sábado, 26 de outubro de 2019

SE BEBER NÃO SE FAÇA DE CORAJOSO PORQUE TEM OUTROS QUE SÃO MAIS CORAJOSOS DO QUE VOCÊ.

Por José Mendes Pereira
A imagem pode conter: pessoas sentadas

Beber é muito bom, mas bom mesmo é não beber. Quem é que não gosta de se arrumar, vestir a roupa mais nova, calçar uns pisantes, botar um dinheirinho no bolso e se mandar para uma brincadeira em um bar acompanhado de bons amigos, e que lá não tenha mui amigos. Todos gostam. Mas é preciso ter cuidado para não conversar demais.
Em todos os lugares que nós frequentamos geralmente têm pessoas que são irritadas até consigo mesmas. Então, devemos controlar o que a gente pensa em dizer, isto é, temos que pesar e medir as palavras antes que nós as pronunciamos, porque, muitas vezes, o que a gente diz poderá ferir alguém, e nem todas às vezes a pessoa ferida quer perdoar aquilo que ouviu contra si de um bêbado ou de quem quer que seja.
No dia 03 de março de 2018 completaram 30 anos que eu nunca mais ingeri bebidas alcoólatras. 30 anos que deixei de frequentar bares, e tenho certeza que não perdi nada, ao contrário, acho que ganhei muito durante estes anos todos que eu não fiquei ébrio.
Em anos passados eu residi no bairro Paraíba no centro da cidade de Mossoró, posteriormente no bairro Pereiros, à Rua Almirante Barroso, depois no Alto da Conceição à Rua Romualdo Galvão, Bom Jardim, Santo Antonio e definitivamente me mudei para o grande Alto de São Manoel onde vivo até os dias de hoje. Mas o que segue aconteceu no bairro Bom Jardim, e eu não mais morava lá, apenas voltei em uma velha e desmoronada bicicleta, simplesmente para visitar os velhos amigos que ainda continuavam naquele bairro.
Depois de tomar umas 4 quatro ou 10 de cachaça pura no bar do Neném, porque eu gostava mesmo era da branquinha, despedi-me dos amigos e pequei a Rua Luiz Colombo, e esta, faz cruzamento com a Rua Juvenal Lamartine e lá, eu morava antes, e ao entrar, passando um pouco da esquina do cruzamento, 4 casas no máximo, vi uma porção de pessoas que estava em frente à uma casa pequena e humilde, e o motivo daquela gente ali, era que o dono da residência estava separado, e fazia tempo que ele prometia matar a sua ex-esposa, acusando-a de traições.
A casa era isolada das confinantes, isto é, terreno de um lado e do outro, e não tinha muro, apenas cercas protegiam a sua frente. O homem eu o conhecia apenas de paletó e gravata, mas que nunca tive nenhuma conversa com ele no tempo em que morava naquele bairro.
Eu que já estava pra lá de Bagdá com uns goles a mais ao vê aquela aglomeração de pessoas, fui me aproximando, e ali eu quis saber o que estava acontecendo, no que fui logo informado que o dono da casa tinha tentado entrar pela porta da frente, para cometer o crime contra a sua ex-mulher, e ela conseguiu fechar a porta antes que acontecesse uma desgraça. Ele insatisfeito por não ter conseguido fazer o que desejava pulou a cerca da frente da casa e foi tentar assassiná-la pela porta da cozinha.
O homem vivia de negociar estacas, mourões e toros para cercas, e na frente da casinha, tanto de um lado como do outro, tinha uma porção destes na horizontal sobre a calçada de barro, e eu vendo aquela fraqueza, achava eu, dos homens que não queriam enfrentar o futuro assassino, para evitar que ele assassinasse a esposa, e olhando para os montes de estacas... resolvi falar, tentando ajudar a mulher que enlouquecida, lá dentro da casa, chorava muito e corria perigo de morte, por ele ter pulado a cerca para tentar esfaqueá-la lá dentro. Foi quando eu perguntei a um senhor que também se omitia defender a mulher da faca-peixeira do ex-marido:
- O que está acontecendo nesta casa, seu Zé?
E ele me respondeu:
- O Raimundo (eu nem sabia o seu nome) chegou aí agora e está querendo matar a sua esposa. Segundo ele, ela o traiu.
- Mas será possível, dizia eu, que uma ruma de homens vai deixar o indivíduo matar a mulher? Tantas estacas... aí no chão e ninguém faz nada...!
Nesse momento que dizia isto eu não via que o homem vinha pulando a cerca de volta, e ao ouvir o que eu disse, com a faca em uma das mãos. E ao pular já bem próximo de mim, perguntou-me:
- O que é que você está dizendo, magro?
E eu desconfiado e querendo fugir do perigo, respondi-lhe:
- Eu não disse nada não senhor!
E me montando na bicicleta pedalei forte, e dali desapareci o mais rápido possível. Só que ele saiu a pé correndo atrás de mim com a faca-peixeira empunhada, na intenção de fazer algo contra mim, dizendo:
- Espera por mim malandro, que eu quero enfiar a minha peixeira na sua barriga...
A sorte foi que, mesmo eu estando bêbado ele não me alcançou, voltando em seguida.
Só sei que até hoje quando me lembro disto continuo correndo sem destino, com medo daquele indivíduo sanguinário. E é como se eu estivesse ouvindo alguém dizer:
- Se eu te alcançar eu te furo com esta faca-peixeira, malandrão!.
Posteriormente, eu soube que ele não matou a sua ex-esposa, mas a esfaqueou e quase ela teve a vida findada. Nos dias de hoje, eu não tive mais notícia daquele perverso.
Quem muito conversa muito erra, e essa é que é a verdade.

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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

SEU GALDINO DEU UMA DE AGIOTA EMPRESTANDO DINHEIRO A JURO

Por José Mendes Pereira

Tendo um bom rebanho de gado e devido a falta de chuvas por toda região seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) Filho resolveu selecionar algumas cabeças de gado mais nutridas, chamou o marchante e negociou todas de uma só vez. Com o valor em mãos ficou sem saber em que deveria empregar aquele dinheirão.
Os amigos mais próximos diziam que o melhor seria comprar lotes de terra, e com certeza, empregaria o dinheiro muito bem, e não teria despesas, ao contrário, cada dia que se passava mais valorizados ficariam os imóveis, e ele nunca iria ter prejuízo, porque terreno ninguém o carrega e nem o bicho come. Mas outros mais distantes achavam que melhor seria comprar casas, vez que elas se alugam e todo mês tem dinheiro extra para receber.
Mas seu Galdino não estava interessado em nenhuma destas opiniões, o melhor para ele era se tornar agiota, porque o juro é bom, e assim fez. Disse a alguns amigos que entrara no ramo da agiotagem.
Manoel Cascudo que há poucos anos morava em Mossoró oriundo da chapada do Apodi e amigo em tempo longínquo do seu Galdino, logo tomou conhecimento que ele estava emprestando dinheiro a juros. Vivo, pegou seu velho carro chevrolet e se mandou até a fazenda do recém/agiota, na intenção de tomar um dinheirinho para negociar lá pelo Mercado Público Central da cidade de Santa Luzia.
Ao chegar, Manoel Cascudo não encontrou o recém/agiota em casa, mas foi informado pela dona Dionísia sua esposa que ele não se demoraria chegar. Tinha ido apanhar em uma cacimba um galão dágua para os serviços da sua cozinha. Ali, sob o alpendre, Manoel Cascudo ficou sentado em um banco feito de tábua da aroeira, aguardando o futuro oportunista. E com alguns minutos depois, ele apontou na estrada conduzindo sobre os ombros o galão com água.
Foi um encontro de dois amigos da antiguidade que há alguns anos não se viam, mas o respeito continuava firme. Ali, sob a cobertura conversaram muito, onde fora relembrados alguns acontecimentos do tempo de jovem. Depois de tudo isso o Manoel Cascudo levou o assunto ao seu Galdino sobre a sua ida até lá. Soubera que ele estava com dinheiro para começar a sua nova atividade de empréstimo a juro. E ele sendo um dos seus amigos e de grande responsabilidade queria uma certa quantia.
Depois de ouvido a conversa do Manoel Cascudo seu Galdino disse-lhe que não seria possível o empréstimo, pela razão de só emprestar todo o dinheiro em uma única mão. Não tinha intenções de dividir o seu dinheiro para três, quatro ou mais mãos. Toda quantia a um único seria melhor para ele. Dito isto, o Manoel Cascudo se engrandeceu. Queria o dinheiro todo. Só assim ele faria uma melhor arrumação, isto é, compraria mais produtos de venda para o seu futuro comércio.
Foi aí que o seu Galdino caiu na conversa, dizendo que estava feito o negócio, mas descontaria logo os 30% de juros sobre o valor emprestado, e lembrasse que estava emprestando aquela quantidade porque ele era seu amigo. E em seguida, seu Galdino foi lá dentro da casa, apanhou o dinheiro, tirou os 30% e o entregou o valor emprestado com desconto. O pagamento seria feito todo de uma só vez, com 60 dias depois.
Aconteceu que chegou o dia do pagamento e o Manoel Cascudo não lhe apareceu. Passou o primeiro dia, segundo, terceiro... e nada do devedor chegar em sua casa com o dinheiro. Desesperado, seu Galdino foi atrás dele para receber a quantia. Ao chegar em sua residência não o encontrou, fora informado que ele tinha ido a casa de um amigo.
Andando pelas ruas à procura do devedor seu Galdino o viu passando de uma lado da rua para o outro. Mas antes ele já tinha visto o seu Galdino e cuidou de se esconder em uma casa onde velavam o corpo do dono do lar.
E andando mais um pouco seu Galdino viu uma porção de gente aos arredores da casa e resolveu saber o que tinha acontecido ali, e de imediato contaram-no que o dono da casa havia falecido e estavam o velando. E ao entrar seu Galdino viu logo o Manoel Cascudo defronte aos pés do defunto como se ali ele estivesse rezando. E foi se aproximando e em seguida, ficou ao seu lado. Como havia encontrado o fujão seu Galdino quis saber o porquê de não ter ido levar o seu dinheiro. E olhando para ele perguntou-lhe:
- Manoel Cascudo, e o meu dinheiro? Por que você não foi me pagar assim como nós havíamos combinado?
E sem olhar para o seu Galdino com os olhos firmes ao defunto, e além do mais, astucioso, com lágrimas de crocodilo no olhar, o Manoel Cascudo perguntou-lhe:
- E ele não te entregou o dinheiro, Galdino?
- Quem ele? - Perguntou-lhe seu Galdino.
- Ele. Este homem que morreu, pois eu mandei por ele na semana passada...
Nesse momento vinha chegando um amigo do seu Galdino que há anos não o via. Diante de tantos abraços e apertos de mão seu Galdino se descuidou, e quando procurou o Manoel Cascudo, já tinha se mandado. "Adeus, Galdino!"
Assim que o homem saiu da sua presença seu Galdino ficou conversando só, dizendo que ele era acostumado pegar onça nos tabuleiros e não tinha medo dela, muito menos de um caloterio fujão, e não iria deixá-lo mais em paz.
O Manoel Cascudo se mandou para suas terras de origens que eram na chapada do Apodi e nunca mais seu Galdino o viu. Perdeu todo dinheiro.
Mas é assim mesmo. Os mais espertos são os mais tolos. Seu Galdino tão esperto para pegar onça, assim afirmava ele, foi ludibriado por um dos seus amigos mui amigo.

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terça-feira, 22 de outubro de 2019

RITA MUTEMA - Teve uma vida muito infeliz

Por: José Mendes Pereira
José Mendes Pereira

Tem gente neste mundo que nasce, cresce, envelhece e morre no sofrimento, e às vezes perguntamos: Por que tanto sofrimento foi dado a uma determinada pessoa? E esta pergunta só quem sabe respondê-la, e pode, é o "Grande Deus Todo Poderoso".

Rita Mutema era uma senhora pequenina, morena, magrinha, de cintura meio selada, às vezes simpática, às vezes agressiva. Nasceu e  criou-se no grande Alto de São Manoel em Mossoró, nas imediações da UFERSA (antiga ESAM), já bem próximo ao Rio Mossoró. E desde muito nova que a Rita Mutema era viciada em bebidas alcoólicas, levando o tempo sempre embriagada, urinava em qualquer lugar, e por isso, a infeliz não tinha condições de trabalhar em nada.

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Do meu conhecimento, isto é, desde quando eu a conheci, ela apenas tivera uma filha, por nome de Joana D'arc, sendo que esta tem o mesmo destino da mãe, problemas com o álcool.  

Quando Rita Mutema bebia tornava-se agressiva. E se uma pessoa dissesse algo, mesmo que não a desrespeitasse, seria apedrejada por ela, e se não fugisse logo do local, a Rita não parava de jogar pedras na pessoa.

Nos anos 90, a Rita Mutema, sua filha Joana D'arc e o Antonio seu esposo, que não era o pai da menina, e que também era alcoólatra,  foram moradores do meu pai Pedro Nél Pereira, na sua propriedade, no sítio São Francisco, município de Mossoró.

Pedro Nél Pereira -blogdomendesemendes.blogspot.com

O meu pai tentando recuperá-los e salvá-los das bebidas, levou-os para lá, garantindo-lhes que não faltaria nada, já que tinha muito leite, legumes etc. Mas as intenções da Rita e o Antonio eram nada mais do que viverem  embriagados.

Posteriormente o casal resolveu voltar para Mossoró, e meses depois o Antonio foi acidentado por um automóvel, tendo morte no local.  Alguns anos depois, a Rita Mutema, por infelicidade, bebeu muito nesse dia, e faleceu dentro de um buraco com pouca água. Mas para quem está embriagado, uma lata d’água, é como se fosse um oceano.

 Minhas Simples Histórias

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Autor:
José Mendes Pereira

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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

O BAR DO GERALDO MACARRÃO

Por José Mendes Pereira

Grande amigo e irmão Eraldo Xaxá, há meses ou talvez mais de um ano que sempre tive vontade de escrever algo sobre o nosso amigo  proprietário de um bar na COHAB, no bairro Grande Alto do São Manoel em Mossoró, e que sei que você ainda não esqueceu dele, o Geraldo Macarrão, e o seu bar tinha o nome de fantasia "Bar do Geraldo Macarrão" e a origem do apelido Geraldo Macarrão veio desde pequeno, por ser magrinho, tipo esparguete.

Era um homem simples, atencioso, educadíssimo, calmo além do normal, e de atendimento sem discriminação. Tanto fazia ser os novos fregueses que aos poucos iam aparecendo, como os mais antigos, usando um atendimento só, sem usar dois pesos e duas medidas.

Ali, quem tinha dinheiro sempre pagava as despesas, mas quem não tinha fazia vales e mais vales, e ele nunca fez cara feia para vender fiado ao seus fregueses. Afinal, Geraldo Macarrão sabia muito bem a quem estava vendendo o seu peixe.

O som rodava os discos vinis com cantores variados da época como: Renato e Seus Blue Caps, The Feveres, Roberto Carlos, Wilson Simonal, Wanderley Cardoso, Erasmo Carlos, Leno e Lilian, mas com controle de decibéis, sempre com volume educado. O Geraldo Macarrão dizia que tinha muito respeito pelos seus vizinhos, e por isso não queria som além do normal para não incomodá-los.


O bar do Geraldo Macarrão não era dos maiores, mas pela sua organização se tornava enorme, e em dia de sábado, por lá, você, Nelzinho meu cunhado, os professores de educação física Paulo Nogueira e o Uirapuru e eu encontrávamos para ingerirmos uma, duas, três ou até mesmo um monte de doses de cachaça com os mais variados tira-gostos.

Geralmente os tira-gostos eram rolinha, carne assada, peixes dos mais variados e bem preparados pela sua esposa, a qual eu não me lembro mais o seu nome. Ali, nós nos divertíamos com a sinuca que ficava debaixo de uns coqueiros. Nada de apostas e nem de discussão, apenas brincávamos o tempo que fosse necessário e depois pagávamos ou dependurávamos nos vales as despesas das partidas. E vez por outra, nós ingeríamos doses de cachaça, montilla ou conhaque São João da Barra, porque a cerveja não era a nossa preferência.

Eraldo Xaxá

Tem pessoas que não querem beber cachaça porque acham vulgar o sujeito ingerir uma bebida com excesso de álcool, mas para mim, se é para beber (31 anos que não bebo), eu não tenho interesse por outras bebidas, porque a melhor para quem tem responsabilidade e pensa bem, é sem dúvida, a cachaça com um bom tira-gosto. Mas sem ultrapassar a dose, porque é a partir dali que o sujeito irá se tornar irresponsável e muito.

A cachaça tem as suas vantagens. O sujeito vai a ingerindo e ela está sempre alertando que, se continuar a bebendo vai derrubá-lo. Fica se quiser no bar ou no ambiente de bebida, e se cair, não foi falta de conselho, porque ela mesma deu o alerta que quanto mais ingeri-la mais possibilidade tem de ser derrubado.

José Mendes Pereira e Júlio Pereira Batista

Geraldo Macarrão estava sempre por ali esperando uma nova solicitação de bebidas às mesas dos fregueses. E tudo que era servido era cuidadosamente bem preparado. Um exímio jogador de sinuca. Geralmente quando jogava com alguém ele era o vencedor.

Geraldo Macarrão acabou com o serviço de bar e foi morar na cidade recém-nascida de Serra do Mel, e por lá, infelizmente faleceu. Não me lembro bem o ano, mas eu soube no mesmo dia da sua partida para a casa do Senhor Deus. Um bom lugar por lá o Geraldo Macarrão foi hospedado. Não tinha inimigos e vivia da amizade para com todos.

Fotos:

1- Eraldo Xaxá;
2 - José Mendes Pereira e Júlio Pereira Batista.
Fotos feitas na Ponte de Trem sobre o rio Mossoró no Alto da Conceição.

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domingo, 20 de outubro de 2019

MEU, SEU, DELE, DELA, NOSSO ESTADUAL


Por José Mendes Pereira

Por que "O Estadual" e não "A Estadual"? Simplesmente porque esta escola já foi "Colégio Estadual de Mossoró", esta é a razão de todos chamarem de "O Estadual".

Será que existem pessoas adultas ou bem adultas de Mossoró que ainda não conhecem o Estadual? É quase certeza que não. Quem aqui nasceu sabe muito bem chegar na maior Escola pública de Mossoró. E quem aqui nasceu e nela estudou conheceu e conhece todas as dependências dela, e até teve, muito embora pequeno e passageiro, um romance amoroso nas suas dependências, nos seus corredores, na cantina, na área de lazer, no auditório do teatro, na quadra de esporte, na rampa e que tenha sido em qualquer uma delas, enfim, "O Estadual" sempre foi e será um guardador de segredos que viu nas sua dependências casais de alunos e até mesmo professores se amando.


A Escola Estadual Jerônimo Rosado está localizada em Mossoró no bairro Santo Antonio, à Rua Ferreira Itajubá S/N, e foi fundada no ano de 1959, por Dinarte de Medeiros Mariz, que governou o Rio Grande do Norte entre 1956 e 1961.

Nas últimas seis décadas esta repartição já educou uma grande parte do povo mossoroense, inclusive pessoas de outras cidades que se matriculam nela, e é conhecida em toda região por "O Estadual", sendo de tradição. É a maior escola pública de Mossoró, com pouco mais de 20 salas de aula, e todas são grandes, com auditório, quadra de esporte, e duas rampas para ter acesso às classes.

As alunas eram as pétalas que desabrochavam em suas flores para florirem aquela escola, e que sempre foram as personalidades que não deviam faltar naquelas dependências. Um olhar e um riso apaixonado de cada uma delas dentro daquele ambiente educacional fazia a escola continuar educando e formando com muito prazer, obrigado!

Quem viveu o Estadual sabe muito bem como era divertido estudar nele, e com certeza, orgulhou-se ou orgulha-se muito, por estudar em uma das mais tradicionais escolas de Mossoró, com bons mestres e responsáveis funcionários.

Aquelas estudantes que vestiam as suas fardas do magistério eram e ainda são muito bem lembradas em qualquer lugar de Mossoró, porque a cor do uniforme embelezava mais ainda a estudante.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

SEU GALDINO CUTUCA ONÇA COM VARA EM TREMPE DE ÁRVORE E QUASE SE DEU MAL.


Por José Mendes Pereira

Mais uma fantástica história do seu Galdino Borba(gato) de Mendoça Filho contada a seu amigo, compadre e vizinho de propriedade seu Leodoro Gusmão.

Seu Galdino contou ao seu compadre que há dez dias antes desta conversa tinha saído para ver se tirava mel de uma abelha italiana situada em um pé de umburana, e quando caminhava em direção à árvore, ainda um pouco distante dela, deparou-se com uma onça dormindo sobre um galho de uma aroeira. Não resistindo àquela cena, procurou uma vara e foi cutucá-la, porque a sua intenção era quando ela descesse da árvore, com medo dele, corresse, e nesse momento que ele correria atrás dela, pelo menos para tangê-la pra bem mais longe de sua propriedade, só assim ela não iria perseguir os seus animais em sua fazenda.

Feito isto, quando a cutucou com a vara ela teve um susto tão grande que saiu num grunhido danado e ele não deu chance, agarrou a calda do felino e se mandou voando com ela. Na carreira, cada pulo que ela dava ele ali subia e descia segurado na sua calda. A onça teve tanto medo dele que fez com que ela desaparecesse nos fundos das suas terras.

Mas seu Galdino não sabia que alguém viu o que se passou com ele. Assim contara o vaqueiro de Lili Duarte ao seu Leodoro, que nesse mesmo dia, que seu Galdino foi surpreendido pela onça, ele também estava nas matas, não no ofício de campear gado, segundo ele, com uma espingarda passarinhando, e como ele estava com um binóculo, viu quase de perto o que fizera a onça contra seu Galdino. A história verdadeira foi a seguinte:

Seu Galdino estava olhando para dentro de um oco de umburana tentando ver se nele existia abelha situada para tirar o mel, já que uma porção delas estava voando ao redor da árvore. Foi quando uma onça negra, lentamente, foi se aproximando sem que seu Galdino a percebesse. A onça ficou estruturando a melhor maneira de agarrar o seu Galdino. Depois de bem posicionada ela pulou e o agarrou pelo fundo da calça. Seu Galdino fez carreira e ela ali agarrada em sua calça. Sabendo que a onça iria devorá-lo o vaqueiro armou a espingarda bate-bucha e disparou para cima, fazendo com que a onça abandonasse o seu plano de devorar seu Galdino e fizesse carreira. Assombrada, a onça entrou de mata adentro. Com medo seu Galdino enfiou-se também no matagal contrário.

Foi assim que se passou e não da maneira como contou seu Galdino ao compadre Leodoro Gusmão.

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O VAQUEIRO "SANTO" SAI DA FAZENDA EXU, E MUDA-SE PARA A FAZENDA MANDAÇAIA, E LÁ, SE DEU MAL COM O CANGACEIRO CORISCO.

Por José Mendes Pereira
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Diz o escritor Alcino Alves Costa em seu livro “Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico", que em Poço Redondo, o maior criador de gado era um senhor de nome Manoel do Brejinho. Homem do trabalho, e com isso conseguiu amealhar grandes posses de terras, tornando-se um dos mais ricos da região daquela cidade. Mas o Manoel do Brejinho era filho de Porto da Folha, e todas as suas fazendas eram em terras de Poço Redondo, no Estado de Sergipe. Possuidor de grandes rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos. O seu gado era em torno de 4 e 5 mil reses.

O velho caipira não tinha desejos de luxar ou demonstrar ser rico, e nunca desejou ser coronel ou ter outra patente semelhante. O seu desejo era somente permanecer entre as suas fazendas, e cuidando dos seus animais. Não costumava sair para frequentar feiras..., e quando saía a um lugar qualquer, era confundido com qualquer um catingueiro, ninguém o via como um senhor proprietário de grandes fazendas e animais. O portofolhense tinha a fala mansa e arrastada, e suas fazendas eram: Brejinho, Exu, Propriá, Emendadas, Caibreiras, Poço Dantas, São Joaquim, Logrador, Quiribas e Carnes.

Manoel do Brejinho tinha o maior prazer de andar pela caatinga para ver a sua bezerrada engordar, e, além do mais, acompanhar passo a passo o seu crescimento. E ainda andar no pino do meio-dia pastoreando o gado, que procurava uma sombra embaixo das árvores daquelas terras do rio São Francisco. Isto para ele era o mais importante para o seu viver, considerando um paraíso. Mesmo não gozando de certos confortos, para seu Manoel do Brejinho, nada melhor do que viver entre aquela caatinga que o viu nascer. Era um tanto sovino, mas atendia todos os pedidos que lhe faziam os exploradores.

Na sua fazenda “Exu” o vaqueiro era o Santo sendo este filho lá da cidade de Poço Redondo, grande e veterano pelejador de gado, este era casado com uma senhora carinhosamente chamada de Caçula, que era da família dos Santanas. O casal tinha uma numerosa família, os quais eram: Manoel, Daniel, Rosalvo (aqui abro um parêntese para informar ao leitor que o escritor Alcino Alves não diz se este Rosalvo era aquele que acoitou o ex-cangaceiro Juriti em sua casa, e por infelicidade, ele foi capturado em sua residência pelo sargento Deluz, e que o matou em uma fogueira em plena caatinga), Miguel, Pedro, Angelino, Celestina, Maria Mariquinha e Josefina. Angelino e Josefina uma febre que assolou aquele sertão foram vítimas e faleceram.

Diz o escritor Alcino Alves que no ano de 1932, a seca assolou aquela região. Sentindo dificuldade para tanger o barco, isto é, para sustentar a sua família, o “Santo” resolveu pedir aumento ao seu Manoel do Brejinho, alegando que o seu ordenado não estava dando para o sustento de casa. Mas o seu Manoel do Brejinho não cedeu o solicitado, alegando que se ele estava em dificuldade, ele também estava, e assim não poderia lhe ceder um possível aumento.

Santo desgostoso, deixa a fazenda Exu e vai morar na Fazenda Mandaçaia, na intenção de melhorar aquele sofrimento, isto é, talvez achava ele, que o seu ordenado não estava à altura dos seus trabalhos. 

Mas infelizmente, o Santo não se deu bem com a sua decisão, deixar a Fazenda Exu do seu Manoel do Brejinho para se  tornar morador da Fazenda Mandaçaia (Lamento, leitor, pois o escritor Alcino Alves não fala quem era o verdadeiro dono da Fazenda Mandaçaia).

Santo está ali, achando ele que estava tudo bem, mas, infelizmente, ele havia feito mal escolha. E meses depois, sem desejar, recebe a visita inesperada do cangaceiro Corisco. 

O bandido que o conhecia desde quando ele morava na Fazenda Exu, ordena que, vá até a casa do seu ex-patrão Manoel do Brejinho levando um bilhete, solicitando uma quantia de três contos de Reis. E sem muita demora, o Santo vai até a casa do ex-patrão com o bilhete. 

O seu Manoel não nega a solicitação, e diz ao seu ex-vaqueiro que diga ao cangaceiro Corisco, que no momento não tem, mas irá providenciar a quantia solicitada dentro de oito dias. O prometido não foi com oito dias, mas 10 dias, e que não fez tanta diferença, o cangaceiro Corisco iria receber o valor pedido ao fazendeiro, aliás, a exploração. Santo recebe o valor em sua nova residência, localizada na Fazenda Mandaçaia, e o guarda cuidadosamente, até que o Diabo Loiro apareça.

Na mesma semana, era um sábado, Lampião visita o vaqueiro, e como sabia da solicitação que fizera o Diabo Loiro ao Manoel do Brejinho faz-lhe a seguinte pergunta:

- Santo, o dinheiro que o compadre Corisco pediu ao fazendeiro Manoel do Brejinho já está com você?

Sem puder negar, Santo diz:

- Já, capitão! Estou aguardando a sua presença aqui para ele levá-lo.

Lampião muito esperto, e possivelmente estava precisando de alguns trocados, para comprar alimentos para os seus comandados, diz-lhe:

- Este dinheiro é para ser entregue a mim, Santo.

Sem outra solução, e também não iria desobedecer a ordem do capitão, vai lá dentro da casa e traz a quantia, entregando-a ao famoso Lampião.

O rei a recebe, guarda-a em seu embornal, e, em seguida, faz outro bilhete, endereçado ao Manoel do Brejinho, pedindo-lhe mais três contos de reis, porque o que era para o compadre Corisco ele precisara, e que o fazendeiro não se aborrecesse, que com certeza, um dia qualquer seria recompensado.

Mesmo aperreado e resmungando, e sem outra alternativa, o velho caipira vende mais alguns bois, e uma semana depois, a outra quantia, desta vez, solicitada pelo capitão Lampião, chega às mãos do vaqueiro Santo em sua residência Fazenda Mandaçaia. 

Mas o pobre vaqueiro não estava com sorte. Misteriosamente dois sargentos, o Ernani e Amintas que trabalhavam no destacamento de Poço Redondo, tomaram conhecimento do envio deste dinheiro para o Diabo Loiro, pelo o Manoel do Brejinho. E astuciosos, intimaram o vaqueiro para suas devidas explicações sobre este envio de dinheiro.

Santo que era um homem honesto e que nunca havia sido intimimado para nenhuma explicação na vida, sentira-se desonrado. Sem outro meio de escapar desta intimação, foi atender ao pedido dos espertos sargentos, e lá, foi logo trancafiado, e todas as perguntas que os patenteados lhe fizeram, não obtiveram respostas. A causa, vingança, por ter sido decepcionado, coisa que nunca havia lhe acontecido, ser chamado aos pés de uma autoridade. Santo foi solto no cair da tarde, mas numa condição, avisar ao destacamento quando os cangaceiros aparecessem em sua casa.

Santo ficou triste, como se estivesse depressivo, não queria mais se alimentar, o jantar que a dona Caçula preparara, não foi usado por ele. Deita-se e quer ficar sozinho, imaginando a grande desonra que ora ganhara. Não imaginava ele qual a verdadeira desgraça que o esperava.

O cantar do galo está próximo, e alguém o chama:

- Santo! Santo! Abra a janela! Sou eu, Corisco, vim apanhar o dinheiro, não precisa acender candeeiro não, estamos com pressa e já vamos.

O vaqueiro estranhou aquela voz, achando que não era a voz do Corisco, mas melhor entregar aquele maldito dinheiro, do que partir para uma discussão. Santo jamais poderia imaginar que aquela voz não fosse de cangaceiro algum, mas a do sargento Ernani que estava acompanhado do outro que juntos, queriam roubar o dinheiro do cangaceiro Corisco. Santo estava condenado, poderia ser justiçado injustamente por policiais ou cangaceiros.

Uma semana depois o cangaceiro Corisco visita a cidade de Poço Redondo, e de lá, sai bêbado, levando preso, sobre ordens, um jovem chamado “Airton” um rapaz filho de um senhor chamado “Horácio”. O destino do Diabo Loiro seria a Fazenda Mandaçaia, lugar onde está o vaqueiro Santo, e que é lá, que ele deveria receber o envio da quantia, mandada pelo Manoel do Brejinho, mas desta vez, solicitada pelo capitão Lampião.

O dia amanheceu claro, alegre e simpático. Santo já estava na roça cuidando das suas obrigações, acompanhado de alguns amigos. Lá da roça, ele ver os cangaceiros chegarem em sua casa, seu coração fica agitado, como se estivesse lhe avisando algo ruim. Estava com medo, mas o que fazer?

Santo diz aos amigos que temia algo que pudesse acontecer naquele momento. Os amigos o aconselharam para não ir até a sua casa. Mas ele pensava na sua família, pois os cangaceiros poderiam fazer algo contra ela. Jamais deixaria sua esposa e filhos sozinhos no meio daqueles delinquentes. Se algum deles morressem causados pelos cangaceiros, possivelmente ele queria ser vítima também. Afinal, era pai e esposo daquela gente.

Assim que chegou, deu bom dia a todos os cangaceiros que ali estavam.

Corisco respondeu o cumprimento e perguntou:

- Cadê o dinheiro? Vim buscá-lo!

Santo fica apavorado com o que estava ouvindo, dito pela boca do Diabo Loiro, respondendo-lhe:

- Ôxente! Eu lhe entreguei na semana passada? Naquela noite?

Na verdade, Santo enganadamente, havia entregue aos sargentos a quantia de dinheiro que o Manoel do Brejinho enviara para Corisco, mas desta vez, solicitada pelo então capitão Lampião, porque a primeira quantia, fora Lampião que ficara com ela. E a segunda, fora roubada pelos dois sargentos que se passaram por Corisco.

Ouvindo isso do Santo Corisco ainda bêbado, achou que o vaqueiro estava querendo lhe enganar.

Agora Santo irá morrer. 

O cangaceiro Diabo Loiro ficou louco, e logo apontou a sua arma para Santo, e não pensou duas vezes. Infelizmente, o Santo caiu morto, a bala estraçalhou a cabeça do coitado catingueiro.

Foi-se mais a vida de um um homem honrado por assassinato. Um bom pai, um bom marido, um bom trabalhador. Os filhos e a dona Caçula viram seu pai e esposo ser assassinado, por um delinquente que não tinha dó de ninguém.

Fonte de Pesquisas:
Livro: “Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico”.
Páginas: 145, 146, 147 e 148.
Autor: Alcino Alves Costa

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