folha, hoje denominada Poço Redondo, no Estado de Sergipe. 

Corpo de Lampião na Grota do Angico no dia 28 de julho de 1938

Os criadores de histórias sobre o rei do cangaço capitão Lampião dizem que, ao sair da Grota do Angico  o facínora tomou rumo para o Estado de Minas Gerais, e por lá, morreu de morte natural no ano tal, tal e tal. Todas estas histórias já inventadas são verdadeiras "aberrações", assim como diz o cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira.

Se você quiser adquirir este livro entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

Já falaram tanto da sua morte e que muitos destes não pesquisaram absolutamente nada, inventaram o que bem quiseram, que Lampião morreu ali, acolá, menos na Grota do Angico. Mas nós que estudamos o movimento social dos cangaceiros acreditamos plenamente, que ele foi abatido lá na Grota naquela madrugada triste do dia 28 de julho de 1938.  

Ninguém mais conta a verdade do que os pesquisadores, escritores e cineastas que fazem os seus trabalhos com seriedades, que enfrentaram e ainda continuam enfrentando os cerrados e a caatinga para fazerem as suas pesquisas, apanhando os dados na fonte, isto é, no meio de quem presenciou todo desenrolar dos perversos e sanguinários bandidos nos sertões nordestinos. 

As datas da morte de Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião apontadas pelos depoentes, nenhuma bate com as outras que foram citadas por outros criadores de histórias fantasiadas, mas isto faz parte  de  qualquer estudo, simplesmente por quererem aparecer no mundo cultural. 

Neli Conceição filha dos cangaceiros Moreno e Durvinha e José Geraldo Aguiar.

O saudoso escritor e fotógrafo José Geraldo Aguiar que nasceu na Vila do Morro (município de São Francisco), em 16 de outubro de 1949, e escreveu um livro sobre o suposto Lampião que residia em Buritis, no Estado de Minas Gerais, revela que ele morreu no ano de 1993. 

Vamos ler estes pequenos parágrafos que escreveu o autor: 

(...)

"Há quatro anos e meio, Aguiar recolhe dados sobre um fazendeiro, dono de 300 hectares, que se instalou no início dos anos 50 na margem esquerda do rio São Francisco, na cidade que leva o mesmo nome do rio, em Minas Gerais. Alguns fatos estranhos cercaram a vida do fazendeiro. Aguiar identificou pelo menos dez nomes diferentes usados por ele. Tanto que o conheceu como João Lima, os amigos tratavam-no por Luís, na lápide do cemitério está escrito Antônio Teixeira Lima e na certidão de óbito consta o nome Antônio Maria da Conceição.

O fazendeiro morou em pelo menos 15 cidades diferentes com Maria Lima (supostamente Maria Bonita), em quatro Estados (Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Goiás) - além de São Francisco, ele morou em Montes Claros, Irecê e Buritis, entre outros municípios. A tendência foi sempre morar às margens do rio São Francisco. 

Com Maria Lima teve dez filhos, o mais velho hoje com 63 anos. Em uma viagem à Bahia, conheceu Severina Alves Moraes a Firmina, com quem teve uma filha, hoje com 22 anos. Depois da morte de Maria Lima, o fazendeiro passou a morar com Firmina.

Segundo Aguiar, o fazendeiro temia represálias pelos crimes atribuídos a Lampião e, por isso, além de se esconder durante todo esse tempo, só autorizou que sua história fosse contada após sua morte".

(...)

Uma pergunta que jamais será respondida vez que o escritor já faleceu: Por que o fotógrafo José Geraldo Aguiar pediu às autoridades mineiras o direito de exumação dos restos mortais do suposto Lampião de Buritis, quando seria bem mais fácil colher o material necessário para o "DNA" com a filha de Severina Alves Moraes a Firmina, que é ou era também filha do Lampião de Buritis? Confira clicando no link abaixo:

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/13/brasil/22.html#:~:text=Segundo%20Aguiar%2C%20o%20suposto%20Lampi%C3%A3o,%2C%20em%20Buritis%20(MG).:


Para fazer o "DNA" dos restos mortais deste senhor que foi enterrado em Buritis no Estado de Minas Gerias não seria tão difícil, porque a filha do suposto Lampião com Severina Alves de Morais a Firmina que por lá reside, tem o material necessário, sem necessidade de abrir túmulo para fazer a exumação da ossada dele. 

Mas até hoje a gente não sabe o que é que impede que as autoridades não têm interesses para colocarem um ponto final nesta dúvida, que o cangaceiro capitão Lampião teria morrido em Buritis, e não no Sertão nordestino, no Estado de Sergipe. 

Colorida por Rubens Antonio

Este outro senhor abaixo, ex-volante que aparece no vídeo acima, no início do texto, de nome Andrelino Pereira Filho, que serviu entre o ano de 1922 e 1938, na Corporação policial do Estado de Pernambuco, e é o único policial ainda vivo (não sei se já faleceu porque a entrevista foi em 2018), do período da chacina aos cangaceiros na Grota do Angico, afirma que o capitão Lampião morreu no ano de 1963, numa  propriedade denominada "Fazenda São Francisco", lá no Estado de Minas Gerais.

Andrelino Pereira Filho, único policial ainda vivo com 104 anos em 2019.

No vídeo, o sargento aposentado Andrelino Pereira Filho diz que foi um amigo seu que falou da morte de Lampião, e que  naquele momento, ele estava vindo do seu enterro.

As suas informações não têm segurança, porque elas não detalham o lugar do sítio da fazenda onde supostamente o capitão Lampião teria falecido, e nem tão pouco a cidade deste sítio. Toda fazenda pertence a um sítio, e todo sítio está localizado nas terras de uma cidade, e qualquer cidade tem o seu Estado. O Estado foi dito que era em Minas Gerais. E por que o sítio e a cidade não foram revelados?

O seu Andrelino fala também que Lampião passava em sua casa para tomar café, e chamava a sua mamãe de comadre. Mas depois ele percebe que foi muito além da verdade, e tenta se livrar do que disse ao cineasta sobre o capitão, e fala que eram os cangaceiros que passavam por lá, não Lampião, porque ele só andava sozinho. 

Pelo o que eu sei e aprendi no estudo sobre os cangaceiros o capitão Lampião não andava sozinho, sempre estava rodeado de facínoras, como vive uma abelha-rainha de uma colméia, que ali está segura pelas suas comandadas. Assim era o rei do cangaço, que em todos os lugares que estava, ou mesmo nos locais que fazia o seu amado coito, no intuito de descansar da fadiga e fazer seus planejamentos de invasões aos sítios, propriedades e até mesmo em pequenas cidades, O capitão permanecia rodeado de desordeiros.

Por respeito ao senhor volante policial, pela sua idade além dos 100 anos vividos, e principalmente pela respeitada e gloriosa corporação da polícia militar do Estado de Pernambuco, que ele pertenceu, e não quero aqui tirar os méritos do seu Andrelino Pereira Filho, mas tenho a dizer que, me parece ser invencionice as informações que ele cedeu ao cineasta que fez as suas gravações.  

O disse me disse é uma expressão que se relaciona a boatos não verdadeiros. Assim fez o policial seu Andrelino Pereira Filho, que acreditou cegamente no seu amigo, que disse que vinha do enterro do capitão Lampião. O policial ouviu um chocalho tocando, mas não procurou saber bem o local que estava o animal chocalhado.

Suposto Ezequiel Ferreira da Silva

O caso do suposto Ezequiel que morava no Piauí e que em 1984 chegou à Serra Talhada, antiga Villa Bella, no Estado de Pernambuco, se dizendo ser o verdadeiro Ezequiel Ferreira da Silva, irmão mais novo dos Ferreiras, e que tinha ido lá tirar seus documentos para uma possível aposentadoria, disse que Lampião morreu no ano de 1981, mas lamentavelmente, as suas informações, para mim e para todos aqueles que pesquisam, nada verdadeira, tudo mentira. 

O cineasta José Geraldo Aguiar escreveu em seu livro Lampião, O Invencível..., que a data do falecimento de Lampião foi em 1993 em Minas Gerais. O seu Andrelino confirma a morte do capitão em 1963, também em Minas. Já o suposto Ezequiel Ferreira diz que o seu irmão faleceu no ano de 1981. Mas os cangaceirólogos afirmam com convicção que Lampião morreu na Grota do Angico-SE, no ano de 1938, que realmente é a pura verdade.

Cabeça do capitão Lampião. Você acha que não é?

E de quem seria esta cabeça que foi arrancada do corpo de um indivíduo  e levada para Alagoas, no dia da chacina feita contra aos cangaceiros que se encontravam na Grota do Angico? Já que insistem em dizer que ele não foi morto lá na Grota, teria sido assassinado um outro indivíduo, digamos assim, um infeliz sósia do capitão Lampião, levaram-no e lá amarraram-no para aguardar o momento certo do ataque aos facínoras? 

Lampião e Maria Bonita

Mas é assim mesmo. Cada um cavaleiro com o seu cavalo no hipódromo em posição de corrida. E quem lá não estiver presente, não será famoso em lugar nenhum. Assim foi seu Andrelino Pereira Filho que levou o seu cavalo e o posicionou para participar das corridas dos cangaceiros. Mas o mais importante é se apresentar aos jornalistas e pesquisadores como um volante que era mesmo da época de Lampião. Acredite quem quiser o que ele falou a este cineasta. Eu não sou nenhuma autoridade no assunto, mas foram mais palavras fantasiadas que saíram da boca do seu Andrelino Pereira Filho do que vocábulos verdadeiros.

Bando de Lampião

Ser famoso pelo menos por um momento não é qualquer um que poderá ser, porque, precisa imaginar o que será o bicho do dia seguinte, para jogar na roleta da fama. A fama faz o indíduo feliz e conhecido no país que mora ou mesmo em outros países, mas para ser famoso tem que ser bom com as suas invencionices.

Mesmo eu discordando de algumas informações do volante seu Andrelino Pereira Filho, eu desejo a ele mais e mais anos de vida! Felicidade para o senhor, seu Andrelino! 

Informação ao leitor: 

O que eu escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, e nem tão pouco prejudicará o que os cineastas gravaram e o que os pesquisadores e escritores escreveram. Apenas eu apresentei as falhas do depoente e não de quem fez a gravação.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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